APRESENTADO POR


Bom dia!

Enquanto o boi brasileiro ganha crachá ambiental pra exportar com orgulho e o etanol de milho promete empatar com a cana, mulheres seguem na tentativa de abrir espaço nas decisões e a pesquisa agro floresce na base, com jovens cientistas de jaleco sujo e ideia limpa.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$113,55 -29,01%
Algodão (Centavos R$/LP) 350,63 -16,50%
Arroz (Saca 50kg) R$57,44 -42,06%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$310,90 -3,31%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.300,49 2,61%
Etanol anidro (Litro) R$3,1079 2,44%
Milho (Saca 60kg) R$65,61 -10,05%
Soja (Saca 60kg) R$138,27 -0,48%
Trigo (Tonelada) R$1.201,30 -13,78%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

COLHENDO CAPITAL

Churrasco premium

Foto: Divulgação

O boi brasileiro tá tirando seu passaporte verde. O Imaflora lançou o Beef on Track, um selo que promete mostrar pro mundo que o boi daqui anda na linha e colocar o Brasil na vitrine global da sustentabilidade. Esse movimento tá rolando de olho em quem mais compra da gente, a China, que agora quer carne sem pegada ambiental, sem desmatamento e já deixou avisado que quer saber de onde vem cada filé.

O selo não vai atrás do produtor, mas dos frigoríficos, que vão ser auditados todo ano. Se tiverem 95% de conformidade ambiental, ganham o crachá verde e podem vender como carne limpa. O bom é que o sistema aproveita os protocolos já existentes, como o Boi na Linha, então não pesa no bolso nem na paciência de ninguém. Nada de papelada nova, burocracia chata ou custo extra, só precisa provar que o boi não pastou onde não devia.

A jogada também é estratégica. Pesquisas mostram que os chineses topam pagar até 22% a mais por carne sem desmatamento, e a Tianjin Meat Association já prometeu comprar 50 mil toneladas com o selo até o meio de 2026. No Pará, o governo tá na mesma trilha: implantou a rastreabilidade individual, o famoso CPF do boi, pra separar quem produz legal de quem ainda brinca de esconder boi em área embargada.

Mas o caminho verde não é só flores, e nem pasto. Adotar boas práticas ainda pesa no bolso do pequeno produtor, e muita gente depende de apoio técnico e crédito pra se adequar. Ferramentas gratuitas, como o Selo Verde da UFMG, ajudam a provar que tá tudo nos conformes sem burocracia, mas escalar isso pra milhões de fazendas ainda é um grande desafio.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Elas mandam bem, mas ainda não mandam

GIF: Giphy/O diabo veste prada

O campo tá cheio de mulher talentosa, mas os cargos de chefia ainda ficam na mão do clube do bolinha. Uma pesquisa da Quiddity em parceria com a Bayer mostrou que 60% das mulheres do agro acabam ficando limitadas em áreas de marketing e suporte, enquanto só 6% tão em posições de liderança. É plantar talento e dedicação pra colher apenas invisibilidade.

Mas o vento tá querendo virar. Quase 80% das entrevistadas disseram que o primeiro passo é dar visibilidade pras mulheres que já tão fazendo o trampo pesado e 69% querem mais mulheres liderando grupos, empresas e associações. E faz sentido, quando uma puxa o bonde, as outras vêm junto. Se depender da próxima geração, o campo vai ter mais salto do que botina na sala de reunião.

A Bayer, que já tem 34% de mulheres na divisão agro e promete chegar a 50% até 2030, vai aproveitar o Congresso Nacional das Mulheres do Agro pra entregar o Prêmio Mulheres do Agro, que bateu recorde de inscrições.

O AGRO EM NÚMEROS

Cana desacelera, milho dispara e Embrapa ganha reforço

Foto: Wenderson Araújo/CNA

O campo tá correndo mais rápido do que o Usain Bolt nas Olímpiadas. No Paraná, o milho de verão já tá plantado em 94% das lavouras, quase tudo em boas condições. A soja vem logo atrás, com 52% da área plantada e fôlego renovado depois das chuvas. E o trigo tá naquele sprint final: 77% colhidos e desempenho dentro do esperado, apesar da umidade atrapalhar o ritmo das colheitadeiras.

Enquanto o Sul acelera no plantio, o Centro-Sul breca com a cana. O Datagro tá estimando uma queda de 2,3% na moagem da safra atual, mas já projeta uma recuperação de 4% em 2026/27, com 625 milhões de toneladas de cana processadas e 43 milhões de toneladas de açúcar saindo das usinas. Tá ruim, mas deve melhorar.

Enquanto uns correm no campo, outros correm pra conseguir financiamento. A Embrapa recebeu um reforço de R$ 2,5 milhões em crédito extraordinário pra pesquisa e transferência de tecnologia. É pouco pra quem tem quase R$ 50 milhões bloqueados por conta de restrições orçamentárias do governo, mas ainda assim é um empurrãozinho que ajuda a não deixar a ciência faltar no campo.

PAUTA VERDE

Algodão brasileiro faz bonito na passarela

Foto: Vitória Rosendo

O agro deu um show de estilo na São Paulo Fashion Week, no último fim de semana. O movimento Sou de Algodão organizou um desfile digno de marca de grife, com o objetivo de trazer uma conexão entre quem planta, quem desenha, quem produz e quem veste o algodão brasileiro. Foram mais de 80 fazendas, seis estilistas, seis indústrias e 844 metros de tecido envolvidos nesse projeto que prova que dá pra ser fashion e sustentável ao mesmo tempo.

