
APRESENTADO POR
Bom dia!
O agro mundial tá em modo novela: Trump briga com os criadores de gado dos EUA, ameaça cortar o investimendo na Argentina e ainda mexe com o humor do mercado de café. Lá fora, a gripe aviária volta a assustar as granjas europeias, e por aqui o campo continua entregando números de respeito.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
As ações da Beyond Meat dispararam 1.000% depois que viraram febre entre traders do Reddit.
As tensões entre EUA e Colômbia botaram fogo no café. Os contratos do arábica subiram 1,8% depois que Trump aumentou tarifas e Bogotá chamou o embaixador que estava em solo americano de volta.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Agro agora tem dashboard pra chamar de seu
O agro tá cada vez mais conectado, com mais dados, mais tecnologia, e agora tem até um Power BI pra provar e mostrar os dados. A CropLife Brasil lançou o CropData, uma plataforma que junta num lugar só tudo que antes ficava espalhado em planilhas, PDFs e gavetas de consultoria. Agora dá pra achar, em dois palitos, quanto o campo produz, investe, fatura e até quantos registros novos saíram do forno.
O levantamento traz um dado bem interessante. Ele mostra que o setor de insumos agrícolas faturou R$ 114 bilhões em 2024, sendo R$ 81,6 bi de químicos, R$ 28 bi de sementes e R$ 4,5 bi de bioinsumos. E último dado também é muito animador pro futuro, já que o setor de biológicos cresceu 30% no biênio, enquanto os químicos deram uma desacelerada de 20%. Tá claro que a química ainda manda na bagaça, mas os biológicos tão chegando com o pé na porta.
O portal também mostra um agro mais profissionalizado. A turma dos insumos emprega mais de 25 mil pessoas, com 60% da galera tendo ensino superior completo e salário médio de R$ 10 mil. E o ESG, que antes era só discurso bonito em evento, agora virou KPI: 100% das empresas dizem ter práticas sustentáveis, 75% divulgam publicamente e 39% prometeram reduzir emissões até 2030.
COMO TÁ LÁ FORA?
Até o Trump quer chorar o preço no açougue
Donald Trump tentar dar aquela pechinchada no açougue. O presidente americano pediu pros pecuaristas dos EUA darem um descontinho patriótico na carne, dizendo que só tão nadando em lucro porque ele botou tarifa de 50% na carne do Brasil. Na rede social dele, o Truth Social, Trump escreveu que ama os criadores de gado, mas que eles precisam entender que o consumidor também é importante. No país do liberalismo e liberdade, tá parecendo que vai rolar um controle estatal de preços no mercado.
O detalhe é que o mercado bovino americano já tava bombando antes das tarifas, com pouca oferta e demanda forte. Ou seja, o preço do boi subiu sozinho, sem precisar da canetada. Mesmo assim, Trump quer levar o crédito pela façanha.
E pra melhorar sua relação com os produtores americanos, o presida prometeu abrir o cofre de novo: o governo vai liberar US$ 3 bilhões pra ajudar os afetados pela guerra comercial com a China. Tem vários ditados pra definir essas alções, “toma daqui, tira dali”, “morde e assopra”, “dá com uma mão e toma com a outra”, e por aí vai. E isso já ta virando um clássico trumpista: tarifa de um lado, subsídio do outro.
Enquanto os fazendeiros dos EUA chiaram, dizendo que o presidente tá criando confusão no pior momento possível, o Brasil segue vendendo carne como nunca. Mesmo pagando o pedágio das tarifas, os embarques subiram 38% em setembro, puxados pela China. Trump quis baixar o preço da picanha americana, mas quem tá rindo mesmo é o boi brasileiro, que segue pastando de cabeça erguida no mercado global.
