APRESENTADO POR


Bom dia!

O agro começa a semana com o solo voltando a sorrir: o programa Reverte já recuperou quase 300 mil hectares de pastagens e quer chegar a 1 milhão até o fim da década. Enquanto isso, o enxofre dispara, os defensivos avançam, o clima promete chuva braba e o peixe brasileiro tenta se livrar das tarifas do Tio Sam. Lá fora, a gripe aviária ronda a Europa e o dólar cai em relação ao real. Tá servido?

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,41 -0,71% 5,50 0,00%
IPCA (%) 4,55 -3,11% 4,20 -1,49%
PIB (%) 2,16 0,00% 1,78 -1,17%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 0,00%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

  • Dólar tira o pé depois de encontro entre Lula e Trump. A moeda americana caiu 0,42%, fechando a R$ 5,37, após a reunião dos presidentes em Kuala Lumpur. O mercado viu o encontro como sinal de trégua nas tensões comerciais e gostou da fala de Lula sobre suspender tarifas durante as negociações. O Ibovespa quase encostou nos 147 mil pontos.

MENTES QUE GERMINAM

O agro agora fala RNA

O futuro das lavouras tá mais perto do que parece e tá vindo falando a língua da biotecnologia. A GreenLight Biosciences acabou de pedir o registro do primeiro fungicida à base de RNA no Brasil. O produto é feito pra combater o oídio, uma doença que tira o sono de quem vive da uva. E o melhor: faz isso sem deixar rastro químico, sem ser transgênico e com custo bem mais leve pro produtor.

A ideia é simples e genial: o fungicida pulveriza moléculas de RNA pra silenciar genes do fungo, é tipo apertar o botão da soneca no despertador de manhã. A tecnologia nasceu pra ser segura, com genes escolhidos por inteligência artificial pra não afetar humanos, bichos ou o meio ambiente. O custo também é outra green flag: o investimento médio é de US$ 30 milhões, dez vezes menor que o de defensivos tradicionais.

Nos testes pelo mundo, de Sevilha ao Vale do São Francisco, o produto mostrou serviço. Doses mínimas de 16 a 20 gramas por hectare controlaram o oídio tão bem quanto os fungicidas químicos, e em alguns casos até melhor. Tudo fica mais fácil pro produtor: menos aplicação, menos resíduo e mais uva boa pra virar sua tacinha de vinho do seu date do fim de semana (ou suco, se for segunda-feira).

A empresa garante que o RNA é seguro por design, ou seja, foi feito pra errar menos que o VAR em jogo do Brasileirão. O gene alvo é escolhido com base em cruzamentos de dados genéticos pra atacar só o fungo e não a fauna e a flora.

Com o pedido de registro já nas mãos do Mapa, Anvisa e Ibama, a GreenLight quer abrir caminho pra uma nova safra de defensivos inteligentes. O próximo da fila combate ácaros.

PAUTA VERDE

De pasto cansado a solo premiado

Foto: Divulgação

Regenerar virou verbo da moda no agro brasiliero, e já tem gente tirando de letra a conjugação dele. O Reverte, programa da Syngenta com o Itaú BBA, já investiu R$ 2 bilhões pra transformar pastos cansados em solo fértil. São 279 mil hectares recuperados em 11 estados e uma meta ousada de 1 milhão até 2030. Tudo isso sem abrir novas áreas: o segredo é dar vida nova ao que o tempo e o gado já judiaram.

A ideia é simples, mas tem muito potencial, e já ta deixando de ser promessa. O produtor recebe crédito de longo prazo, assessoria técnica e monitoramento ambiental. O produtor pode pegar até R$ 16 mil por hectare pra corrigir solo, jogar calcário, adubar e reerguer a estrutura. É dinheiro, mas também é ciência. E o discurso de sustentabilidade aqui vem com planilha e produtividade, não com filtro verde e textinho bonito no Instagram.

No Mato Grosso, o Grupo Biancon foi um dos primeiros a pagar essa aposta. Com o apoio do Reverte, a família converteu 4 mil hectares de pastagem em áreas agrícolas e viu a produtividade da soja saltar de 56 pra 69 sacas por hectare em três anos. O aprendizado veio com muito suor (e calcário): em alguns trechos o solo não reagiu, continuou mortinho, mas o ganho geral compensou e ainda valorizou a fazenda em 50%.

Outro case vem do Grupo JCN, em Paranatinga, que virou a chave com R$ 120 milhões de crédito e uma mistura de grãos, gado e floresta no mesmo balaio. A fazenda hoje tem 46 nascentes recuperadas, um viveiro com 35 mil mudas por ano e áreas de integração lavoura-pecuária que já têm 60% do solo classificado como saudável. Tão aí provando que o que aumenta produtividade nao é só mais defensivo, ou adubo.

