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Bom dia!
Lula puxou o truco no meio do tabuleiro comercial. Em um recado direto a Trump, o presidente disse que o Brasil está pronto pra negociar, mas que não aceita blefe de tarifa. Enquanto isso, Alckmin tenta abrir diálogo em off e o Itamaraty articula nos bastidores. A diplomacia joga fino, mas o agro segue contando os prejuízos.
Também tem:
• Chuva forte e ventania acendem alerta no Sul
• Phenosync lança raio-x digital para casas de vegetação
• Gripe aviária reaparece em SP e acende novo sinal amarelo
• 1,2 milhão de drones já voam no campo com missão de produtividade
• Safra global de trigo sobe, margem do produtor brasileiro derrete
Tudo o que importa, do jeito que você entende.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea
E ESSE TEMPO, HEIN?
Chuva pesada a caminho

Foto: Freepik
O céu fechou no Sul e o alerta do Inmet já tá na praça: pancadões de até 70 mm em 24h devem cair entre hoje e amanhã sobre o norte do RS, oeste de SC e sul do PR. Com ventos de 60 km/h, o pacote inclui risco de queda de energia, galhos no caminho e alagamento na biqueira.
E segura esse café: entre sábado à noite e segunda de manhã, a coisa engrossa. Tem previsão de mais de 200 mm em áreas da Campanha Gaúcha e da fronteira com o Uruguai. No radar também estão o sul do PR e o oeste catarinense, com volumes acima de 100 mm.
SAFRA DE CIFRAS
Toma 6, marreco!

Foto: Alex Ibañez/Governo do Chile
Durante um evento em Minas Gerais nesta quinta, o presidente Lula subiu o tom contra as tarifas de 50% impostas por Trump sobre produtos brasileiros e disse que o Brasil está pronto pra negociar, se os Estados Unidos quiserem conversa. “Se quiserem sentar em uma mesa para conversar, nós estamos sentando. Até porque a minha vida foi negociar”, afirmou o presidente, lembrando seus tempos de sindicalista.
Segundo Lula, representantes do Brasil já participaram de dez rodadas de reuniões técnicas com os americanos, mas o próprio Trump ainda não teria dado sinal verde para o diálogo direto.
“Ele não quer conversar. Se quisesse, ele pegava o telefone e me ligava”
Trump justificou as tarifas dizendo que o Brasil promove uma “caça às bruxas” contra Jair Bolsonaro, hoje réu no STF por tentativa de golpe após a derrota nas eleições de 2022. A Casa Branca também alega preocupação com suposto tratamento desigual a empresas americanas.
Enquanto isso, outros países já conseguiram reduzir suas tarifas após acordos pontuais com os EUA. Japão, Filipinas e Vietnã, por exemplo, fecharam com alíquotas entre 15% e 30%. O Brasil, por ora, segue firme na linha da diplomacia, mas Lula mandou o aviso: “Não sou mineiro, mas sou bom de truco. E se ele estiver trucando, vai tomar um 6”. O agro observa cada carta jogada.
RADAR DO AGRO
1,2 milhão de drones e um agro que voa mais alto

Fonte: Freepik
Se tem um setor que não fica parado, é o agro brasileiro. Já são mais de 1,2 milhão de drones registrados na Anac e cerca de 100 mil operadores habilitados sobrevoando as lavouras com missão clara: antecipar pragas, melhorar o solo, prever falhas de plantio e aumentar a produtividade com menos impacto. É tecnologia batendo ponto no campo.
Equipados com sensores e inteligência artificial, esses drones transformam dados em decisão, e, de quebra, ajudam a conter o desmatamento. Só neste ano, o governo atribuiu à tecnologia parte da queda de 40% no desmate da Amazônia nos primeiros quatro meses. Ainda faltam conectividade e políticas públicas pra turbinar os ganhos, mas o Brasil já mostra que quer liderar esse novo voo do agro: preditivo, inteligente e cada vez mais respeitado lá fora.
NOS CORREDORES DE BRASÍLIA
Alckmin bate na porta, mas EUA finge que não ouve

