APRESENTADO POR

Bom dia!

A Operação Carbono Oculto revelou como o PCC montou um império bilionário no setor de combustíveis, com usinas, fazendas e mais de mil postos na jogada. Enquanto isso, o governo já admite mexer no Plano Clima e em Santa Catarina o Startup Summit destacou as 10 startups mais promissoras do Brasil.

Também tem:
• Rússia e China tentando reaquecer comércio após queda de 8%
• Grupo Safras Evolução em recuperação judicial de R$ 140 milhões
• Preços de hospedagem para a COP30 começam a ceder em Belém

Tudo que você precisa saber pra começar o dia.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$118,60 -25,86%
Algodão (Centavos R$/LP) 390,22 -7,07%
Arroz (Saca 50kg) R$67,32 -32,10%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$311,40 -3,16%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.301,68 2,67%
Etanol anidro (Litro) R$3,0848 1,68%
Milho (Saca 60kg) R$64,26 -11,90%
Soja (Saca 60kg) R$139,66 0,53%
Trigo (Tonelada) R$1.408,30 1,07%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

ASSUNTO DE GABINETE

O PCC botou a mão no agro

Fonte: Governo de SP/Divulgação

O crime organizado resolveu diversificar os negócios. Se antes a facção se contentava com postos de esquina e carga roubada, agora o jogo é outro: usina, fazenda e até fundo de investimento. A Operação Carbono Oculto revelou que quatro usinas de álcool em São Paulo já estavam na mão do PCC, duas quase entrando no pacote, mais seis fazendas avaliadas em R$ 31 milhões e uma frota de 1,6 mil caminhões abastecendo o esquema de combustível adulterado.

No centro desse B.O. tá o empresário Mohamad Hussein Mourad, acusado de ligação direta com a facção. Ele aproveitou a quebra de usinas como Itajobi e Carolo para comprar barato e transformar em lavanderia de dinheiro. Tudo com a ajuda de fundos e fiagros que escondiam patrimônio em camadas e mais camadas, enquanto contratos de cana com os números lá no teto davam a aparência de “negócio normal”.

O resultado desse rolê todo é uma economia paralela de escala bilionária. Só entre 2020 e 2024, a quadrilha movimentou R$ 52 bilhões e deixou um rombo de R$ 7,6 bilhões nos cofres públicos. Uma fintech sozinha girou R$ 46 bilhões no período, misturando depósitos em espécie e transferências maquiadas.

Uma das partes mais fortes do esquema era a adulteração dos combustíveis em postos controlados pelo PCC. Quem abastecia por lá recebia até 90% de metanol no tanque, contra o limite da lei de 0,5% — a fraude foi detectada em mais de 300 postos de combustível espalhados pelo país. Mas a coisa é bem mais pesada: o esquema foi descoberto depois que produtores e empresários denunciaram a promotores que foram coagidos e ameaçados a vender suas propriedades pro crime organizado.

Enquanto isso, no Congresso, as frentes do agro correm pra aprovar pacotes que elevam multas de fraudadores para até R$ 500 milhões, dão mais poder à ANP pra cruzar dados e enquadram os famosos devedores contumazes. Do lado empresarial, Unica, Sindicom e Bioenergia Brasil bateram continência: apoio total à operação e recado claro, no agro tem espaço pra produtor, não pra facção.

  • Além disso: A PF deflagrou as operações Quasar e Tank contra grupos criminosos do setor de combustíveis. Foram bloqueados mais de R$ 1 bilhão em bens e valores. O esquema incluía lavagem de dinheiro, fraudes fiscais e adulteração em pelo menos 46 postos de Curitiba.

RADAR DO AGRO

Pra comemorar o dia da avicultura: frango brasileiro já rendeu US$ 5,47 bilhões em 2025

Foto: Beatriz Batalha / Mapa

O Porto de Vila do Conde, no Pará, virou protagonista no primeiro semestre de 2025: foram 9,5 milhões de toneladas movimentadas, sendo 7,7 milhões só de soja. O restante entrou como coadjuvante de luxo.

