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Bom dia!
O BNDES só deve liberar em outubro a renegociação de dívidas rurais, enquanto o Banco do Brasil abre caminho com recursos próprios já na próxima semana. No mesmo tabuleiro, a Moratória da Soja volta ao Cade e promete embate quente. Já no campo, o plantio da oleaginosa avança rápido, puxado pelo Paraná. Tem ainda congresso de sementes reunindo 18 países, sensor brasileiro que mede até o gole d’água das árvores e até simpósio da Embrapa sobre agricultura espacial.
Também tem:
• Nanotecnologia deixando herbicida mais eficiente no milho
• Câmara aprovando incentivo a abelhas sem ferrão e meliponários urbanos
• Conab registrando avanço do trigo e do arroz irrigado no Sul
• Produtores instalando câmeras contra furtos e roubos no campo
• Brasil líder nas exportações globais de nove setores do agro
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
SAFRA DE CIFRAS
Crédito na promessa, conta na mesa

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
O governo anunciou R$ 12 bilhões pra renegociar dívidas rurais, mas o dinheiro continua preso na gaveta do BNDES. A circular com as regras deve sair no dia 1º, só que os protocolos de fato só abrem lá pela metade de outubro. Pra quem precisa plantar agora, é promessa demais e recurso de menos.
Quem não quis esperar foi o Banco do Brasil. A partir de hoje, o banco começa a renegociar com recursos próprios, fora da linha oficial. Os juros não são controlados, mas ao menos o caixa gira. Pra quem ta praticamente desesperado no campo, prazo de nove anos já soa melhor do que boleto vencendo no fim do mês.
O temor é que, quando a linha pública finalmente sair do papel, ela já chegue atrasada e curta. Pequenos pagarão 6% ao ano, médios 8% e grandes 10%, mas com burocracia que deve atrasar ainda mais o desembolso. E na roça não tem milagre: se o crédito chega em novembro, a safra de verão não espera no calendário.
ASSUNTO DE GABINETE
Moratória da soja na berlinda

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil
A Moratória da Soja virou alvo de golpes pesados de gente que conhece bem como ela funciona, tá pior que o Wanderlei Silva no pós luta contra o Popó. Segundo parecer de Gesner Oliveira, ex-presidente do Cade, a moratória concentra poder nas mãos das tradings e deixa o agricultor com margem espremida.
No Mato Grosso, a Aprosoja calcula que a conta desse prejuizo chegue a R$ 20 bilhões por ano, já que muita gente é obrigada a vender a preço de banana pra atravessadores. Pros críticos, a moratória passou de vitrine socioambiental a distorção de mercado, tirando a competitividade de quem produz dentro da lei.
Na terça (30), o Cade volta a julgar o caso, e o embate promete. De um lado, produtores querendo enterrar de vez o acordo. Do outro, tradings tentando provar que não viraram cartel disfarçado.
O AGRO EM NÚMEROS
Soja sai da gaveta mais cedo

Foto: CNA/Flickr
O plantio da safra 2025/26 da soja já cobre 4,2% da área projetada no Brasil. Parece pouco, mas é um foguete se comparado a anos anteriores: nessa mesma época, eram só 0,5% em 2024 e 2% em 2023. Na média de cinco anos, ficava em 1,4%.
O empurrão vem do Paraná, onde a chuva tá colaborando e a turma não perdeu tempo pra meter a semente no chão. No Mato Grosso, o destaque fica pro norte do estado, mas em boa parte do país o plantio ainda depende da irrigação. Se o clima continuar jogando a favor, a largada promete ser recordista.
QUAL A BOA?
Sementes em debate internacional

