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Bom dia!
Agora que Trump jogou a tarifa na mesa, o Brasil não deixou barato. O governo elevou o tom contra a “intromissão indevida” dos EUA e disse que soberania nacional não entra em barganha. Enquanto isso, Alckmin busca ampliar o prazo da negociação e o agro segue fazendo as contas do prejuízo.
Também tem:
• Marfrig e BRF marcam nova data para votar fusão bilionária
• Milho segunda safra avança para 41,7% com ajuda do tempo seco
• Fazenda na Bahia é vendida por mais de R$ 140 milhões
• Massey Ferguson turbina a pulverização com barra tricomposta
• Focinho de boi agora vale como RG na pecuária brasileira
Só o que importa. Direto, claro e no ponto.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Here we go again

Foto: Freepik
Alerta ligado no Rio Grande do Sul: a partir do meio-dia de quarta (16), o céu deve desabar em boa parte do estado. O Inmet prevê pancadas de respeito, com até 100 mm de chuva por dia, ventos que podem passar dos 100 km/h e até granizo, principalmente no sufeste e centro do estado. Tem risco de apagão, árvores no chão, lavoura encharcada e caminhão atolado.
O alerta mais brando, mas ainda preocupante, cobre quase todo o estado, incluindo Porto Alegre. Mesmo onde o temporal não for tão severo, dá pra esperar rajadas de 60 km/h, alagamento e trovoada no horizonte.
Já no Brasil central, a secura perde força. A umidade continua baixa, girando entre 20% e 30%, mas os boletins indicam que o clima deve mudar nos próximos dias. O ar ainda tá seco o suficiente pra pedir cuidado com fogo e hidratação, mas não por muito tempo.
ASSUNTO DE GABINETE
Corrida contra o tempo

Foto: Getty Images
Com o tarifaço de 50% batendo na porta, o agro brasileiro tá em choque. Café, carne, frutas, peixe, laranja, ovo e até tilápia se juntaram num coro só: ou negocia agora ou o prejuízo chega de navio em agosto. O governo corre pra esgotar as conversas com os EUA até o fim do mês e pede calma no gatilho da reciprocidade.
O café foi o primeiro a sentir o tranco. Importadores americanos suspenderam novas compras e a Expocacer já freou os embarques. O grão brasileiro representa um terço do café que eles tomam, mas a NCA ainda negocia pra tirar o produto da mira do Trump. No suco de laranja, o sinal também virou vermelho: 70% das exportações vão direto pros Estados Unidos.
Na carne, já tem 30 mil toneladas encalhadas ou flutuando rumo aos EUA. A conta pode bater em 160 milhões de dólares. A ABPA também entrou na roda e avisou que retaliar pode sair caro, já que o Brasil importa bilhões em insumos americanos nas cadeias de frango, suíno e ovos.
No Vale do São Francisco, a manga já tá na boca do caminhão, mas ninguém sabe se vai desembarcar. O setor de frutas pede socorro, assim como o de pescados, que depende quase totalmente do mercado americano.
Enquanto isso, Brasília aposta na pressão de dentro pra fora. A lógica é simples: se o café e o hambúrguer encarecerem no Walmart, talvez a Casa Branca mude de ideia. Mas o relógio tá correndo. Se a conversa não andar em julho, quem vai pagar a conta é o produtor. E essa fatura vai fechar em dólar.
RADAR SANITÁRIO
Pulveriza aí que passa

Foto: Freepik
O mato aprendeu a jogar, e o Brasil respondeu jogando mais químico no campo. Entre 2010 e 2020, o uso de herbicidas subiu 128% por aqui, enquanto a área plantada cresceu só 24%. Quem puxou esse raio-x foi a Embrapa, que escancarou o que já virou rotina: as daninhas estão ficando mais cascudas e o pulverizador, menos eficiente.
Com o glifosato perdendo força, o pessoal do campo tá apelando pra misturar tudo que tem no armário. Cletodim subiu 2.672%, triclopir 953%, glufosinato 290%... tá virando receita de caipirinha no tanque. Hoje, os herbicidas já respondem por quase 60% dos defensivos vendidos no país, deixando fungicidas e inseticidas comendo poeira.
Mas essa farra química tem preço. A resistência virou epidemia, e a resposta tem sido mais pulverização, mais custo e mais dor de cabeça. Já são 20 casos de resistência confirmados, com buva, capim-amargoso e caruru liderando esse ranking. E nem dá pra contar com bioherbicida ou robô laser por enquanto. A tecnologia até existe, mas ainda tá na prateleira do “promissor”.
A Embrapa avisa: não dá pra vencer a resistência só com mais produto. É hora de combinar química, biológico e estratégia, antes que a daninha vire titular absoluta e a produtividade vá pro banco.
SAFRA DE CIFRAS
Raízen desliga usina e São Martinho colhe o passe

