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Bom dia!

Enquanto o STF bota a Moratória da Soja no freezer e promete nova rodada de debate, o Copom mantém a Selic em 15%, apertando ainda mais o crédito. Lá fora, Trump tá sendo julgado pelas próprias tarifas, e aqui dentro, o leite segue azedando com importações e falta de política pública.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 153.294,44 29,33%
MDIA3 R$29,49 51,48%
SMTO3 R$13,87 -42,69%
BEEF3 R$7,42 55,88%
VALE3 R$65,73 23,46%
Bitcoin US$103.491,27 5,49%
Ethereum US$3.431,40 -4,82%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

  • O Ibovespa rompeu os 153 mil pontos pela primeira vez na história e meteu mais um recorde, embalado por blue chips e bom humor global. Onze altas seguidas, algo que não se via desde 1994.

SAFRA DE CIFRAS

Quem quer rir tem que fazer rir

A Minerva tá enchendo o bolso e a carteira. A maior exportadora de carne bovina da América do Sul fechou o terceiro trimestre com lucro líquido de R$ 120 milhões e Ebitda recorde de R$ 1,38 bilhão. As exportações responderam por 61% da receita, com a China e o México segurando o garfo e os Estados Unidos de olho nas costelas. A integração das plantas compradas da Marfrig rendeu mais que churrasco no domingo: a empresa viu a alavancagem cair e o caixa engordar como nunca.

Quem também chegou com os números no azul foi a Mosaic, que triplicou o lucro pra US$ 411 milhões. O ingrediente secreto da receita foi fertilizante caro e demanda aquecida, mercado bombando pra quem vende. A firma fez questão de falar do bom desempenho da operação brasileira, mesmo com o crédito apertado, e comemorou margens gordas nos segmentos de fosfato e potássio.

Do outro lado da cerca, a Corteva ainda não saiu do vermelho, mas o prejuízo diminuiu. Foram US$ 318 milhões negativos no trimestre, bem menos que os US$ 521 milhões do ano passado. As vendas cresceram 13%, puxadas por biológicos e sementes de alta performance, enquanto o CEO prometeu dividir a empresa em duas até 2026. Em tempos de margens apertadas, a Corteva vai tentar provar que quem divide, multiplica.

Já a Lavoro segue tentando equilibrar as contas. O lucro bruto despencou 33%, pra R$ 900 milhões, e a receita caiu 34%, afetada pela falta de estoque e cancelamento de pedidos. O plano de recuperação extrajudicial avançou com 64% dos credores, mas o passivo dobrou e o caixa encolheu. É aquele tipo de balanço que o produtor entende bem: quando falta produto, sobra dor de cabeça.

E pra fechar, a Bunge mostrou que a soja ainda é rainha. A gigante global registrou lucro líquido de US$ 166 milhões no trimestre e viu as vendas subirem 72%, embaladas pela incorporação da Viterra. Só aqui na Latam, o processamento e refino de soja renderam US$ 10,8 bilhões.

MENTES QUE GERMINAM

Brasil tem tecnologia pra dobrar uso de biológicos

Foto: Percio Campos/Mapa

A Embrapa tá virando sinônimo de prêmio. A pesquisadora Mariangela Hungria, que já levou o World Food Prize, o Nobel da Agricultura, agora saiu do Mapa com mais um troféu pra coleção, a Medalha Apolônio Salles, entregue pelo ministro Carlos Fávaro. A honraria é o reconhecimento por mais de 40 anos de trabalho que botaram o Brasil no topo do ranking mundial de bioinsumos e mostraram que o solo não é só chão, é vida, ciência e produtividade.

Mariangela, que entende mais de micro-organismos do que muita gente entende de café, disse que o país usa só 15% do potencial dos biológicos, mas já tem tecnologia pra chegar a 60%. Falta mesmo é levar o conhecimento até o pequeno produtor e investir em ciência pra fazer o resto florescer. E ela não para por aí: quer transformar pastagem degradada em pasto bom de verdade, com mais biomassa e comida de qualidade pro gado.

Fávaro aproveitou o palco pra prometer mais recursos pro setor e lembrar que o mundo inteiro quer parceria com a Embrapa. A pesquisadora, por sua vez, dedicou a medalha às mulheres da ciência, as que seguem invisíveis, mas sustentam o agro com cérebro e dedicação.

O AGRO EM NÚMEROS

Analisa seu solo, pelo amor de Deus

Foto: Divulgação/IBRA megalab

O chão do agro anda precisando de um check-up. Segundo o IBRA megalab, o Brasil tem um déficit anual de 8 milhões de análises de solo, um buraco de R$ 1 bilhão num mercado que ainda trabalha mais no “achômetro” do que no diagnóstico. O resultado? Menos produtividade, mais gasto e uma baita ineficiência na aplicação de insumos.

Falando em prejuízo silencioso, os nematoides seguem fazendo a festa nos canaviais. Esses vermes microscópicos já tomaram 60% das lavouras de cana e podem cortar até metade da produção. Em média, tão perdendo duas a cada dez safras sem nem ver o bicho. Os pesquisadores garantem que o controle começa lá no laboratório, com análise de solo e manejo biológico bem feito. O inimigo é pequeno e beeem difícil de ver, mas o estrago é grande.

