
guiferrau
APRESENTADO POR
Bom dia!
Na edição de hoje, o café e a carne brasileiros ganham fôlego lá fora, a COP30 vira manchete por um susto nada climático, o metano entra de vez na planilha das metas, o crédito rural tenta respirar melhor, a caneta libera dinheiro pra quilombo e até cannabis entra no radar oficial da pesquisa agro.
Pra você acordar bem informado
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
APRESENTADO POR CHRYSALABS
O entrave oculto dos projetos de carbono

A demanda global por créditos de carbono de alta qualidade cresce exponencialmente. O problema? Os métodos tradicionais de medição do carbono no solo não acompanham esse ritmo. Trabalhosos, lentos e caros, eles se tornaram um gargalo que deixa um enorme valor potencial preso no solo.
Para que os projetos de carbono sejam realmente rentáveis em escala, o setor precisa de um salto tecnológico, uma forma de obter dados defensáveis e auditáveis com muito mais rapidez e eficiência. Mas essa tecnologia não pode ser uma "caixa-preta"; deve atender aos mais altos padrões de rigor científico.
Por isso, buscamos e conquistamos validação de terceiros, comprovando nossa conformidade com a metodologia VM0042 da Verra. Isso confirma que nossa tecnologia de dados do solo é uma solução comprovada e confiável, capaz de viabilizar projetos de grande escala e alta integridade.
DE OLHO NO PORTO
Trump tira a mão do coador e cancela tarifaço sobre café e carne do Brasil

Gif by dechinezen on Giphy
O café e a carne brasileiros ganharam passe VIP de volta pros EUA. O presidente Donald Trump assinou um decreto que zera a tarifa extra de 40% sobre uma lista de produtos agrícolas do Brasil, incluindo café, carne bovina, cacau, açaí e outras estrelas do agro. É a segunda rodada de alívio em poucos dias, depois da redução que já tinha derrubado as taxas de 50% pra 40% na semana passada.
A decisão não saiu do nada. O texto da Casa Branca cita as negociações com o governo Lula e lembra a conversa por telefone dos dois em 06 de outubro, quando combinaram abrir caminho pra reduzir o tarifaço. No papel, Trump diz que recebeu recomendações de assessores que monitoram a tal “emergência” criada pela Ordem Executiva 14323, aquela que ligou a sobretaxa ao julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe no STF, e concluiu que parte das importações agrícolas brasileiras já pode sair dessa mira.
O alívio vem com efeito retroativo, o que é música pros exportadores. A isenção vale pros produtos que entraram nos EUA a partir de 13 de novembro e as tarifas que já foram pagas nesse intervalo devem ser reembolsadas, seguindo os procedimentos padrão da alfândega americana.
Ainda não saiu a lista completinha de tudo que entra na festa, mas café e carne aparecem nas duas decisões recentes da Casa Branca e viram símbolo dessa colher de chá. Agora o jogo passa a ser recuperar espaço nas gôndolas, nos cardápios e nos blends antes que o consumidor acostume de vez com outro sabor.
O AGRO EM NÚMEROS
Metano na mira, dívidas no respirador e crédito preto no branco

