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Bom dia!
O clima esquentou dentro e fora do campo. Enquanto Lula e Trump trocam acenos pra aliviar o tarifaço, o presidente do Senado breca o licenciamento ambiental e deixa o agro em suspense. No mercado, multinacional anuncia demissão em massa, café aulista ganha pedigree, o boi volta a reagir e o céu do Sul promete mais água do que sossego.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
DE OLHO NO PORTO
Brasil tenta salvar o churrasco (e a soja) na DR com os EUA

Foto: AFP
Depois de semanas de tensão diplomática e tarifaço em alta, Brasil e Estados Unidos sentaram pra conversar e tentar resolver esse relacionamento, só faltou o terapeuta de casais. O chanceler Mauro Vieira se reuniu em Washington com o secretário de Estado Marco Rubio pra tentar agir como aquele amigo que separa as brigas e abrir caminho pra um acordo. Segundo Vieira, o papo rendeu e a agenda de reuniões segue nas próximas semanas. Lula e Trump, inclusive, devem ter um date logo menos.
O assunto principal de ontem (16) foi a carne. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) disse que a proteína bovina ficou no topo da pauta, carregada pelo lobby que vai de gigantes como JBS e Marfrig até redes como McDonald’s e Wendy’s.
Toda essa resenha acontece porque os EUA vivem o menor rebanho dos últimos 75 anos, e sem expectativa de recuperação. Com isso, a carne ficou 15% mais cara por lá e o churrasco e o hambúrguer do americano médio tá pesado no bolso. Trump até admitiu que o governo tá “trabalhando pra reduzir o preço da carne bovina”, o que na prática, significa que percerberam que precisam da gente.
Mas não é só o boi que tá no meio do tiroteio. A soja também entrou na briga. Produtores americanos pressionam o presidente Donald Trump pra fechar um acordo comercial com a China, que ainda não comprou um grão sequer da safra 2025/26 dos EUA. A falta de dinheiro chines tá tirando o sono dos sojicultores gringos, que querem reabrir o mercado. Só que, se o aperto diplomático aliviar, quem pode se dar mal é justamente o Brasil.
O alerta veio de César de Souza, conselheiro da Caramuru Alimentos, em uma fala no 2° Seminário LIDE - Agronegócio. O dirigente deu o papo: quando Trump e Xi Jinping resolverem se entender, a soja brasileira vai cair do cavalo. Hoje, 92% das exportações de soja do Brasil vão direto pra China. Se os chineses voltarem a comprar dos americanos, sobra menos espaço pra gente.
SAFRA DE CIFRAS
Café com passaporte

Foto: GOV BR
O café arábica da Nova Alta Paulista agora tem passaporte e motivo de sobra pra se achar. A região, lá no oeste paulista, conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG), um carimbo oficial que prova que o café de lá tem origem, história e sotaque. O título, concedido pelo INPI, abrange 30 municípios, mas só 23 ainda mantêm os cafezais de pé. Os outros, se quiserem entrar nesse mapa, vão ter que voltar a plantar e seguir o manual de instruções do selo.
O selo veio pra valorizar o que o tempo e a história já deixaram claro: o café foi o motor da região desde o século passado. Resistiu às geadas de 1975, manteve o sotaque do interior e agora tem até pedigree oficial.
O AGRO EM NÚMEROS
Nestlé bota 16 mil funcionários na rua

GIF: Giphy
O novo CEO da Nestlé chegou no cargo servindo um cafézinho amargo, sem açúcar. Philipp Navratil mal esquentou a cadeira e já anunciou um plano global pra cortar US$ 3,7 bilhões até 2027, cortando 16 mil funcionários no processo.
Enquanto isso, o planeta segue derretendo. Um estudo da Allianz Research mostrou que secas e desastres naturais já causaram um prejuízo de US$ 3,8 trilhões na agricultura nas últimas três décadas, o equivalente a um PIB inteiro do Brasil virando fumaça. O relatório acendeu o alerta pro Cerrado, onde o avanço da soja ameaça engolir o verde que sobrou. Segundo os analistas, se o bioma tivesse uma “Moratória da Soja” igual à da Amazônia, 3,6 milhões de hectares seriam salvos até 2050.
Mas tem boa notícia também: o PIB da cadeia de soja e biodiesel deve crescer 11,3% em 2025, chegando a R$ 779 bilhões. É safra recorde, processamento a todo vapor e biodiesel no tanque. Soja e diesel agora valem 6% de toda a economia brasileira. Quem diria que um grão e um combustível iam segurar o PIB?
No campo, o boi começa a reagir. O preço da arroba subiu em seis Estados nessa semana, com os preços alcançando os R$ 315 no mercado paulista. Agora, quem dita o ritmo são os pecuaristas, não os frigoríficos, e o churrasco de fim de semana ajuda a segurar esse fogo aceso.
E falando em fogo, o arroz tá quase no ponto. O plantio no Rio Grande do Sul já chegou a 38% da área prevista pra safra 25/26, depois de semanas de chuva travando o serviço. Nas usinas, a moagem de cana cresceu 5% em setembro e, mesmo com a oferta maior, os preços do açúcar subiram 10%. Vai entender.
ASSUNTO DE GABINETE
Licenciamento emperrado