O AGRO EM NÚMEROS
É um pássaro? É um avião? Não, é a melancia

Foto: Canva/Creative Commons
O nosso agro tá colhendo bons frutos, literalmente. As exportações de frutas subiram 16% no terceiro trimestre, somando 290 mil toneladas embarcadas e US$ 323 milhões faturados. E olha que o tarifaço americano ainda tentou dar uma brecada na gente, mas não conseguiu. A melancia foi a estrela da rodada, com salto de 64,9% nas vendas, seguida por banana e manga, que continuam sendo as queridinhas dos gringos.
No arroz, a Conab decidiu entrar em campo pra não deixar o grão empacar nos silos. Lançou um pacote de R$ 300 milhões com leilões, prêmios e compras públicas pra garantir preço justo e animar os produtores do Rio Grande do Sul, que tão sofrendo com valores abaixo do mínimo. No fim, é um empurrãozinho pro produtor continuar plantando e o prato do brasileiro continuar cheio.
E no leite os investimentos tão à milhão. A Alvoar Lácteos vai aplicar R$ 1,6 milhão pra reduzir emissões e ampliar o Projeto ECO, que já cortou a pegada de carbono das fazendas em mais de 5%. Já a Tirol anunciou uma nova fábrica de leite em pó em Santa Catarina, com investimento de R$ 200 milhões e capacidade pra processar 1 milhão de litros por dia. O leite tá rendendo e o clima de confiança segue firme no setor.
Na cana, a RIDESA mostrou que pesquisa dá um caldo que as vezes é mais doce que garapa. A rede, que é formada por dez universidades federais, lançou 18 novas variedades de cana, focando na produtividade, resistência a doenças e maior teor de açúcar, tudo pra ter um produto final mais doce e competitivo. Hoje, 54% da cana colhida no país vem de cultivares desenvolvidos pela RIDESA, e as novidades prometem aumentar ainda mais esse domínio.
Pra fechar, o Porto de Paranaguá vai ganhar um upgrade daqueles. O consórcio CCGC venceu o leilão e vai investir R$ 1,22 bilhão pra aprofundar o canal de acesso de 13,5 pra 15,5 metros. Com isso, o porto vai receber navios maiores, aumentar em 35% a capacidade e reduzir custos em até 12%. É mais carga, mais exportação e mais Brasil navegando no comércio global.
ASSUNTO DE GABINETE
Ninguém vai prender a tilápia aqui não

GIF: Giphy/Spongebob Squarepants
Foi só o governo soltar a pérola de que a tilápia é espécie invasora pros piscicultores, do Oiapoque ao Chuí, entrarem em pânico achando que o governo ia mandar o Ibama fechar os viveiros. Mas o Ministério do Meio Ambiente correu pra desmentir e dizer que o peixe segue liberado pra nadar, crescer e virar filé.
O caos veio porque a Conabio tá discutindo uma nova lista de espécies exóticas e invasoras, e o nome da tilápia apareceu ao lado de eucalipto, pinus, braquiária e até do camarão vannamei. A ideia é técnica, só pra referência científica, mas o agro ouviu invasora e entendeu proibida. A Peixe BR e a FPA classificaram a proposta como uma piada de mau gosto, e disseram que não da pra comparar o peixe mais criado do país com o javali, o terror das lavouras.
O governo jura que o Ibama segue autorizando tudo normalmente e que a tal lista serve só como referência científica. E com razão, já que, só em 2024, o Brasil produziu 662 mil toneladas de tilápia, o que representa 68% do peixe cultivado no país. Pode até não ser nativa, mas a essa altura a tilápia já tá tão brasileira que se deixar ela se candidata na próxima eleição
NOS CORREDORES DE BRASÍLIA
Dia agitado no Congresso

Foto: EBC
O agro brasileiro tá virando palco de debates e embates mais quentes que os de reality show. De um lado, o Senado discute como colocar preço no carbono sem deixar o produtor na mão. Do outro, a Câmara quer dar um boost na pesquisa agropecuária pra enfrentar as mudanças no clima e nas regras do jogo.