Foto: Reprodução/Raízen
A Raízen desligou as caldeiras da usina Santa Elisa, em Sertãozinho, e vendeu os ativos agrícolas para a São Martinho por até R$ 1,045 bilhão. O pacote inclui 3,6 milhões de toneladas de cana e 10,6 mil hectares de terras vizinhas à unidade de Pradópolis, que agora ganham destino certo: reforçar o canavial da São Martinho.
A operação faz parte do plano da Raízen de limpar o portfólio e reduzir dívidas, num movimento de eficiência que já vinha no radar. Os ativos mudam de dono, mas seguem produzindo. A São Martinho calcula que só as novas terras podem render entre 600 mil e 800 mil toneladas na safra 28/29.
Do lado financeiro, o negócio saiu por cerca de US$ 53 por tonelada de cana, valor considerado alinhado ao mercado. E sem precisar erguer nova planta, a São Martinho turbina a capacidade da usina de Pradópolis e aproveita sinergias logísticas que jogam a favor da margem.
Ainda falta o carimbo do Cade, mas o mercado leu como gol dos dois lados: a Raízen se reposiciona com fôlego e a São Martinho amplia seu portfólio com estratégia.
DICA AGRO ESPRESSO
X Congresso Brasileiro de Soja

A soja vai sair da lavoura e parar no palco em Campinas. De 21 a 24 de julho rola o CBSoja e o Mercosoja 2025, maior evento técnico-científico da América do Sul sobre o grão. É onde os países produtores sentam pra discutir tudo que vem travando ou acelerando a cadeia.
Na pauta tem de tudo: logística emperrada, semente pirata, biotecnologia de ponta, propriedade intelectual e até futuro das hidrovias. Vai ter painel com gente da Embrapa, Bayer, cooperativas e pesquisadores da Argentina, China, EUA e Canadá. E se quiser pensar lá na frente, tem workshop projetando a soja até 2035.
Se a soja move o agro, esse é o lugar onde se decide pra onde ela vai.
Saiba mais aqui.
CAMPO 4.0
Zebu todo tecnológico

Foto: Reprodução
Em Uberaba, a Epamig tá colocando o gado no raio-x térmico. No bom sentido: câmeras termográficas começaram a ser testadas com vacas zebuínas para prever cio, mastite, abortos e até confirmar gestação, tudo sem encostar na bichinha.
A lógica é simples e genial. A câmera capta microvariações de temperatura. Subiu o calor no úbere? Pode ser inflamação. Caiu na barriga? Vem cio aí. Subiu de novo? Prenhez confirmada. Até abortos podem ser detectados com quase 1 grau de diferença no padrão térmico.
A sacada é que esse tipo de análise já era usada com raças taurinas, mas o zebu tem sua própria cartilha fisiológica. Por isso, os pesquisadores agora querem mapear os “padrões normais” e cruzar tudo com dados de clima e manejo.
No fim das contas, é menos palpação, mais precisão e uma pecuária que enxerga problemas antes deles acontecerem. Literalmente.
NA CANETADA
Ruralistas pedem pra dar uma segurada na retaliação

