APRESENTADO POR


Bom dia!

O clima esquentou dentro e fora do campo. Enquanto Lula e Trump trocam acenos pra aliviar o tarifaço, o presidente do Senado breca o licenciamento ambiental e deixa o agro em suspense. No mercado, multinacional anuncia demissão em massa, café aulista ganha pedigree, o boi volta a reagir e o céu do Sul promete mais água do que sossego.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$115,67 -27,69%
Algodão (Centavos R$/LP) 351,1 -16,38%
Arroz (Saca 50kg) R$57,69 -41,81%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$309,15 -3,86%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.269,67 1,24%
Etanol anidro (Litro) R$3,1126 2,59%
Milho (Saca 60kg) R$65,12 -10,72%
Soja (Saca 60kg) R$138,17 -0,55%
Trigo (Tonelada) R$1.207,95 -13,31%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

DE OLHO NO PORTO

Brasil tenta salvar o churrasco (e a soja) na DR com os EUA

Foto: AFP

Depois de semanas de tensão diplomática e tarifaço em alta, Brasil e Estados Unidos sentaram pra conversar e tentar resolver esse relacionamento, só faltou o terapeuta de casais. O chanceler Mauro Vieira se reuniu em Washington com o secretário de Estado Marco Rubio pra tentar agir como aquele amigo que separa as brigas e abrir caminho pra um acordo. Segundo Vieira, o papo rendeu e a agenda de reuniões segue nas próximas semanas. Lula e Trump, inclusive, devem ter um date logo menos.

O assunto principal de ontem (16) foi a carne. A Abiec (Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes) disse que a proteína bovina ficou no topo da pauta, carregada pelo lobby que vai de gigantes como JBS e Marfrig até redes como McDonald’s e Wendy’s.

Toda essa resenha acontece porque os EUA vivem o menor rebanho dos últimos 75 anos, e sem expectativa de recuperação. Com isso, a carne ficou 15% mais cara por lá e o churrasco e o hambúrguer do americano médio tá pesado no bolso. Trump até admitiu que o governo tá “trabalhando pra reduzir o preço da carne bovina”, o que na prática, significa que percerberam que precisam da gente.

Mas não é só o boi que tá no meio do tiroteio. A soja também entrou na briga. Produtores americanos pressionam o presidente Donald Trump pra fechar um acordo comercial com a China, que ainda não comprou um grão sequer da safra 2025/26 dos EUA. A falta de dinheiro chines tá tirando o sono dos sojicultores gringos, que querem reabrir o mercado. Só que, se o aperto diplomático aliviar, quem pode se dar mal é justamente o Brasil.

O alerta veio de César de Souza, conselheiro da Caramuru Alimentos, em uma fala no 2° Seminário LIDE - Agronegócio. O dirigente deu o papo: quando Trump e Xi Jinping resolverem se entender, a soja brasileira vai cair do cavalo. Hoje, 92% das exportações de soja do Brasil vão direto pra China. Se os chineses voltarem a comprar dos americanos, sobra menos espaço pra gente.

SAFRA DE CIFRAS

Café com passaporte

Foto: GOV BR

O café arábica da Nova Alta Paulista agora tem passaporte e motivo de sobra pra se achar. A região, lá no oeste paulista, conquistou o selo de Indicação Geográfica (IG), um carimbo oficial que prova que o café de lá tem origem, história e sotaque. O título, concedido pelo INPI, abrange 30 municípios, mas só 23 ainda mantêm os cafezais de pé. Os outros, se quiserem entrar nesse mapa, vão ter que voltar a plantar e seguir o manual de instruções do selo.

O selo veio pra valorizar o que o tempo e a história já deixaram claro: o café foi o motor da região desde o século passado. Resistiu às geadas de 1975, manteve o sotaque do interior e agora tem até pedigree oficial.

