APRESENTADO POR

Bom dia!

A edição de hoje tem governo retomando investigação de dumping pra tentar salvar o produtor de leite, fertilizante chinês entupindo porto e redesenhando a conta do adubo, soja mato-grossense plantada no sufoco, Pronaf encolhendo no Rio Grande do Sul, um cheque de R$ 1,18 bilhão pra erguer usina de etanol de milho no oeste do Paraná, temporal prometendo castigar boa parte do país e até Wall Street de olho no glifosato da Bayer enquanto o Ibovespa flerta com novos recordes.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$108,77 -32,00%
Algodão (Centavos R$/LP) 346,82 -17,40%
Arroz (Saca 50kg) R$53,06 -46,48%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$321,75 0,06%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.231,43 -0,47%
Etanol anidro (Litro) R$3,3004 8,78%
Milho (Saca 60kg) R$69,54 -4,66%
Soja (Saca 60kg) R$142,02 2,22%
Trigo (Tonelada) R$1.186,84 -14, 82%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

  • Ibovespa nas alturas e mercado em clima de festa. O índice ultrapassou os 160 mil pontos pela primeira vez, com alta de 0,85% pela manhã e analista falando em espaço pra buscar 165 mil e até 180 mil pontos. Bancões, Petrobras e Vale ajudaram a puxar a fila, mas o destaque ficou com o Grupo Ultra, que subiu mais de 3% depois de anunciar R$ 1,08 bilhão em dividendos intermediários.

APRESENTADO POR FARSUL

AGRO+JOVEM: o encontro que coloca a nova geração no centro do agro

O AGRO+JOVEM tá chegando, no próximo sábado (6), pra dar voz, força e espaço pra nova geração que tá assumindo o protagonismo no campo. O encontro vai reunir jovens líderes das Comissões Jovens do Norte/RS em um dia inteirinho de troca real, conteúdo prático e conversas que mexem com o futuro do agronegócio.

A programação tem de tudo: painel com sucessores que já transformam suas propriedades, debate sobre o papel das Comissões Jovens, networking, momentos de integração e um encerramento no melhor estilo gaúcho, com parrilla e música torando.

Com temas como sucessão rural, liderança e inovação, o AGRO+JOVEM não é só um evento, é um movimento que vem pra conectar ideias, inspirar ações e fortalecer quem já tá construindo o agro de amanhã.

Para participar, é só fazer a sua inscrição e levar 1 kg de alimento não perecível.

SAFRA DE CIFRAS

Leite barato demais pra ser verdade

Gif by wwe on Giphy

O governo resolveu tirar o leite em pó argentino e uruguaio dessa promoção de Black Friday eterna. O MDIC, comandado por Geraldo Alckmin (PSB-SP), vai retomar até junho de 2026 a investigação de dumping nas importações, depois de um pit-stop técnico que travou o processo em agosto. A CNA pediu pra apertar o passo e já fala em tarifa extra antes desse prazo, porque produtor não paga conta com análise em andamento.

Os números que tão na mesa não são pouca coisa. Segundo a CNA, entre 2021 e 2023 a Argentina exportou leite em pó pra nós com um preço 53% abaixo do mercado interno deles, empurrando a nossa cadeia leiteira pro sufoco, principalmente os pequenos produtores, que já tão espremidos entre preço baixo na porteira e custo de produção no teto. O vice-presidente da CNA, Jônadan Ma, fez questão de deixar bem claro que o leite sustenta mais de 6 milhões de pessoas e que a bronca aqui não é só de mercado: é social, política e estratégica. A ideia é segurar o jogo desleal agora pra não virar dependente de leite importado lá na frente.

No campo político e jurídico, o time do leite ganhou reforço. O deputado Domingos Sávio (PL-MG) lembrou que a OMC reconhece leite em pó como similar ao in natura, o que ajudou a equipe técnica do MDIC a rever a posição e carimbar a retomada da investigação. Já a deputada Ana Paula Leão (PP-MG) fala em usar, além das tarifas antidumping provisórias, medidas mais firmes pra melhorar o cachê da atividade. A CNA tá esperando a publicação oficial do deferimento, a volta de vez do processo e uma decisão preliminar confirmando o dumping, o dano e o nexo causal, abrindo espaço pra essa tal tarifa provisória. Depois de um 2025 amargo, o setor quer pelo menos começar 2026 com um pouco mais de gordura no copo.

