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Bom dia!

A dose de hoje vem com Trump carimbando 50% de tarifa nos produtos brasileiros e o governo Lula prometendo resposta diplomática. No mercado, o café robusta derreteu quase pela metade, o MAPA lançou uma espécie de boletim escolar das lavouras e o preço mínimo da safra 25/26 saiu do forno. E no Paraná, uma vaca causou um curto circuito de meio milhão de reais. Hoje tem:

• Trump aplica tarifa de 50% no agro brasileiro
• Café robusta perde quase metade do valor em seis meses
• Governo publica novos preços mínimos da safra de verão
• MAPA cria ranking de manejo agrícola com base no solo
• Vaca morde tomada e mata rebanho leiteiro no Paraná

Chega mais. Só o que importa, do jeito que você entende.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar R$116,09/50kg -0,45%
Algodão 410,09 Centavos R$/LP -1,08%
Arroz R$67,82/50kg 2,11%
Boi gordo R$305,00/15kg -3,91%
Café Arábica R$1.685,52/60kg -8,11%
Etanol anidro R$2,9996/L 0,11%
Milho R$63,19/60kg -5,71%
Soja R$134,91/60kg -0,10%
Trigo R$1.473,60/T -1,01%

Os dados são publicados por Cepea

E ESSE TEMPO, HEIN?

Ta confuso isso aqui

A quinta-feira amanheceu dividida entre três climas e nenhum consenso. No Norte, chove como se julho fosse janeiro. No Sul, geada na grama e café na garrafa térmica. No meio do país, o ar secou tanto que dava pra engarrafar e vender como desumidificador.

Segundo o INMET, o Amazonas e Roraima seguem no modo enxurrada, com previsão de mais de 100 milímetros de chuva e alerta para alagamentos. Só no Amazonas, mais de meio milhão de pessoas já foram afetadas pelas cheias. A combinação de calor da floresta com umidade do Atlântico continua empurrando nuvens carregadas pra cima da região.

Já o Centro-Oeste, o interior do Nordeste e partes do Sudeste vivem o deserto. Em áreas de Goiás, São Paulo, Minas, Tocantins e até Rondônia, a umidade deve despencar abaixo dos 30% à tarde. A recomendação é clara: se não for pra irrigar, que pelo menos hidrate.

E no Sul, o inverno bateu ponto. A manhã começou com temperaturas perto de zero e previsão de geada na campanha gaúcha e na serra catarinense. São Paulo, Rio e sul de Minas também entraram na friaca. Mas a tarde promete um leve respiro, com os termômetros subindo devagar.

LÁ FORA TA ASSIM

Latiu, latiu, latiu… e mordeu

A gente achou que a ameaça era só barulho, mas de tanto latir, Trump atacou. O presidente americano anunciou tarifa de 50% sobre todos os produtos do Brasil e botou o agro na berlinda. O número é cinco vezes maior que a alíquota de 10% que ele vinha ameaçando desde que o Brasil puxou o tom no Brics.

O timing não poderia ser pior. Os Estados Unidos são o segundo maior cliente do agro brasileiro, atrás só da China. Em 2024, o país comprou 9,43 milhões de toneladas de produtos do campo, rendendo US$ 12 bilhões. Agora, com a tarifa, a fatura pode ficar mais salgada pra quem exporta carne, suco e açúcar.

No boi, o impacto é direto. Só no primeiro semestre deste ano, os frigoríficos daqui mandaram mais de 181 mil toneladas para os americanos, com receita de US$ 1,04 bilhão. A Abiec não perdeu tempo e chamou a medida de entrave ao comércio global, e com razão.

O suco de laranja, que já tinha levado uma espremida com a tarifa anterior, deve sentir ainda mais. A CitrusBR falou em surpresa e prejuízo duplo, aqui e lá. Os EUA importaram 570 mil toneladas entre janeiro e maio, o que gerou quase US$ 700 milhões. O setor já previa perdas de R$ 1,1 bilhão com a taxa de 10%. Agora, o caldo entornou.

No açúcar, a bronca é nordestina. As usinas da região têm cota de 150 mil toneladas por safra para vender aos EUA. Isso garante até R$ 600 milhões. Com a nova tarifa, o risco é de inviabilizar o modelo e abrir a porteira para o desemprego.

Por trás da canetada, o recado é político. Mas o agro não está em campanha — está tentando vender. E, se o Brasil não retomar logo o diálogo com Washington, quem vai sentir o baque é quem está lá no campo, fazendo a roda girar.

ASSUNTO DE GABINETE

R$ 1 bilhão na mão dos pequenos

O Governo Federal vai liberar R$1 bilhão em microcrédito rural para dar fôlego à agricultura familiar no Norte e Centro-Oeste. Os recursos vêm dos Fundos Constitucionais de Financiamento e serão divididos em partes iguais entre o FCO e o FNO.

O anúncio oficial deve sair logo menos, e o edital para credenciamento das instituições financeiras já está no forno. A proposta é fazer o dinheiro chegar na ponta com menos burocracia, juros mais baixos e foco total no pequeno produtor.

A medida entra como reforço ao Programa Nacional de Microcrédito Produtivo Orientado e ao Pronaf, tudo dentro dos R$ 594,4 bilhões previstos para o Plano Safra 2025 26. Desse total, R$ 10,6 bilhões vêm dos fundos constitucionais para apoiar a agricultura familiar, sendo R$ 2,9 bilhões só para operações de custeio. Os juros variam de 0,5 a 8% ao ano, conforme o perfil da linha contratada.

