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Na ONU, Lula subiu o tom contra os EUA e chamou tarifas e sanções de intromissão, enquanto Trump devolveu no abraço e prometeu conversa pra semana que vem. No campo da inovação, startups querem aposentar balanças com drones e câmeras. O Brasil decidiu bancar US$ 1 bi num fundo global de florestas, a União Europeia empurrou mais uma vez a lei antidesmatamento e a ADM fechou parceria com a Alltech pra turbinar o mercado de ração.
Também tem:
• CTC identifica fungo vilão da cana e abre caminho pra novas soluções
• Cotribá tenta levantar R$ 400 milhões vendendo ativos
• ApexBrasil abre escritório em Mato Grosso pra expandir exportações
Tudo que você precisa saber, no seu ritmo e no seu café.
Por Enrico Romanelli
ASSUNTO DE GABINETE
Entre tapas e abraços na ONU

Foto: Ricardo Stuckert/PR
Na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Lula subiu o tom contra os EUA. Criticou as tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros e chamou as sanções de coisa de intrometido. Foi um discurso direto, com muitas farpas e com a defesa da soberania nacional no centro da fala.
Logo depois, Trump tentou virar o jogo no charme. Contou que encontrou Lula nos corredores, rolou um abraço rápido e até marcaram conversa pra semana que vem. Ainda chamou o presidente brasileiro de “um cara muito legal”.
O gesto diplomático acontece em meio à pressão de todos os lados: além das tarifas, Washington já suspendeu vistos e aplicou sanções contra ministros do STF. O encontro, se rolar, vai mostrar se o abraço abre espaço pra negociação ou se fica só no clique pro álbum da ONU.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Balança ficou no passado

Foto: Ganader-IA
As balanças tão ficando de lado em alguns currais por aí. Agora tem startup pesando boi por câmera, e até por drone. A promessa deles é cortar o tempo de serviço, evitar aquela correria estressante no manejo e ainda entregar o peso na tela do celular.
A uruguaia Ganader-IA criou um sistema que usa drones pra filmar o rebanho e, com uma ajudinha de IA, calcular o peso e fazer contagem dos animais. A agtech já opera em vizinhos como Argentina e Colômbia e agora negocia pra pousar no Brasil.
Por aqui, a Olho do Dono já tá um passo na frente. A startup levantou R$ 2,2 milhões e promete pesar bois e suínos usando câmeras, em quinze minutos, contra até oito horas da pesagem tradicional. Esse ano, a empresa já monitorou meio milhão de animais e quer chegar a 1,5 milhão até 2026.
Na mesma onda, a goiana Gado Pesado já atua em 60 fazendas brasileiras, e até atende a JBS em Rondônia. O kit oferecido pela empresa sai a partir de R$ 720 por ano, mais uma câmera de R$ 2,5 mil, o que abre espaço até pra pequenos produtores.
RADAR DO AGRO
Brasil estreia fundo global com US$ 1 bilhão

Foto: Reuters
O Brasil resolveu bancar o discurso ambiental e mostrar que tem atitude. Lula anunciou na ONU que o país vai investir US$ 1 bilhão no Fundo Florestas Tropicais para Sempre. A jogada é simbólica e mostra que o Brasil não só pede ajuda, mas também ajuda no racha da conta, puxando outros países pro bolo antes da COP30 em Belém.
Na cana, o Rabobank viu moagem de 404 milhões de toneladas no Centro-Sul até agosto. A produtividade subiu mais de 8%, mas o ATR anda 4% mais fraco. O mix segue açucareiro, o etanol perdeu 10% e o câmbio forte bota mais tempero nessa equação.
Já a carne bovina segue firme no embarque. Foram 2,41 milhões de toneladas até agosto, alta de 19%, com a China levando quase 1 milhão. Os EUA ainda aparecem em segundo, mas o tarifaço derrubou 46% das compras em agosto. Mesmo assim, a receita total bateu quase US$ 11 bilhões, 34% acima do ano passado.
COMO TÁ LÁ FORA?
Vale a pena adiar de novo?

Foto: Pixabay
A novela da lei antidesmatamento da União Europeia ganhou mais um capítulo. Prevista pra 2025, a EUDR, que barra soja, carne, café e outras commodities vindas de áreas desmatadas depois de 2020, vai ficar pra depois. A comissária, Jessika Roswall, admitiu que o sistema de controle de origem ainda não tá pronto.
O B.O. é técnico, mas também tem um tiquinho de políticagem. Importadores e exportadores já vinham reclamando que não tem ferramenta confiável pra checar tudo. Agora, a Comissão Europeia deu o braço à torcer e pediu mais um ano de prazo pra evitar um colapso logístico na entrada dos produtos.
No Brasil, o Conselho Nacional do Café respirou aliviado e lembrou que diálogo é essencial pra ter regra justa. O setor tá pronto pra atender, só não aceita ser o vilão da história.
RADAR SANITÁRIO
Murcha identificada: vilão da cana tem nome e sobrenome

