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Bom dia!

Enquanto o tarifaço de Trump segue em contagem regressiva, o agro brasileiro tenta segurar as pontas. Frigoríficos já falam em prejuízo de US$ 1 bilhão, o café sente o frio no campo e a tensão no comércio, e o setor se movimenta para não perder o fôlego.

Também tem:

• Cargill compra a Mig‑Plus e reforça presença no Sul
• IA australiana muda o jogo na classificação de carne
• Raiar estreia tecnologia inédita e põe fim ao descarte de pintinhos
• Goiânia recebe pela 1ª vez a abertura de safra da DATAGRO

Só informação que importa, no ritmo do agro.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$120,62 0,66%
Algodão (Centavos R$/LP) 412,31 -0,11%
Arroz (Saca 50kg) R$69,37 1,52%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$294,50 -0,54%
Café Arábica (Saca 60kg) R$1.801,23 -0,60%
Etanol anidro (Litro) R$2,9168 -0,12%
Milho (Saca 60kg) R$63,64 -0,56%
Soja (Saca 60kg) R$137,85 -0,70%
Trigo (Tonelada) R$1474,29 -0,18%

Os dados são publicados por Cepea

E ESSE TEMPO, HEIN?

Geada no Sul e ar seco no resto: o Brasil respira por aparelho

Foto: Freepik

Prepare o café e talvez o cobertor. A quarta-feira (30) promete geada entre o centro do Paraná e o sul do Rio Grande do Sul, com a Serra da Mantiqueira também entrando na onda do gelo. Uma massa de ar polar derrubou as temperaturas no Centro-Sul, mas sem trazer alívio pra umidade, que segue no vermelho em boa parte do país.

No Sudeste, o frio chega seco e com rajadas de vento fortes, especialmente no litoral do Rio, onde podem bater 70 km/h. No Centro-Oeste, o calor começa a dar as caras de novo, mas o ar segue de deserto: a umidade pode cair abaixo dos 20% no sul de Goiás.

A frente fria ainda ensaia umas pancadas isoladas no sul da Bahia e no litoral entre Sergipe e Maranhão, mas no interiorzão do Nordeste a combinação é a de sempre, calorão e umidade baixa. Já no Norte, os termômetros voltam a subir com força: até 34 °C no Acre e sul do Amazonas. Geada em um canto, calorão no outro e o Brasil inteiro pedindo umidificador.

NOS CORREDORES DE BRASÍLIA

50% não dá: Brasil negocia exceções com os EUA

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Com o tarifaço de 50% prestes a decolar, o governo brasileiro pediu aos EUA que aliviem a carga para dois setores de peso: o agro e a Embraer. A movimentação envolve até uma ligação de Geraldo Alckmin para o secretário de Comércio americano, Howard Lutnick, e virou a prioridade máxima na mesa de negociações.

O maior temor hoje é com a Embraer, que tem dezenas de aviões encomendados por companhias americanas e corre o risco de ver contrato virar fumaça se a tarifa vingar. No campo, o cenário também é amargo: o Brasil lidera o fornecimento de suco de laranja, café e carnes pros EUA, e já tem produtor cogitando deixar fruta no pé, porque colher pode não compensar.

O discurso oficial segue diplomático: o Brasil quer suspensão total das tarifas. Mas nos bastidores o papo é outro. Se não dá pra tirar todo mundo da chuva, o plano é salvar quem estiver mais perto de se afogar.

RADAR DO AGRO

Margens gordas e exportação bombando na suinocultura

Foto: CNA/Flickr

A suinocultura brasileira está nadando de braçada. Segundo o Itaú BBA, a margem média da atividade atingiu 23% no primeiro semestre de 2025, um salto considerável frente aos 8% de 2023 e à média histórica de apenas 1% desde 2016. É o melhor momento da década para o setor, com preços sustentados, custos em baixa e mercado externo abrindo as porteiras.

O segredo do sucesso vem de três frentes: produção mais enxuta, milho e soja mais baratos e um leque maior de compradores lá fora. Com a China retraída, as Filipinas assumiram a ponta das importações, seguidas por Chile, Hong Kong, Japão, Singapura, Vietnã e México. De janeiro a maio, o volume exportado cresceu 16,4%.

E vem mais por aí: com o novo status sanitário do Brasil, livre de febre aftosa sem vacinação, o setor espera destravar mercados premium como Japão e Coreia do Sul. Para 2025, o Itaú BBA prevê recorde de produção e exportações em alta, mesmo que isso puxe o freio do consumo interno. Para os suinocultores, o porquinho está rendendo mais do que cofrinho.

