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Enquanto o boi brasileiro ganha crachá ambiental pra exportar com orgulho e o etanol de milho promete empatar com a cana, mulheres seguem na tentativa de abrir espaço nas decisões e a pesquisa agro floresce na base, com jovens cientistas de jaleco sujo e ideia limpa.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
COLHENDO CAPITAL
Churrasco premium

Foto: Divulgação
O boi brasileiro tá tirando seu passaporte verde. O Imaflora lançou o Beef on Track, um selo que promete mostrar pro mundo que o boi daqui anda na linha e colocar o Brasil na vitrine global da sustentabilidade. Esse movimento tá rolando de olho em quem mais compra da gente, a China, que agora quer carne sem pegada ambiental, sem desmatamento e já deixou avisado que quer saber de onde vem cada filé.
O selo não vai atrás do produtor, mas dos frigoríficos, que vão ser auditados todo ano. Se tiverem 95% de conformidade ambiental, ganham o crachá verde e podem vender como carne limpa. O bom é que o sistema aproveita os protocolos já existentes, como o Boi na Linha, então não pesa no bolso nem na paciência de ninguém. Nada de papelada nova, burocracia chata ou custo extra, só precisa provar que o boi não pastou onde não devia.
A jogada também é estratégica. Pesquisas mostram que os chineses topam pagar até 22% a mais por carne sem desmatamento, e a Tianjin Meat Association já prometeu comprar 50 mil toneladas com o selo até o meio de 2026. No Pará, o governo tá na mesma trilha: implantou a rastreabilidade individual, o famoso CPF do boi, pra separar quem produz legal de quem ainda brinca de esconder boi em área embargada.
Mas o caminho verde não é só flores, e nem pasto. Adotar boas práticas ainda pesa no bolso do pequeno produtor, e muita gente depende de apoio técnico e crédito pra se adequar. Ferramentas gratuitas, como o Selo Verde da UFMG, ajudam a provar que tá tudo nos conformes sem burocracia, mas escalar isso pra milhões de fazendas ainda é um grande desafio.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Elas mandam bem, mas ainda não mandam

GIF: Giphy/O diabo veste prada
O campo tá cheio de mulher talentosa, mas os cargos de chefia ainda ficam na mão do clube do bolinha. Uma pesquisa da Quiddity em parceria com a Bayer mostrou que 60% das mulheres do agro acabam ficando limitadas em áreas de marketing e suporte, enquanto só 6% tão em posições de liderança. É plantar talento e dedicação pra colher apenas invisibilidade.
Mas o vento tá querendo virar. Quase 80% das entrevistadas disseram que o primeiro passo é dar visibilidade pras mulheres que já tão fazendo o trampo pesado e 69% querem mais mulheres liderando grupos, empresas e associações. E faz sentido, quando uma puxa o bonde, as outras vêm junto. Se depender da próxima geração, o campo vai ter mais salto do que botina na sala de reunião.
A Bayer, que já tem 34% de mulheres na divisão agro e promete chegar a 50% até 2030, vai aproveitar o Congresso Nacional das Mulheres do Agro pra entregar o Prêmio Mulheres do Agro, que bateu recorde de inscrições.
O AGRO EM NÚMEROS
Cana desacelera, milho dispara e Embrapa ganha reforço

Foto: Wenderson Araújo/CNA
O campo tá correndo mais rápido do que o Usain Bolt nas Olímpiadas. No Paraná, o milho de verão já tá plantado em 94% das lavouras, quase tudo em boas condições. A soja vem logo atrás, com 52% da área plantada e fôlego renovado depois das chuvas. E o trigo tá naquele sprint final: 77% colhidos e desempenho dentro do esperado, apesar da umidade atrapalhar o ritmo das colheitadeiras.
Enquanto o Sul acelera no plantio, o Centro-Sul breca com a cana. O Datagro tá estimando uma queda de 2,3% na moagem da safra atual, mas já projeta uma recuperação de 4% em 2026/27, com 625 milhões de toneladas de cana processadas e 43 milhões de toneladas de açúcar saindo das usinas. Tá ruim, mas deve melhorar.
Enquanto uns correm no campo, outros correm pra conseguir financiamento. A Embrapa recebeu um reforço de R$ 2,5 milhões em crédito extraordinário pra pesquisa e transferência de tecnologia. É pouco pra quem tem quase R$ 50 milhões bloqueados por conta de restrições orçamentárias do governo, mas ainda assim é um empurrãozinho que ajuda a não deixar a ciência faltar no campo.
PAUTA VERDE
Algodão brasileiro faz bonito na passarela