Na avicultura, o voo é alto. De janeiro a julho, o Brasil já exportou 2,9 milhões de toneladas de carne e miudezas de frango, faturando US$ 5,47 bilhões. Até os ovos entraram na conta, com mais US$ 123,7 milhões. E a Conab prevê recorde: 15,48 milhões de toneladas de carne de frango em 2025, 1,5% acima do que no ano passado.

QUAL A BOA?

Mulheres do agro tomam conta de Ribeirão

Foto: Faesp/Divulgação

Ribeirão Preto recebe hoje o 3º Encontro Estadual de Mulheres do Agro, com a expectativa de juntar mais de 3 mil produtoras rurais num só lugar. A programação vai do café de boas-vindas ao som de violeiros até rodas de conversa sobre liderança, inovação e como dar aquele gás no empreendedorismo feminino.

A Faesp e o Sebrae comandam a festa, e não fica só no banner e no panfleto: vai ter orientação prática sobre crédito, planejamento e projetos, tudo no embalo do Sebrae Delas. É uma grande chance de trocar experiência, fortalecer conexões e mostrar que a produção rural paulista tem cada vez mais rosto de mulher.

Pra Juliana Farah, da Comissão Semeadoras do Agro, o encontro é vitrine pra políticas públicas, inspiração pra novas líderes e recado direto: o futuro do campo é inclusivo, competitivo e tem muita saia levantando poeira.

CAMPO ATUALIZADO

SP ganha corredor de inovação agro

Foto: Saulo Coelho/Embrapa

Ontem, em Campinas, a Embrapa Agricultura Digital, a Apta e o Pecege oficializaram o Corredor de Inovação Agropecuária de São Paulo, uma aliança que promete ligar ciência, startups e produtores em cinco regiões-chave: Ribeirão Preto, São Carlos, Piracicaba, Campinas e São José dos Campos.

O projeto existe desde 2021, mas só agora ganhou cara oficial. Com a assinatura, entram em cena uma governança estruturada, um conselho diretor e um plano de receitas. Nada de verba pública nesse começo: o acordo vale por três anos e deve atrair parceiros como o Sebrae-SP e parques tecnológicos do estado.

São Paulo já concentra 860 agtechs, mais de 40% do total nacional, e boa parte delas está dentro do território do Corredor. A proposta é transformar esse mapa em um fluxo de inovação que leve a pesquisa direto para o campo e crie conexões de impacto no agro brasileiro. Para Ana Euler, da Embrapa, o objetivo é que o Corredor paulista se conecte a outras iniciativas no país e ajude a formar uma rede nacional de inovação.

COMO TÁ LÁ FORA?

Quanto tempo os EUA aguentam sem o café do Brasil?

Foto: CNA/Flickr

Desde 6 de agosto, o café brasileiro e passou a pagar 50% a mais para entrar nos EUA, nosso maior cliente. O impacto foi imediato: contratos travados, embarques parados e americanos queimando estoque. Até outubro ainda tá chegando os cafés embarcados antes da taxa, mas depois disso os estoques duram só de 30 a 40 dias.

O problema é que substituir o Brasil não é receita fácil. Só para os americanos exportamos 8 milhões de sacas por ano, volume que Colômbia, Vietnã ou Honduras não conseguem repor de imediato. Além da quantidade, o blend brasileiro é peça-chave para a indústria de torrefação. Por enquanto, a conta ficou com as empresas, que absorveram o custo sem repassar ao consumidor.

No médio prazo, a tendência é de reorganização no comércio global. Se os EUA passarem a comprar de outros fornecedores, o café brasileiro vai achar espaço em mercados que eles deixarem para trás, especialmente na Europa. Como disse Fernando Maximiliano, da StoneX, em entrevista ao Notícias Agrícolas, o americano não vai ficar sem café, mas a xícara deles pode vir de outro lugar enquanto a nossa encontra novos destinos.