E se o produtor achava que só o solo e as pragas tiram o sono, o mercado também resolveu dar seu susto. O algodão fechou outubro no menor preço em 16 anos, com a pluma despencando pra R$ 3,45 a libra-peso, reflexo da superoferta, do dólar baixo e do consumo travado. Enquanto uns tentam fiar lucro, outros já tão tecendo plano B.

E olha ele aí: o novo queridinho dos investidores e pesadelo de boa parte da população. A cannabis industrial pode render até R$ 23 mil por hectare, 1100% a mais que a soja. Ainda sem liberação pra plantio comercial, o setor já se estrutura pra quando o sinal verde vier. Sustentável, rentável e versátil, a planta promete desde bioconcreto até azeite funcional. Falta só o Brasil parar de tratar o tema como tabu e começar a olhar pra esse verde com menos preconceito e mais oportunidade.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Antidumping hoje, antidumping amanhã e antidumping pra sempre

Foto: FPA

A vaca tá tossindo e Brasília tá com preguiça de ordenhar a crise. O setor leiteiro vive uma das piores crises da sua história. Tudo isso por culpa do leite importado da Argentina e do Uruguai, que segue entrando a preço de água, empurrando o produtor brasileiro pro vermelho. Pra se ter noção, o preço pago pro produtor no mercado interno já tá menos que R$2 por litro.

Deputados da Frente Parlamentar da Agropecuária e a CNA se juntaram pra cobrar medidas urgentes: suspensão das importações, antidumping pra ontem e até contrato futuro na B3 pra garantir previsibilidade porque o leite nacional tá valendo menos que o custo de produção e, se continuar assim, o pequeno produtor não dura mais um ano.

Na audiência, o clima ferveu. O presidente da FPA, Pedro Lupion, puxou a fila dizendo que o governo precisa “igualar o jogo”, enquanto o assessor da CNA, Guilherme Dias, mostrou dados que escancaram o problema: o leite em pó do Mercosul chega até 53% mais barato que o nosso. O setor quer que o governo reabra a investigação de dumping e crie um fundo nacional do leite, bancado por uma taxinha nas importações, pra investir em pesquisa e assistência técnica.

O Mapa até reconheceu a gravidade da crise e prometeu revisar o decreto do programa Mais Leite, mas, por enquanto, nada de concreto saiu da caneca. Enquanto isso, o produtor continua recebendo merreca, o desânimo cresce e a importação segue firme.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Plano Clima entra em banho-maria antes da COP

Foto: CNA/Flickr

O STF mandou parar tudo. O ministro Flávio Dino suspendeu todos os processos sobre a Moratória da Soja, o acordo que veta a compra de grãos produzidos em áreas desmatadas na Amazônia depois de 2008. A liminar vale pro país inteiro e congela as investigações que tavam rolando no Cade e nos tribunais de Mato Grosso e São Paulo. A justificativa dada foi de vitar “litigiosidade exagerada”, ou, traduzindo do juridiquês, segurar o barraco até o Supremo decidir quem tá com a razão: o mercado ou a mata.

De um lado, a Abiove comemorou dizendo que a moratória é o cartão de visita do agro brasileiro lá fora. Do outro, a Aprosoja-MT soltou fumaça do escapamento e voltou a falar em cartel disfarçado de sustentabilidade. Dino tentou apaziguar dizendo que a pausa serve pra garantir segurança jurídica ao agronegócio, mas o clima continua quente. Agora o caso vai pra plenário entre os dias 14 e 25 de novembro, quando os ministros decidem se a liminar fica ou cai.

PLANTÃO RURAL

  • Selic nas alturas. O Copom manteve a taxa básica de juros, a Selic, em 15%, e o campo segue pagando a conta. Crédito caro, dívidas pesadas e pouca margem pro respiro. Enquanto o Banco Central fala em cautela, o agro vê o capital de giro sumir mais rápido que boi em pasto seco.

  • Soja verde no palco global. A Embrapa Soja vai levar pra COP30 o Programa Soja Baixo Carbono, com tecnologias que reduzem até 60% das emissões e valorizam o grão sustentável. O Brasil quer mostrar que dá pra ser verde, produtivo e competitivo.

  • Tarifaço no banco dos réus. A Suprema Corte dos EUA começou a julgar ontem (5) se Trump pode continuar tarifando o mundo com base numa lei de 1977. A decisão pode redefinir a política comercial americana e, de quebra, balançar as exportações brasileiras.

SE DIVERTE AÍ

O jogo do dia é o GeoGuessr, onde você tenta adivinhar o lugar do mundo só pela paisagem, estrada de chão, tipo de árvore, placa escondida… tudo vale. Um desafio perfeito pra quem acha que reconhece o país só de olhar o pasto.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Proálcool

Pergunta de hoje: Qual fruta tornou o Brasil líder global em suco concentrado?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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