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Bom dia!

Enquanto o Zimmer afunda em dívidas, a MBRF dispara na Bolsa e empurra o Ibovespa pra recorde histórico. A JBS virou ré nos EUA, o governo planta a RAIZ da sustentabilidade pra exibir na COP30 e a Anvisa corta o barato do café criativo. No comércio global, a China volta a comprar soja dos EUA e derruba os prêmios no Brasil, e o Japão ensaia abrir o mercado pra carne bovina verde-amarela.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$111,04 -30,58%
Algodão (Centavos R$/LP) 348,03 -17,12%
Arroz (Saca 50kg) R$56,70 -42,81%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$314,65 -2,15%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.214,00 -1,24%
Etanol anidro (Litro) R$3,1411 3,53%
Milho (Saca 60kg) R$65,84 -9,73%
Soja (Saca 60kg) R$139,83 0,65%
Trigo (Tonelada) R$1.190,08 -14,59%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

  • A ação da MBRF virou foguete: subiu quase 30% em dois dias, puxada pelo apetite do mercado halal e um belo short squeeze.

  • O Ibovespa emendou o quinto pregão seguido de alta e cravou novo recorde: 147.476 pontos. O índice subiu 0,35%, embalado pela disparada da MBRF e pela força da Vale. Foi o primeiro fechamento acima dos 147 mil na história.

MENTES QUE GERMINAM

Techpigs

GIF: Tenor

A suinocultura familiar acabou de ganhar uma mãozinha digital. A Embrapa Suínos e Aves, junto com a startup catarinense ManejeBem, lançou o EcoPiggy, um app que dá assistência técnica até onde o sinal de internet é mito. O lançamento rola na AveSui 2025, em Cascavel (PR), e promete dar uma boa engordada na produtividade dos pequenos criadores.

O app é levinho, fácil de usar, funciona offline e fala a língua do campo: dá pra mandar mensagem, enviar foto e até mandar um grito de socorro pelo WhatsApp. Ele entrega relatórios, mostra indicadores de nutrientes e ainda avisa quando o dejeto tá passando da conta. A ideia é bem simples, fazer o técnico chegar onde o Wi-Fi não chega.

O EcoPiggy nasceu da mistura entre ciência e agilidade de startup, com foco total no pequeno produtor. Agora dá pra cuidar do manejo, dos custos e até da sustentabilidade com um toque na tela. No fim das contas, o app vem pra trazer facilidade e conforto pro produtor, e promete ajudar muito.

PAUTA VERDE

Tilápia fora da lei?

GIF: Giphy/Spongebob Squarepants

A notícia de que a tilápia vai entrar na lista de espécies invasoras pegou o setor pesqueiro de calça curta na semana passada. A proposta, que tá sendo analisada pela Comissão Nacional de Biodiversidade (Conabio), deixou criadores e indústrias que vivem do peixe mais produzido e consumido do país em pânico. O medo deles é que o bicho acabe virando persona non grata nos tanques brasileiros. O setor inteiro ta sentindo um arrepio na espinha.

O Ministério do Meio Ambiente tentou acalmar o cardume: garantiu que ninguém vai proibir o cultivo e que a inclusão teria apenas “caráter técnico e preventivo”. Mas o discurso não convenceu muito quem vive da tilápia. Produtor já viu esse filme: começa com “estudo técnico”, passa por “avaliação de risco” e, quando vê, tem burocracia até pra trocar a água do tanque.

A FPA reagiu forte, dizendo que o plano é absurdo e que, na prática, pode travar o setor. Já a Abipesca foi mais direta: mexer com a tilápia é mexer com o bolso de quem trabalha direito. O medo é que o rótulo de invasora espante crédito, investidores e empregos. O famoso efeito dominó que começa com uma canetada e termina com tanque e bolso vazios.

O próprio Ministério da Pesca também entrou na briga, pedindo explicações ao MMA. Segundo o órgão, as espécies na lista ,incluindo tilápia, camarão e outros, representam cerca de 90% da aquicultura brasileira, movimentando R$ 9,6 bilhões por ano. Ninguém quer ver essa conta secar por excesso de zelo.