Foto: Valter Campanato/Agência Brasil
Faltando poucos dias pro tarifaço de Trump entrar em campo, o vice-presidente Geraldo Alckmin tentou esfriar o clima. No sábado, ele puxou uma conversa de quase uma hora com o secretário de Comércio dos EUA, Howard Lutnick. O recado foi claro: o Brasil não levantou a bola da treta, mas topa negociar pra resolver.
A fala veio em coletiva, com Alckmin evitando abrir o jogo sobre os bastidores do papo. Disse que foi “proveitoso”, mas que o assunto é institucional e deve seguir em em off. Enquanto isso, o cronômetro segue: a tarifa de 50% sobre produtos brasileiros entra em vigor dia 1º de agosto, e o governo corre pra medir o estrago junto a empresas afetadas.
Falta só um detalhe no roteiro da diplomacia: alguém do governo Trump atender o telefone. Até agora, nenhuma abertura no alto escalão americano. Alckmin já cravou que não há razão econômica pra essa taxa.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Scan, IA e precisão

Foto: Divulgação
Em vez de olho treinado e planilha no colo, o negócio agora é câmera, IA e análise em tempo real. A Phenosync, nova agtech de Piracicaba, criou um sistema que automatiza a avaliação de germinação e crescimento de plântulas em casas de vegetação. É tipo um raio-x autônomo: escaneia as bandejas, processa as imagens com visão computacional e entrega relatórios estruturados direto na nuvem. Tudo sem caneta, sem erro e sem retrabalho.
A tecnologia roda até 20 vezes mais rápido que os métodos manuais. Em uma hora, uma casa de 150m², com 550 unidades e até 100 sementes por bandeja, está toda digitalizada. O sistema calcula cobertura foliar, uniformidade de emergência, IVE e outros indicadores com precisão milimétrica. E como cada lote tem seu próprio QR code, o controle é total do plantio à planilha.
O alvo da Phenosync é o ecossistema sementeiro inteiro: de obtentores a certificadoras. Ganha-se em rastreabilidade, velocidade e padronização. E o agricultor lá na ponta colhe uma semente melhor, mais rápido e com mais garantia.
SAFRA DE CIFRAS
Trigo demais, margem de menos

Foto: CNA/Flickr
A safra global de trigo em 2025/26 deve bater novo recorde: 809 milhões de toneladas, segundo o USDA. Oferta graúda, consumo acompanhando, mas estoques em queda pelo sexto ano seguido. Parece equilibrado, mas não é. O excesso nas prateleiras internacionais virou um cabo de guerra entre exportadores, que derrubou os preços na Bolsa de Chicago e acendeu o alerta nos campos brasileiros.
A disputa ficou ainda mais indigesta com o milho em baixa, pressionando o trigo como alternativa na ração animal, e com a geopolítica atrapalhando o jogo: tarifas de Trump, dólar cambaleante e protecionismo no ar. Nos Estados Unidos, a produção caiu 3%, mas o estoque cresceu, o preço por bushel desceu (US$ 5,40) e as exportações devem subir ao maior nível desde 2020, um pacote que deixa o trigo americano mais baratinho e com apelo global.
Por aqui, o produtor segue na corda bamba. Com o trigo importado ganhando fôlego e os preços internos sem sinal de reação, o Itaú BBA já adianta: a margem vai continuar no osso. O Brasil planta cada vez melhor, mas competir com a gangue dos gigantes num mercado lotado exige mais que técnica, exige nervo. E talvez, um plano B.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Soja 2035: edição no DNA, pitaco da IA