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado
O licenciamento ambiental ia deixar o Congresso pocando ontem (16), mas o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), resolveu deixar o café esfriar um pouco. Abaixando a cabeça pra um pedido do governo, o senador cancelou a sessão que votaria (e provavelmente derrubaria) os 63 vetos de Lula à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Com esse adiamento, sem nem data pra recomeçar, fez a bancada do agro chiar mais que panela de pressão.
A turma da FPA e outras 11 frentes produtivas soltaram uma nota atravessada, dizendo que o adiamento frustra quem carrega o país nas costas. O plano era discutir se os vetos caíam de vez ou só pela metade, mas agora o texto tá igual obra pública: parado e cercado de promessa. Tereza Cristina até tinha sido escalada pra negociar, mas o combinado ficou no vácuo.
No Planalto, a desculpa é que o adiamento serve pra construir um consenso e fugir de briga pública antes da COP30 em Belém. Já no Congresso, a leitura é mais direta: o governo pisou no freio pra não levar um “não” em rede nacional e chegar com cara de gol contra no Pará.
MENTES QUE GERMINAM
Procura-se alguém pra pegar um cafézinho

GIF: Giphy
A Syngenta tá recrutando uma nova leva de estagiários pra plantar conhecimento e colher experiência. São 60 vagas abertas pra estudantes de graduação, com inscrições até 7 de novembro e início do estágio em fevereiro de 2026. O esquema pode ser híbrido ou presencial, com vagas em todo canto: São Paulo, Ribeirão Preto, Holambra, Uberlândia, Goiânia, Londrina e Paulínia. Dá até pra escolher entre cheiro de café, cana ou de reagente químico.
A empresa quer gente curiosa e com sede de aprender, e podem vir de vários cursos diferentes, como Administração, Engenharias, Marketing, Biologia, TI e Direito. As áreas são variadas: de Pesquisa e Desenvolvimento a Sustentabilidade, Finanças e Jurídico. O estágio tem duração de dois anos, tempo mais que suficiente pra aprender muito e descobrir se o agro é mesmo sua praia.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Lá vem temporal
O tempo virou de vez no Sul. O Inmet disparou um alerta vermelho pra tempestades que podem passar dos 100 mm no oeste do Rio Grande do Sul e no sudoeste de Santa Catarina nessa madrugada/manhã. É chuva de balde, com direito a ventania, granizo e aquele combo de alagamento e susto.
A Defesa Civil do RS já tá de prontidão e aponta risco maior nas regiões das Missões, Norte e Serra Gaúcha. O que tá causando o temporal é um sistema de baixa pressão vindo de uma frente fria, turbinado pela umidade que sobe do Norte do país, ou seja, tudo certo pra dar errado. Já separem as galochas e capa de chuvas.
PLANTÃO RURAL
Fávaro bate ponto no Supremo. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, passou um tempo lá no STF pra tentar manter as desonerações dos agrotóxicos. O ministro Edson Fachin é o relator e o placar tá dividido: parte da corte quer manter os benefícios, parte quer revisar. Se cair, o custo pro produtor pode subir R$ 20 bilhões por ano.
Trigo com gosto amargo. Com a colheita paulista de trigo quase no fim, os moinhos estão tranquilos e os produtores, nem tanto. O preço caiu pra R$ 1.180 por tonelada, e a indústria aconselha paciência: “saber vender é tão importante quanto saber plantar”.
Carbono com crachá. O Ministério da Fazenda criou a Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono, nome chique pra quem vai cuidar do futuro mercado brasileiro de emissões. A nova chefe é Cristina Reis, e a missão é estruturar o sistema que deve entrar em operação até 2030.
Novo selo do bem-estar animal. O agro e a ciência agora têm mais um ponto em comum: a recém-lançada Associação Brasileira de Bem-Estar Animal (Abbea). A ideia é unir produtores, pesquisadores e sociedade civil pra debater práticas sustentáveis.
Belagrícola em slow motion. A distribuidora de insumos Belagrícola suspendeu pagamentos a credores e fixações de preços com produtores por 60 dias. A Justiça de Londrina concedeu tutela cautelar pra empresa reorganizar o caixa, afetado por inadimplência.
Psicólogos no campo. Depois de secas, enchentes e dívidas, produtores gaúchos agora recebem apoio psicológico. O projeto SOS Coragem Rural oferece atendimento psicológico gratuito pra agricultores. São 16 profissionais de seis estados, prontos pra mostrar que pedir ajuda é mais corajoso do que enfrentar tudo sozinho.
Miúdos com visto pra fora. A Câmara aprovou um novo projeto que libera empresas do Sisbi pra exportar miúdos e subprodutos bovinos. A medida coloca estabelecimentos locais no mesmo nível sanitário das plantas com inspeção federal.
Silo colapsa nos EUA e vira show de luzes. Um silo lotado de soja desabou em Martinton, Illinois, nos Estados Unidos, e causou uma correria digna de filme. O armazém rachou no meio, soltou faíscas e veio abaixo, tudo registrado em vídeo. Por sorte, ninguém se feriu, mas centenas de casas ficaram sem energia. Veja o vídeo.
SE DIVERTE AÍ
Hoje o desafio é pra quem tem boa memória geográfica, ou sabe se localizar fácil. No GeoGuessr, você é largado em um ponto aleatório do planeta e precisa adivinhar onde tá só olhando o cenário: placas, árvores, estradas e o feeling do mato. Parece fácil até cair no meio de uma estrada de chão no interior do Piauí ou numa vila perdida na Ucrânia.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Physalis
Pergunta de hoje: Qual raiz brasileira deu origem à tapioca e sustentou expedições europeias no século XVI?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!