ASSUNTO DE GABINETE

Trump afia a faca, mas nem tudo deve sangrar

Foto: Ana Moneymaker/Getty Images

No meio da tormenta tarifária prometida por Trump, uma brecha apareceu no radar: café, cacau, manga, abacaxi e outros produtos classificados como “recursos naturais” podem escapar da taxa de 50%. Quem abriu o bico foi o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick, que explicou que produtos que os americanos não cultivam podem entrar sem sobretaxa.

Se você cultiva algo e nós não, então isso pode entrar sem tarifa

Howard Lutnick, secretário do Comércio dos EUA

O problema é que o Brasil já levou carta da Casa Branca com a tarifa mais pesada de todas: 50%. Para quem não recebeu aviso formal, a regra deve ser uma tarifa universal entre 15% e 20%. Tudo deve ser definido até sexta-feira (1), segundo o próprio Lutnick.

Na tentativa de apagar o incêndio diplomático, uma comitiva de senadores brasileiros desembarcou em Washington pra fazer pressão no Congresso americano. A missão é mostrar que o tarifaço pode dar ruim pros dois lados e que o Brasil tem mais a oferecer que problemas, incluindo café quentinho e boas intenções.

PAUTA VERDE

Mais mata, mais grana: vegetação nativa turbina produtividade

Foto: Marcus Mesquita/Divulgação

Usando imagens de satélite e análise ponto a ponto, os pesquisadores mapearam onde o fluxo de abelhas e outros polinizadores pode ser ampliado. O truque? Recuperar áreas estratégicas como bordas de fazendas e margens de rios, ligando os pontos entre vegetação e cultivo. Resultado: mais soja, mais laranja, mais café, e com grão maior, mais bonito e mais dinheiro no bolso.

com essas três culturas o ganho estimado é de R$ 3 bilhões. Outros cultivos como goiaba, abacate, tomate e amendoim também entram na conta. O projeto levou o primeiro lugar no Prêmio MapBiomas 2025 e virou exemplo de como biodiversidade e lucro podem andar juntos no mesmo carreiro.

DICA AGRO ESPRESSO

Pra ouvir e entender o agro de verdade

Foto: Freepik

Se você quer mergulhar mais fundo nas conversas que movem o agronegócio brasileiro, vale dar o play em três podcasts que falam sério sobre o setor.

O Agro Resenha é pioneiro no formato e traz entrevistas semanais com produtores, técnicos e profissionais que vivem o dia a dia do campo, tudo conduzido pelo agrônomo Paulo Ozaki, com uma pegada leve, mas cheia de conteúdo.

O Mundo Agro Podcast, apresentado pelo agrônomo Rogério Coimbra, foca em inovação, ciência, gestão e tecnologia no agro, sempre com convidados de peso.

E pra quem quer acompanhar as pautas institucionais, o Ouça o Agro, da CNA/Senar, discute políticas públicas, educação rural, sustentabilidade e tendências do mercado com uma visão prática e conectada ao produtor.

Ideal pra ouvir na estrada, na lida ou no intervalo do cafezinho.

NA BOCA DO MUNDO

Hospedagens da COP30 viram novela na ONU

Foto: Augusto Miranda/Agência Pará

A COP30 nem começou e já virou enrosco diplomático. A ONU convocou uma reunião de emergência nesta terça (29) por causa dos preços surreais das hospedagens em Belém, onde será realizada a cúpula do clima em novembro. Países africanos e até europeus reclamaram que os custos estão fora da realidade e ameaçam esvaziar a conferência.

O Brasil prometeu responder até 11 de agosto, mas a pressão é grande. Só pra ter ideia: tem diária batendo os 700 dólares, enquanto o teto da ajuda da ONU para países pobres é de US$149. O governo brasileiro diz que garantiu dois cruzeiros para criar 6 mil leitos extras e abriu reservas com preços “mais acessíveis”, até US$220. Ainda assim, o rombo no orçamento de muitas delegações é inevitável.

A cidade tem cerca de 18 mil leitos e deve receber 45 mil pessoas. Resultado: diplomata dormindo caro ou ficando de fora. Holanda e Polônia já falam em cortar pela metade, ou até cancelar, suas equipes. O Grupo Africano de Negociadores, que puxou o alerta, avisou: “Não vamos reduzir nossa participação. Queremos uma COP boa, e o Brasil tem como entregar isso.”

Por enquanto, o que Belém entrega mesmo é inflação hoteleira pior que Ribeirão em semana de Agrishow.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Todo dia, uma palavra secreta de cinco letras, seis tentativas e nenhuma dica. O Termo virou o passatempo oficial de quem gosta de queimar os neurônios entre um cafezinho e outro. É simples, rápido e viciante. Errou? A letra fica no amarelo. Acertou? Fica no verde.

Joga aqui: term.ooo

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: O feijão-caupi (ou feijão-de-corda)

Pergunta de hoje: Qual produto agrícola brasileiro ganhou o primeiro selo de indicação geográfica reconhecido fora do país?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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