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Bom dia!

Fusões no agro mostram que o setor segue no radar dos investidores, a Tereos testa inovação para reduzir custos e a Coamo aposta alto em um novo porto. Lá fora, os EUA enfrentam a volta de uma velha ameaça sanitária que já deixou o mercado de gado em alerta.

Também tem:
• AgroPatys reunindo 100 pecuaristas em dia de campo no cerrado goiano
• Exportações de soja, milho e farelo perto de recorde histórico em agosto
• BASF e Yara desfazendo projeto de amônia nos EUA
• Lula cutucando Washington e chamando os americanos de imperadores

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$119,04 -25,58%
Algodão (Centavos R$/LP) 391,26 -6,82%
Arroz (Saca 50kg) R$67,40 -32,02%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$310,95 -3,30%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.265,81 1,07%
Etanol anidro (Litro) R$3,0848 1,68%
Milho (Saca 60kg) R$64,34 -11,79%
Soja (Saca 60kg) R$139,65 0,52%
Trigo (Tonelada) R$1.407,72 1,03%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

ASSUNTO DE GABINETE

Soja na Justiça: Moratória respira por aparelhos, Cade e Aprosoja apertam o cerco

Foto: Adobe Stock

A novela da Moratória da Soja ganhou um novo capítulo, e dos bons. A Justiça Federal do DF concedeu liminar que suspende a decisão do Cade de enterrar o pacto ambiental criado para barrar a compra de grãos de áreas desmatadas da Amazônia. A medida foi pedida pela Abiove, que saiu vitoriosa no primeiro round.

O Cade havia determinado que o Grupo da Soja parasse de compartilhar dados, contratar auditorias e divulgar relatórios, sob pena de multa de 250 mil reais por dia. Para a área técnica, a Moratória é um cartel disfarçado. Já a juíza Adverci Abreu entendeu que a pressa poderia gerar estragos econômicos sem julgamento definitivo pelo colegiado.

Do lado dos produtores, a Aprosoja comemorou a ofensiva inicial do Cade e tratou a liminar como um tropeço temporário. Para a entidade, a Moratória é um acordo privado que virou barreira comercial e impede a venda de soja produzida em áreas legais.

A Abiove, por outro lado, sustenta que o despacho do Cade extrapolou limites ao interferir em uma política pública reconhecida até pelo governo federal. Para a indústria, a Moratória é peça-chave para manter credibilidade ambiental no mercado internacional e não pode ser jogada no lixo por decisão monocrática.

No meio do cabo de guerra, a Moratória criada em 2006 e celebrada como freio ao desmate segue de pé, mas cercada. O Cade já avisou que vai recorrer e disse que não liga muito para o lado ambiental do acordo, apenas para o economico. A Aprosoja pressiona pelo fim e a Abiove tenta segurar a corda. O desfecho pode acabar batendo na porta do STF, elevando o embate a outro nível.

RADAR SANITÁRIO

Praga devoradora de gado aparece em humano e assusta os EUA

Foto: AP/USDA Agricultural Research Service

O terror das fazendas de gado voltou a dar sinal de vida. Os EUA confirmaram um caso humano de bicheira-do-Novo Mundo em Maryland, trazido de uma viagem a El Salvador. O paciente já se recuperou, mas a notícia bastou para derrubar contratos futuros do boi gordo em Chicago.

A praga devoradora de gado, como é conhecida informalmente, foi exterminada nos anos 60 com a liberação em massa de moscas estéreis, mas voltou a rondar o continente com novos focos no México e no Caribe. A única fábrica ativa de moscas estéreis fica no Panamá e produz 100 milhões de moscas por semana, bem abaixo das 500 milhões necessárias para conter o avanço.

O USDA reforçou barreiras na fronteira e já travou algumas importações de gado, mas a pressão política cresce. Além desse caso, os EUA já registraram várias ocorrências em animais, e já investiram US$ 750 milhões na construção de uma fábrica de moscas estéreis no Texas.

RADAR DO AGRO

Exportações de carne bovina subiram 35%

Foto: CNA/Flickr

A boiada não para de cruzar fronteira: só em agosto já foram 212,9 mil toneladas de carne bovina embarcadas, 34,7% acima do ano passado. A tonelada saiu em média a 5,6 mil dólares, valorização de 26,3%. No mercado interno, as escalas de abate seguem firmes em até dez dias, com frigoríficos pisando no freio das compras para segurar preço.

Na cana, o doce vem mais forte que o combustível. A Conab estima 668,8 milhões de toneladas na safra 25/26, queda de 1,2%. A produtividade recua para 75,5 toneladas por hectare, e o etanol de cana desaba 8,8%. Só que o de milho avança 14,5% e ajuda a segurar a conta. No fim, serão 35,7 bilhões de litros de etanol, 3,9% a menos, enquanto o açúcar cresce 0,8% e deve bater 44,4 milhões de toneladas surfando a onda de preços internacionais.

Já no cacau, a grana começa a pingar. O Banco do Brasil liberou 1,2 milhão de reais para assentados, quilombolas, indígenas e extrativistas da Bahia. São 24 famílias que vão receber 52 mil reais cada para renovar lavouras e aumentar a produtividade. O plano é dobrar de tamanho até 2030, com meta de 10 mil famílias produzindo não só amêndoa, mas polpa, geleia, chá e até chocolate baiano pronto para competir no mercado.