O papo do Senado foi sobre o Sistema Brasileiro de Comércio de Emissões, o famoso mercado de carbono regulado, que quer transformar boas práticas em crédito e crédito em dinheiro. Os especialistas convocados lembraram que o agro não é vilão, é um herói mascarado. O plantio direto, a recuperação de pastagens e o manejo correto capturam carbono, mas essa conta ainda não entra nos relatórios da ONU.
Do outro lado do prédio, a Câmara aprovou uma proposta que atualiza as diretrizes da Política Agrícola Nacional, pra colocar mais ciência no campo e menos achismo nas planilhas e no manejo. O texto tem novas metas de pesquisa, incentivo à inovação e à adaptação da produção rural aos extremos do tempo. A ideia é fazer com que os pesquisadores e os produtores virem besties e transformar cada enxurrada ou seca em oportunidade de tecnologia e inovação.
RADAR SANITÁRIO
Frango confinado e pato de máscara

Foto: Adobe Stock
A gripe aviária voltou a aparecer, mas dessa vez não é por aqui não. Alguns países do velho continente tão registrando focos da doença, é aquele velho pesadelo que chega todo outono europeu com as aves migratórias e bota medo até em quem só tem flamingo de plástico no jardim.
Na Holanda, o governo mandou abater 161 mil frangos depois da confirmação do vírus em uma granja comerical de lá. Os laranjinhas também proibiram o transporte de todas as aves e produtos num raio de 10 quilômetros dessa granja e determinaram lockdown total, ninguém entra e ninguém sai. Já na Eslováquia, o surto matou 27 aves em uma fazenda com galinhas, gansos e patos; as outras 197 aves que moravam lá foram abatidas por precaução. O vírus tá voando.
Por lá, o clima é de tensão, mas sem pânico. A gripe aviária sempre aparece nessa época do ano, quando o frio, as migrações e as granjas lotadas ajudam o vírus a circular. Pro produtor europeu, é um prejuízo certo.
PLANTÃO RURAL
Solo no azul. Produtores paulistas tão recuperando áreas degradadas com ajuda do Feap e da Cati. O programa investe até R$ 50 mil por produtor pra obras de conservação, proteção de nascentes e abastecimento rural. O resultado? Menos erosão, mais água no solo e lavoura agradecendo de tanque cheio.
Sementes nativas na ativa. A Embrapa se juntou à Morfo Brasil pra criar protocolos de manejo de sementes florestais e acelerar a restauração de biomas como a Mata Atlântica, Cerrado e Amazônia. O plano é simples: melhorar a germinação e baratear a recuperação de áreas degradadas. Tudo de forma científica e sustentável.
Drama portenho. Na Argentina, Trump virou cabo eleitoral involuntário. O presidente dos EUA ameaçou cortar ajuda financeira se Milei perder nas eleições de meio de mandato, e a oposição reagiu com a hashtag #PatriaOColonia, dizendo que Trump age como colonizador do mundo.
Carne com tempero químico. A China detectou resíduos de carrapaticida em carne uruguaia importada e mandou destruir os lotes. O governo chinês ainda não aplicou sanções, mas o alerta acendeu.
Soja travada no Cade. O julgamento sobre a Moratória da Soja já é uma novela bem extensa, e agora ganhou uma espécie de spin-off. O presidente do Cade barrou a votação que mudaria o relator do caso e criou um impasse dentro do órgão. Enquanto isso, o setor segue sem saber quem vai dar a palavra final sobre o futuro do acordo ambiental.
SE DIVERTE AÍ
Hoje o jogo é pra quem se garante na geografia (ou acha que se garante). O GeoGuessr te joga em algum lugar aleatório do planeta, e o desafio é descobrir onde você tá só olhando o cenário no Google Street View. Vale espiar placas, vegetação, relevo e até o tipo de poste pra tentar acertar o país.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Amendoim
Pergunta de hoje: Qual tubérculo africano ajudou a combater a fome no Brasil colonial e até hoje é base da culinária nordestina?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!