O Reverte mostra que regenerar o solo não é papo de ONG ou de ambientalista, é negócio de gente que quer futuro. E se o Brasil tem 40 milhões de hectares prontos pra virar lavoura sem desmate, o agro tá sentado em um tesouro escondido bem debaixo dos pés. No fim das contas, o campo aprendeu que reverter também dá retorno.

O AGRO EM NÚMEROS

Fertilizante a preço de ouro

GIF: Giphy

A conta do campo anda meio esquisita. Os preços do enxofre dispararam 115% só nesse ano, chegando nos níveis de quando a guerra na Ucrânia zuou todo o mercado global. A China tá comprando tudo, a Índia estocando o que pode pra safra deles e a Europa segue produzindo pouco. O resultado disso é oferta curta, preços no teto e produtor brasileiro torcendo pra conta do adubo não explodir junto com o calor.

Enquanto os insumos sobem, a soja perde fôlego e cai com força. Em Mato Grosso, o preço da saca caiu quase 11% em um ano. Tudo isso por culpa do excesso de grão no mercado e pelas tretas comerciais entre Estados Unidos e China. A supersafra garante volume, mas o lucro ficou mais tímido.

No talhão, o ritmo de plantio mostra que o Brasil não tá dormindo no ponto. A safra 25/26 já tem 36% das áreas de soja e 55% do milho no chão. Mas o tempo pode ferrar com tudo. O calor no Centro-Oeste e a irregularidade das chuvas deixam todo mundo se tremendo por lá, mas, por enquanto, a semeadura segue dentro do esperado.

A agroindústria também deu uma patinada. O índice da FGVAgro anotou uma queda de 2,1% em agosto, com recuos nas bebidas e nos biocombustíveis. O setor ainda tá meio grogue com o tarifaço, o real valorizado e a economia sem cafeína. Até as alcoólicas caíram 11,8%. Será que a polêmica do metanol afetou tanto assim o mercado?

No mundo das recuperações judiciais, a AgroGalaxy segue na tentativa de reorganizar a casa. A gigante dos insumos viu o prejuízo cair, mas o Ebitda e a receita despencaram em mais de 75%. O Fiagro de R$ 340 milhões aparece como respiro financeiro. A boa notícia é que a produtividade das lavouras subiu e isso pode trazer um alívio.

E no meio desse vaivém, o uso de defensivos agrícolas deve crescer 3,4% neste ano. Mais pragas, mais doenças e mais aplicações, especialmente em soja e milho. O avanço mostra que o manejo segue intenso, e que, entre o controle biológico e o químico, o agro brasileiro ainda prefere não arriscar a colheita.

DE OLHO NO PORTO

Continue a nadar

GIF: Giphy/Finding Dory

O setor brasileiro de pescados tá com uma espinha entalada na garganta. Depois do encontro entre Lula e Trump, a Abipesca tá pedindo que o governo bote o pescado no topo da lista das negociações com os EUA. As tarifas impostas pelos gringos viraram âncora pra indústria: derrubaram embarques, congelaram contratos e deixaram o setor boiando.

Os Estados Unidos sempre foram o principal porto pro nosso peixe, já que a União Europeia continua de braços cruzados. Agora, com o tarifaço em cima, tá difícil até manter o motor do barco rodando. As exportações encolheram, os contratos sumiram e o faturamento ta mais baixo que maré em noite de lua minguante. A Abipesca diz que o Plano Brasil Soberano, criado pra ajudar quem tomou calote comercial, ainda não deu conta de tirar o setor do fundo. Exportar peixe, que é bom, nada.

A esperança é que o papo entre Lula e Trump desenrosque o anzol e devolva o espaço do Brasil no mercado americano. O setor quer voltar a vender tilápia, camarão e companhia sem pagar pedágio em dólar. No fim das contas, o pedido é simples: deixa o peixe continuar a nadar livre.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Céu fechando e trovão chegando

GIF: Giphy

O tempo resolveu fechar no Brasil inteiro. O Inmet lançou alerta laranja de perigo pra várias regiões do país. E não é exagero. Pode chover de 30 a 60 mm por hora, com ventos de até 100 km/h, raios, trovões, árvores no chão e aquele combo clássico de alagamento com falta de energia

O alerta vale pra essa terça (28) e atinge estados como Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso, Goiás, Mato Grosso do Sul, São Paulo, Rondônia e Amazonas. De Norte a Sul, ninguém tá 100% seco. O recado é guardar o drone e as máquinas, revisar a drenagem e preparar o cafezinho pra acompanhar o temporal, torcendo pra passar rápido, sem destruir nada.