POLÊMICA DA VEZ

Leite azeda a campanha da NotCo

O setor leiteiro não engoliu a provocação da NotCo. Depois da campanha que tentou ligar o consumo de leite a problemas de saúde, produtores e marcas de laticínios reagiram em bloco. A leitura deles foi simples: a campanha é uma desinformação fantasiada de marketing.

A peça, veiculada nas redes, usou ícones da cultura brasileira pra empurrar medo e levantar suspeita sobre um dos alimentos mais presentes na mesa do país. O problema? Faltou ciência e sobrou grosseria. O Conar já recomendou tirar tudo do ar.

O leite continua firme como fonte acessível de proteína e cálcio, recomendado por OMS e Ministério da Saúde, e produzido por mais de 1 milhão de famílias no Brasil. São 35 bilhões de litros por ano que sustentam gente de Norte a Sul.

O recado do setor foi direto. Atacar o leite é atacar o campo, a alimentação básica e quem trabalha pra colocar comida no prato. E isso, no agro, não passa batido.

DICA AGRO ESPRESSO

Comunicação e Agronegócio: Estratégias e Desafios na Construção de Imagem

O agro sabe produzir, mas será que sabe se comunicar? Esse livro entra direto nesse vespeiro. Organizado por Marlene Marchiori, traz uma seleção de textos afiados sobre como o setor conversa com a sociedade e por que tantas vezes essa conversa dá ruim.

Tem de tudo: crise de imagem, ativismo, desinformação, publicidade rural e o desafio de explicar o agro sem cair no clichê. É leitura obrigatória pra quem quer se posicionar melhor no debate público, defender o setor com argumentos e entender por que a imagem do agro importa tanto quanto o que vai pro caminhão.

Relevante, atual e sem enrolação. Leia aqui.

ASSUNTO DE GABINETE

Tabaco querendo carimbar passaporte

O setor do tabaco botou o pé em Brasília antes que Genebra vire palco. Lideranças políticas e rurais se reuniram nesta quarta pra defender a cultura que sustenta centenas de municípios do Sul e da Bahia. O recado é claro: o Brasil não pode chegar na COP 11 fingindo que essa cadeia não existe.

A audiência foi organizada pela Amprotabaco e girou em torno de uma pauta antiga, mas afiada, reconhecimento do tabaco como atividade estratégica. A proposta inclui acesso a crédito, assistência técnica e políticas públicas que tirem a cultura da sombra.

A indústria também puxou o tom. Falou em narrativa anti-tabaco, perda de voz nas decisões globais e um buraco fiscal de mais de R$ 100 bilhões nos últimos 10 anos por conta do cigarro contrabandeado.

O setor sabe que a fumaça do debate é densa. Mas garante que, sem ele, muita família do campo não para de pé.

PAUTA VERDE

Lavazza pede mais um gole de prazo na UE

A Lavazza quer adiar de novo a entrada em vigor da nova lei da União Europeia contra o desmatamento. A regra já foi empurrada pra dezembro de 2025, mas agora a gigante italiana do café está pedindo mais um ano de respiro. O argumento? O setor não tá pronto.

Pelas novas regras, quem exporta café, cacau, soja, carne e derivados pro bloco europeu vai ter que provar que a produção não veio de áreas desmatadas. Nada de floresta no rastro. Caso contrário, multa. A Lavazza diz que isso vai travar a cadeia em vários países mais pobres e ainda empurrar o preço do café pra cima.

A Mondelez já tinha feito coro. Mas gigantes como Nestlé, Ferrero e Danone não querem saber de prorrogação. Mandaram carta pra Comissão Europeia defendendo a entrada em vigor como está. Segundo elas, mudar agora seria injusto com quem já faz o dever de casa há anos.

ONGs ambientais também entraram na briga. A Fern disse que voltar atrás seria desastroso pra imagem da União Europeia, principalmente no aquecimento pro palco da COP30 aqui no Brasil.

O café virou símbolo do novo embate entre rastreabilidade, comércio e clima. E o tempo pra se adaptar está ficando curto pra quem ainda não se mexeu.

SAFRA DE CIFRAS

Algodão molhado

A colheita do algodão começou mal. O frio fora de hora e as pancadas de chuva estão atrasando os trabalhos no campo e levantando sinal de alerta sobre a qualidade da pluma. Até o dia 5 de julho, só 7,3% da área plantada no Brasil tinha sido colhida, segundo a Conab. A média histórica para essa altura do campeonato é de 12%.

Enquanto isso, o mercado vai tentando se entender. Vendedores querem liquidar os últimos lotes da safra 2023 24 e cumprir contratos pendentes. Já os compradores estão na defensiva, pechinchando preço e reclamando da qualidade. De um lado, pressão para girar. Do outro, foco total nas desvalorizações externas.

Resultado: a libra-peso do algodão bateu R$ 4,07 nesta terça, segundo o Cepea. É o menor valor nominal desde novembro de 2024. E já acumula queda de 1,63% só nos primeiros oito dias de julho.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

O agro não para, mas dá pra dar uma pausa estratégica:

A dica de hoje é o termo, o jogo diário de adivinhação em português. São cinco letras, seis chances e zero enrolação. A cada tentativa, você vê se acertou a letra e se ela tá no lugar certo. Simples, rápido e viciante.

Spoiler que não estraga a graça: já acertamos soja, trato e terra de primeira. Vale testar com palavras do campo pra começar bem.

👉 Jogue aqui: https://term.ooo/

Melhor que isso, só se fosse "milho" a resposta.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Etanol (cana)

Pergunta de hoje: Qual item do agro virou perfume, biodiesel, tinta, plástico e até ração?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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