Foto: FPA
A bancada do agro no Congresso não quer saber de dar o troco agora. Apesar do tarifaço de Trump, a Frente Parlamentar da Agropecuária acha que acionar a Lei de Reciprocidade seria exagero, pelo menos por enquanto.
O presidente da FPA, Pedro Lupion, defende que a regra só entre em campo se a diplomacia flopar. Segundo ele, aplicar contramedidas já poderia abrir uma caixa de Pandora jurídica, com impacto pesado em patentes, royalties e propriedade intelectual nos dois lados.
Mesmo sem bater o martelo, a bancada diz que já está em contato com diplomatas, empresas e especialistas. A ideia é mobilizar pressão interna nos EUA, mostrando que eles também saem perdendo. “O impacto financeiro e inflacionário por lá é real. Estamos tratando com empresas americanas para que haja movimentação interna”, disse Lupion.
Por ora, o Brasil segura a resposta. Mas se a paciência acabar, a Lei de Reciprocidade pode sair da gaveta.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Reconhecimento nasal

Foto: Getty Images
A QR Cattle quer trocar o brinco pelo focinho na hora de identificar o gado. A empresa criou um sistema de reconhecimento facial bovino que lê o focinho em até quatro segundos e gera um “RG” definitivo pro animal. Custa R$ 0,95 por cabeça ao mês, roda offline e já conversa direto com o SISBOV via blockchain.
A ideia é simples e bem sacada: o focinho funciona como uma digital, e a leitura pode ser feita até com o animal em movimento. A tecnologia já tem 200 mil bois cadastrados e mira 8 milhões até o fim de 2026. E o melhor? Sem atrapalhar o manejo na fazenda.
Com o apoio do governo do RS e da CNA, o plano é acelerar a adesão antes que a rastreabilidade vire obrigatória em 2027. E tem mais: os fundadores já vislumbram o gado como ativo financeiro. Com dados seguros e rastreáveis na palma da mão, fica mais fácil tokenizar a boiada e atrair investidores.
PLANTÃO RURAL
BRF + Marfrig: round três. A assembleia que decide o futuro da fusão foi remarcada pra 5 de agosto. A CVM ainda cobra transparência nos números, a Previ já pulou fora da BRF e a Minerva continua tentando melar o negócio no Cade. O churrasco corporativo segue sem data pra acender a brasa.
Brasil rebate e sobe o tom. Depois do tarifaço de Trump, o Itamaraty soltou nota dura contra a “intromissão” dos EUA na Justiça brasileira. Alckmin reforçou que o país quer negociar e pode até pedir prazo maior. Mas a bancada ruralista freou os ânimos: por enquanto, nada de Lei da Reciprocidade.
Colheita engata. A safrinha de milho finalmente pegou tração: 41,7% colhidos, com destaque pra Mato Grosso e Tocantins. A seca ajudou no ritmo, mas ainda tem muito milho no campo, e geadas pontuais em SP deixaram produtor de orelha em pé.
Fazenda a preço de arroba. A BrasilAgro vendeu a Fazenda Preferência, na Bahia, por R$ 141,4 milhões, tudo atrelado à arroba do boi. O negócio foi fechado com TIR de 9,3% ao ano, reforçando a estratégia da empresa de girar terra como quem gira estoque.
Pulveriza, mas com inovação. A Massey Ferguson lançou o MF 500R com barra tricomposta de 42 metros e novas tecnologias que prometem reduzir passadas em até 29%, evitar desperdícios e aumentar produtividade. O foco é eficiência e economia no uso de defensivos.
Lula monta comitê de crise. O Planalto criou um grupo interministerial pra blindar a economia contra o impacto das tarifas americanas. O agro tem cadeira cativa, e a ordem é montar estratégia rápida antes que a conta chegue no campo.
SE DIVERTE AÍ
A rotina tá puxada, mas sempre dá pra encaixar um jogo rápido entre uma leitura e outra:
A dica de hoje é o Tradle, um desafio em que você precisa adivinhar o país com base na sua pauta de exportações. Ele mostra os principais produtos vendidos por uma nação e você tenta acertar qual é. Cada palpite te mostra o quanto errou — ou o quanto chegou perto.
É ótimo pra quem sabe que exportação não é só soja e carnes. E também pra descobrir quem tá mandando pistache, circuito eletrônico ou cavalo puro-sangue mundo afora.
👉 Jogue aqui
Se travar no palpite, vale revisar as últimas notícias de importação e exportação que sairam por aqui.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Soja (mais especificamente óleo)
Pergunta de hoje: Qual grão é plantado até em lugar onde o milho desiste, vira etanol, ração e até bebida alcoólica na China?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