TRAMPO NO CAMPO

Atvos abre vagas pra quem quer crescer com o agro

A Atvos, gigante dos biocombustíveis, abriu inscrições pra segunda edição do Programa de Trainee Geração Agro 2026, e o recado é claro: o futuro do agro precisa de gente que entenda tanto de solo quanto de inovação. São 16 vagas pra engenheiros e agrônomos formados há até cinco anos, com experiência entre dois e cinco anos e vontade de botar a mão na massa.

As oportunidades são nas unidades da empresa em Goiás, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e São Paulo, e o pacote de benefícios vem reforçado: PLR, plano de saúde e odontológico, previdência privada, auxílio moradia e acesso ao TotalPass. A inscrição vai só até 3 de novembro, então quem quiser participar, é bom correr.

O foco do trainee é preparar uma nova geração de líderes agroindustriais, com aquele foco em sustentabilidade, eficiência e tecnologia. Em bom português, é o tipo de vaga pra quem quer crescer junto com o agro.

DEU B.O.

Esse rio não tá pra peixe

GIF: Tenor/Spongebob Squarepants

A Polícia Ambiental e a Cetesb tão investigando um vazamento suspeito na usina da Cofco International, em Meridiano (SP). Os pescadores da região encontraram o Rio São José dos Dourados com cheiro forte e cheio de peixes boiando, e não era cardume descansando, não. O problema teria começado na sexta (24), quando a água ficou turva, o cheiro veio junto e ficou pior que o Tietê.

A suspeita é que uma tubulação da usina, usada pra transportar vinhaça, o resíduo da produção de etanol, tenha racahado ou quebrado, vazando esse coquetel de coisas tóxicas no rio, fazendo o paraíso dos peixes virar uma garapa fatal. A Cetesb já fez a coleta das análises, mas o prejuízo tá na cara, e no nariz, de todo mundo.

A Cofco tirou o dela da reta e disse que o rompimento da adutora foi controlado rapidinho e que o acidente não teria relação com a mortandade, que segundo eles já rolava desde o dia 15. A empresa afirma estar colaborando com as autoridades e reforçou o “compromisso com o meio ambiente”. Agora tem que ver se o rio tava sabendo desse compromisso.

PLANTÃO RURAL

  • Lula abre o jogo sobre etanol e açúcar. O presidente disse que “qualquer assunto” tá na mesa com os EUA, e isso inclui o etanol e o açúcar. A fala acendeu o alerta no setor sucroenergético, que teme um banho de importações e queda nos preços, especialmente no Nordeste.

  • Campanha quer botar o arroz de volta no prato. A Abiarroz lançou a campanha Arroz Combina, pra lembrar o brasileiro que o grão é mais versátil que airfryer em casa pequena. Mesmo sendo barato, o consumo per capita caiu pra 34 kg por pessoa ao ano, o menor da história. A ideia é reforçar o valor cultural e nutricional do arroz.

  • Europa enfrenta nova onda de gripe aviária. O velho continente tá penando de novo com surtos da gripe aviária: já são 56 casos em 10 países em menos de três meses. Alemanha, Polônia e Espanha concentram os focos, com centenas de milhares de aves abatidas. As autoridades temem repetir o caos de 2021, quando os abates bateram recorde e os preços de alimentos dispararam.

  • BNDES injeta R$ 300 milhões na Neomille. A subsidiária da CerradinhoBio vai ampliar sua usina de etanol de milho em Chapadão do Céu (GO). A planta vai chegar a 527 mil m³ por safra e ainda produzir DDG e óleo de milho. O projeto deve evitar 101 mil toneladas de CO₂ por ano, reforçando o papel do etanol de milho na transição energética do agro.

  • AgriZone será vitrine verde da COP30. A Embrapa vai comandar o pavilhão AgriZone na COP30, em Belém. O espaço terá 400 palestras gratuitas e mostrará como o agro brasileiro pode ser solução pro clima, não vilão. Vai ter ILPF, agricultura de baixo carbono, plantio direto e até cultivares novos pra resistir ao calor. Tudo pra provar, com dados, que o campo sabe produzir e preservar.

SE DIVERTE AÍ

Tá afiado no vocabulário agro? Então bora testar o cérebro no Contexto, o jogo em que você precisa adivinhar a palavra secreta usando só o sentido das palavras anteriores. Cada tentativa te mostra o quão perto você tá da resposta certa. Tenta aí e vê em quantas tentativas você acerta.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Lima

Pergunta de hoje: Qual palmeira do Nordeste fornece a rainha das ceras, usada em polidores, cápsulas e cosméticos?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

Keep Reading

No posts found