
APRESENTADO POR

Bom dia!
O caos em vários mercados, gerado pelo tarifaço do Trump, continua dando o que falar. Agora, abriu espaço pra Colômbia importar seis vezes mais café brasileiro, e o México também entrou na onda. No boi, as nossas exportações começaram setembro em ritmo de recorde. Já no Ceará, frutas que iriam pro lixo agora viram energia, e a Embrapa mostrou como satélites ajudam a prever safra de cana e soja.
Também tem:
• Petrobras ensaiando volta ao mercado de etanol com FS e Inpasa
• Governo lançando primeira fase do Caminho Verde Brasil pra recuperar pastagens
• Senado liberando investimento em ferrovias sem licença prévia
• Piracanjuba levando multa de quase R$ 700 mil por rótulos confusos
Tudo que tá rolando, de um jeito que você entende.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Enquanto o Santander manteve recomendação neutra pras ações da Marfrig após a fusão com a BRF, o Goldman Sachs foi mais ousado: sugeriu compra e projetou preço alvo de R$ 26,50. A nova gigante MBRF estreia na B3 no fim de setembro.
DE OLHO NO PORTO
Xícara terceirizada

Foto: AgFeed
O tarifaço de Trump embaralhou o jogo no mercado do café, e a Colômbia saiu na vantagem. Enquanto os embarques do Brasil pros Estados Unidos levaram uma taxa de 50%, os cafeteros ficaram com tarifa de só 10%, e aproveitaram o vácuo. De quebra, exportaram US$ 5,4 bilhões em 12 meses, recorde histórico pro país.
Mas a história fica ainda mais curiosa. Em agosto, os colombianos compraram quase seis vezes mais café brasileiro do que no mesmo mês do ano passado, saltando de 16,6 mil pra 112 mil sacas. O México também entrou na dança e dobrou as compras, chegando a 251 mil sacas. A jogada dos muchachos e cafeteros é bem manjada. Eles mandam toda a produção pros americanos e importam do Brasil pra não deixar a xícara doméstica vazia.
O preferido deles tá sendo o conilon, grão que é indispensável pra fazer café solúvel e expresso encorpado. Só no mês passado, foram 77 mil sacas pro mercado colombiano e 198 mil pro mexicano. Oficialmente, não pode rolar triangulação direta pros EUA, mas se esses grãos forem industrializados por lá e depois cruzarem a fronteira, tá tudo dentro da regra. Em português claro, tão jogando com o regulamento embaixo do braço.
O conilon virou estrela por aqui também. Produzir uma saca custa cerca de R$ 550, mas ela tá saindo por R$ 1350. Margem gorda que anima os produtores e faz da variedade a queridinha do momento.
E os preços seguem subindo forte. Em agosto, o arábica disparou 40% em Nova York, o conilon 50% em Londres, enquanto aqui dentro as altas chegaram a 26,5% e 33,4%. Com estoques globais em apenas 30 milhões de sacas, bem abaixo do ideal de 50 milhões, o café virou artigo de luxo lá fora.
Num panorama mais geral, o Brasil viu suas exportações recuarem 17,5% em agosto, pra 3,14 milhões de sacas. Só que o caixa ficou mais recheado: a receita cresceu 12,7%, passando de US$ 1,1 bilhão, graças às cotações em disparada. É o clássico caso de vender menos, mas faturar mais.
SAFRA DE CIFRAS
Carne beeeeem gorda

Gif: Giphy
Setembro mal começou e a carne bovina brasileira já tá voando baixo. Em cinco dias úteis, saíram 78,3 mil toneladas pelos portos, média diária 31% maior que no ano passado. O caixa engordou junto: US$ 435 milhões faturados, 61% a mais. Até o preço médio subiu 23%, pra US$ 5.555 por tonelada.
A Abiec projeta que 2025 feche com 3,3 milhões de toneladas exportadas, alta de 12% sobre 2024, e receita de US$ 14,5 bilhões. Nem o tarifaço de 50% dos EUA segurou a boiada: o setor já redireciona cargas pra Ásia e África e ainda mira mercados como Japão e Turquia.
Dentro de casa, o consumo também cresce. O brasileiro deve encerrar o ano comendo mais de 30 quilos de carne bovina per capita, Haja fome, viu?
RADAR DO AGRO
Milho dispara, algodão atrasa e café amarga queda nas vendas

Foto: Adobe Stock
A safrinha de milho tá quase cruzando a linha de chegada: 98,3% da área já foi colhida, segundo a Conab. O ritmo supera a média dos últimos cinco anos, mas ainda fica um pouco atrás de 2024, quando os campos já estavam limpos nessa altura do campeonato.
Enquanto o milho corre pro fim, o algodão ainda tá embolado no caminho. A colheita chegou a 86,9% da área, mas isso representa atraso de 8,7 pontos em relação ao ano passado. O trigo, por sua vez, mal começou. Só 11,1% da área foi colhida até agora, contra 14,6% no mesmo período do ano passado.
E falando em produtividade, tem número curioso fora da porteira também: 69% dos cafezais brasileiros têm acesso à internet 4G ou 5G. Minas Gerais, maior produtor do país, tem 67,8% de conexão, enquanto outros estados chegam a até 82% das propriedades.
PAUTA VERDE
Do lixo ao lucro

