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Bom dia!

O agro tá com o pé em dois mundos ao mesmo tempo. No campo, o MapBiomas mostra segunda safra triplicada, pasto ganhando vigor e etanol de milho da FS tentando capturar CO₂ no subsolo. No cofre, produtor corre atrás de renegociação mais larga enquanto governo e bancos pisam no freio. No meio disso, confinamento com comida barata em Mato Grosso, canola da 3tentos virando biodiesel, Embrapa ganhando alívio nas taxas, Guatemala abrindo mercado pra carne brasileira, SLC e Minerva distribuindo dividendo e até folha de café virando tecnologia de ponta em laboratório.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 159.074,97 34,20%
MDIA3 R$24,29 24,77%
SMTO3 R$15,40 -45,58%
BEEF3 R$6,14 28,99%
VALE3 R$70,22 31,89%
Bitcoin US$89.646,89 -8,62%
Ethereum US$3.056,35 -15,22%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

  • SLC adubando acionista com dividendo. A SLC vai distribuir R$ 380 milhões em dividendos e R$ 20 milhões em JCP ainda em dezembro, pagando R$ 0,80 e R$ 0,04 por ação. É a turma da terra se antecipando ao imposto novo e mostrando que gestão de caixa no agro também rende colheita no home broker.

  • Minerva devolvendo gordura pro acionista. Depois de 2 anos em dieta, a maior exportadora de carne bovina da América do Sul vai pagar R$ 162 milhões em dividendos, R$ 0,16 por ação, surfando aporte de R$ 2 bilhões, alavancagem em 2,5x e corrida pra fugir do imposto que chega em 2026.

  • Fed dá corte miúdo e bolsa brasileira reage. O Fed reduziu juros em 0,25 ponto e o Ibovespa encostou em 158,8 mil pontos, de olho em dinheiro global um pouco menos caro. Pro agro, qualquer alívio lá fora ajuda a segurar câmbio, custo financeiro e apetite de investidor pros nomes do campo na B3.

APRESENTADO POR SNASH HUB

Inova Agro Tour RJ: um dia pra ver de perto o futuro do agro

O Inova Agro Tour RJ tá chegando no Rio dia 12 de dezembro, ocupando a sede da SNA das 9h00 às 18h. A manhã começa com welcome coffee pra esquentar a conversa e segue com abertura oficial e uma keynote sobre o que vem por aí no agro brasileiro em 2026. É aquele combo raro de conteúdo pesado com clima leve, num lugar só.

À tarde o jogo fica ainda mais interessante. No auditório rolam painéis sobre práticas regenerativas, agricultura digital que vira modelo de negócio, novas soluções de finanças e crédito no campo e o cenário do agro fluminense com foco em sustentabilidade. Em volta, a programação segue viva com exposição de startups numa sala anexa e competição valendo tudo na Arena Snash, fechando com anúncio do vencedor e um happy hour pra fazer o networking render.

Se você quer entender pra onde o agro vai e quem tá puxando essa fila, esse é o rolê certo. Garante tua inscrição pro Inova Agro Tour RJ, já reserva o dia 12 de dezembro na agenda e manda o convite pros amigos de campo, de faculdade e de empresa. Quem senta nessas cadeiras agora volta pro negócio com ideias, contatos e oportunidades que não aparecem todo dia.

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NAS CABEÇAS DO AGRO

Comida barata lota cocho e aperta o bezerro em Mato Grosso

Gif by archivesontario on Giphy

Mato Grosso tá vivendo um novo ciclo de confinamento na base do rango barato. Com usina de etanol de milho e fábrica de biodiesel espalhada pelo estado, sobrou muito DDG e farelo de soja pra virar ração. Ao longo da BR 163, muito agricultor que vivia só de lavoura montou lote de 200 a 300 cabeças em 10 a 20 hectares, engordando bezerro dentro da fazenda e ajudando a fechar a escala do frigorífico sem mexer na boquinha principal.

Segundo a Acrimat, quase 1 milhão de cabeças foram pro cocho no último trimestre em Mato Grosso, alta de 67% na comparação com 2023. Com frigorífico também confinando gado, a oferta segue firme, a arroba média gira perto de R$ 320 e o boi China leva uns R$ 5 a mais. O problema é que sumiu aquele sobe e desce de preço que às vezes salvava a margem do pecuarista raiz. Tá tudo meio estagnado, sem muita mudança, o que mata a possibilidade de chorar o preço.

