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Bom dia!

O agro puxou a economia brasileira no segundo trimestre com alta de 10,1%, enquanto a demanda por fertilizantes sobe junto e promete bater recordes até 2036. No campo das exportações, o café segue travado nos portos, e em Brasília o governo abre o cofre contra o tarifaço enquanto o seguro rural emperra no Senado.

Também tem:
• Raízen paquera Mitsubishi e Mitsui para aliviar dívidas
• Trump diz não temer eixo Rússia-China
• Tabaco ganha projeto para conservar solo
• La Niña volta ao radar do agro

Tudo que tá rolando, rápido e fácil de ler.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$118,99 -25,61%
Algodão (Centavos R$/LP) 387,25 -7,78%
Arroz (Saca 50kg) R$66,77 -32,65%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$313,65 -2,46%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.299,01 2,55%
Etanol anidro (Litro) R$3,1226 2,92%
Milho (Saca 60kg) R$64,53 -11,53%
Soja (Saca 60kg) R$140,13 0,86%
Trigo (Tonelada) R$1.408,24 1,07%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

SAFRA DE CIFRAS

Agro acelera e leva o PIB na garupa

Foto: Gilson Abreu/AEN

O Brasil colheu mais que grãos no segundo trimestre, colheu crescimento. A agropecuária avançou 10,1% frente a 2024 e empurrou o PIB nacional para cima, com alta de 2,2%. Soja, milho, arroz e algodão foram os grandes trunfos da safra recorde que deixou o IBGE com números gordos na mão.

O milho de segunda safra liderou o show com salto de quase 20%, seguido pela soja com mais de 14%. O arroz cresceu 17,7%, o algodão 7,1% e até o café, tímido com 0,8%, entrou na conta.

No acumulado do semestre, a agropecuária disparou enquanto a indústria (1,7%) e os serviços (2%) andaram de lado. Nos últimos quatro trimestres, o PIB nacional cresceu 3,2%, resultado que se sustenta porque a lavoura não pisou no freio.

Exportações também deram ritmo: soja e milho cruzaram fronteiras sem olhar para trás, carnes de frango e suíno ganharam espaço no prato dos estrangeiros, e até a pecuária bovina, mesmo com retenção de fêmeas e tarifaço americano, segurou o preço do boi gordo.

Mas o céu azul tem nuvem no horizonte. Economistas alertam que essa disparada do agro pode acender pressão inflacionária, já que a economia segue dependente de um único motor.

DE OLHO NO PORTO

O drama do fertilizante

Foto: Reuters

O Brasil nunca usou tanto fertilizante, e ainda vai precisar de muito mais. A previsão do governo é alta: a demanda deve pular de 45,6 milhões de toneladas em 2024 para 58,5 milhões em 2030 e bater 73 milhões em 2036. O empurrão vem da recuperação de pastagens degradadas, um estoque de 82 milhões de hectares que pode virar lavoura.

Só tem um detalhe: recuperar solo não é igual a plantar capim. O custo dessa brincadeira vai de 6 a 12 mil reais por hectare, entre correção, adubo, maquinário e mão de obra. Para não deixar o produtor sozinho, o governo aposta em crédito facilitado. O Biofert financia adubos orgânicos e organominerais, e a Agroinvest deve estrear com juros mais baixos que o Plano Safra.

Na oferta, o plano é reduzir a dependência do navio estrangeiro. Serra do Salitre deve garantir 15% do fósforo nacional. As fábricas reativadas da Petrobras podem cobrir 20% da demanda de nitrogenados. Já o projeto de potássio em Autazes, no Amazonas, promete bancar outro quinto do consumo interno. Se tudo isso sair do papel, o Brasil troca parte do navio pelo saco de adubo produzido em casa.

No Congresso, o Profert deve aliviar a vida da indústria com benefícios fiscais. Se vingar, fecha o ciclo: mais crédito, mais produção nacional e mais demanda no radar.

RADAR DO AGRO

Café preso no porto e R$ 1,1 bi fora do bolso

Foto: CNA/Flickr

O Brasil deixou R$ 1,1 bilhão parado no porto em julho, junto com 1.542 contêineres de café que não embarcaram. Foram mais de 500 mil sacas encalhadas, enquanto exportadores torraram R$ 4 milhões extras em armazenagem e taxas. O expresso pode até despertar, mas a logística segue dormindo no ponto.

