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Bom dia!
O Brasil já começou a plantar soja, mas a seca em Mato Grosso ameaça atrasar o ritmo, enquanto no café o tarifaço de Trump teve efeito contrário e empurrou os preços mais de 30% pra cima no mercado interno e externo. Lá fora, a Nutrien abandonou a Argentina e volta os olhos pro Brasil, a Marfrig assume o ticker MBRF3 na bolsa e agricultores franceses chamam o acordo Mercosul-UE de “traição programada”.
Também tem:
• China batendo recorde de importação de soja em agosto
• Floresta+ paga até R$ 28 mil a agricultores da Amazônia Legal
• EUA iniciando a colheita do milho 25/26
• Novo decreto impulsionando biometano no Brasil
Só o mais importante, pra começar o dia daquele jeito.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Ciclone bagunça o tempo no Centro-Sul

Foto: Freepik
A terça começa com chuva forte e ventania no Sul. O ciclone extratropical que atua no litoral gaúcho espalha pancadas de até 100 mm e rajadas acima de 50 km/h em RS, SC e PR. O alerta é de alagamentos e transtornos, mas a instabilidade perde força ao longo do dia.
Na sequência, entra em cena uma massa de ar polar que derruba as temperaturas à noite, deixando mínimas perto dos 15 °C nas capitais do Sul. O Sudeste também sente os reflexos, com chuvas isoladas em SP, RJ e ES, além de rajadas de até 70 km/h no leste paulista, Rio e Zona da Mata mineira.
No Centro-Oeste, o MS recebe chuvas mais intensas, enquanto Goiás e DF seguem fazendo cosplay de Saara. No Nordeste, o contraste é nítido: pancadas no litoral e sol escaldante no interior. E no Norte, chove em Amazonas, Acre e Rondônia, mas o Pará e o Tocantins continuam no forno.
SAFRA DE CIFRAS
Soja abre safra com seca no MT e promessa de recorde

Foto: Tony Oliveira/Sistema CNA/Senar
O Brasil já ligou a semeadeira e começou o plantio da soja pra safra 25/26. No Paraná, alguns pontos já receberam grãos na semana passada, mas o ritmo deve engrenar mesmo só nas próximas, segundo a AgRural. Em Mato Grosso, o vazio sanitário terminou no domingo e o campo ganhou sinal verde, mas a chuva ainda tá jogando contra.
A culpa disso é da Alta Subtropical do Atlântico Sul, que tá colada no continente e travando a chegada das chuvas. O solo segue esperando por água, mas a Ampere lembra que, pelo menos, esse filme de terror não é igual o de 2024, quando a chuva só se firmou em outubro.
Na última safra, a Conab contou 47,6 milhões de hectares plantados e um recorde de 169,7 milhões de toneladas. Mas a projeção dessa safra é ainda melhor: aumento de 2% na área plantada e produção passando dos 170 milhões. O USDA foi ainda mais generoso e cravou uma estimativa de 175 milhões de toneladas e o Brasil no topo do ranking mundial.
RADAR DO AGRO
Carne suína cresce 11,5% no ano e fatura recorde lá fora

Foto: Getty Images
A proteína suína abriu o mês com números gordinhos: 121,4 mil toneladas exportadas em agosto, 2,8% a mais que no ano passado. No acumulado anual, o volume cresceu 11,5% em relação ao ano passado, atingindo 970,3 mil toneladas. O caixa também engordou, US$ 294,9 milhões no mês e US$ 2,33 bilhões no acumulado do ano, alta de quase 24%.
Na bovina, o Brasil cavou espaço extra no Sudeste Asiático. A Indonésia habilitou 17 novos frigoríficos e agora soma 38 plantas aptas a embarcar carne brasileira. Já Mato Grosso do Sul deu show de drible no tarifaço: exportou 43,7% a mais em 2025, redirecionando vendas pra China, Chile e México.
O café, que seria a vítima preferida das tarifas de Trump, virou protagonista. A saca disparou mais de 30% lá fora e no Brasil o arábica subiu 26,5%. Estoques globais baixos e geadas no Cerrado Mineiro derrubaram a projeção da safra pra 62,8 milhões de sacas e botaram fogo no preço.
Enquanto isso, na base da lavoura, os fertilizantes chegaram em volumes recordes. Agosto bateu mais de 5 milhões de toneladas importadas, alta de 10% e maior quantidade já registrada.
E a China segue faminta. Só em agosto, comprou 12,28 milhões de toneladas de soja, recorde histórico. No ano já são 73,3 milhões, boa parte vinda do Brasil. Sem reservar nada dos EUA, os chineses seguem mostrando que a América do Sul virou fornecedora oficial da oleaginosa.
PAUTA VERDE
Novo selo promete café mais verde e renda até 30% maior