O AGRO EM NÚMEROS

Nestlé bota 16 mil funcionários na rua

GIF: Giphy

O novo CEO da Nestlé chegou no cargo servindo um cafézinho amargo, sem açúcar. Philipp Navratil mal esquentou a cadeira e já anunciou um plano global pra cortar US$ 3,7 bilhões até 2027, cortando 16 mil funcionários no processo.

Enquanto isso, o planeta segue derretendo. Um estudo da Allianz Research mostrou que secas e desastres naturais já causaram um prejuízo de US$ 3,8 trilhões na agricultura nas últimas três décadas, o equivalente a um PIB inteiro do Brasil virando fumaça. O relatório acendeu o alerta pro Cerrado, onde o avanço da soja ameaça engolir o verde que sobrou. Segundo os analistas, se o bioma tivesse uma “Moratória da Soja” igual à da Amazônia, 3,6 milhões de hectares seriam salvos até 2050.

Mas tem boa notícia também: o PIB da cadeia de soja e biodiesel deve crescer 11,3% em 2025, chegando a R$ 779 bilhões. É safra recorde, processamento a todo vapor e biodiesel no tanque. Soja e diesel agora valem 6% de toda a economia brasileira. Quem diria que um grão e um combustível iam segurar o PIB?

No campo, o boi começa a reagir. O preço da arroba subiu em seis Estados nessa semana, com os preços alcançando os R$ 315 no mercado paulista. Agora, quem dita o ritmo são os pecuaristas, não os frigoríficos, e o churrasco de fim de semana ajuda a segurar esse fogo aceso.

E falando em fogo, o arroz tá quase no ponto. O plantio no Rio Grande do Sul já chegou a 38% da área prevista pra safra 25/26, depois de semanas de chuva travando o serviço. Nas usinas, a moagem de cana cresceu 5% em setembro e, mesmo com a oferta maior, os preços do açúcar subiram 10%. Vai entender.

ASSUNTO DE GABINETE

Licenciamento emperrado

Foto: Andressa Anholete/Agência Senado

O licenciamento ambiental ia deixar o Congresso pocando ontem (16), mas o presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), resolveu deixar o café esfriar um pouco. Abaixando a cabeça pra um pedido do governo, o senador cancelou a sessão que votaria (e provavelmente derrubaria) os 63 vetos de Lula à Lei Geral do Licenciamento Ambiental. Com esse adiamento, sem nem data pra recomeçar, fez a bancada do agro chiar mais que panela de pressão.

A turma da FPA e outras 11 frentes produtivas soltaram uma nota atravessada, dizendo que o adiamento frustra quem carrega o país nas costas. O plano era discutir se os vetos caíam de vez ou só pela metade, mas agora o texto tá igual obra pública: parado e cercado de promessa. Tereza Cristina até tinha sido escalada pra negociar, mas o combinado ficou no vácuo.

No Planalto, a desculpa é que o adiamento serve pra construir um consenso e fugir de briga pública antes da COP30 em Belém. Já no Congresso, a leitura é mais direta: o governo pisou no freio pra não levar um “não” em rede nacional e chegar com cara de gol contra no Pará.

MENTES QUE GERMINAM

Procura-se alguém pra pegar um cafézinho

GIF: Giphy

A Syngenta tá recrutando uma nova leva de estagiários pra plantar conhecimento e colher experiência. São 60 vagas abertas pra estudantes de graduação, com inscrições até 7 de novembro e início do estágio em fevereiro de 2026. O esquema pode ser híbrido ou presencial, com vagas em todo canto: São Paulo, Ribeirão Preto, Holambra, Uberlândia, Goiânia, Londrina e Paulínia. Dá até pra escolher entre cheiro de café, cana ou de reagente químico.