Por enquanto, o governo promete diálogo e estudos técnicos. Mas, se o imbróglio continuar, o peixe que virou símbolo da piscicultura nacional pode acabar sendo tratado como intruso em casa.

O AGRO EM NÚMEROS

Milho voando nas exportações

Foto: CNA/Flickr

O potássio do futuro já tem destino certo. A Brazil Potash fechou um contrato de venda de mais de 700 mil toneladas por ano com a Kimia Solutions. O acordo vale por 10 anos e o potássio vem direto do Projeto Autazes, no Amazonas. Somando com os acordos que eles já fizeram com Amaggi e Keytrade, a mineradora anotou 91% da produção futura vendida, e deve usar os contratos como um trunfo pra turbinar o financiamento do projeto, que tá avaliado em mais de US$ 200 milhões.

Enquanto o potássio ainda dorme no subsolo, o milho tá voando baixo. O Brasil já embarcou 5,1 milhões de toneladas só em outubro, quase igual ao ano passado, mas com preço lá no alto: US$ 210 por tonelada. E se depender do ritmo, o país fecha 2025 com até 40 milhões de toneladas exportadas. Será que vem mais recorde por aí?

DE OLHO NO PORTO

Banco fecha a porteira

GIF: Medium

O Banco do Brasil resolveu fechar a mão pra quem pedir recuperação judicial, que virou trend no agro ultimamente. O recado veio direto do vice-presidente de riscos, Felipe Prince: produtor que entrar na Justiça pra segurar dívida não pega crédito “hoje, amanhã nem nunca mais”. O banco, que sempre foi parceiro do agro, agora quer distância de quem tropeçou.

O BB tá mais duro nas renegociações e exigindo garantias mais parrudas. Dos R$ 404 bilhões emprestados ao agro, R$ 5,4 bilhões já viraram dor de cabeça, travados por pedidos de proteção judicial. A inadimplência subiu pra 3,5%, e o banco trocou a boa e velha hipoteca por penhor fiduciário, aquele em que a terra só volta pro produtor depois que a conta fecha. É um crédito rural com rédea curta.

Prince diz que continua aberto pra conversa, mas com uma condição: sem drama judicial. Pro BB, quem vai pro tribunal fecha a porteira sozinho. O banco garante que “não há dívida que não possa ser negociada”, desde que a papelada não tenha carimbo de falência. Com essa história toda, o crédito tá mais caro, a análise tá mais lenta e o campo, que sempre viu o Banco do Brasil como aliado, agora percebe que até o parceiro de longa data anda de calculadora na mão.

E ESSE TEMPO, HEIN?

O clima esquentou antes da COP

Foto: Globo Rural

O governo resolveu dar mais uma olhadinha na conta das emissões do agro antes de levar o Plano Clima pra COP30, em Belém, no mês que vem. Depois de uma forte pressão do setor, a culpa climática dos produtores deve cair de 1,4 bilhão pra 900 milhões de toneladas de CO₂. Ainda é mais do que o campo queria, mas pelo menos já dá pra explicar.

A bronca é antiga. Produtores reclamam que o governo joga no colo da agropecuária até o desmatamento ilegal e esquece de somar o que o campo ajuda a capturar. O Ministério do Meio Ambiente jura que não tá revisando pra baixo, só definindo melhor o que entra na conta.

O setor quer adiar o anúncio do plano pra não chegar na COP com o nome sujo. Enquanto isso, o clima segue quente em Brasília: de um lado, o governo querendo mostrar serviço; do outro, o agro tentando provar que não é o vilão da fumaça.

TRAMPO NO CAMPO

Bezerro com DNA de peixe (mas só um pouquinho)

Foto: Rafael Silva Júnior/Canal Rural

Nasceu, em Pernambuco, o Rafinha, o primeiro bezerro brasileiro gerado por fertilização in vitro com uma ajudinha de um peixe do Ártico. A equipe da UFRPE usou uma proteína do linguado-do-ártico pra proteger os embriões bovinos do congelador, botando um casaco celular pra proteger contra o frio do nitrogênio líquido.