O AGRO EM NÚMEROS

Algodão mais magro, crédito sumindo e usina nova vindo aí

Foto: Lucas Ninno/Gettyimages

Em Mato Grosso, o algodão acabou dando uma falhada. O Imea cortou a previsão da safra 2025/26 de algodão pra 2,58 milhões de toneladas de pluma, uma queda de 1,74% contra a última previsão, que foi feita em novembro. Com o preço de venda meio mé e o custo de produção lá em cima, tem muito produtor que tá tirando o pé da fibra.

No mundo do açúcar orgânico, a Jalles Machado chamou o BNDES de canto pra tentar segurar a barra do tarifaço. A usina pegou R$ 200 milhões pelo programa Brasil Soberano pra segurar o buraco das taxas, que já teria tirado R$ 25 milhões do bolso do orgânico da Jalles. Um cenário bem complicado, já que metade da produção deles ia pra terra do Tio Sam.

No Rio Grande do Sul, a planilha do Pronaf tá mais pra filme de terror que pra história de superação. De janeiro a novembro, o crédito rural pra agricultura familiar caiu de R$ 7,96 bilhões em 2024 pra R$ 5,78 bilhões em 2025, uma murchada de quase 30%. A Fetag diz que as famílias tão correndo do banco porque não conseguem fechar nem as contas antigas, imagina fazer dívidas novas. O Proagro, que cobria entre 17% e 19% da área agropecuária do Estado, hoje atende só 8,8% dos 22 milhões de hectares, e o PSR despencou pra 1,88% da área, depois de já ter batido mais de 20% das lavouras gaúchas em 2020/21.

No oeste do Paraná, a vibe tá bem diferente: tem etanol de milho chegando pra ancorar investimento pesado. Toledo vai receber uma usina da Hydrograph com um aporte de R$ 1,18 bilhão em uma área de 60 hectares, do ladinho do aeroporto municipal. A planta deve processar 1,5 mil toneladas de milho por dia e entregar por ano 200 mil m³ de etanol, 160 mil toneladas de DDGS e 18 mil toneladas de óleo de milho, pau pra toda obra. A construção deve durar de 18 a 24 meses, gerar cerca de 1,5 mil empregos na construção e, em operação cheia, movimentar R$ 1,2 bilhão por ano, com algo perto de R$ 213 milhões em ICMS. No fim das contas, é milho virando combustível, ração, energia e uma bela base de arrecadação pro governo.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Tempestade modo hard ativado no mapa do agro

Gif by ShogunFX on Giphy

O Inmet ligou o pisca-alerta pra todo mundo, principalmente os produtores, no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Até quinta-feira (4), tem uma faixa enorme do país sob aviso laranja, com previsão de chuva entre 30 e 60 mm por hora! Além de rajadas de vento de até 100 km/h e chance de granizo. É bom tomar bastante cuidado, já que tem risco bem real de queda de energia, estrago em lavoura, árvore no chão e alagamento onde a drenagem não dá conta.

No mapa da pedrada, entram regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, Vale do Paraíba, Triângulo Mineiro, Zona da Mata e litoral do Espírito Santo, além do norte e oeste de Santa Catarina, boa parte do Paraná e áreas do centro, sul e leste de Goiás e de Mato Grosso. Ainda tem um segundo aviso reforçando a bronca em Minas Gerais, Espírito Santo e norte e noroeste fluminense entre quarta-feira (3) e quinta-feira (4). É chuva que não para mais e é bom todo mundo se planejar pra não ser pego de calça curta.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Soja jogando no hard em Mato Grosso

Foto: Pedro Silvestre

No papel, a soja em Mato Grosso tá quase redondinha: o Imea crava que 99% da área de soja do estado já tá plantada. Mas quem tá na lavoura sabe que esse número esconde muito perrengue. Lucas Beber, presidente da Aprosoja-MT, conta que tem município refazendo plantio em looping por causa da chuva picotada. Em Nova Xavantina, tem produtor que semeou no começo de novembro, teve que arrancar tudo e agora tá de olho no céu esperando uma água decente, porque o que caiu até agora não garantiu germinação nem em sonho.

Pra piorar o humor do produtor, o clima resolveu dar uma trolada. Tem nuvem que se forma, faz cara de temporal, escurece o horizonte e, na hora H, não cai nada, nem uma gotinha. Beber diz que desde 2016 não se via um cenário tão esquisito e que talvez este seja o ano mais difícil pra soja no Mato Grosso nos últimos tempos, com talhão remendado, desenvolvimento atrasado e planejamento da colheita indo parar na gaveta, dentro de uma pasta dos planos que o céu não deixou rolar.