Foto: Getty Images
A Marfrig resolveu encarar o metano de frente. A empresa abriu as emissões de Escopo 3 e cravou meta de corte de 33% até 2035, mirando a fermentação dos bovinos. A Mighty Earth diz que é a primeira gigante da carne com alvo explícito de metano na COP 30. O gás aquece 86 vezes mais que CO₂, responde por 30% do aquecimento global e demora uns 12 anos pra sumir, então reduzir rápido faz diferença agora, não só em 2050.
No caixa do campo, o BNDES tá fazendo plantão de UTI pras dívidas rurais. Em 1 mês de linha nova pra renegociar débitos, já aprovou R$2,45 bilhões em 8,3 mil pedidos, em 485 municípios de 16 estados, com ticket médio de R$296 mil. Isso é 20% dos R$12 bilhões de grana pública e 61% foi pra agricultores familiares e médios. No Rio Grande do Sul, onde tão 97,2% dessas renegociações, a conta total de R$73 bilhões em dívida mostra que o remédio ainda é início de tratamento, não alta do hospital.
Fechando com inclusão que aparece na planilha, o governo de SP lançou no Dia da Consciência Negra uma linha exclusiva de R$3 milhões pro crédito quilombola via FEAP. Cada agricultor pode pegar até R$40 mil pra produção, agroindústria ou comercialização, com juros de 3% ao ano, bônus pra bom pagador, prazo de até 84 meses e 12 meses de carência. A renda pode ser autodeclarada e validada por Itesp ou Cati, a operação começa em dezembro e deve atender algo entre 150 e 200 produtores em 37 territórios reconhecidos, reforçando o combo título de terra, assistência técnica e crédito como motor de renda e autonomia no campo quilombola.
POR DENTRO DA COP30
Incêndio rouba a cena na COP

Foto: Douglas Pingituro/Reuters
A temperatura na COP30 tá bem quente, literalmente pegando fogo. Um incêndio na Blue Zone pegou em cheio o Pavilhão dos Países, bem onde rolam as negociações oficiais, e transformou a tarde em um salve-se quem puder. Sirene tocando, gente correndo, stand da China no centro da fumaça e um buraco generoso no teto de lona. O ministro do Turismo, Celso Sabino, correu pra falar que tá tudo sob controle e que ninguém se feriu.
O episódio veio com aquele climão de eu avisei. Semana passada, a ONU já tinha mandado carta pro governo brasileiro falando em risco de segurança, fio exposto, infiltração, ar condicionado capenga e outras delicadezas. Depois do incêndio, a Convenção do Clima avisou que a área atingida deixa de ser Blue Zone e passa a ser responsabilidade direta do Brasil. Agora é o Corpo de Bombeiros que manda no pedaço, enquanto a perícia tenta descobrir se a faísca veio mesmo da parte elétrica ou se alguém resolveu improvisar gambiarra onde não devia.
A imprensa internacional fez a festa. A Associated Press falou em negociações interrompidas nos dias finais críticos, a BBC relatou chama, fumaça e delegação se abrigando em posto de gasolina pra fugir do calor amazônico, enquanto o New York Times descreveu pânico, correria e um baita rombo no teto de lona. Tudo com um tempero extra de que já tinha reclamação de goteira, ar fraco e falha de segurança desde o começo. Esse tipo de narrativa pega mais rápido que fogo em estande de MDF.
Do lado do agro, a resposta veio na hora. Muni Lourenço, da CNA e da comissão de meio ambiente da entidade, disse que o Brasil não merece essa imagem e desceu a lenha na desorganização da área oficial da COP30. De quebra, puxou o comparativo com a AgriZone, montada por Embrapa, Sistema CNA Senar e iniciativa privada, que virou vitrine arrumada de agro sustentável, com estrutura, debate e clima de normalidade.
MENTES QUE GERMINAM
Embrapa ganha sinal verde pra estudar o verde

GIF: Pexels/Katy Landers
A Anvisa abriu a porteira científica pra cannabis entrar no agro. A agência deu uma autorização excepcional pra Embrapa pesquisar cultivo de cannabis sativa, mas com uma cerca viva bem alta: antes de qualquer muda ir pro solo, a empresa passa por inspeção presencial e vai ter que cumprir um protocolo bastante rígido de segurança e tudo fica sob acompanhamento direto da Anvisa. Nada do que sair desses experimentos pode ser vendido, e o material vegetal só pode seguir pra outras instituições de pesquisa autorizadas, sem chance de virar semente pra plantio.
Com o aval, a Embrapa vai tocar três frentes de estudo com a planta da vez: conservação e caracterização de germoplasma, base científica e tecnológica pra cannabis medicinal e melhoramento de cânhamo focado em fibras e sementes. A empresa defende que o Brasil pare de só importar dado e comece a gerar conhecimento próprio sobre uma cultura que já tem peso econômico, social, ambiental e medicinal lá fora. De quebra, a decisão se soma a mais de R$ 13 milhões aprovados pela Finep pra pesquisas com canabidiol, juntando roça, laboratório e saúde pública no mesmo roteiro.
RADAR SANITÁRIO
A raiva tá solta

