APRESENTADO POR

Bom dia!

O tarifaço americano tá reverberando forte por aqui e é o tema central de toda discussão no momento. Enquanto o café brasileiro tenta escapar da lista negra e a carne busca novos portos na Ásia, o agro se mobiliza para mostrar sua cara na COP30. Teve ainda maracujá gigante no Mato Grosso, lucro gordo da Bunge e abelhas que ajudam a adubar café.

Também tem:

• Moraes na mira: EUA impõem sanções com base na Lei Magnitsky
• APPs, documentários e jogos para quem curte agro até na folga
• E uma edição inteira pra não deixar sua cabeça em modo soneca

Só o que importa. Direto, claro e no ponto.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 133.990 -1,01%
RAIZ4 R$1,43 -6,54%
ABEV3 R$13,15 -2,88%
BEEF3 R$5,17 -0,39%
VALE3 R$53,84 -5,44%
Bitcoin US$118.332,70 0,33%
Ethereum US$3.837,49 2,57%

Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.

ASSUNTO DE GABINETE

Tarifaço assinado

Foto: Official White House Photo by Daniel Torok

Trump assinou. A tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entra em vigor no dia 6 de agosto, e não mais no prometido dia 1º, e promete causar um estrago bilionário no agro. Segundo a CNA, o impacto pode chegar a US$ 5,8 bilhões só em exportações. Ficaram de fora da tesoura apenas suco de laranja, castanhas, celulose, madeira bruta, polpa de frutas, alguns derivados de petróleo e metais estratégicos. Todo o resto, é ladeira abaixo.

No café, o setor corre contra o tempo. Os EUA são nosso maior comprador e a taxa pode travar os embarques. O Cecafé tenta negociar isenção “produto por produto” e diz que ainda há espaço para diálogo, mesmo com a pancada já decretada.

Na carne bovina, o clima é de velório. A tarifa total agora soma absurdos 76,4%, inviabilizando qualquer venda pros americanos. O setor já fala em redirecionar tudo para Ásia e Oriente Médio. Só aí, o rombo estimado passa de US$ 1 bilhão. E se nada mudar, pode chegar a US$ 3 bi em 2026.

O setor de pescados foi direto: sem ajuda do governo, o colapso é inevitável. A Abipesca alerta para risco de recuperação judicial em série, especialmente em estados como o Ceará, onde a exportação para os EUA sustenta cadeias inteiras de emprego e renda.

Na fruticultura, o impacto bate forte nos produtores de manga do Vale do São Francisco, com perdas estimadas em R$ 80 milhões. A preocupação é que o excesso de fruta no mercado europeu derrube ainda mais os preços.

Já o açúcar do Nordeste perdeu o filé: a cota isenta de tarifa foi pro espaço. O setor diz que o volume não era lá essas coisas, mas servia como base segura pra operação.

Na indústria de máquinas agrícolas, o tarifaço jogou um balde de incerteza sobre as projeções otimistas do início do ano. A Abimaq previa alta de 8% nas vendas em 2025, mas já segura a revisão. O clima agora é de pé no freio.

O setor florestal teve alívio parcial: celulose e madeira bruta escaparam, mas móveis, decks e compensados levaram a tarifa cheia. Resultado? Fábricas paradas, contratos suspensos e férias coletivas em algumas fábricas

E no suco de laranja, enfim, uma boa notícia. A commodity ficou fora do tarifaço e segue pagando os mesmos 10% de sempre. A CitrusBR comemora, mas lembra: esse privilégio veio graças à pressão das indústrias engarrafadoras americanas, que provaram ao governo Trump que taxar o suco brasileiro era ruim também pra eles.

A conta chegou, e tá salgada.

RADAR DO AGRO

Açúcar de sobra, mas nem tanto

Foto: Freepik

A safra global de açúcar 2025/26 deve fechar com superávit de 3,04 milhões de toneladas, segundo a StoneX. A conta ainda é positiva, mas ficou 700 mil toneladas menor que a estimativa de maio. Índia e Tailândia puxam o bonde da produção, enquanto o Brasil segue relevante, apesar do baque no Centro-Sul em 2025.

A previsão de safra jovem em 2026 renova o otimismo. No lado da demanda, Ásia e África continuam com fome de doce, enquanto Europa e EUA pesam no freio. Resultado: crescimento tímido de 0,7% no consumo.

DE OLHO NO PORTO

40% das exportações BR para os EUA escaparam do tarifaço

Foto: Freepik

No meio do tarifaço de Trump, veio um respiro: cerca de 40% das exportações brasileiras totais pros EUA ficaram fora da tarifa de 50%. Entre os dez produtos que mais mandamos pra lá, só café e carne bovina levaram a canetada. O resto passou ileso.

No agro, o suco de laranja foi o grande sortudo. Já na balança comercial geral, o que mais pesa são itens como petróleo bruto (quase 12% das exportações), ferro e aço semiacabados (9,7%), aeronaves (5,2%), ferro gusa (4,3%), óleos combustíveis (4,1%), celulose (3,6%) e sucos variados (3,7%). Todos escaparam da taxa.