Foto: Arquivo/Embrapa Cerrados
A próxima safra de boas ideias vai brotar em Foz do Iguaçu. De 29 de setembro a 1º de outubro, o 10º Congresso de Sementes das Américas vai juntar especialistas de 18 países para discutir tudo que faz uma semente germinar mais tecnologia: biotecnologia, edição gênica, propriedade intelectual e até fitossanidade.
O encontro deve juntar 400 profissionais, de executivos a pesquisadores, no maior fórum do setor no continente. Além das plenárias e rodadas de negócio, tem também o Piso de Inovação, onde 30 trabalhos científicos disputam espaço e prêmios. É tipo uma feira de ciências, mas com investidores e CEOs na plateia.
O Brasil chega como personagem principal dessa parada: a gente tem o quarto maior mercado de sementes do mundo, movimentando US$ 6,2 bilhões por ano.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Wifi na mata
Floresta agora também manda notificação. O IoTree, tecnologia criada pelo Senai com a startup Agroambiência, usa microeletrônica e sensores pra medir desde o fluxo da seiva até o uso da água em áreas plantadas. Tudo em tempo real, sem fio e com energia solar pra aguentar o tranco do mato fechado.
Os testes estão rolando em áreas da Suzano, em São Paulo, dentro de um pacote de 17 projetos que receberam R$ 16,1 milhões em investimentos. O sistema consegue captar até pequenas variações no crescimento diário das árvores e relacionar com mudanças no clima. É tipo smartwatch, só que em versão tronco.
A rede usada dispensa internet no local e envia os dados direto pra uma plataforma digital, acessível de qualquer celular. A entrega do protótipo final tá prevista pra outubro e a validação completa vai até março de 2026. Se der certo, vai ter árvore dando mais feedback que estagiário.
MENTES QUE GERMINAM
Embrapa de olho na roça fora da Terra

GIF: Tumblr/The Martian
Se plantar na Lua parece papo de ficção científica, a Embrapa quer provar que pode virar agronomia prática. De 14 a 16 de outubro, São José dos Campos recebe o 1º Simpósio Internacional em Agricultura Espacial, reunindo cientistas do Brasil e de outros 18 países pra falar de comida fora do planeta.
A agenda é de outro mundo: painéis, debates, visitas técnicas e até cinema ao ar livre com James Green, ex-Nasa e consultor do filme Perdidos em Marte. A ideia é discutir como técnicas espaciais podem ajudar tanto na produção interplanetária quanto no cinturão tropical daqui.
Maurício Lopes, da Embrapa Agroenergia, lembra que ambientes extremos, seja no Sahel africano ou em uma cápsula lunar, exigem a mesma pegada: tecnologia resiliente e sustentável. A entrada do Brasil no programa Artemis da Nasa reforça o recado: plantar fora da Terra pode até demorar, mas os testes começam já por aqui.
PLANTÃO RURAL
Milho na era nano. Pesquisadores da Unicamp e parceiros desenvolveram uma versão nanoencapsulada da atrazina, herbicida usado no controle de daninhas no milho. As cápsulas biodegradáveis potencializam o efeito do produto sem comprometer a planta, que manteve vigor e fotossíntese estável. A inovação promete mais eficiência no período crítico da cultura e menos impacto ambiental.
Abelha sem ferrão protegida. A Câmara dos Deputados aprovou proposta que incentiva a criação de meliponários urbanos e a proteção das abelhas sem ferrão dentro da Política Nacional de Produção de Mel. O texto evita burocracia nos planos diretores e pode ampliar a polinização em cidades. Falta a análise final da CCJ pra virar lei.
Chuvas amigas no Sul. Um boletim da Conab mostrou que setembro trouxe bons volumes de chuva ao Sul, impulsionando o trigo, principal cultivo de inverno. As lavouras estão até melhores que na safra anterior, apesar de geadas e temporais pontuais.
Roubos no campo. De janeiro a julho, mais de 500 furtos e roubos foram registrados em áreas rurais de São José do Rio Preto e Fernandópolis, alta de 43% frente a 2024, segundo a Polícia Ambiental. Vai de trator a gado. Pra se proteger, produtores estão investindo em câmeras de segurança e no projeto Vizinhança Solidária Rural.
Brasil campeão de exportações. Um levantamento da Harven Business School mostra que o Brasil lidera as exportações mundiais em nove cadeias do agro. É 74% do suco de laranja, 59% da soja e 56% do açúcar, além de frango, carne bovina, café, fumo, celulose e algodão. A coroa pesa, exigindo inovação e sustentabilidade permanentes.
SE DIVERTE AÍ
Tá na hora de dar aquele respiro depois de tanta notícia. O Termo é o jogo brasileiro que desafia você a adivinhar a palavra do dia em até seis tentativas. Cada chute revela se você tá perto ou longe da resposta certa. Verde é letra no lugar certo, amarelo é letra que aparece mas tá fora de posição. Parece simples, mas tenta aí pra ver se consegue de primeira.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Cominho
Pergunta de hoje: Qual fruta tropical foi chamada de “maçã das Índias” pelos europeus e hoje é uma das mais produzidas no Brasil?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

