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Bom dia!

Na ONU, Lula subiu o tom contra os EUA e chamou tarifas e sanções de intromissão, enquanto Trump devolveu no abraço e prometeu conversa pra semana que vem. No campo da inovação, startups querem aposentar balanças com drones e câmeras. O Brasil decidiu bancar US$ 1 bi num fundo global de florestas, a União Europeia empurrou mais uma vez a lei antidesmatamento e a ADM fechou parceria com a Alltech pra turbinar o mercado de ração.

Também tem:
• CTC identifica fungo vilão da cana e abre caminho pra novas soluções
• Cotribá tenta levantar R$ 400 milhões vendendo ativos
• ApexBrasil abre escritório em Mato Grosso pra expandir exportações

Tudo que você precisa saber, no seu ritmo e no seu café.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$119,79 -25,11%
Algodão (Centavos R$/LP) 365,78 -12,89%
Arroz (Saca 50kg) R$61,28 -38,19%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$304,45 -5,32%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.055,69 -8,31%
Etanol anidro (Litro) R$3,2155 5,99%
Milho (Saca 60kg) R$64,32 -11,82%
Soja (Saca 60kg) R$135,57 -2,42%
Trigo (Tonelada) R$1.275,84 -8,43%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

ASSUNTO DE GABINETE

Entre tapas e abraços na ONU

Foto: Ricardo Stuckert/PR

Na abertura da Assembleia-Geral da ONU, Lula subiu o tom contra os EUA. Criticou as tarifas de 50% impostas a produtos brasileiros e chamou as sanções de coisa de intrometido. Foi um discurso direto, com muitas farpas e com a defesa da soberania nacional no centro da fala.

Logo depois, Trump tentou virar o jogo no charme. Contou que encontrou Lula nos corredores, rolou um abraço rápido e até marcaram conversa pra semana que vem. Ainda chamou o presidente brasileiro de “um cara muito legal”.

O gesto diplomático acontece em meio à pressão de todos os lados: além das tarifas, Washington já suspendeu vistos e aplicou sanções contra ministros do STF. O encontro, se rolar, vai mostrar se o abraço abre espaço pra negociação ou se fica só no clique pro álbum da ONU.

ATUALIZAÇÃO RURAL

Balança ficou no passado

Foto: Ganader-IA

As balanças tão ficando de lado em alguns currais por aí. Agora tem startup pesando boi por câmera, e até por drone. A promessa deles é cortar o tempo de serviço, evitar aquela correria estressante no manejo e ainda entregar o peso na tela do celular.

A uruguaia Ganader-IA criou um sistema que usa drones pra filmar o rebanho e, com uma ajudinha de IA, calcular o peso e fazer contagem dos animais. A agtech já opera em vizinhos como Argentina e Colômbia e agora negocia pra pousar no Brasil.

Por aqui, a Olho do Dono já tá um passo na frente. A startup levantou R$ 2,2 milhões e promete pesar bois e suínos usando câmeras, em quinze minutos, contra até oito horas da pesagem tradicional. Esse ano, a empresa já monitorou meio milhão de animais e quer chegar a 1,5 milhão até 2026.

Na mesma onda, a goiana Gado Pesado já atua em 60 fazendas brasileiras, e até atende a JBS em Rondônia. O kit oferecido pela empresa sai a partir de R$ 720 por ano, mais uma câmera de R$ 2,5 mil, o que abre espaço até pra pequenos produtores.

RADAR DO AGRO

Brasil estreia fundo global com US$ 1 bilhão

Foto: Reuters

O Brasil resolveu bancar o discurso ambiental e mostrar que tem atitude. Lula anunciou na ONU que o país vai investir US$ 1 bilhão no Fundo Florestas Tropicais para Sempre. A jogada é simbólica e mostra que o Brasil não só pede ajuda, mas também ajuda no racha da conta, puxando outros países pro bolo antes da COP30 em Belém.

Na cana, o Rabobank viu moagem de 404 milhões de toneladas no Centro-Sul até agosto. A produtividade subiu mais de 8%, mas o ATR anda 4% mais fraco. O mix segue açucareiro, o etanol perdeu 10% e o câmbio forte bota mais tempero nessa equação.

a carne bovina segue firme no embarque. Foram 2,41 milhões de toneladas até agosto, alta de 19%, com a China levando quase 1 milhão. Os EUA ainda aparecem em segundo, mas o tarifaço derrubou 46% das compras em agosto. Mesmo assim, a receita total bateu quase US$ 11 bilhões, 34% acima do ano passado.

COMO TÁ LÁ FORA?

Vale a pena adiar de novo?

Foto: Pixabay

A novela da lei antidesmatamento da União Europeia ganhou mais um capítulo. Prevista pra 2025, a EUDR, que barra soja, carne, café e outras commodities vindas de áreas desmatadas depois de 2020, vai ficar pra depois. A comissária, Jessika Roswall, admitiu que o sistema de controle de origem ainda não tá pronto.

O B.O. é técnico, mas também tem um tiquinho de políticagem. Importadores e exportadores já vinham reclamando que não tem ferramenta confiável pra checar tudo. Agora, a Comissão Europeia deu o braço à torcer e pediu mais um ano de prazo pra evitar um colapso logístico na entrada dos produtos.