Foto: Embrapa
Na Ceasa do Ceará, até 25 toneladas de frutas e verduras vão pro lixo todo mês. Só pra descartar isso tudo, a conta passa de R$ 230 mil, maior prejú. De olho nesse B.O., a Embrapa e a UFC (Universidade Federal do Ceará) decidiram mudar esse roteiro e criaram um sistema que transforma esse lixo em biogás e fertilizante.
O truque é separar o resíduo em duas partes. A líquida vai pra reatores que tiram metano com eficiência alta, e a sólida pode ser usada na compostagem ou na metanização seca. O resultado é energia suficiente pra bancar todo o consumo da Ceasa nos horários de pico, e ainda 20% fora deles.
Se sobrar gás, ele pode ser tratado e vendido como biometano. Além de reduzir emissões e custos, a jogada abre caminho pra novas receitas. E, se der certo no Ceará, pode se espalhar pelas 57 Ceasas do Brasil, que perdem juntas 10,9 milhões de toneladas de alimentos por ano.
Na Ceagesp, maior central do país, a montanha de desperdício chega a 180 toneladas por dia. Imagina o que não daria de energia limpa e fertilizante se tudo isso fosse aproveitado.
MENTES QUE GERMINAM
Mãe Dináh das lavouras

Foto: Geraldo Magela/Embrapa
A Embrapa mostrou que dá pra prever safra sem bola de cristal. Com imagens da PlanetScope acessadas pelo Programa Brasil Mais, cruzadas com dados de campo e estatística, a equipe conseguiu estimar a produtividade da cana com 89% de precisão. A soja entrou no teste e bateu 71% de correlação entre o previsto e o real.
O pulo do gato tá no monitoramento diário, que mostra o momento exato em que a planta dá sinais sobre o futuro da colheita. Isso gera estimativas por talhão que podem ajudar produtor a organizar colheita, indústria a antecipar contrato e governo a prever safra. Em resumo, mais planejamento e menos chute.
O estudo, feito com a Coplacana e financiado pela Finep, acompanhou duas safras em três anos. Na cana, o acerto foi maior porque o dossel da planta conversa direto com a produtividade. Na soja, como o jogo é no grão, a relação é mais complicada, mas ainda assim os números animaram, e até serviram pra validar o bioestimulante Hydratus.
Agora os pesquisadores querem afiar ainda mais a ferramenta. Vão entrar nesse bolo variáveis como temperatura, textura do solo e água disponível, tudo pra deixar a conta mais certeira. Por enquanto, a estatística clássica ainda leva vantagem sobre o aprendizado de máquina, que precisa de milhares de amostras a mais pra realmente decolar.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Petrobras ensaia volta ao jogo do etanol

Foto: Francesca Gennari/Bloomberg
A Petrobras tá se mexendo pra não ficar pra trás na transição energética. A estatal negocia parcerias com FS e Inpasa, gigantes do etanol de milho na América Latina, pra voltar ao setor que tinha deixado de lado, segundo informações da Bloomberg. A ideia é formar joint-ventures onde a Petrobras teria participação minoritária, até 49%, e bater o martelo até o fim do ano.
O plano de Magda Chambriard é claro: etanol não é só rival da gasolina, mas também insumo pro combustível de aviação sustentável, peça-chave da descarbonização. Por isso, a petroleira reservou US$ 2,2 bilhões pro setor no último plano de negócios e deve manter a aposta na próxima estratégia.
Se der certo, a estatal volta a um mercado que hoje gira forte em torno do milho, com FS e Inpasa liderando a produção, enquanto o etanol de cana perdeu fôlego. A volta pode vir em dose dupla: uma parceria só ou mais de uma, já que a Petrobras também conversa com outros grupos. O certo é que a petroleira não quer deixar o copo de etanol esvaziar.
PLANTÃO RURAL
Pastagem bilionária. O governo anunciou que a primeira fase do Caminho Verde Brasil vai recuperar até 3 milhões de hectares de pastagens degradadas, turbinada por R$ 30,2 bilhões do Eco Invest. A meta é chegar a 40 milhões de hectares em dez anos.
Lavoro respira. A Lavoro conseguiu apoio da maioria dos credores ao seu plano de recuperação extrajudicial de R$ 2,5 bilhões. A ideia é alongar dívidas em até cinco anos, garantindo fôlego pra manter o abastecimento de insumos.
Trilhos liberados. O Senado aprovou proposta que destrava investimentos em ferrovias ao derrubar exigência de licença ambiental prévia pra projetos prioritários. A medida deve facilitar a emissão de debêntures e acelerar a expansão da malha ferroviária.
Do frio ao forno. O Brasil amanhece nesta quarta com cara de geladeira no Sul, onde geadas derrubam termômetros a 3 °C, e de estufa no Centro-Oeste, com máximas batendo 40 °C em Cuiabá. O Inmet segue em alerta pra baixa umidade e risco de incêndios, especialmente nas regiões centrais do país.
Multa salgada. A Piracanjuba levou multa de quase R$ 700 mil em Minas por rótulos parecidos entre leite integral e composto lácteo. O Procon entendeu que a confusão podia induzir o consumidor ao erro. A empresa nega irregularidade, mas agora precisa engolir a bronca e o prejuízo.
SE DIVERTE AÍ
Vamo dar uma pausa no meio de tantas notícias e testar um pouco do seu conhecimento de bandeiras? O desafio do Flagle é simples: adivinhar o país só pela bandeira e dicas de proximidade no mapa. Parece mole, mas vai ver como é fácil se perder no meio do globo.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Teff
Pergunta de hoje: Qual fruta amazônica, conhecida pelo sabor exótico e aroma forte, já foi chamada de “carne vegetal” por exploradores europeus?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
