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Bom dia!

O Brasil começou a semana misturando tradição e inovação. Teve café renascendo onde tudo começou, soja acelerando com as chuvas e leite levando selo de ouro da FAO. Do outro lado, Trump resolveu temperar a diplomacia com picanha argentina, enquanto o campo por aqui segue plantando tecnologia, biogás e boas histórias.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,45 0,00% 5,50 -0,54%
IPCA (%) 4,70 -0,41% 4,26 -0,33%
PIB (%) 2,16 0,23% 1,8 0,25%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 0,00%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

DE OLHO NO PORTO

Trump procurando churrasco na concorrência

Foto: The White House/Divulgação

Com o preço da carne batendo recorde nos Estados Unidos, Trump decidiu mirar nos bois dos hermanos pra tentar aliviar o bolso do americano médio. O presidente dos EUA disse que pode aumentar as importações de carne bovina da Argentina, num plano que, pra quem entende do assunto, tem mais cara de gesto político do que de solução real.

Hoje, a Argentina responde por só 2% da carne comprada pelos EUA, muito atrás de Brasil, Austrália e Canadá. Mesmo assim, Trump aposta que importar um pouco de carne argentina ajudaria a derrubar os preços lá dentro e, de quebra, fortalecer seu aliado Javier Milei, que tá precisando de fôlego com a inflação ainda alta e as eleições batendo na porta.

Mas a ideia caiu mal dentro de casa. Os pecuaristas americanos ficaram revoltados e disseram que o plano só cria ainda mais caos num momento em que o gado local tá no preço mais alto em 75 anos. Com as tarifas sobre o Brasil ainda valendo e o México fora do jogo por causa de pragas no rebanho, o mercado continua caro e concorrido, e o gringo não quer mais pagar caro no seu hambúrguer.

PRIMEIRA SAFRA

Corteva abre a porteira pra novos estagiários

GIF: Giphy/The Office

A Corteva Agriscience tá procurando gente pra buscar um cafézinho. A gigante dos defensivos e sementes abriu 79 vagas de estágio pelo país e tá recrutando a nova geração que quer botar o pé no barro e o crachá no peito. As oportunidades se espalham por nove estados e pelo DF, com bolsa de até R$ 2.920 e início previsto pra fevereiro de 2026.

Tem vaga pra tudo quanto é área: agronomia, biotecnologia, engenharia, marketing, TI, finanças e até segurança do trabalho. Ou seja, dá pra escolher entre mexer com solo, planilha ou Canva.

O pacote vem completo: bolsa generosa, assistência médica, refeição, Wellhub e até apoio psicológico (o que, convenhamos, todo estagiário precisa). As inscrições vão até 16 de novembro, no site da Companhia de Estágios.

O AGRO EM NÚMEROS

Não sobra nada pros EUA

Foto: Lucas Ninno/Getty Images

A soja brasileira tá no embalo pra quebrar mais um recorde. Segundo a StoneX, o país deve colher 178,7 milhões de toneladas na safra 25/26. Tudo isso deve rolar por conta dos 48,3 milhões de hectares plantados e exportações projetadas em 107 milhões de toneladas. É o tipo de número que faz até o Tio Sam engasgar. O único que ainda pode atrapalhar a festa é o clima, já que o La Niña pode aparecer, mas deve ser curto e fraco, só pra dar aquele sustinho no produtor.

O ritmo de plantio também tá acelerado no talo. As chuvas voltaram na hora certa e ajudaram a dobrar a área semeada de soja em uma semana, e agora a gente já cobriu 24% da área prevista pra safra 25/26. O Mato Grosso, que ganhou força com a umidade, passou o Paraná e assumiu a liderança, prova de que quando chove no Centro-Oeste, até o trator canta.

Enquanto isso, a China resolveu trocar de fornecedor e zerou as importações de soja dos EUA pela primeira vez desde 2018. Os asiáticos tão comprando tudo do Brasil e da Argentina, fugindo das tarifas impostas por Trump. O problema é que essa treta comercial pode deixar os chineses sem grão entre fevereiro e abril do ano que vem, se a D.R. com Washington continue travado.

Voltando aqui pro Brasil, com o crédito travado e o preço das máquinas nas alturas, o produtor tá procurando um plano B. Tentando driblar esses problemas e chatices, os produtores estão recorrendo para compras e vendas de tratores usados na OLX, e a quantidade de transações pelo site subiu 13% neste ano. Em meio a tanto B.O., o produtor achou um revendedor menos burocrático.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Menos grão, mais boi

Depois de quatro safras de prejuízo, muita promessa de chuva que não veio e enchentes que destruíram o campo, o produtor gaúcho resolveu dar um 180. No Rio Grande do Sul, o gado tá retomando o espaço que foi seu muitas décadas atrás, mas que agora era da soja e do arroz. E é fácil de entender essa conta, já que a pecuária tá trazendo mais sossego, com preços mais firmes e menos dor de cabeça com clima.

Em Alegrete (RS), a área de soja caiu quase pela metade, abrindo espaço pros pastos e pro avanço do gado. O mercado também ajuda, já que com Austrália e EUA reduzindo seus rebanhos, o preço da carne deve seguir firme até 2027.

O movimento ainda tá indo devagarinho, mas tá no caminho certo. Recriar o rebanho demora bastante, mas depois de tanto sufoco, o produtor quer um negócio que renda, mas não tire o sono. E nada mais zen que um pasto verde e um boi no horizonte.

COMO TÁ LÁ FORA?

Leite com selo da FAO

O leite brasileiro tá rendendo mais do que cafezinho em reunião na segunda-feira de manhã. A FAO, braço da ONU pra agricultura e alimentação, reconheceu o Programa Mais Leite Saudável, do Mapa, como um exemplo global de pecuária sustentável. O anúncio saiu direto de Roma, no World Food Forum, e sim, o Brasil foi aplaudido no palco.