Foto: Gabriel Faria
A revolução da soja já tem roteiro escrito, e ele passa por edição gênica e inteligência artificial. Esse foi o tom do workshop internacional que encerrou o Congresso Brasileiro da Soja, reunindo nomes da ciência de China, EUA, Canadá, Argentina e Brasil. A conclusão é simples: o avanço da produtividade da soja empacou nos últimos anos, e só com biotecnologia de ponta vai dar pra subir de nível.
Na China, o foco está no entendimento profundo do genoma e no desenvolvimento de raízes mais parrudas, especialmente para solos secos. No Canadá, a soja disputa espaço com trigo e canola, e só entra no jogo se entregar desempenho. Nos EUA, mesmo com a queda no custo do sequenciamento genético, ainda pesa no bolso, mas a IA já ajuda a decifrar as funções dos genes e prever os efeitos das alterações com precisão cirúrgica.
A Argentina segue firme nos transgênicos e já mira cultivares tolerantes à seca, com mais proteína e menos açúcar indesejado. Por aqui, os cientistas falam em aumentar produtividade, driblar doenças e encurtar ciclos, tudo via CRISPR e RNAi. O desafio? Fazer múltiplas edições sem bagunçar a planta. E tem mais: por gerarem plantas convencionais, as edições gênicas driblam parte da burocracia transgênica. Mas esbarram num velho conhecido da ciência moderna, o imbróglio jurídico da patente do CRISPR, ainda sem dono definido.
Entre otimismo e cautela, os pesquisadores projetam ganhos de até 25% na produtividade da soja até 2035. A ver.
RADAR SANITÁRIO
A bruxa tá solta

Foto: Embrapa
Monte Azul Paulista entrou no mapa da gripe aviária com um novo foco confirmado: duas galinhas de quintal testaram positivo, levando o total nacional a 184 casos desde 2023. A maioria ainda é de aves silvestres, mas os surtos em criações domésticas acendem o alerta.
A granja mais próxima escapou ilesa, até agora. Equipes da Defesa Agropecuária passaram um pente-fino em seis estabelecimentos comerciais na região e iniciaram um cerco sanitário num raio de 10 km. É a vigilância tentando impedir que um problema de fundo de quintal vire dor de cabeça pra toda a cadeia avícola.
PLANTÃO RURAL
Ração que mata. A Nutratta admitiu: tem ração contaminada no mercado. O produto pode ter matado até 800 cavalos com monocrotalina, toxina vinda de plantas adubadeiras. O Mapa confirma 284 mortes e proibiu a venda. A fábrica tenta apagar o incêndio.
Wi-Fi no campo, sinal ruim no bolso. A internet chegou em 84,8% das casas rurais, mas a rede móvel caiu. A diferença com as cidades é a maior desde 2016. Mesmo assim, o agro tá plugado no streaming e começa a deixar a TV pra trás.
Morango virou popstar. Bastou o “morango do amor” bombar nas redes pra fruta disparar: alta de 35% nos preços e recorde de vendas na CEASA/MS. Produtor reajustou preço na hora, a maçã do amor foi ofuscada e o campo faturou com a trend.
Hambúrguer com passaporte verde-amarelo. Hoje, a cada 4 kg de carne importada pelos EUA, 1kg vem do Brasil. Com o tarifaço de Trump, quem vai pagar o pato é o americano fã de carne.
Trevo vai mais longe. Com R$ 60 milhões no bolso, a Trevo Lácteos vai aumentar produção em 2025. A aposta é no PETE, programa que junta eficiência e boas práticas. Menos perdas, mais iogurte e meta de produtividade 10% maior.
FS acelera no milho. A FS tirou projeto da gaveta e vai torrar R$ 2 bi numa nova usina de etanol de milho em MT. A conta fechou com o E30 e o caixa em dia. A planta deve rodar até o fim de 2026.
Holanda na lavoura. Brasil e Países Baixos fecharam acordo pra fomentar a produção sustentável. A Holanda entra com inovação, o Brasil com escala. Fávaro quer mostrar na COP30 que o agro pode, sim, ser verde. E sem greenwashing.
SE DIVERTE AÍ
O Termo é o jogo perfeito pra começar o dia fazendo seu cérebro pegar no tranco. Uma palavra de 5 letras, seis tentativas e muito chute baseado em nada. Tem gente aqui que não começa o dia acertar tudo.
👉 Tenta a sorte no term.ooo
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Castanha-do-Pará
Pergunta de hoje: Qual óleo vegetal brasileiro é mais exportado que consumido e vai parar em fábrica de biodiesel gringa?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