E a bronca não para na soja: o atraso e o replantio já empurram a segunda safra de milho pra uma janela mais curta em boa parte do estado. Não tá fácil pra ninguém no Mato Grosso, e se continuar assim, daqui a pouco tem produtor fazendo até dança da chuva pra tentar melhorar a situação.

DE OLHO NO PORTO

Até o adubo é chinês

Giphy

A China tomou de vez o posto de principal fornecedora de fertilizantes pro Brasil. De janeiro a outubro, a gente comprou 9,76 milhões de toneladas dos chineses, deixando a Rússia na saudade, que entregou 9,2 milhões, segundo dados do MDIC analisados pela CNA. O empurrão principal veio do sulfato de amônio e das misturas nitrogenadas e fosfatadas. Mas tem muito problema ainda, tipo o desembarque, que virou novela: tem uma fila gigante em Paranaguá com espera média perto de 60 dias e a conta subindo junto com o stress.

No total do ano, o Brasil já importou 38,3 milhões de toneladas de fertilizantes, um aumento de 4,6% contra 2024, com Omã e Nigéria aparecendo bem fortes no rodízio de fornecedores. Do lado da demanda, quem dá o tom é a segunda safra. Nos nitrogenados, os preços vinham numa descida bonitinha até a Índia chegar com novas licitações, botar pressão e fazer a cotação disparar. Nos fosfatados, o MAP até caiu, mas nem assim empolgou muito produtor e as negociações seguem meio travadas. No potássio, o mercado tá mais enxuto, mas bem comportado, com cenário de preço estável pros próximos meses.

O recado da CNA é que 2025 deve fechar com recorde de compra de fertilizantes, com o Rio Grande do Sul pesando no fim do jogo por causa do atraso nas aquisições. Pra 2026, a expectativa é de que o produtor siga firme no investimento, com aumento de área e chance de mais uma safra grande sustentando outra máxima de entregas.

PLANTÃO RURAL

  • Seguro rural magrinho e cheque pro agro. Em Goiânia, Carlos Augustin admitiu que o Brasil faz crédito demais e seguro de menos: orçamento do seguro rural gira perto de R$ 1 bilhão, enquanto a equalização de juros do Plano Safra custa R$ 13,4 bilhões. Ele defende ampliar recursos, criar fundos tipo check-off de 0,5% sobre a comercialização e usar programas como o Ecoinvest, que deve liberar R$ 30 bilhões em 10 anos pra recuperar pasto com juro entre 8% e 12%.

  • Tempestade histórica afoga o Sudeste Asiático. Indonésia, Malásia e Tailândia enfrentam uma tempestade rara que já deixou mais de 1,5 mil mortos, dezenas de milhares de casas danificadas e mais de 10 milhões de pessoas afetadas. A combinação de monções prolongadas com águas muito quentes gerou acumulados acima de 1.500 mm e já começa a bater nas atividades agrícolas, inclusive na colheita do café robusta no Vietnã.

  • Brasileiro ampliando o império do ovo na Espanha. A Global Eggs, comandada pelo brasileiro Ricardo Faria, comprou a Avícola Tratante, uma das principais produtoras de ovos da Galícia, fundada em 1969. A empresa já tinha levado a Granja Legaria e a El Granjero neste ano e agora amplia a rede do Grupo Hevo em centros espalhados pelo país.

  • Roundup ganha fôlego no Supremo dos EUA. As ações da Bayer subiram mais de 9% depois que o procurador-geral D. John Sauer recomendou que o Supremo dos EUA analise o recurso da empresa no caso Roundup, defendendo que a lei federal deve prevalecer sobre decisões estaduais. A Bayer tenta encerrar cerca de 67 mil processos ligados ao glifosato, depois de já ter pago mais de US$ 10 bilhões em acordos e indenizações, e vende o apoio do governo Trump como sinal de alívio regulatório pro agro americano.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a brincadeira é com o Tradle, o jogo em que você tem que adivinhar o país só olhando a “cara” das exportações dele. Abre o site, dá de cara com um gráfico cheio de barrinha colorida e tenta chutar quem é o dono daquela pauta de vendas. Vale olhar pro peso de soja, carne, minério, café e afins pra sacar se é Brasil, um vizinho ou um concorrente lá de fora.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Chicória do Pará

Pergunta de hoje: Qual cultura de leguminosa ajudou a compor dietas equilibradas desde os primeiros agricultores no Oriente Médio?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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