No Porto de Santos, 65% dos navios atrasaram e alguns ficaram 35 dias na fila. No Rio, a espera chegou a 40 dias. Desde 2024, os prejuízos já somam R$ 83 milhões com atrasos e mudanças de escala. O Brasil segue campeão na produção, mas no Z4 no campo da infraestrutura.

Com a safra cheia batendo à porta, a conta tende a piorar, e o setor pede pressa em leilões de terminais, mais pátio, acesso e transporte alternativo.

NA CANETADA

Cheque em branco contra o tarifaço


Foto: Kebec Nogueira/Metrópoles

O governo abriu o cofre e colocou na mesa R$ 30 bilhões em crédito extraordinário (fora da meta fiscal) para bancar o Plano Brasil Soberano. O alvo é amortecer o tarifaço de 50% dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros.

O dinheiro vai irrigar empresas que sentiram o baque das sobretaxas, oferecendo linhas de crédito e fôlego para manter exportações. O pacote é a primeira tacada do plano anunciado em agosto, que mistura diplomacia, defesa do setor produtivo e a promessa de que o agro e a indústria não vão ficar sozinhos na queda de braço com Washington.

No mesmo Diário Oficial, saíram duas MPs bem mais magras: R$ 30,59 milhões para inclusão produtiva rural e distribuição de alimentos e R$ 83,5 milhões para reforçar o Suasa, sistema de sanidade agropecuária.

COLHENDO CAPITAL

Quem segura o seguro?

Foto: FPA/Divulgação

A bancada do agro (FPA) resolveu apertar o passo no Senado. Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, pediu que a CCJ coloque em pauta o projeto de lei que reformula o seguro rural. A proposta, de autoria de Tereza Cristina (PP-MS) e relatada por Jayme Campos (União-MT), já circula desde o ano passado e segue emperrada após pedido de vista coletiva. A fila anda devagar, mas o agro não quer esperar sentado.

A ideia é aprovar a tempo do próximo Plano Safra, criando apólices mais rígidas e seguras que deem confiança para os bancos e menos dor de cabeça para o produtor. Hoje, o financiamento rural sai caro porque falta justamente a cobertura que segura o tranco. Para Lupion, sem seguro forte, crédito é igual a adubar sem chuva: até funciona, mas custa muito mais.

E tem a conta para fechar. O governo propôs R$ 1,09 bilhão para o Programa de Subvenção em 2026. A FPA diz que o mínimo seria R$ 3 bilhões. Entre déficit fiscal e cofres apertados, a briga promete. O agro pressiona, o Tesouro reclama e o Senado empurra.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Procura-se investidor!

Foto: Victor Moriyama/ Bloomberg

A Raízen anda precisando de combustível extra e pode buscar no Japão o que falta no caixa. Fontes de mercado apontam que a Mitsubishi negocia uma entrada na companhia ao lado de Cosan e Shell, num aporte estimado em R$ 10 bilhões. O alvo é reduzir a dívida que já passa dos R$ 49 bilhões e colocar a casa em ordem.

O grupo vai receber propostas até outubro, e a Mitsubishi não estaria sozinha. Outro gigante japonês, a Mitsui, também aparece no radar. A Cosan confirma que conversa com potenciais investidores, mas desconversa sobre valores. No mercado, a leitura é clara: não existe fatia definida, existe tamanho de cheque.

Enquanto isso, a Raízen tenta segurar a chama. A empresa fechou o trimestre com prejuízo de R$ 1,8 bilhão e acumula queda de 60% em suas ações em um ano, evaporando R$ 20 bilhões em valor de mercado. Vendeu usinas, trocou CEO e reviu portfólio. Agora, torce para que o próximo litro de energia venha mesmo do bolso estrangeiro.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Tá na hora de treinar sua mira geográfica no Tradle. O jogo funciona como o Wordle, mas em vez de palavras você precisa adivinhar o país só pelas estatísticas de comércio exterior. É tipo acertar quem compra mais soja do Brasil, só que sem apelar pro Google.

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VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Gergelim

Pergunta de hoje: Qual fruta originária da Amazônia é chamada de “pão do pobre” por ser altamente calórica e nutritiva?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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