
APRESENTADO POR

Bom dia!
Enquanto Trump tenta arrastar a Europa pra mais uma guerra tarifária, o Brasil articula um fórum global pra discutir barreiras comerciais ambientais. Do outro lado do mapa, 27 toneladas de patinho brasileiro já desembarcaram no Vietnã, abrindo espaço pra mais proteína verde-amarela no Sudeste Asiático. E pra completar o cardápio, a Transnordestina promete viagem inaugural em outubro e o governo lança incentivo pros bioinsumos da agricultura familiar.
Também tem:
• Algodão e arroz no menor preço em mais de dois anos
• Wells Fargo abrindo o caixa pras agtechs brasileiras
• Ações da Marfrig e BRF subindo com a fusão
Tudo que tá rolando, de um jeito que você entende.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
O preço do algodão caiu abaixo de R$ 3,80/libra-peso, menor valor em dois anos. A colheita recorde, dólar mais fraco e vendedores pressionados derrubaram as cotações. O arroz em casca tá no mesmo barco e chegou no menor preço desde 2022, com a saca a R$ 66,52. Produção recorde garantiu sobra de grão e derrubou as cotações, mesmo com exportações aquecidas.
A fusão entre Marfrig e BRF fez as ações das duas subirem mais de 4% na B3 ontem. A fusão nem rolou ainda e já tá dando resultado.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Casaco de um lado, chapéu e protetor solar do outro

Foto: Inmet
O Brasil segue vivendo quatro estações de uma vez só. No Sul, a serra catarinense e o sul do Paraná vão amanhecer bem branquinhos por causa de geada, enquanto Porto Alegre vai sofrer com mínima de 12 °C. O friozinho por lá até engana, mas não chega a durar, já que os próximos dias devem ser de temperaturas mais tranquilas.
No Sudeste e no Centro-Oeste, o cenário é bem diferente. Interior paulista e mineiro continuam sob o domínio do calorão, com máximas passando fácil dos 35 °C. Em Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o termômetro pode bater os 40 °C no período da tarde, acompanhado da clássica combinação de sol rachando e umidade desabando abaixo de 12%. O Inmet e a Defesa Civil já soltaram alerta vermelho pra baixa umidade e risco de incêndios.
No Nordeste, o contraste é entre o litoral e o sertão. Do sul da Bahia até Pernambuco, pancadas rápidas dão uma refrescada em parte da costa, mas o interior continua fervendo. Já no Norte, o Amazonas, Rondônia e Roraima entram na mira de chuvas fortes e até temporais, enquanto Tocantins e Amapá seguem sob céu aberto e temperaturas nas alturas.
SAFRA DE CIFRAS
Essa laranja tá azeda

GIF: Giphy
A safra de laranja no cinturão de SP e Triângulo Mineiro levou um corte. O Fundecitrus reduziu a previsão pra 306,7 milhões de caixas, 2,5% abaixo do que tinha sido estimado em maio. O culpado é o de sempre: o greening, que deixou a fruta mais frágil e aumentou a queda dos pés. Pra piorar, a colheita tá andando devagar, com só 25% concluída, metade do ritmo do ano passado.
O retrato da doença continua pesado: quase 100 milhões de árvores já estão contaminadas, 47,6% do parque citrícola. A expansão até deu uma desacelerada, mas a severidade subiu pra 22,7% e isso é o que mais machuca a produção. Em alguns polos, como Limeira e Porto Ferreira, mais de 70% das árvores têm sintomas.
O clima também não ajudou. De maio a agosto choveu 33% abaixo da média no cinturão, o que segurou o ganho de peso de algumas variedades. As precoces Hamlin, Westin e Rubi seguraram firme, mas várias outras perderam suco. A Pera deve engordar um pouquinho na primavera, e as tardias quase não saíram do lugar. O Fundecitrus lembra que colher no ponto certo melhora o suco, mas aumenta o risco de fruta cair, principalmente nos pomares mais maltratados pelo greening.
A safra ainda deve ser maior que a do ano passado, mas o laranjal segue andando na corda bamba. Quem tá em área de baixa incidência precisa arrancar pé doente sem dó. Quem tá em área bastante afetada precisa redobrar o manejo pra não ver a colheita virar tapete de fruta no chão.
RADAR DO AGRO
Suínos em alta histórica

Foto: CNA/Flickr
O segundo trimestre veio com recorde no abate de suínos: 15 milhões de cabeças, maior marca desde 1997. O consumo interno lá em cima e a fome de países como Filipinas, Chile e Japão puxaram o bonde e compensaram a queda nas compras da China. No total, 1,4 milhão de toneladas de carcaças. É porco pra dar e vender.
Não foi só o porco que engordou as estatísticas. O abate de bovinos subiu quase 4%, com destaque pro aumento de 16% no abate de fêmeas, dando um sinal de ciclo de oferta mais largo. O leite também entrou pro hall dos recordes, com 6,5 bilhões de litros ordenhados, maior volume da série histórica. Já os frangos ficaram na mesma, mas garantiram 3,5 milhões de toneladas de carne no período.
Do lado da nutrição animal, a produção de ração cresceu 2,2% no semestre, batendo 42 milhões de toneladas. Só a avicultura de corte consumiu 18,9 milhões. E a pecuária de leite deu um salto de 8,1% na demanda por ração, reflexo do crescimento do setor.
Já no prato do brasileiro, o alívio veio no preço. O IPCA recuou 0,11% em agosto, puxado por quedas de tomate, batata, cebola, arroz e até café moído. Mas não se engane: a xícara segue cara. Em três anos, o preço do café mais que dobrou, e mesmo com a recente trégua nas prateleiras, continua sendo um luxo cada vez mais amargo.
PAUTA VERDE
Brasil coloca carne no cardápio do Vietnã