Do lado bom, o mundo tá comprando carne brasileira como se não houvesse amanhã, e o rebanho responde com mais tecnologia, mais proteína no cocho e abate mais jovem. Só que a virade do ciclo preocupa: falta matriz parindo bezerro pra dar conta de todo mundo. A própria Acrimat já fala em bezerro batendo perto de R$ 4.000 lá na frente se ninguém correr agora pra investir em cria. Quem quiser viver só de confinamento sem cuidar de ventre pode acabar descobrindo do jeito mais caro que boi nenhum nasce pronto pro gancho.

O AGRO EM NÚMEROS

Safrinha crescendo mais que braquiária, pluma voando e etanol sugando CO₂

Foto: CNA/Flickr

O MapBiomas mostrou que o Brasil tá tirando leite de pedra dos hectares. A área de 2ª safra triplicou desde 2000 e chegou a 23,7 milhões de hectares em 2024, o equivalente a 65% da área de soja de verão. Em 2,5 milhões de hectares rolaram 3 ciclos no mesmo ano, tem que ter muito pique. De quebra, o monitoramento mostra pastagens em recuperação, com ganho líquido de 6,2 milhões de hectares em vigor alto ou médio, mas ainda com uns 34 milhões de hectares de pasto de baixo vigor pedindo socorro pro Programa de Pastagens Degradadas.

No algodão, o número que fala alto é o do porto. O Cepea mostra que a pluma tá variando no físico conforme a pressa de caixa de cada vendedor, mas lá fora o Brasil tá voando. Em novembro, as exportações somaram 402,5 mil toneladas, maior volume pra o mês, 36,9% acima de outubro e 34,4% maior que novembro de 2024. No acumulado, já são 2,57 milhões de toneladas, bem colado no recorde de 2,77 milhões de toneladas de 2024. Enquanto indústria faz compra pontual e pensa no recesso, o setor programa contrato pra 1º semestre de 2026 surfando essa vitrine externa.

Fechando a conta climática, o BNDES carimbou R$ 384,3 milhões pra FS em Lucas do Rio Verde (MT) tirar o CO₂ do ar e enfiar no subsolo. A usina vai usar tecnologia BECCS pra capturar e estocar algo perto de 423 mil toneladas de CO₂ por ano em reservatório salino da Bacia dos Parecis, combinando etanol de milho de 2ª safra com biomassa renovável e armazenamento geológico. A meta é vender combustível com pegada de carbono negativa e ainda abrir avenida pra crédito de carbono, botando o etanol de milho brasileiro na fila da elite global da transição energética.

SAFRA DE CIFRAS

Governo pisa no freio e dívida rural segue travada

Foto: Famasul

O rolo da dívida rural tá naquele ponto em que todo mundo concorda que o paciente tá mal, mas ninguém combina o tratamento. O governo discute se mexe ou não na MP que liberou R$ 12 bilhões pra renegociar débitos, enquanto produtores, principalmente do Rio Grande do Sul, querem incluir as contas da safra 2024/25 e simplificar o acesso. Na prática, só R$ 4,3 bilhões saíram do papel até agora, e 95% desse dinheiro ficou com os gaúchos. E grande parte do setor ainda diz que o remédio é fraco pra tamanho estrago climático.

Do outro lado da mesa, equipe econômica e bancos tão com o pé no freio. A avaliação é que empurrar parcelas ainda em dia pra frente, com juro menor que o do custeio original, vira convite pra inadimplência de conveniência e benefício pra quem nem precisava tanto da mão estendida. O papo nos bastidores é simples e pouco simpático: ampliar demais a renegociação vira um prêmio pro inadimplente e ainda consome um subsídio embutido que o Tesouro calcula em bilhões.

Enquanto isso, o sul do mapa segue lotando grupo de WhatsApp com cobrança. Entidades gaúchas batem na tecla do projeto de lei 5.122, que prevê usar R$ 30 bilhões do Fundo Social do pré sal e permite incluir empresas, cooperativas, cerealistas e até recursos emergenciais tomados depois das enchentes de 2024. Brasília, por sua vez, sinaliza que pode até reforçar o cofre se os R$ 12 bilhões atuais forem usados, mas quer provar primeiro que o gargalo é falta de dinheiro, e não excesso de burocracia.

ASSUNTO DE GABINETE

Embrapa ganha passe livre pra patentear ideia boa

Foto: Embrapa/Divulgação

A Embrapa ganhou um empurrãozinho de Brasília (DF) bem no caixa de pesquisa. Foi sancionada a lei que isenta a empresa de pagar taxas pros órgãos que cuidam de patentes, cultivares, meio ambiente e vigilância sanitária. Na prática, cada pedido de proteção de tecnologia nova deixa de virar boleto pro Sistema Nacional de Proteção de Cultivares, pro INPI, pro Ibama e pra Anvisa e vira mais fôlego no orçamento da pesquisa agro.

