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Bom dia!
Lá fora, um grupo de senadores quer mandar pro chão a maior parte do tarifaço contra o Brasil, enquanto o Plano Clima tá tomando calor no Conacarne em BH. No campo, o IBGE abriu a porteira dos números, com leite batendo recorde e galinheiro lotado, o crédito ainda manca mesmo com renegociação no radar e a Conab projeta mais um topo histórico.
Também tem:
• IBGE registra piscicultura e ovos voando alto
• Estatuto do Produtor Rural avança na Câmara
• Prognóstico de tempo seco ligando alerta pro plantio
Do preço ao clima, sem drama.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
Antes da fusão com a Marfrig, a BRF cancelou 90,2 milhões de ações em tesouraria e pediu mudança de registro na CVM. A nova gigante MBRF estreia na B3 dia 23, com receita de R$ 152 bilhões e presença em 117 países.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Ruralistas põem o Plano Clima na churrasqueira em BH

Foto: Wenderson Araujo/Trilux/CNA
O Congresso Nacional da Carne começou ontem (18) em Belo Horizonte e viu o Plano Clima entrar na chapa. A senadora Tereza Cristina (PP-MS), vice da Frente Parlamentar da Agropecuária, jogou o projeto na brasa e disse que o texto tem mais ideologia que ciência. Pra ela, falar mal da agropecuária é falar mal do Brasil. Na fala dela, até o tarifaço dos EUA entrou no combo de reclamações.
Na sequência, o presidente da Faemg, Antônio Pitangui de Salvo, engrossou o coro dizendo que a imagem do setor sofre pressão externa e que o Brasil não tem tempo pra essa polarização de mesa de bar. Pra ele, o Plano Clima é mais fogo amigo do que política ambiental.
Entre aplausos e farpas, o que ficou claro no Conacarne é que a pauta climática tá no centro do ringue. Enquanto o governo prepara sua vitrine internacional, a bancada ruralista promete reescrever o roteiro antes da COP30. E no meio disso tudo, o Plano Clima tá queimando a paciência do setor sem nem ter ido pro prato.
COMO TÁ LÁ FORA?
Senadores americanos contra o tarifaço

Foto: Leon Neal/Reuters
O tarifaço de Donaldo Trump contra o Brasil pode estar com os dias contados. Cinco senadores americanos resolveram peitar Donald Trump e apresentaram uma resolução pra cancelar a cobrança. O argumento usado por eles é de que não existe emergência econômica nenhuma com o Brasil, então a justificativa legal de Trump não vale de nada.
Entre os nomes, tem até o republicano Rand Paul, aliado de Trump que não perde a chance de cutucar Brasília. Ele deixou bem claro que a Casa Branca não tem poder pra inventar tarifa na base do nada. Democratas como Chuck Schumer engrossaram o coro dizendo que Trump usou “emergência fake” só pra agradar aliados, e parece que nem isso conseguiu.
Se a resolução avançar, cai a maior parte da tarifa, os 40% impostos em agosto só pro Brasil. O original de 10%, que foi colocado de abril, segue no cardápio. Pro consumidor americano, já tá pesando no bolso, com os preços de alimentos disparando no país.
RADAR DO AGRO
Mais uma projeção de recorde

Foto: CNA/Flickr
O caixa do campo não anda animado. No bimestre inicial do Plano Safra 25/26, o crédito rural murchou 23% e parou em R$ 93,6 bilhões. O tombo foi feio nos investimentos, com uma queda de 54%, e o Moderfrota quase zerou, despencando ainda mais, 77%. Brasília promete que a renegociação das dívidas dá fôlego, mas por enquanto o banco tá de braço cruzado.
Nos grãos, a Conab projetou mais uma marca histórica: 353,8 milhões de toneladas na safra de grãos 25/26, com a soja chegando a 177,6 milhões de toneladas, um aumento de 3,6% e mantendo o Brasil no lugar mais alto do pódio. O milho deve cair 1% pra 138,3 milhões de toneladas, efeito da base alta do último ciclo. No algodão, o recorde também vem, com 4,09 milhões de toneladas. Haja grão.
As proteínas completam o cardápio com produção prevista de 32,3 milhões de toneladas em 2026, um avanço de 0,7%. As exportações devem chegar a 11 milhões de toneladas, crescimento de 3,3%. A bovina perde espaço com queda de 3,5%, enquanto aves sobem 2,8% e suínos 3,6%. O prato do brasileiro vai ficando mais branco e rosado, mas ainda com gosto de churrasco.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Florada adiantada, chuva atrasada, produção comprometida

Foto: Notícias Agrícolas
A florada do café deveria ser aquele espetáculo branco no meio da lavoura, mas esse ano em Minas o show tá bem flopado. As primeiras flores abriram sem chuva, e já tão secando no pé. Agora fica aquela velha dúvida, será que vinga ou foi só bait?
Segundo o Procafé, o estresse hídrico acelerou o calendário das plantas e a florada adiantou. Até aí, tudo bem, mas sem água depois, o pegamento ficou na pior. Pra terminar de ferrar tudo, tem lavoura desfolhando antes da hora, o que deixa a planta sem energia pra segurar o fruto.
No Sudoeste de Minas, o cenário é de produtor tentando salvar o que dá. Tem irrigação, esqueletamento e reza pra São Pedro pra não perder produção. Só que o clima virou montanha-russa: 7 °C de manhã, 32 °C de tarde, e quase nenhuma água. Até as flores ficaram tontas com essa gangorra. Se não chover logo, o risco é de colher menos e amargar na xícara.
SAFRA DE CIFRAS
Se tem bicho que voa, nada e rumina, o IBGE contou