Foto: Divulgação/Mapa
A Rainforest Alliance lançou uma certificação de agricultura regenerativa, começando pelo café. A novidade já tá sendo implantada em fazendas no Brasil, México, Costa Rica e Nicarágua e deve chegar às prateleiras em 2026, prometendo unir café quentinho com biodiversidade na mesma xícara.
O pacote vai além do carimbo tradicional de sustentabilidade: inclui resiliência das lavouras, saúde do solo, conservação de ecossistemas, biodiversidade e gestão da água e dos insumos. Auditores independentes vão bater ponto nas fazendas pra checar se as práticas estão de acordo. Quem passar no teste ganha o direito de usar o selo regenerativo no rótulo.
A jogada chega num momento em que eventos climáticos extremos e degradação ambiental encostam no bolso dos cafeicultores, em especial os pequenos. Segundo a Rainforest, adotar práticas regenerativas pode aumentar a renda agrícola em até 30%. A meta é ambiciosa: sair dos atuais 8 milhões de produtores e trabalhadores parceiros pra alcançar 100 milhões até 2030.
NAS CABEÇAS DO AGRO
BRF sai de cena e ação da Marfrig vira MBRF3

Foto: Divulgação
Tá marcada a data: em 22 de setembro, a BRF dá adeus à B3 e suas ações deixam de ser negociadas. No dia seguinte, 23, estreia o ticker MBRF3, resultado da incorporação das ações pela Marfrig. Nasce assim uma das maiores empresas de alimentos do mundo, com receita líquida de R$ 152 bilhões e presença em 117 países.
O negócio foi aprovado pelos conselhos e incluiu o reembolso de 9,98 milhões de ações da BRF, somando R$ 198,5 milhões. A troca será na proporção de 0,8521 ação da Marfrig pra cada ação da BRF, e as frações serão vendidas em leilão na B3, com repasse proporcional aos acionistas.
Os dividendos também entram no pacote: a BRF vai distribuir R$ 3,32 bilhões, sendo R$ 2,92 bilhões em dividendos e R$ 400 milhões em juros sobre capital próprio. A Marfrig, por sua vez, libera R$ 2,35 bilhões em dividendos. Os pagamentos caem na conta no fim de setembro, e as ações passam a ser negociadas ex-dividendos a partir do dia 19.
COMO TÁ LÁ FORA?
“Traição programada”: produtores franceses se rebelam contra acordo Mercosul-UE

Gif: Giphy
O acordo entre União Europeia e Mercosul voltou a incendiar o campo francês. A Coordination Rurale, maior sindicato agrícola do país, acusou Bruxelas e Paris de sacrificar os agricultores em nome de gigantes da indústria como aviação e automóveis. O estopim foi a proposta final apresentada pela Comissão Europeia na semana passada.
Pros franceses, Emmanuel Macron largou mão de defender quem planta e colhe. O sindicato diz que as cláusulas de salvaguarda vendidas como escudo são um guarda-chuva furado e só funcionariam depois do estrago feito. E sobra crítica também às regras ambientais e sociais. Na cabeça deles, leis mais frouxas no Mercosul colocariam os produtores europeus em desvantagem.
O medo é claro: perder soberania alimentar e ver escolas e serviços públicos servindo comida “de qualidade medíocre”, segundo os franceses. A Coordination Rurale pressiona deputados a barrar o texto no Parlamento Europeu e pede até manobra constitucional pra travar o acordo. Nas palavras da presidente Véronique Le Floc’h, a agricultura francesa pode não aguentar o “tsunami da concorrência global”.
PLANTÃO RURAL
Nutrien dá tchau pra Argentina, A canadense Nutrien vendeu por US$ 600 milhões sua fatia de 50% na Profertil, produtora de nitrogênio da Argentina. A operação marca a saída definitiva do país vizinho e segue a onda de multinacionais deixando o território de Javier Milei. O plano agora é concentrar forças e investimentos no Brasil.
Preservando e lucrando. Agricultores familiares da Amazônia Legal podem receber de R$ 1,5 mil a R$ 28 mil pelo Floresta+ Amazônia. O programa remunera quem mantém áreas nativas em pé e exige CAR ativo. Com inscrições até 31 de dezembro, a iniciativa deve injetar US$ 96 milhões na região até 2028.
Brasil reforça presença agrodiplomática. O governo nomeou 14 novos adidos agrícolas pra postos em países estratégicos como China, Índia, Japão e Indonésia. Agora, temos 38 representantes que atuam na abertura e ampliação de mercados pro agro.
Colheita começa nos EUA. Os produtores americanos já colheram 4% da área de milho da safra 2025/26, segundo o USDA. Das lavouras de soja, 64% foram classificadas como boas ou excelentes. Mesmo assim, a seca no Meio-Oeste mantém pressão nas cotações em Chicago.
Biometano ganha fôlego no Brasil. Saiu o decreto que regulamenta o programa Combustível do Futuro e cria certificado de origem pro biometano no Brasil. A medida garante rastreabilidade, atende metas ambientais e abre espaço pra investimentos em energia limpa.
SE DIVERTE AÍ
O agro não vive só de safra e mercado, também precisa dar um respiro. Hoje a pedida é o Contexto, aquele jogo em que você tem que adivinhar a palavra secreta chutando termos relacionados até se aproximar da resposta certa.
Parece simples, mas não é. Cada chute mostra se você tá frio ou quente em relação à palavra do dia. Vai encarar? Então acessa e testa!
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Romã
Pergunta de hoje: Qual cereal originário da Etiópia é a base da injera, pão típico que alimenta milhões de pessoas no Chifre da África?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