NA CANETADA

Plano Clima na berlinda: governo admite falhas e agro reage

Foto: Adobe Stock

O governo reconheceu que o Plano Clima de mitigação saiu com arestas pra aparar. A consulta pública já recebeu 2 mil sugestões, muitas do agro, que acusa o texto de jogar peso demais no setor ao somar desmatamento às emissões da produção. Até mesmo a Casa Civil admitiu que a conta pode arranhar a imagem da agropecuária.

O problema é que os cálculos também não fazem jus ao outro lado da balança. Enquanto o plano aponta 643 milhões de toneladas de CO₂ equivalente em emissões, só considera 63 milhões de toneladas removidas com práticas como recuperação de pastagens e reflorestamento. O próprio Ministério do Meio Ambiente reconheceu que a metodologia está defasada e precisa ser revisada.

Outro ponto polêmico é a meta de zerar o desmatamento legal até 2030, algo visto pela bancada ruralista como “autossabotagem”. A senadora Tereza Cristina questionou o que será oferecido ao produtor que poderia desmatar por direito. O MMA promete incentivos, como mercado de carbono regulado, redução de juros no crédito rural e um fundo internacional que deve ser levado à COP 30.

PLANTÃO RURAL

  • Startups brilhando. O Startup Summit 2025 agita Florianópolis com mais de 3,3 mil inscrições e revela as 10 startups mais promissoras do país. Além de disputar o prêmio nacional, todas já carimbaram vaga no Web Summit Lisboa 2025, uma das maiores conferências globais de tecnologia.

  • Rússia sem fôlego. O comércio entre Rússia e China caiu 8,1% de janeiro a julho, após recorde de US$ 245 bilhões em 2024. Putin corre para reverter a queda em encontro com Xi Jinping, apostando em energia e agro antes da cúpula da Organização de Cooperação de Xangai.

  • Acordo Brasil-México. Os dois países firmaram parcerias para ampliar a cooperação em biocombustíveis e investimentos. O pacote inclui intercâmbio tecnológico no etanol, desenvolvimento de combustíveis sustentáveis para aviação e aproximação comercial via Apex.

  • Vacina barrada. O Mapa suspendeu todas as partidas da vacina Excell 10, após mortes de bovinos, caprinos e ovinos. A medida é cautelar até a conclusão das investigações. A fabricante Dechra colabora com o governo, mas ainda não confirmou a causa exata dos efeitos adversos.

  • Safras em recuperação. O Grupo Safras Evolução teve a recuperação judicial aprovada pela Justiça do Maranhão para renegociar R$ 140 milhões em dívidas. Presente em quatro estados, o grupo sofreu com queda das commodities, quebras de safra e contratos rompidos. Agora terá 60 dias para apresentar plano aos credores.

  • Belém mais barata. Os preços de hospedagem para a COP30 já caíram até 22% após força-tarefa do governo. No auge, as tarifas estavam 15 vezes acima do normal, o que quase gerou boicote de países emergente. A conferência será em novembro, em Belém.

  • Dividendo da Mosaic. A Mosaic aprovou dividendos trimestrais de US$ 0,22 por ação, com pagamento em 18 de setembro para acionistas registrados até 8 de setembro. A decisão reforça a confiança da empresa de fertilizantes na geração de valor ao investidor.

SE DIVERTE AÍ

Se a sua cabeça já ferveu com PCC no etanol e Plano Clima dando mais polêmica, dá um reset jogando o Termo, a versão brasileira do Wordle. Todo dia tem uma palavrinha nova pra quebrar a cuca.

👉 Jogue aqui: term.ooo

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Caju

Pergunta de hoje: Qual tempero, usado desde o Império Romano, já foi tão valioso que servia como forma de pagamento?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

Keep Reading

No posts found