Foto: Reuters
A praga que mais tira o sono dos canavieiros finalmente ganhou RG. O CTC confirmou que o responsável pela Síndrome do Murchamento da Cana é o fungo Colletotrichum. A doença já aparece em 30% das lavouras e pode cortar até metade da produtividade, principalmente quando o clima aperta na seca.
O fungo deixa o colmo da cana “fofo”, derruba a qualidade do caldo e, de quebra, aumenta a chance da planta tombar no vento. Até agora, produtores só conseguiam lidar na base da gambiarra: fungicida, colheita antecipada e muita reza. Agora, com o diagnóstico certo, foi aberto o caminho pra genética resistente e novas formas de controle.
Segundo o CEO do CTC, Cesar Barros, o avanço pode mudar o jogo. A empresa lançou em Piracicaba a plataforma Esfera, um espaço pra discutir soluções conjuntas e acelerar na inovação. A meta deles é bem ousada: dobrar a produtividade da cana até o fim da década, sem deixar que o Colletotrichum continue reinando no canavial.
SAFRA DE CIFRAS
Junto e misturado
A ADM, gigante do agro global, resolveu se juntar à Alltech pra pular de cabeça no mercado de ração animal na América do Norte. As duas criaram uma joint venture que será lançada oficialmente no primeiro trimestre de 2026. O valor do negócio ficou no off.
O acordo une fábricas e know-how. A Alltech entra com a Hubbard Feeds, nos EUA, e a Masterfeeds, no Canadá, que juntas somam 33 plantas de ração. A ADM traz outras 11 unidades em solo americano. A governança vai ser no esquema meio a meio, mas a Alltech vai ter a fatia majoritária da operação.
Segundo as empresas, a jogada combina logística, ciência em nutrição e muita capacidade industrial. A Alltech ainda mantém negócios próprios em suplementos e ingredientes, que vão abastecer a nova companhia.
PLANTÃO RURAL
FPA fecha a porteira. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), negou qualquer acordo sobre taxar LCAs. O relator Carlos Zarattini (PT-SP) quer subir a alíquota pra 7,5%, mas Lupion disse que a bancada não vai engolir.
Mapa na caça das mudas. O Mapa e a Polícia Civil de SP fizeram uma operação em Batatais e apreenderam sementes e mudas sem origem comprovada. O material provavelmente vem da biopirataria. Produtores foram autuados e só vão recuperar as plantas se provarem regularidade.
Cotribá vende os anéis. Em crise, a Cotribá planeja levantar R$ 400 milhões vendendo 11 ativos, incluindo armazéns. A dívida beira R$ 1 bi, e produtores reclamam do calote nos grãos entregues, e não pagos. O novo CEO, Luís Felipe Maldaner, tá tentando botar ordem na casinha pra evitar que a cooperativa mais antiga do Brasil quebre.
Agro na vitrine da COP. Na Semana do Clima em NY, liderados pela JBS, empresários do agro entregaram propostas pro presidente da COP 30. Falaram em integrar lavoura, pecuária e floresta, cortar metano do arroz e da carne e levar crédito verde ao campo.
China troca de fornecedor. Pela primeira vez desde os anos 90, a China não comprou soja dos EUA no início da temporada. Em vez disso, fechou dez navios de grão argentino, favorecido pela suspensão das retenciones.
Chicago reage. A compra chinesa de soja argentina mexeu no mercado. Na CBOT, contratos de soja fecharam em leve alta, milho avançou mais de 1% e trigo subiu quase 2%.
Apex abre escritório em MT. A ApexBrasil e a Famato firmaram acordo pra instalar uma sede em Cuiabá. A ideia é impulsionar as exportações do estado e da região, além de atrair mais investimentos. Em 2024, Mato Grosso exportou US$ 27,6 bi em agro, com soja, milho e algodão respondendo por 83% do total.
Biochar no cocho da cana. A Atvos fechou com a NetZero um investimento de R$ 30 mi pra construir fábrica de biochar em Caçu (GO). A unidade deve produzir 6,5 mil toneladas por ano a partir de 2026. O insumo promete sequestrar 12 mil t de CO₂ e virar referência em baixo carbono.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a dica é pra testar sua noção de geografia e mercado internacional no Tradle. O jogo te mostra o mapa de exportações de um país e você tem que adivinhar qual é. Pode parecer fácil, mas quando aparecem uns gráficos de nações nada óbvias, o chute vai longe.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Lentilha
Pergunta de hoje: Qual fruta amazônica é chamada de “viagra da floresta” por comunidades ribeirinhas, graças ao seu uso tradicional afrodisíaco?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