Foto: Vitória Rosendo
O agro deu um show de estilo na São Paulo Fashion Week, no último fim de semana. O movimento Sou de Algodão organizou um desfile digno de marca de grife, com o objetivo de trazer uma conexão entre quem planta, quem desenha, quem produz e quem veste o algodão brasileiro. Foram mais de 80 fazendas, seis estilistas, seis indústrias e 844 metros de tecido envolvidos nesse projeto que prova que dá pra ser fashion e sustentável ao mesmo tempo.
A coleção “Trajetórias: O Futuro da Moda” levou pra passarela roupas com GPS, ou certidão de nascimento, já que dá pra rastrear cada fibra, desde o campo até o cabide. A ideia é conectar toda a cadeia produtiva, mostrando que o algodão nacional não é só matéria-prima, é identidade.
O projeto, tocado pela Abrapa desde 2019, já produziu mais de 500 mil peças rastreadas e vai lançar o sistema SOAB pra todo o mercado a partir de janeiro de 2026. Se a moda muda toda hora, a sustentabilidade tem que lutar pra virar tendência permanente. E o algodão brasileiro tá pronto pra continuar desfilando no campo e nas passarelas.
MENTES QUE GERMINAM
Dinheiro pra financiar ciência
O agro tá recrutando cientistas que não têm medo de sujar o jaleco. O programa MindTec Science 2025/26 quer aproximar o campo do laboratório e dar palco pros jovens cientistas que tão pesquisando nutrição vegetal, fisiologia, adjuvantes e biológicos, os principais ingredientes do agro do futuro.
A iniciativa, que veio da Fortgreen e da F1rst Agbiotech, vai premiar projetos originais que juntem, numa coisa só, ciência e produtividade de verdade, sem ser só aquele papinho institucional bonito. Pra conseguir o prêmio, o aluno ou pesquisador apresenta seu trabalho, passa pelo crivo de um comitê técnico e, se for bom mesmo, leva R$ 10 mil no bolso e o orientador leva mais R$ 5 mil. Tudo isso com o melhor objetivo em mente: valorizar quem faz ciência e ajuda a melhorar o setor.
As inscrições tão abertas até 20 de fevereiro de 2026 e são de graça. Os vencedores saem em agosto, num evento que promete juntar a nata da pesquisa agro. Porque, no fim das contas, o agro precisa mesmo é de mais cabeça pensante e menos conversinha bonita em slide colorido.
SAFRA DE CIFRAS
Pode vir quente que o milho tá fervendo
A briga pelo posto de biocombustível número um do Brasil ganhou um novo capítulo. Segundo o Datagro, em menos de dez anos o etanol feito de milho vai empatar com o da cana. A conta feita por eles prevê 25 bilhões de litros do biocombustível de milho até a safra 2034/35, o que é praticamente um empate técnico com a cana, que deve ficar ali na faixa dos 26 bilhões de litros na safra 25/26.
Hoje, o Brasil já tem 25 usinas de milho que tão rodando, 18 em construção e mais 19 no papel, quase saindo. A produção atual gira em torno de 10 bilhões de litros, mas deve dobrar até o fim dessa década. E tem motivo: o litro do etanol de milho sai entre R$ 2,02 e R$ 2,30, bem abaixo dos R$ 2,86 da cana. Com a expansão pro Nordeste, o etanol de milho deve reduzir o vaivém de caminhões e deixar o combustível mais perto de quem consome.
PLANTÃO RURAL
Crédito rural finalmente liberado? Depois de dias de pane no sistema, o Banco Central avisou que o Sicor, o sistema que registra financiamentos agrícolas, voltou a funcionar. Agora os bancos já podem rodar as operações da linha de R$ 12 bilhões do BNDES. O Banrisul saiu na frente, mas o BB promete liberar crédito ainda nesta semana.
Georreferenciamento adiado. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, prorrogou por quatro anos o prazo pro georreferenciamento de imóveis rurais. A nova data é outubro de 2029. O governo disse que o custo e a complexidade do processo travaram os produtores, principalmente os pequenos, então o GPS da propriedade ganhou mais tempo pra funcionar.
Visita europeia. O comissário europeu de Agricultura, Christophe Hansen, chega ao Brasil na quinta (23). A missão é discutir temas sanitários e auditorias entre Brasil e União Europeia. Apesar do impasse no acordo Mercosul-UE, o clima é de otimismo, e o Mapa quer aproveitar a COP 30 pra apertar mais mãos.
Florestas respiram, mas com uma tosse chata. Um novo relatório da FAO mostra que o desmatamento global caiu pra 10,9 milhões de hectares por ano, mas ainda tá longe do ideal. O mundo protegeu mais áreas e planeja melhor o manejo, só que 261 milhões de hectares ainda queimam todo ano.
Lista do MMA dá o que falar. A FPA reagiu à lista de espécies invasoras do Ministério do Meio Ambiente, que pode incluir jaca, manga, eucalipto e pínus. Pro setor, é uma piada de mau gosto confundir planta produtiva com invasora. Se essa moda pega, até o cafezal corre o risco de virar contrabando.
Trump quer mais pasto. O governo dos EUA prepara um pacote pra reerguer a pecuária local, que perdeu 150 mil produtores em dez anos. Brooke Rollins, secretária de Agricultura, prometeu abrir novas áreas e facilitar licenças. Trump quer trazer de volta a carne americana.
SE DIVERTE AÍ
Se o Termo te viciou, o Tradle vai te deixar maluco, mas craque em geopolítica e economia. Em vez de adivinhar palavras, a brincadeira é descobrir o país pelo valor e tipo das exportações. Cada tentativa mostra o quanto você chegou perto, e dá pra aprender de quebra como o comércio global funciona, ou perceber que você não faz ideia de quem compra tanto cobre no mundo.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Maracujá
Pergunta de hoje: Qual oleaginosa asiática deu origem ao primeiro óleo vegetal industrializado do mundo?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!