SAFRA DE CIFRAS

AgroPatys levam 100 pecuaristas a campo e colocam inovação no radar

Foto: Divulgação

A Fazenda Princesa, em Inhumas, foi o palco do primeiro evento presencial das AgroPatys, grupo que já conecta mais de 200 mulheres do agro. Cem pecuaristas trocaram experiências, ampliaram rede de contatos e mostraram que gestão, tecnologia e inovação também passam pelo olhar feminino no campo.

O capim Tifton 85 foi atração da vez, mas não roubou a cena: o destaque ficou para a forma como as participantes debateram produtividade, sustentabilidade e manejo, deixando claro que a curiosidade e a sede por conhecimento movem tanto quanto o gado no pasto.

Além da vitrine tecnológica, o encontro trouxe debates sobre bem-estar animal, liderança e gestão. Para as AgroPatys, foi a virada de grupo de WhatsApp para comunidade de peso, pronta para pautar uma pecuária mais diversa, conectada e eficiente.

PAUTA VERDE

Tereos corta fertilizante em 30% e ainda economiza por hectare

De olho em mais eficiência no canavial, a Tereos fechou em 2024 uma parceria com a israelense ICL para substituir o NPK tradicional por fertilizantes de liberação controlada. O produto já é usado em 40 mil hectares e permitiu reduzir em 30% a aplicação de nitrogênio e potássio.

O truque é simples: em vez de liberar tudo de uma vez, os nutrientes vão sendo absorvidos gradualmente pela planta, o que aumenta o aproveitamento e diminui o desperdício. O saldo é duplo: economia de 10% por hectare mesmo com custo unitário maior e menor impacto ambiental com menos insumo jogado na terra.

Além da troca comercial, a parceria também entrou na seara da inovação. As duas empresas desenvolvem juntas novas tecnologias, incluindo um “protetor solar” para a cana à base de aminoácidos, que promete ajudar a planta a suportar ondas de calor sem perder produtividade e ainda dá à Tereos a chance de testar soluções antes da concorrência.

COLHENDO CAPITAL

Fusões no agro crescem 17% e deixam média nacional comendo poeira

Foto: Emanuele Cremaschi/Getty Images

O mercado de fusões e aquisições voltou a esquentar em 2025, mas quem mais brilhou foi o agro. Enquanto o Brasil registrou alta de 13% no volume de transações no primeiro semestre, o setor rural disparou 17%, segundo a PwC. Foram 706 negócios no acumulado geral do ano, mas o ritmo já dá sinais de desaceleração.

No campo, o apetite ficou evidente em segmentos como agropecuária, que saltou de 2 para 9 operações, avicultura, de 2 para 5, e laticínios, de 1 para 4. Em contrapartida, fertilizantes e defensivos perderam espaço, caindo de 7 para apenas 1 transação, reflexo de estoques cheios e preços em baixa nos últimos dois anos.

Para os próximos meses, a PwC projeta um cenário mais estável, com o efeito das tarifas americanas e as incertezas da reforma tributária freando o ímpeto. Ainda assim, a consultoria destaca que o agro deve seguir no radar dos investidores, com movimentos mais fortes previstos a partir de 2026 em fertilizantes, bioenergia e usinas de açúcar e álcool.

PLANTÃO RURAL

  • Porto bilionário. A Coamo vai investir R$ 3 bilhões em um novo porto em Itapoá, SC. Previsto para 2030, o terminal terá três berços e capacidade para 11 milhões de toneladas por ano, reforçando o escoamento da produção dos 32 mil cooperados.

  • Fim da parceria. BASF e Yara desistiram de construir uma planta de amônia de baixo carbono na Costa do Golfo dos EUA. As empresas preferem focar em projetos mais rentáveis, mas seguem sócias em uma unidade de Freeport, Texas.

  • Tecnologia indígena. A Embrapa entregou uma câmara térmica em Oiapoque para combater a vassoura-de-bruxa da mandioca. A estrutura permitirá multiplicar mudas sadias a cada 120 dias, fortalecendo a segurança alimentar e a renda de comunidades indígenas no Amapá.

  • Export recorde. O Brasil deve exportar 18,83 milhões de toneladas de soja, milho e farelo em agosto, segundo a Anec. O volume supera o recorde histórico de 2023, puxado por quase 9 milhões de toneladas de soja e 8 milhões de milho.

  • Tarifaço no aço. O Departamento de Comércio dos EUA confirmou tarifas antidumping contra 10 países, incluindo o Brasil, em importações de aço resistente à corrosão. As medidas cobrem US$ 2,9 bilhões e agora serão avaliadas pela Comissão de Comércio Internacional.

  • Lula cutuca Trump de novo. Lula criticou os EUA por agir como “imperadores do mundo” e reforçou que o Brasil não aceita ser tratado como subalterno. O presidente disse que empresas estrangeiras são bem-vindas, desde que respeitem as leis nacionais.

SE DIVERTE AÍ

Hoje é dia de Tradle: aquele joguinho em que você tem que adivinhar o país pelo perfil de exportações.

Será que você acerta de primeira ou vai precisar de várias tentativas? Jogue aqui: Tradle

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Soja

Pergunta de hoje: Qual cultura andina foi levada à Europa pelos espanhóis e se transformou no ingrediente principal de um prato típico irlandês?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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