Foto: Adapar/Divulgação
A raiva voltou a rondar o rebanho do Paraná e o clima no oeste do estado tá longe de ser tranquilo. Em 2024 foram 258 casos confirmados em herbívoros e, só em 2025, mais de 400 suspeitas já foram investigadas, com 218 confirmações. A doença chega na surdina, na mordida de morcego em vacas, cavalos e companhia, e preocupa porque é zoonose, ou seja, pula do curral pro risco de saúde pública se ninguém cuidar direitinho.
Com apoio da Faep, a Adapar pisou no acelerador de vez. A Portaria 368 exigiu vacinação obrigatória em 30 municípios, cobrindo bovinos, búfalos, equinos, asininos, muares, ovinos e caprinos a partir de 3 meses de idade. A vacina custa pouco, o próprio produtor aplica e precisa de reforço anual. E é bom prevenir mesmo, porque depois que o bicho começa a babar, ter dificuldade pra engolir, mudar de comportamento e paralisar membros, não tem cura, só prejuízo e risco.
A orientação oficial é isolar qualquer animal suspeito, avisar a Adapar na hora e nada de encostar sem proteção. Mesmo onde a vacinação não é obrigatória, o passo a passo é o mesmo: criar barreira sanitária com imunização em dia, registrar tudo, treinar a equipe e colocar cláusula de sanidade em qualquer negócio com gado.
PLANTÃO RURAL + COP30
Plano Clima tira desmate das costas do agro. O Ministério do Meio Ambiente topou criar um 8º plano setorial pra tratar emissões de desmatamento em imóveis rurais, separado do plano da agropecuária. Entra no pacote PSA, desconto em juros, benefício tributário, CPR Verde, CRA e outros mimos pra quem mantiver mais vegetação em pé.
Biocombustível dominando a Agrizone. O Sistema CNA Senar transformou o Pavilhão AgroBrasil num intensivão de bioenergia. Teve etanol de milho puxando emprego, palma elevando renda no Pará, biodiesel girando soja e abrindo espaço pro diesel fóssil ser exportado.
Tabaco em rodada extra com a diplomacia. Em Genebra, parlamentares e lideranças do tabaco tiveram o 3º encontro com a diplomacia brasileira durante a COP 11. Embaixador Tovar Nunes falou em buscar meio termo entre saúde, social e economia, com decisões por consenso e promessa de mais transparência nos próximos passos.
Boi baixo carbono com bônus no gancho. O Protocolo de Carne de Baixo Carbono, lançado na COP 30, mostrou fazenda cortando de 26% a 50% das emissões e dobrando taxa de lotação média pra 2 cabeças por hectare. A adesão é voluntária, passa por auditoria da CNA e pode render bônus de preço pago pela MBRF.
SE DIVERTE AÍ
Pra desligar um pouco do tarifaço e das tretas da COP, a pedida do dia é o GeoGuessr, aquele jogo que te larga em qualquer canto do mundo no modo Street View e manda chutar onde tá no mapa, só na base da placa torta, tipo de solo, cara da fazenda e caminhão passando na estrada; vale montar disputa com a galera da república ou do trampo pra ver quem é agro raiz de geografia e quem se perde saindo do anel viário, é só jogar GeoGuessr no navegador e cair na estrada sem sair da cadeira.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: X-caboquinho de tucumã
Pergunta de hoje: Qual estado responde historicamente pela maior parte do arroz irrigado do Brasil?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

