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Bom dia!
A Argentina bateu na mesa e zerou os impostos de exportação de grãos, carne e frango, medida que já tá tirando o sono do agro brasileiro e derrubando preços em Chicago. Por aqui, a Cosan levou tombo de 18,5% com sua capitalização. No clima, o país vive gangorra: geada no Sul, tempestade no Sudeste e seca castigando 58% do território.
Também tem:
• Bezerro vira artigo de luxo no MT com alta de 42%
• Fazenda paulista conquista 1ª certificação regenerativa da Rainforest
• União Europeia libera frango e peru brasileiros
Tudo que você precisa saber, no seu ritmo e no seu café.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.
A Cosan anunciou uma oferta de ações de até R$ 10 bilhões pra reduzir dívidas, mas viu seus papéis caírem 18,5% no pregão. O desconto de 34% no preço da oferta assustou acionistas, apesar da aprovação de analistas.
A novela da fusão entre Marfrig e BRF chegou ao fim com a estreia do ticker MBRF3 na Bolsa, que acontece hoje (23). A relação de troca de ações foi contestada por minoritários, mas aprovada pelo Cade. O Santander projeta prejuízo de R$ 2,3 bilhões em 2025.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Brasil na gangorra: seca de um lado e frio de lascar do outro

Foto: Pixabay
O Brasil tá vivendo uma montanha-russa climática. A terça (23) começa com frio batendo com força na porta do Sul e chuva se espalhadando pelo Sudeste e Centro-Oeste. O Inmet fala até em geada (fraca) nas serras gaúcha e catarinense, com termômetro beirando os 3 °C. Bota um casaco aí, hein?
No Sudeste, a frente fria continua empurrando água pelo litoral de São Paulo e Rio, depois de uma segunda (22) de temporais e vendavais com rajadas acima de 100 km/h, e até tempestade de poeira no interior. Enquanto isso, no Centro-Oeste, Mato Grosso segue tomando chuva, mas o Mato Grosso do Sul já volta a secar.
E não é só de frente fria que vive o agro. O Monitor de Secas mostrou que 58% do Brasil tá na seca, com destaque pro Nordeste, que registrou a pior estiagem desde 2019. Minas, Bahia, Goiás e São Paulo também engrossaram a lista dos castigados.
DE OLHO NO PORTO
Taxa 0 de Milei pode complicar tudo pro agro BR

Foto: Casa Rosada/Divulgação
A Argentina resolveu dar um cavalo de pau na política agro e zerou os impostos de exportação, as famosas retenciones, sobre grãos, oleaginosas, carne bovina e frango até 31 de outubro. A medida foi anunciada pelo presidente Javier Milei via seu porta-voz Manuel Adorni, e vem como resposta ao rombo no cofrinho do Banco Central, buscando injetar dinheiro gringo na economia argentina, que tá meio mal das pernas.
Na prática, a soja, milho, trigo e girassol argentinos ficaram mais baratos no mercado internacional. A soja já começa a incomodar o Brasil: com frete pago até o porto de destino, os chineses compraram 567 carregamentos nossos entre junho e setembro, e a fatia da Argentina saltou de 39 pra 112 embarques no comparativo anual. Agora, com imposto zero, o país vizinho deve empurrar os 20 milhões de toneladas que ainda tem em estoque pra turbinar as vendas a Pequim.
A consequência imediata apareceu em Chicago: soja pra novembro caiu 1,5% e fechou a US$ 10,09 por bushel. Agora a situação tá meio complicada, mais produto argentino no mercado significa prêmio brasileiro murchando e contratos internacionais perdendo fôlego.
O governo Milei calcula que só essa jogada pode trazer mais de US$ 7 bilhões em reservas. Pros exportadores argentinos, a hora é de aproveitar outubro pra vender o máximo possível, empurrando farelo e óleo junto no pacote. Pros brasileiros, o desafio é segurar a competitividade, já que a soja nacional tá 60 centavos de dólar por bushel mais cara que a vizinha.
No fim das contas, a Argentina coloca pressão no Brasil justamente no momento em que a guerra tarifária com os Estados Unidos já embaralhava o comércio global. Milei tenta se aliar ainda mais à Trump e o gringo prometeu ajudar os hermanos na crise cambial e financeira que eles tão vivendo.
RADAR DO AGRO
Rio Bravo bota R$ 13 milhões em ovo orgânico

Foto: Divulgação
O bezerro virou artigo de luxo no Mato Grosso. Segundo o Imea, o macho de 12 meses bateu média de R$ 12,88/kg nesse ano, alta de 42%, enquanto as fêmeas subiram ainda mais, 43%, pra R$ 9,92/kg. A conta da escassez de animais, causada pelo descarte pesado nos últimos anos, chegou no boleto do comprador.
Na contramão do gado, os ovos orgânicos tão surfando na onda verde. A Raiar Orgânicos, maior do país, recebeu R$ 13 milhões do fundo Rio Bravo Agro, em parceria com a Desenvolve SP. Em cinco anos, a empresa já botou R$ 100 milhões em infraestrutura. Hoje, eles tem 400 mil galinhas, mas tão tentando chegar em 2 milhões. Galinheiro com pedigree.
No Sul, quem segue mandando é o tabaco. Apesar da diversificação, a cultura gerou R$ 14,17 bilhões em receita em 2024/25, 58,3% da renda das propriedades, um aumento de R$ 2,3 bilhões sobre a safra passada. São 138 mil famílias vivendo do fumo, enquanto outras culturas até crescem, mas ainda ficam no papel de coadjuvantes.
PAUTA VERDE
Café com selo ambiental