Foto: CNA/Flickr
O IBGE abriu a porteira dos dados e mostrou que o agro tá mais forte que nunca. Tem um tiquinho a menos de boi no pasto, mas recorde de leite com menos vaca, galinheiro lotado, suínos crescendo e peixe nadando forte. Vamo dar uma olhada nos números, sem enrolação.
Nos bois, o efetivo fechou 2024 em 238,2 milhões de cabeças (−0,2% vs. 2023), ainda o 2º maior da série. Essa quedinha foi puxada pelo ciclo pecuário e abate de fêmeas no talo: foram 39,7 milhões de bovinos sob inspeção, pico histórico, com mais novilhas no gancho. Mato Grosso segue líder com 32,9 milhões (13,8% do total), mesmo com queda de 3,6%. Pará avançou 2,1% e virou segundo maior; São Félix do Xingu (PA) encabeça os municípios, com cerca de 2,5 milhões de cabeças.
No leite, o país bateu recorde com 35,7 bilhões de litros (+1,4%) e R$ 87,5 bilhões em valor (+9,4%), pagando R$ 2,45/litro em média (+7,9%). O pulo do gato tá na eficiência: as 15,1 milhões de vacas ordenhadas (−2,8%, menor desde 1979) produziram mais, com 2.362 litros/vaca/ano (+4,3%). O Sudeste retomou a liderança (33,7%), puxado por Minas (9,8 bilhões de litros, 27,4% do país), enquanto o Sul mantém a maior produtividade por vaca.
Nas aves e nos suínos, o IBGE cravou recorde atrás de recorde. Os galináceos chegaram a 1,6 bilhão (+1,7%) e as galinhas a 277,5 milhões (+6,8%), rendendo 5,4 bilhões de dúzias de ovos (+8,6%). Os suínos somaram 43,9 milhões (+1,8%) com o Sul carregando 51,9% do efetivo; Toledo (PR) lidera com 950 mil cabeças. O Nordeste segue dono dos caprinos (13,3 milhões, +3,1%) e ovinos (21,9 milhões, +0,3%), com participações de 96,3% e 73,5%, respectivamente.
Na água, o Brasil pescou bons resultados. A piscicultura cresceu 10,3% pra 724,9 mil toneladas e faturou R$ 7,7 bilhões (+15,8%), com a tilápia reinando (68,9% do total). O camarão bateu 146,8 mil toneladas (+15,2%), e a malacocultura (ostras, vieiras, mexilhões) foi a 9,56 mil toneladas (+21,7%, R$ 119 milhões, +37%). Pra fechar a conta dos derivados, leite, ovos e mel somaram R$ 121,1 bilhões (+8,2%), com o leite respondendo por 72,3% (R$ 87,5 bilhões).
COLHENDO CAPITAL
John Deere corta 150 na fábrica de Horizontina

Foto: John Deere/Divulgação
O negócio apertou na unidade da John Deere em Horizontina (RS). A multinacional puxou o freio e mandou embora 150 funcionários do setor de colheitadeiras. Segundo a empresa, foi uma “readequação de quadro”, na prática, menos demanda de mercado e mais cabeças cortadas.
O sindicato diz que o baque foi de surpresa, já que no começo do ano a fábrica tinha contratado mais ou menos 200 pessoas. O presida do sindicato disse que o plano inicial era mandar embora o mesmo numero, 200, mas depois de negociar, conseguiu segurar a tesoura em 150. Além das verbas rescisórias, os desligados levam um abono como gratificação de saída.
E não é só no Brasil. Nos EUA, a John Deere confirmou mais 142 cortes em Iowa, nas plantas de Waterloo e Des Moines. Em agosto já tinham sido 200 desligamentos em Illinois e Iowa. O sinal de alerta apareceu no painel.
PLANTÃO RURAL
China troca o cardápio. Nada de soja americana no prato chinês. Com tarifas de Trump encarecendo o grão, Pequim fechou 7,4 milhões de toneladas da América do Sul pra outubro. O USDA já cortou projeções de exportação.
Estatuto aprovado. A Câmara aprovou o Estatuto do Produtor Rural. O texto prevê assistência técnica e jurídica gratuita, fundo de crédito e revisão de contratos pra pequenos agricultores.
Tributação assusta mais que Trump. O economista Marcos Troyjo disse que o tarifaço americano é problema, mas a carga tributária brasileira é uma bomba-relógio.
Gigantes pela regeneração. Pepsico e Unilever lançaram um programa de agricultura regenerativa na América do Norte. A meta é chegar a 5 milhões de hectares até 2030.
Dívidas em disputa. A MP de R$ 12 bi pra renegociar dívidas não agradou ruralistas. O setor reclama de limites baixos, juros altos e exclusão de municípios. Mais de 100 emendas foram apresentadas.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a viagem é sem precisar carimbar passaporte. O GeoGuessr te larga em qualquer canto do mundo pelo Google Street View e o desafio é descobrir onde você tá só pelos detalhes da paisagem, placas ou até estilo dos postes. Vale treino de olho clínico e muita sorte.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Taro
Pergunta de hoje: Qual fruta africana, usada para fazer farinha e cerveja artesanal, é chamada de “árvore da vida”?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