Criado em 2015, o programa basicamente troca imposto por melhoria: indústrias e cooperativas usam créditos de PIS e Cofins pra investir em assistência técnica, inovação e sustentabilidade. Como resultado disso, mais de 185 mil produtores foram beneficiados, 3 mil municípios foram atendidos e o leite sai com mais qualidade e menos dor de cabeça pro produtor.

Bruno Leite, coordenador do Mapa (e dono da melhor coincidência de nome possível), disse que o modelo é tão redondo que podia ser copiado pra outras cadeias do agro. Se o leite brasileiro já tá entre os melhores do mundo, nada mais justo que brindar essa conquista. E, claro, com um bom pingado.

PAUTA VERDE

Certificação raiz pra agro regenerativo

Foto: Jacob Mathers/Getty Images

O agro regenerativo tá ganhando um reforço de peso. Cansada de ver um monte de empresa vendendo sustentabilidade de PowerPoint, aquele discursinho que todo mundo conhece e sabe que na prática não existe, a Regenerative Organic Alliance se juntou à RegenAgri pra lançar o Journey to ROC, um programa que separa quem realmente planta verde de quem só pinta o logo de verde.

A ideia é ajudar as fazendas e marcas que ainda não chegaram no topo da cadeia regenerativa a começarem a andar no caminho certo, sem precisar fingir que já são perfeitas. Funciona tipo a faixa pra quem treina jiu-jitsu, judô ou karatê: quem entra agora começa pela faixa branca, o RegenAgri, e, depois de uns bons anos de prática no solo e muito suor, pode chegar à faixa preta, o selo ROC.

Hoje, a RegenAgri já certifica mais de 300 mil fazendas no mundo, e a parceria deve ampliar esse número. A meta da ROC é adicionar 100 marcas certificadas na Europa em cinco anos, com direito a parcerias em algodão regenerativo com gigantes da moda mundial, como Gap e Ralph Lauren. No fim, o selo é só um isso, um selo. O que vale mesmo é o chão limpo e a mão suja de terra

COLHENDO CAPITAL

Café com gosto de reestreia

Foto :REUTERS/José Roberto Gomes

Quase 300 anos depois de o primeiro grão entrar no Brasil pela fronteira do Amapá com a Guiana Francesa, contrabandeado, o café tá voltando pra casa. Um grupo de 32 produtores criou a Coocap, cooperativa que promete reintroduzir o cultivo no estado do Amapá com um investimento de R$ 20 milhões e mudas de robusta vindas de Rondônia.

A história tem protagonista mineiro: Orlando Vasconcelos, cafeicultor veterano e dono de revendas de tratores, resolveu levar sua paixão pelo café até o Oiapoque. O plano é começar com 150 hectares plantados e colher os primeiros grãos em 2027.

A produção vai usar tecnologia de ponta e genética resistente ao calor, num território onde, hoje, o café é só na xícara. Se tudo der certo, o Amapá vai embarcar café pelo porto de Santana, o mesmo que já recebe navios da China, e reviver um capítulo esquecido da história do grão no Brasil.

PLANTÃO RURAL

  • Corte no Mapa. A três semanas da COP30, o Ministério da Agricultura exonerou Pedro Alves Corrêa Neto, secretário responsável pelas pautas de sustentabilidade. A demissão veio logo após a revelação de um suposto repasse de R$ 50 mil ligado à Conafer.

  • Mulheres no comando. O Congresso Nacional das Mulheres do Agronegócio celebra 10 anos em São Paulo com o tema “Mulheres que mudam o mundo pra melhor”. O evento reunirá 3 mil produtoras, executivas e lideranças pra discutir inovação, sustentabilidade e o papel feminino no futuro do agro.

  • Rota dos defensivos. O Mapa criou um grupo técnico pra propor rastreabilidade no transporte de agrotóxicos. A ideia é acompanhar cada litro desde a fábrica até o campo, dentro do Programa Nacional de Rastreabilidade. O grupo tem 30 dias pra apresentar um plano.

  • Biogás mineiro. Minas inaugurou sua primeira usina de biometano, em Tupaciguara. A planta, de R$ 78,6 milhões, usa vinhaça da cana pra gerar combustível limpo. O projeto ainda lançou a “Biorrota BR-050”, conectando usinas e consumidores de energia verde.

  • Soja no vermelho, gado no verde. O Grupo Bergamasco, tradicional no agro de Mato Grosso, teve a recuperação judicial homologada, depois de contrair mais de R$ 236 milhões em dívidas. É mais um nome na fila das RJs do agro, que seguem batendo recorde em 2025. O plano foi aprovado quase por unanimidade, e o grupo agora tenta colocar a casa (e o caixa) em ordem.

  • Shiitake do mato. No Paraná, um casal transformou a sombra da mata em renda extra com a produção de shiitake em toras de eucalipto. O cultivo sustentável virou modelo de agrofloresta e negócio rentável.

  • DNA rural. A edição gênica tá acelerando a evolução do campo. A Embrapa testa tambaqui sem espinhas, tilápia com mais carne e vacas Angus adaptadas ao calor. Também tem porco imune à PRRS e leite hipoalergênico no radar. Parece ficção científica, mas é genética.

SE DIVERTE AÍ

Hora de dar um respiro. Vem jogar o Termo, aquele jogo de adivinhar palavras que já virou vício de meio expediente. Vale café na veia e umas boas tentativas até acertar a palavra do dia.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Cardamomo

Pergunta de hoje: Qual fruta tropical foi batizada em homenagem a uma ave e é símbolo da Colômbia?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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