O truque evita que o embrião estoure feito latinha esquecida no freezer, um drama clássico da FIV. A tal proteína, chamada AFP tipo 3, impede que se formem cristais de gelo nas células e garante que o embrião sobreviva até o descongelamento. A ideia agora é levar a técnica pro campo e baratear o processo de fertilização in vitro, que ainda pesa no bolso de pequenos pecuaristas.

Se der certo, a pecuária brasileira vai poder congelar sonhos genéticos sem medo de ver tudo virar gelo e provar que inovação também nasce do encontro improvável entre um nelore do Sertão e um linguado do Ártico.

DEU B.O.

Sai wagyu, entra picanha

Foto: Adobe Stock

Depois de um jejum de 25 anos, o Japão tá prestes a colocar a picanha brasileira no seu cardápio. Segundo o ministro Carlos Fávaro, falta só assinar o protocolo sanitário pra carne bovina verde-amarela finalmente cruzar o Pacífico ainda em 2025.

O mercado japonês é o sonho de qualquer exportador: consumidor rico, exigente e apaixonado por proteína de qualidade. Agora que o Brasil foi declarado livre de febre aftosa sem vacinação, o boi nacional ganhou passe livre pra disputar espaço com o wagyu e promete dar trabalho pro sushi e pro yakitori.

Por enquanto, a aposta é que o primeiro embarque venha do Sul, onde o status sanitário já era reconhecido antes do resto do país. Agora só resta esperar e ver se o yakisoba vai ser feito com contra filé ou kobe beef.

PLANTÃO RURAL

  • O freezer congelou até o caixa. O tradicional frigorífico Zimmer, do Rio Grande do Sul, entrou em recuperação judicial com R$ 75 milhões em dívidas e 95 demissões na conta. O plano é reestruturar as finanças sem desligar as câmaras frias. Com meio século de história, o frigorífico ainda exporta pra mais de 20 países.

  • Dinheiro verde em debate. Na contagem regressiva pra COP30, o setor financeiro pressiona por ações que destravem o financiamento climático. Bancos, fundos e empresas querem clareza sobre regras e garantias pra investir pesado em descarbonização. A promessa é acelerar o fluxo de grana pro campo sustentável .

  • Soja com sotaque americano. Depois de cinco meses de jejum, a China voltou a comprar soja dos EUA. Foram dois navios negociados pela Cofco, o que já mexeu com os preços em Chicago e derrubou os prêmios no Brasil. Mesmo assim, o agro brasileiro segue firme: deve fechar 2025 com exportações recordes de 109 milhões de toneladas.

  • Café proibido (com cogumelo). A Anvisa mandou recolher o pó “Fellow Criativo”, da marca Cafellow, que prometia café com extrato de cogumelo e benefícios à saúde. O problema foi a falta de registro, propaganda enganosa e um rótulo bem confuso.

  • JBS na mira dos verdes. A ONG Mighty Earth abriu um processo contra a JBS nos EUA, acusando a gigante da carne de vender títulos “verdes” com metas climáticas enganosas. A empresa rebateu, dizendo que tudo é auditado e transparente. Mais um round da eterna briga entre o boi e o clima.

  • Brasil e FAO plantam a RAIZ. O governo brasileiro vai lançar na COP30 a iniciativa RAIZ, em parceria com a FAO, pra recuperar áreas degradadas no mundo. A meta é restaurar 250 milhões de hectares até 2030, sendo 40 milhões no Brasil. A ideia é mostrar que o país sabe produzir, mas também regenerar.

SE DIVERTE AÍ

Tá afiado no vocabulário agro? Então bora testar o cérebro no Contexto, o jogo em que você precisa adivinhar a palavra secreta usando só o sentido das palavras anteriores. Cada tentativa te mostra o quão perto você tá da resposta certa. Tenta aí e vê em quantas tentativas você acerta.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Carnaúba

Pergunta de hoje: Qual erva típica do Pará deixa a boca formigando e é estrela do tacacá?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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