Foto: Mapa
O Vietnã já pode riscar a carne bovina brasileira da lista de desejos. Nessa semana, desembarcou por lá a primeira carga de patinho made in Brasil, 27 toneladas que marcam o pontapé das exportações depois da abertura oficial do mercado em março.
O país asiático, com 101 milhões de habitantes e apetite crescente por proteína, já compra quase US$ 4 bilhões em agro brasileiro, com soja, cereais e fibras liderando a lista. Agora, a carne bovina entra no cardápio e reforça a presença verde-amarela no Sudeste Asiático, região que tem dado cada vez mais espaço pro agro brasileiro.
Pro governo, o embarque é mais que simbólico. Carlos Fávaro diz que cada novo destino é mais renda, mais emprego e mais força pro produtor. Na prática, é mais um passo pra diversificar destinos e garantir que o bife brasileiro não fique preso a poucos compradores.
MENTES QUE GERMINAM
Gigantes do agro abrem as portas pra quem tá começando

Foto: Divulgação
O agro tá abrindo a porteira pra quem quer plantar carreira. A Bayer lançou mais de 100 vagas de estágio em nove estados, com bolsas que vão de R$ 1.450 a R$ 2.800 por mês e vários benefícios. As vagas vem em três níveis: técnico, superior e o “superior agro”, pra quem já tá no último ano de Agronomia. Inscrições abertas até 21 de setembro, é só chegar.
Já em Santa Catarina, a Cargill resolveu dobrar a aposta. O Future Alaatus agora oferece 12 bolsas de R$ 875 por mês pra alunos da UFSC, somados a mentorias de executivos da nutrição animal. A ideia é aproximar a turma da faculdade do dia a dia das empresas e preparar gente boa pra tocar o mercado de trabalho, do manejo ao digital. As inscrições vão até 15 de setembro, fica esperto porque a janela é curta.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Leite é só de vaca?

GIF: Giphy
O velho embate voltou à mesa: pode chamar bebida vegetal de leite? Para o Sindilat-RS, a resposta é não. Em audiência na Câmara, o sindicato defendeu que a palavra fique restrita a produtos de origem animal, apoiando o PL 10.556/2018, que tenta carimbar a exclusividade desde 2018.
Segundo o secretário-executivo da entidade, Darlan Palharini, usar embalagem com vaquinha feliz pra vender soja ou amêndoa confunde o consumidor e desvaloriza quem produz leite de verdade. A defesa é de que os vegetais tenham rótulo próprio, claro e direto, sem se passar por derivados da vaca.
O debate foi puxado pelo deputado Heitor Schuch (RS) e reuniu peso pesado do setor, como Abraleite e Viva Lácteos. A proposta é que bebidas vegetais indiquem de forma evidente que não contêm leite, deixando ao consumidor a escolha, mas sem misturar alhos com bugalhos.
PLANTÃO RURAL
Trump tentando ganhar no grito. Donald Trump pediu que a União Europeia dobre a aposta e taxe em até 100% produtos da China e Índia, por causa do petróleo russo. Se isso rolar, a China tende a correr pros braços do Brasil. Soja, carne e milho podem virar figurinhas carimbadas ainda mais carimbadas por lá.
Trenzinho do Nordeste. Depois de dez anos de obras e bilhões investidos, a Transnordestina vai rodar seu primeiro trem em outubro, ligando o Piauí ao Ceará. A promessa é baratear o frete agrícola e dar fôlego ao produtor.
Bioinsumo pra geral. O governo lançou uma nova estratégia pra incentivar bioinsumos na agricultura familiar. Tem linha de crédito diferenciada, rede de pesquisa e assistência técnica no balaio. A meta é reduzir a dependência de químicos e dar mais autonomia pro pequeno produtor, colocando o sustentável no centro da roça.
Dinheiro gringo no agro. O Wells Fargo abriu o caixa e, junto com o The Yield Lab, vai bancar startups agrícolas em estágio inicial. O Brasil entra no radar com o Corredor Agro, que conecta polos de inovação de São Paulo. O foco são tecnologias sustentáveis que possam ganhar escala global.
Clima na mesa. O Brasil planeja propor na COP30 um fórum exclusivo pra discutir comércio e clima, mirando barreiras ambientais da União Europeia que pesam no agro. A ideia é equilibrar o jogo e impedir que pequenos produtores paguem a conta de políticas verdes que valem mais pra papelada do que pro campo.
SE DIVERTE AÍ
Bora testar seus conhecimentos de comércio mundial? No Tradle, você recebe as dicas sobre exportações e precisa adivinhar de qual país é a balança comercial. Cada chute errado traz novas pistas, até a resposta aparecer.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Jaca
Pergunta de hoje: Qual raiz brasileira foi levada pelos portugueses para a África e hoje alimenta milhões de pessoas por lá?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