Foto: Divulgação/Imaflora
A Fazenda Nova Cintra, em Espírito Santo do Pinhal (SP), entrou pra história do cafezinho: virou a primeira do Brasil a conquistar a certificação de agricultura regenerativa da Rainforest Alliance. A conquista veio após auditoria do Imaflora, que já monitorava a fazenda desde 2011 pela norma de agricultura sustentável.
Com 770 hectares no total, sendo 230 de café arábica e 202 de mata protegida, a propriedade teve de mostrar que não vive só de grão torrado e marketing verde. O pacote exigido inclui solo fértil e vivo, biodiversidade recuperada, manejo de pragas sem exagero de química e transparência na ponta do lápis.
A ideia é atender consumidores cada vez mais chatos exigentes que querem tomar café sem culpa ambiental. Pra Rainforest Alliance e pro Imaflora, práticas regenerativas deixam o solo mais estável, guardam água, aumentam fertilidade e ainda dão gás na produção. Ou seja, o café sai mais forte da xícara até pro mercado.
MENTES QUE GERMINAM
Bactéria 1x0 Química

Foto: Adobe Stock
A Embrapa Milho e Sorgo, junto com a Simbiose, resolveu dar um chega pra lá nos químicos e lançou um fungicida biológico de respeito. Depois de quase 10 anos de testes, nasceu o EficazControl, feito com uma cepa inédita da bactéria Paenibacillus ottowii, que promete segurar doenças de raiz como o Fusarium e ainda dar um boost na produtividade.
Nos ensaios de campo, o bicho mostrou serviço: até 4 sacas extras de soja por hectare em relação ao manejo químico tradicional. E o melhor, o produto foi criado justamente pra substituir o defensivo químico no tratamento de sementes e no sulco de plantio, sem essa de usar “um pouco dos dois”.
A versatilidade também anima: o registro é por doença, não por cultura. Ou seja, dá pra usar no pacote da soja, milho, algodão, trigo, café, batata e até hortaliça. Se entregar tudo o que promete, o jogo do controle biológico no Brasil pode ganhar um novo craque titular.
COMO TÁ LÁ FORA?
Trump joga duro, e quem apanha é o campo
Os tarifaços globais de Donald Trump tão deixando o campo americano de joelhos. Em estados rurais como Arkansas e Dakota do Norte, os agricultores já tão atolados em dívidas, dizendo que não conseguem nem pagar o banco pra comprar sementes. Parlamentares republicanos, até aliados de Trump, já pressionam por um novo pacote bilionário de socorro.
Na primeira guerra comercial, o governo abriu o cofre e despejou US$ 23 bilhões em ajuda. Agora, o papo em Washington é que a conta pode ter que ser ainda maior, bancada pela própria arrecadação das tarifas. Até a secretária da Agricultura, Brooke Rollins, admitiu que o anúncio tá por vir. Enquanto isso, 500 produtores se reuniram no Arkansas e classificaram a crise como “calamidade”.
E no meio do fogo cruzado tá a soja, que perdeu seu principal freguês: a China suspendeu compras entre setembro e janeiro e virou os olhos pro Brasil (e agora deve xavecar a Argentina). Só na Dakota do Norte, tem fazenda estimando prejuízo de US$ 400 mil no ano. Um produtor de lá disse que “tudo isso é desnecessário”.
PLANTÃO RURAL
Analgésico legalize. A farmacêutica alemã Vertanical aposta no Ver-01, um analgésico à base de cannabis que pode substituir opioides no tratamento da dor crônica. Depois de investir mais de US$ 250 milhões em pesquisas, a empresa já concluiu a Fase III nos testes na Alemanha e aguarda aprovação.
Agricultura de baixo carbono em debate. Londrina recebe o 3º Congresso Paranaense de Agricultura de Baixa Emissão de Carbono. O evento, sediado na Embrapa Soja, reúne técnicos e produtores pra discutir mercado de carbono, COP 30 e práticas de sequestro de emissões no campo.
Frango liberado pela União Europeia. A União Europeia reabriu o mercado pra carne de frango e peru do Brasil, depois de suspender compras por causa da gripe aviária no Rio Grande do Sul.
Sorgo ganha espaço com China. O sorgo brasileiro mira a marca de 10 milhões de toneladas até 2030, impulsionado pela demanda chinesa. Hoje a produção é de 6,1 milhões. O cereal se destaca pela resistência à seca e uso versátil, do confinamento animal ao etanol.
Cooperalfa investe em biodiesel. A Cooperalfa iniciou a construção de uma usina de biodiesel em Chapecó, com investimento de R$ 230 milhões. A planta terá capacidade pra 414 mil m³ por ano e deve gerar R$ 256 milhões em ICMS. A cooperativa amplia o esmagamento de soja e reforça sua aposta na transição energética e em maior valor agregado.
SE DIVERTE AÍ
Já ouviu falar no Contexto? O jogo é simples, mas vicia rapidinho: você chuta uma palavra e o algoritmo te diz se tá perto ou longe da resposta secreta. Parece fácil, mas pode levar dezenas de tentativas até acertar. Bora testar sua sagacidade?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Chicha
Pergunta de hoje: Qual leguminosa indiana é base de pratos de data festiva e tem registros de cultivo há mais de 4 mil anos?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

