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Bom dia!

Nos Estados Unidos, o tarifaço transformou o agro num filme de terror, com milho encalhado, fertilizante caro e até hambúrguer pesando no bolso. Já no Brasil, a inovação no agro cresce três vezes mais rápido que em outros setores e coloca o campo na linha de frente da tecnologia. O calor bate recordes de 40 °C, a madeira amarga milhares de demissões, a Embrapa segue pagando boleto e o Mapa suspendeu mais uma vacina.

Também tem:
• CBios já cobrem 94% da meta de 2025
• Brasil abre mercado de bovinos e bubalinos vivos pro Togo
• Câmara veta venda casada no crédito rural

O agro não para, e a gente também não.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 145.593,62 22,83%
RAIZ4 R$1,34 -37,09%
ABEV3 R$12,79 14,97%
BEEF3 R$6,47 35,92%
MRFG3 R$26,92 59,76%
Bitcoin US$116.176,41 18,42%
Ethereum US$4.544,68 26,07%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

E ESSE TEMPO, HEIN?

Quem abriu a porta do forno?

GIF: Giphy

Pode preparar o tereré e o ventilador, porque o Brasil vai virar uma estufa a partir desta quinta (18). O Inmet já avisou: as temperaturas podem bater os 40 °C no Centro do país, com o pico do calorão entre sexta e sábado. Tudo isso ainda no finalzinho do inverno.

No Centro-Oeste, o sol não dá trégua e Mato Grosso e Mato Grosso do Sul chegam fácil aos 38 °C, com umas chuvinhas de cortesia. No Sudeste, Ribeirão Preto deve fritar nos 33 °C, enquanto São Paulo segura nos 27 °C. No Sul, Porto Alegre fica na mesma marca, mas o norte do Paraná promete forno ligado nos 35 °C.

No Nordeste, a brasa pega no interior com direito a alerta de umidade no chão, enquanto o litoral segura a onda com instabilidades. No Norte, a gangorra vai de temporais no Pará a sol de derreter qualquer um em Palmas, onde a máxima encosta nos 39 °C.

ATUALIZAÇÃO NO CAMPO

Inovação cresce no agro igual mato depois da chuva

Foto: Getty Images/Canva

Quem acha que inovação é só papo de big tech ou de nerdola, precisa dar uma volta na lavoura. Segundo a Organização Europeia de Patentes, a criação de novas tecnologias cresce três vezes mais rápido no agro do que em qualquer outro setor. O que motiva esse massacre é a fome do mundo por segurança alimentar.

O Brasil aparece com papel de protagonista. O país já põe comida na mesa de uma em cada dez pessoas do planeta e, até 2050, a América Latina pode abastecer até três em cada cinco frutas e hortaliças consumidas no mundo. Não é pouca coisa não.

Na corrida por patentes, a Europa ainda lidera, com um exército de startups e universidades de olho na agricultura digital. Mas quem deu seta pra esquerda e acelerou de vez foi a Ásia, que ultrapassou a América do Norte em 2020 e mantém crescimento anual de dois dígitos. O agro asiático tá mais pra Fórmula 1 do que pro kart que você corre no fim de semana.

O Brasil também deixa sua marca nessa pista. Somos o nono do ranking global em patentes de agricultura sustentável, com 15% voltadas ao digital, bem acima da média mundial. Para o presidente do INPI, Julio César Moreira, a força vem da combinação de ciência, como a da Embrapa, com a gana do setor privado.

E quando se fala em inovação, não é exagero dizer que os tratores agora plantam código. Desde 2018 drones, sensores e inteligência artificial viraram rotina para pulverizar, colher e automatizar tarefas, tem até gente que não consegue mais trabalhar sem uma tecnologiazinha embarcada. Em 2022, quase 90% das patentes saíram de empresas privadas, com gigantes como John Deere, CNH, Claas e Kubota puxando a fila.

RADAR DO AGRO

VBP deve chegar a R$ 1,4 tri em 2025

GIF: Giphy

O caixa do campo tá beeeem apertado, e Brasília lançou uma tentativa de afrouxar a corda. O governo liberou R$ 12 bilhões extras pra tentar aliviar dívidas rurais acumuladas entre 2020 e 2025. Os produtores reclamam da demora na regulamentação, já que a semeadura no Sul começa logo menos, em outubro. Os juros variam de 6% a 10% ao ano, com prazos de até dez anos.

Enquanto Brasília assina cheque, na cana o negócio tá acelerando com força. O centro-Sul moeu 50 milhões de toneladas de cana na segunda quinzena de agosto, 10% a mais que no mesmo período do ano passado. Só que no acumulado da safra a moagem ainda tá 5% menor, com produtividade em queda de 8% por hectare e ATR despencando 12%. A matemática é simples: mais cana, menos açúcar por tonelada.