A novela foi longa. O projeto de lei 2694 de 2021 tinha sido vetado integralmente pelo próprio governo com aquele argumento padrão de benefício tributário sem compensação e risco pra equilíbrio das contas dos órgãos. O Congresso não engoliu, derrubou o veto na semana passada e empurrou o PL de volta pro jogo, goela abaixo. Fica o recado político: mexer com orçamento é uma coisa, mexer com a vitrine da ciência agro brasileira é outra bem mais sensível.

Não é um vale tudo. Pra ter direito à isenção, a Embrapa continua obrigada a entregar toda a papelada exigida em cada processo, do jeitinho que a legislação manda. A diferença é que, em vez de queimar grana pagando taxa em série, a empresa pode concentrar munição em laboratório, campo experimental e parceria com produtor. Se entregar mais cultivar boa, bioinsumo eficiente e tecnologia que aumenta produtividade sem abrir área nova, esse investimento em pesquisa tende a voltar em royalties, exportação e PIB rural turbinado lá na frente.

COLHENDO CAPITAL

3tentos põe canola no tanque e dinheiro no bolso

Foto: Ernesto de Souza/ Ed. Globo

A 3tentos ligou a chave da canola em Ijuí (RS) e botou a oleaginosa de vez no jogo industrial. A companhia investiu R$ 60 milhões pra adaptar a planta pro novo produto e, pra começar, recebeu 70 mil toneladas pra produzir farelo e óleo pra biodiesel. A conta é daquelas que animam até produtor desconfiado: a expectativa é gerar uns 32 mil m³ de biodiesel só nessa primeira tacada.

O plano, claro, vai bem além de uma temporada de teste. A 3tentos mira receber perto de 100 mil toneladas de canola por ano, o que pode render 40 mil toneladas de óleo e ajudar a empurrar a unidade de Ijuí (RS) pra capacidade de 500 milhões de litros de biodiesel por ano, com algo em torno de 10% vindo da canola a partir de 2026. No meio do caminho, o produtor ganha pacote completo: assistência técnica, programa de barter com seguro agrícola e mercado interno e externo já engatilhados enquanto a empresa acerta logística e prêmio nas operações.

No campo, a estratégia é usar a canola como cultura de inverno em rotação com o trigo, ocupando aquela área que ficava meio largada fora da janela da soja. Em 2025, o Rio Grande do Sul plantou 240 mil hectares com canola, e a companhia fala em 400 mil a 500 mil hectares pra 2026. Não é só papo de release: a cultura rende em torno de 400 quilos de óleo por tonelada, quase o dobro da soja. Com essa matemática, a canola tá se candidando forte a virar queridinha do inverno gaúcho.

PLANTÃO RURAL

  • Guatemala entrando no mapa do churrasco. A abertura do mercado da Guatemala pra carne bovina brasileira ajuda o Brasil a bater a marca de 500 mercados abertos e manter exportação acima de 14 bilhões de dólares em 2025. Com consumo local crescendo, corte congelado brasileiro tem tudo pra virar figurinha carimbada no país.

  • Chequinho curto pro farm dos outros. O pacote de ajuda de 12 bilhões de dólares do governo Trump dá um respiro pros agricultores americanos, mas cobre só uma fatia das perdas estimadas entre 35 e 44 bilhões. No fim do dia, mais gente usando o dinheiro só pra pagar conta e segurar o trator ligado.

  • Folha de café virando tecnologia de ponta. Pesquisadores da USP em São Carlos tão transformando folha de café em nanopartícula de óxido de zinco, com potencial antibacteriano, aplicação em descontaminação de água e até em memória eletrônica biodegradável. É o tipo de inovação que pode virar renda extra pro cafezal e vitrine verde pra pesquisa brasileira.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a brincadeira é geográfica. O Flagle te joga uma bandeira qualquer no meio da tela e te deixa adivinhar que país é aquele com base nas cores, formatos e nos chutes anteriores. Vale testar conhecimento de geopolítica, decorar bandeira de parceiro comercial do agro e ainda disputar quem acerta em menos tentativas no grupo da fazenda ou da firma.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Pequi

Pergunta de hoje: Qual leguminosa, domesticada na Ásia há mais de 5 mil anos, hoje é base para produzir proteína vegetal no mundo todo?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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