A empresa quer gente curiosa e com sede de aprender, e podem vir de vários cursos diferentes, como Administração, Engenharias, Marketing, Biologia, TI e Direito. As áreas são variadas: de Pesquisa e Desenvolvimento a Sustentabilidade, Finanças e Jurídico. O estágio tem duração de dois anos, tempo mais que suficiente pra aprender muito e descobrir se o agro é mesmo sua praia.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Lá vem temporal

O tempo virou de vez no Sul. O Inmet disparou um alerta vermelho pra tempestades que podem passar dos 100 mm no oeste do Rio Grande do Sul e no sudoeste de Santa Catarina nessa madrugada/manhã. É chuva de balde, com direito a ventania, granizo e aquele combo de alagamento e susto.

A Defesa Civil do RS já tá de prontidão e aponta risco maior nas regiões das Missões, Norte e Serra Gaúcha. O que tá causando o temporal é um sistema de baixa pressão vindo de uma frente fria, turbinado pela umidade que sobe do Norte do país, ou seja, tudo certo pra dar errado. Já separem as galochas e capa de chuvas.

PLANTÃO RURAL

  • Fávaro bate ponto no Supremo. O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, passou um tempo lá no STF pra tentar manter as desonerações dos agrotóxicos. O ministro Edson Fachin é o relator e o placar tá dividido: parte da corte quer manter os benefícios, parte quer revisar. Se cair, o custo pro produtor pode subir R$ 20 bilhões por ano.

  • Trigo com gosto amargo. Com a colheita paulista de trigo quase no fim, os moinhos estão tranquilos e os produtores, nem tanto. O preço caiu pra R$ 1.180 por tonelada, e a indústria aconselha paciência: “saber vender é tão importante quanto saber plantar”.

  • Carbono com crachá. O Ministério da Fazenda criou a Secretaria Extraordinária do Mercado de Carbono, nome chique pra quem vai cuidar do futuro mercado brasileiro de emissões. A nova chefe é Cristina Reis, e a missão é estruturar o sistema que deve entrar em operação até 2030.

  • Novo selo do bem-estar animal. O agro e a ciência agora têm mais um ponto em comum: a recém-lançada Associação Brasileira de Bem-Estar Animal (Abbea). A ideia é unir produtores, pesquisadores e sociedade civil pra debater práticas sustentáveis.

  • Belagrícola em slow motion. A distribuidora de insumos Belagrícola suspendeu pagamentos a credores e fixações de preços com produtores por 60 dias. A Justiça de Londrina concedeu tutela cautelar pra empresa reorganizar o caixa, afetado por inadimplência.

  • Psicólogos no campo. Depois de secas, enchentes e dívidas, produtores gaúchos agora recebem apoio psicológico. O projeto SOS Coragem Rural oferece atendimento psicológico gratuito pra agricultores. São 16 profissionais de seis estados, prontos pra mostrar que pedir ajuda é mais corajoso do que enfrentar tudo sozinho.

  • Miúdos com visto pra fora. A Câmara aprovou um novo projeto que libera empresas do Sisbi pra exportar miúdos e subprodutos bovinos. A medida coloca estabelecimentos locais no mesmo nível sanitário das plantas com inspeção federal.

  • Silo colapsa nos EUA e vira show de luzes. Um silo lotado de soja desabou em Martinton, Illinois, nos Estados Unidos, e causou uma correria digna de filme. O armazém rachou no meio, soltou faíscas e veio abaixo, tudo registrado em vídeo. Por sorte, ninguém se feriu, mas centenas de casas ficaram sem energia. Veja o vídeo.

SE DIVERTE AÍ

Hoje o desafio é pra quem tem boa memória geográfica, ou sabe se localizar fácil. No GeoGuessr, você é largado em um ponto aleatório do planeta e precisa adivinhar onde tá só olhando o cenário: placas, árvores, estradas e o feeling do mato. Parece fácil até cair no meio de uma estrada de chão no interior do Piauí ou numa vila perdida na Ucrânia.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Physalis

Pergunta de hoje: Qual raiz brasileira deu origem à tapioca e sustentou expedições europeias no século XVI?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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