Açúcar e etanol também sentem. O adoçante soma 26,7 milhões de toneladas, 2% abaixo do ciclo anterior, e o biocombustível acumula recuo de 10%. A exceção é o etanol de milho, que cresceu quase 20% no ano e virou estrela da vez. Já os CBios seguem firmes, com 29,8 milhões emitidos até setembro, o que cobre 94% da meta do ano.

Quem amarga mesmo é a madeira. Desde o tarifaço de julho, o setor já cortou 4 mil empregos e projeta mais 4,5 mil desligamentos até novembro. Com metade das exportações dependentes dos EUA, embarques caíram até 50% em alguns produtos. Pra Abimci, só diplomacia em alto nível salva essa serraria.

No balanço final, o Mapa projeta Valor Bruto da Produção de R$ 1,406 trilhão em 2025, alta de 11,3%. O destaque vem das lavouras de café, que devem saltar 47% e render R$ 115 bilhões. Pecuária também puxa a fila: bovinos devem crescer 20% e sozinhos faturar R$ 204 bilhões. Ou seja, mesmo com tropeço da cana e queda da laranja, o agro fecha o ano com saldo doce.

RADAR SANITÁRIO

Mais uma vacina no cantinho do castigo

Foto: Vaxxinova/Divulgação

Quando o gado achava que já tinha visto de tudo, vem mais um capítulo da novela das vacinas. O Mapa suspendeu a vacina Resguard Multi, da Vaxxinova, usada contra clostridioses em bovinos, ovinos e caprinos. O motivo? Alterações na produção. Ninguém explicou direito o que mudou, mas foi suficiente pra colocar todos os lotes na geladeira até segunda ordem.

Dessa vez, pelo menos, não há registro de mortes, como foi o caso da polêmica Excell 10, que já deixou mais de 600 animais pelo caminho. A suspeita é que a bronca vem de um lacre trocado sem benção do ministério. Parece detalhe, mas basta um selo mal colocado pra transformar vacina em encrenca.

Enquanto o laboratório se cala e o Mapa promete resposta técnica, fiscais correm atrás de estoques pra garantir que nada escape pro campo. Em 2025, vacina veterinária tá quase virando série: cada semana um novo episódio.

NA CANETADA

Lula veta desconto e a Embrapa segue pagando boleto

Foto: Brenno Carvalho / Agência O Globo

A Embrapa é orgulho do Brasil, mas aprentemente não ao ponto de isentar de imposto. O Planalto vetou o projeto de lei que queria isentar a Embrapa de pagar taxas e contribuições por registros de pesquisas, produtos e tecnologias. A justificativa dada foi de que o texto não mostrou de onde ia vir esse dinheiro se não fosse da Embrapa. Sem conta que fecha, a canetada de Lula foi pelo não.

Segundo o governo, liberar a estatal desse boleto ia reduzir a arrecadação e bagunçar as contas dos órgãos reguladores. O recado veio dos ministérios do Planejamento e do Desenvolvimento: sem contrapartida, não tem moleza.

O PL 2.694 de 2021 prometia aliviar o bolso da maior vitrine de ciência agro do país. Mas, por enquanto, a Embrapa segue pagando boleto como qualquer mortal.

COMO TÁ LÁ FORA?

Crise brotando em todo lado na gringa

Foto: Gettinthere

O tarifaço saiu pela culatra e virou um filme de terror em tempo real nos EUA. Decisões judiciais, retaliações da China e do Canadá e uma Casa Branca perdida no roteiro jogaram o agro americano na fogueira e acabaram com o poder de compra do cidadão. Fertilizante tá ficando cada vez mais cara, exportação ta presa no porto por causa de taxa e até o hambúrguer da esquina subiu.

Do campo à prateleira, ninguém escapa. Pra tentar lidar com esse prejú, tem produtores reduzindo área de plantio, indústrias racionando insumos e restaurantes cortando o tamanho das porções. Até gigantes como PepsiCo e Nestlé tão sofrendo pra segurar custos, enquanto o consumidor paga mais pra levar menos no carrinho. A variedade diminui, e a conta só aumenta.

E como se não bastasse, os produtores de milho já soam o alarme: oito em cada dez dizem que a economia rural tá em colapso, ou quase lá. Com safra recorde e lucro encolhendo, o setor pede socorro ao Congresso. Pipoca até tem, mas o filme virou de tragédia.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Se você acha que manja de geografia, o Flagle tá aí pra testar. O jogo solta uma bandeira qualquer do mundo e você tem que adivinhar de qual país é. Pode parecer fácil, mas quando aparecem uns trapos africanos ou da Oceania, o chute vira loteria. Bora tentar?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Oliveira

Pergunta de hoje: Qual tubérculo originário da Polinésia foi domesticado há 7 mil anos e ajudou povos navegadores a colonizar o Pacífico?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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