No fim das contas, Trump dividiu o agro: enquanto alguns setores respiram, outros fazem conta pra ver se ainda dá pra competir. A esperança é que até dia 6 alguém lá em Washington resolva passar um cafezinho ou fazer um churrasco sem imposto.

SAFRA DE CIFRAS

Frango no forno aqui e lá fora: BRF expande no PR e lança linha na Arábia

Foto: Freepik

A BRF Ingredients (BRFi) vai elevar em 37% a capacidade de produção da unidade paranaense, que fabrica farinhas usadas para empanar os produtos Sadia e cia. A ideia é reduzir custos, padronizar a produção e suprir internamente 100% da demanda da própria BRF. A planta vai gerar 30 novos empregos diretos e reforçar o papel da empresa no aproveitamento de coprodutos, transformando sobras em ingredientes funcionais de alto valor agregado.

Do outro lado do globo, a companhia estreia no mercado saudita com frango resfriado local, produzido na fábrica de Dammam. A aposta é ambiciosa: conquistar 10% do mercado em 18 meses e diminuir a dependência da exportação. A BRF já é líder na região com a marca Sadia, e vê o segmento de frango resfriado crescer entre 2,5% e 3,5% ao ano até 2030.

Enquanto isso, a nova fábrica em Jeddah segue em construção, indicando que o apetite da BRF no Oriente Médio ainda está longe de ser saciado.

DICA AGRO ESPRESSO

Por dentro das inovações do agro

Foto: Divulgação/Reprodução

Se você ainda acha que inovação no agro é só trator autônomo e drone voando sobre lavoura, esse documentário vai dar um reset no seu repertório. Ecossistemas de Inovação: A Revolução Agro cruza o Brasil em busca dos polos que estão transformando a lógica da produção rural, com ciência, dados e muito mais cérebro do que braço.

A produção, disponível no YouTube, mostra como centros como Piracicaba, Luiz Eduardo Magalhães, Campinas e até Manaus viraram berço de startups e tecnologias que já estão mudando o jogo no campo. Tem de tudo: bioinsumos, inteligência artificial, big data, sensoriamento remoto e soluções criadas por gente que fala a língua da terra. Ótimo pra quem quer entender onde o agro brasileiro realmente inova.
📽️ Assista aqui

NA CANETADA

Trump carimba Moraes com sanção e agrava crise com o Brasil

Foto: Adriano Machado/Reuters (4.abr.2018)

A Casa Branca jogou gasolina na fogueira: os Estados Unidos impuseram sanções ao ministro Alexandre de Moraes, do STF, usando a Lei Magnitsky, que mira autoridades acusadas de corrupção ou violações de direitos humanos. Segundo o Tesouro dos EUA, Moraes estaria por trás de uma "campanha opressiva de censura" e de "prisões arbitrárias" ligadas ao processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro.

A medida vem no embalo do tarifaço de Trump contra o Brasil e foi interpretada como parte de uma retaliação ao Judiciário brasileiro. Moraes é o relator da ação que investiga Bolsonaro por tentativa de golpe após perder as eleições de 2022. O ministro já tinha sido alvo de restrições de visto e agora entra oficialmente na lista negra econômica dos EUA, o que pode atingir seus bens e movimentações internacionais.

No Planalto, o clima azedou. Lula criticou duramente a decisão americana, chamou a sanção de “arbitrária” e disse que a soberania brasileira foi violada.

O Supremo ainda não se manifestou oficialmente, mas nos bastidores o recado é claro: o jogo diplomático esquentou.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Agro BR pronto pra COP30

Foto: Divulgação

O agro vai com discurso alinhado pra COP30. A ABAG apresenta no dia 11 de agosto, durante o Congresso Brasileiro do Agronegócio, o documento oficial do setor sobre mudanças climáticas. A ideia é mostrar que o campo também joga no time da mitigação, adaptação e financiamento verde.

O texto foi construído com base nas discussões do fórum “Rumo à COP30”, e conta com nomes de peso como: Carlos Cerri, diretor do CCarbon/USP; Eduardo Bastos, diretor Executivo do IEAG; Marcelo Morandi, chefe de Assessoria de Relações Internacionais da Embrapa; Natascha Trennepohl, sócia do Carbonn Nature; Renato Rodrigues, head of Agribusiness da TerraDot; e Rodrigo Lima, diretor geral da Agroicone.

Também entra na pauta a relação do agro com o mercado de carbono. O evento será híbrido e as inscrições estão abertas.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Cadê eu? Já tentou adivinhar onde você está só olhando ao redor? No GeoGuessr, o desafio é esse: o jogo te joga em um canto aleatório do mundo no Google Street View, e você precisa descobrir onde caiu. Vale reparar nas placas, vegetação, arquitetura, até no tipo de asfalto.

Tem versão com cidades, países, estádios, pontos turísticos e até fazendas. Ideal pra quem gosta de geografia, de viajar sem sair da cadeira ou só quer testar se realmente saberia voltar pra casa perdido no interior de Goiás.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: O Café do Cerrado Mineiro

Pergunta de hoje: Qual tecnologia do campo surgiu nos anos 70, usa menos insumo e é um dos pilares da agricultura regenerativa?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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