A coleção “Trajetórias: O Futuro da Moda” levou pra passarela roupas com GPS, ou certidão de nascimento, já que dá pra rastrear cada fibra, desde o campo até o cabide. A ideia é conectar toda a cadeia produtiva, mostrando que o algodão nacional não é só matéria-prima, é identidade.

O projeto, tocado pela Abrapa desde 2019, já produziu mais de 500 mil peças rastreadas e vai lançar o sistema SOAB pra todo o mercado a partir de janeiro de 2026. Se a moda muda toda hora, a sustentabilidade tem que lutar pra virar tendência permanente. E o algodão brasileiro tá pronto pra continuar desfilando no campo e nas passarelas.

MENTES QUE GERMINAM

Dinheiro pra financiar ciência

O agro tá recrutando cientistas que não têm medo de sujar o jaleco. O programa MindTec Science 2025/26 quer aproximar o campo do laboratório e dar palco pros jovens cientistas que tão pesquisando nutrição vegetal, fisiologia, adjuvantes e biológicos, os principais ingredientes do agro do futuro.

A iniciativa, que veio da Fortgreen e da F1rst Agbiotech, vai premiar projetos originais que juntem, numa coisa só, ciência e produtividade de verdade, sem ser só aquele papinho institucional bonito. Pra conseguir o prêmio, o aluno ou pesquisador apresenta seu trabalho, passa pelo crivo de um comitê técnico e, se for bom mesmo, leva R$ 10 mil no bolso e o orientador leva mais R$ 5 mil. Tudo isso com o melhor objetivo em mente: valorizar quem faz ciência e ajuda a melhorar o setor.

As inscrições tão abertas até 20 de fevereiro de 2026 e são de graça. Os vencedores saem em agosto, num evento que promete juntar a nata da pesquisa agro. Porque, no fim das contas, o agro precisa mesmo é de mais cabeça pensante e menos conversinha bonita em slide colorido.

SAFRA DE CIFRAS

Pode vir quente que o milho tá fervendo

A briga pelo posto de biocombustível número um do Brasil ganhou um novo capítulo. Segundo o Datagro, em menos de dez anos o etanol feito de milho vai empatar com o da cana. A conta feita por eles prevê 25 bilhões de litros do biocombustível de milho até a safra 2034/35, o que é praticamente um empate técnico com a cana, que deve ficar ali na faixa dos 26 bilhões de litros na safra 25/26.

Hoje, o Brasil já tem 25 usinas de milho que tão rodando, 18 em construção e mais 19 no papel, quase saindo. A produção atual gira em torno de 10 bilhões de litros, mas deve dobrar até o fim dessa década. E tem motivo: o litro do etanol de milho sai entre R$ 2,02 e R$ 2,30, bem abaixo dos R$ 2,86 da cana. Com a expansão pro Nordeste, o etanol de milho deve reduzir o vaivém de caminhões e deixar o combustível mais perto de quem consome.

PLANTÃO RURAL

  • Crédito rural finalmente liberado? Depois de dias de pane no sistema, o Banco Central avisou que o Sicor, o sistema que registra financiamentos agrícolas, voltou a funcionar. Agora os bancos já podem rodar as operações da linha de R$ 12 bilhões do BNDES. O Banrisul saiu na frente, mas o BB promete liberar crédito ainda nesta semana.

  • Georreferenciamento adiado. O vice-presidente, Geraldo Alckmin, prorrogou por quatro anos o prazo pro georreferenciamento de imóveis rurais. A nova data é outubro de 2029. O governo disse que o custo e a complexidade do processo travaram os produtores, principalmente os pequenos, então o GPS da propriedade ganhou mais tempo pra funcionar.

  • Visita europeia. O comissário europeu de Agricultura, Christophe Hansen, chega ao Brasil na quinta (23). A missão é discutir temas sanitários e auditorias entre Brasil e União Europeia. Apesar do impasse no acordo Mercosul-UE, o clima é de otimismo, e o Mapa quer aproveitar a COP 30 pra apertar mais mãos.

  • Florestas respiram, mas com uma tosse chata. Um novo relatório da FAO mostra que o desmatamento global caiu pra 10,9 milhões de hectares por ano, mas ainda tá longe do ideal. O mundo protegeu mais áreas e planeja melhor o manejo, só que 261 milhões de hectares ainda queimam todo ano.

  • Lista do MMA dá o que falar. A FPA reagiu à lista de espécies invasoras do Ministério do Meio Ambiente, que pode incluir jaca, manga, eucalipto e pínus. Pro setor, é uma piada de mau gosto confundir planta produtiva com invasora. Se essa moda pega, até o cafezal corre o risco de virar contrabando.

  • Trump quer mais pasto. O governo dos EUA prepara um pacote pra reerguer a pecuária local, que perdeu 150 mil produtores em dez anos. Brooke Rollins, secretária de Agricultura, prometeu abrir novas áreas e facilitar licenças. Trump quer trazer de volta a carne americana.

SE DIVERTE AÍ

Se o Termo te viciou, o Tradle vai te deixar maluco, mas craque em geopolítica e economia. Em vez de adivinhar palavras, a brincadeira é descobrir o país pelo valor e tipo das exportações. Cada tentativa mostra o quanto você chegou perto, e dá pra aprender de quebra como o comércio global funciona, ou perceber que você não faz ideia de quem compra tanto cobre no mundo.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Maracujá

Pergunta de hoje: Qual oleaginosa asiática deu origem ao primeiro óleo vegetal industrializado do mundo?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

Keep Reading

No posts found