No Brasil, o Conselho Nacional do Café respirou aliviado e lembrou que diálogo é essencial pra ter regra justa. O setor tá pronto pra atender, só não aceita ser o vilão da história.

RADAR SANITÁRIO

Murcha identificada: vilão da cana tem nome e sobrenome

Foto: Reuters

A praga que mais tira o sono dos canavieiros finalmente ganhou RG. O CTC confirmou que o responsável pela Síndrome do Murchamento da Cana é o fungo Colletotrichum. A doença já aparece em 30% das lavouras e pode cortar até metade da produtividade, principalmente quando o clima aperta na seca.

O fungo deixa o colmo da cana “fofo”, derruba a qualidade do caldo e, de quebra, aumenta a chance da planta tombar no vento. Até agora, produtores só conseguiam lidar na base da gambiarra: fungicida, colheita antecipada e muita reza. Agora, com o diagnóstico certo, foi aberto o caminho pra genética resistente e novas formas de controle.

Segundo o CEO do CTC, Cesar Barros, o avanço pode mudar o jogo. A empresa lançou em Piracicaba a plataforma Esfera, um espaço pra discutir soluções conjuntas e acelerar na inovação. A meta deles é bem ousada: dobrar a produtividade da cana até o fim da década, sem deixar que o Colletotrichum continue reinando no canavial.

SAFRA DE CIFRAS

Junto e misturado

A ADM, gigante do agro global, resolveu se juntar à Alltech pra pular de cabeça no mercado de ração animal na América do Norte. As duas criaram uma joint venture que será lançada oficialmente no primeiro trimestre de 2026. O valor do negócio ficou no off.

O acordo une fábricas e know-how. A Alltech entra com a Hubbard Feeds, nos EUA, e a Masterfeeds, no Canadá, que juntas somam 33 plantas de ração. A ADM traz outras 11 unidades em solo americano. A governança vai ser no esquema meio a meio, mas a Alltech vai ter a fatia majoritária da operação.

Segundo as empresas, a jogada combina logística, ciência em nutrição e muita capacidade industrial. A Alltech ainda mantém negócios próprios em suplementos e ingredientes, que vão abastecer a nova companhia.

PLANTÃO RURAL

  • FPA fecha a porteira. O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, Pedro Lupion (PP-PR), negou qualquer acordo sobre taxar LCAs. O relator Carlos Zarattini (PT-SP) quer subir a alíquota pra 7,5%, mas Lupion disse que a bancada não vai engolir.

  • Mapa na caça das mudas. O Mapa e a Polícia Civil de SP fizeram uma operação em Batatais e apreenderam sementes e mudas sem origem comprovada. O material provavelmente vem da biopirataria. Produtores foram autuados e só vão recuperar as plantas se provarem regularidade.

  • Cotribá vende os anéis. Em crise, a Cotribá planeja levantar R$ 400 milhões vendendo 11 ativos, incluindo armazéns. A dívida beira R$ 1 bi, e produtores reclamam do calote nos grãos entregues, e não pagos. O novo CEO, Luís Felipe Maldaner, tá tentando botar ordem na casinha pra evitar que a cooperativa mais antiga do Brasil quebre.

  • Agro na vitrine da COP. Na Semana do Clima em NY, liderados pela JBS, empresários do agro entregaram propostas pro presidente da COP 30. Falaram em integrar lavoura, pecuária e floresta, cortar metano do arroz e da carne e levar crédito verde ao campo.

  • China troca de fornecedor. Pela primeira vez desde os anos 90, a China não comprou soja dos EUA no início da temporada. Em vez disso, fechou dez navios de grão argentino, favorecido pela suspensão das retenciones.

  • Chicago reage. A compra chinesa de soja argentina mexeu no mercado. Na CBOT, contratos de soja fecharam em leve alta, milho avançou mais de 1% e trigo subiu quase 2%.

  • Apex abre escritório em MT. A ApexBrasil e a Famato firmaram acordo pra instalar uma sede em Cuiabá. A ideia é impulsionar as exportações do estado e da região, além de atrair mais investimentos. Em 2024, Mato Grosso exportou US$ 27,6 bi em agro, com soja, milho e algodão respondendo por 83% do total.

  • Biochar no cocho da cana. A Atvos fechou com a NetZero um investimento de R$ 30 mi pra construir fábrica de biochar em Caçu (GO). A unidade deve produzir 6,5 mil toneladas por ano a partir de 2026. O insumo promete sequestrar 12 mil t de CO₂ e virar referência em baixo carbono.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a dica é pra testar sua noção de geografia e mercado internacional no Tradle. O jogo te mostra o mapa de exportações de um país e você tem que adivinhar qual é. Pode parecer fácil, mas quando aparecem uns gráficos de nações nada óbvias, o chute vai longe.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Lentilha

Pergunta de hoje: Qual fruta amazônica é chamada de “viagra da floresta” por comunidades ribeirinhas, graças ao seu uso tradicional afrodisíaco?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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