
APRESENTADO POR
Bom dia!
A edição de hoje tem governo retomando investigação de dumping pra tentar salvar o produtor de leite, fertilizante chinês entupindo porto e redesenhando a conta do adubo, soja mato-grossense plantada no sufoco, Pronaf encolhendo no Rio Grande do Sul, um cheque de R$ 1,18 bilhão pra erguer usina de etanol de milho no oeste do Paraná, temporal prometendo castigar boa parte do país e até Wall Street de olho no glifosato da Bayer enquanto o Ibovespa flerta com novos recordes.
Pra você acordar bem informado
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
Ibovespa nas alturas e mercado em clima de festa. O índice ultrapassou os 160 mil pontos pela primeira vez, com alta de 0,85% pela manhã e analista falando em espaço pra buscar 165 mil e até 180 mil pontos. Bancões, Petrobras e Vale ajudaram a puxar a fila, mas o destaque ficou com o Grupo Ultra, que subiu mais de 3% depois de anunciar R$ 1,08 bilhão em dividendos intermediários.
APRESENTADO POR FARSUL
AGRO+JOVEM: o encontro que coloca a nova geração no centro do agro

O AGRO+JOVEM tá chegando, no próximo sábado (6), pra dar voz, força e espaço pra nova geração que tá assumindo o protagonismo no campo. O encontro vai reunir jovens líderes das Comissões Jovens do Norte/RS em um dia inteirinho de troca real, conteúdo prático e conversas que mexem com o futuro do agronegócio.
A programação tem de tudo: painel com sucessores que já transformam suas propriedades, debate sobre o papel das Comissões Jovens, networking, momentos de integração e um encerramento no melhor estilo gaúcho, com parrilla e música torando.
Com temas como sucessão rural, liderança e inovação, o AGRO+JOVEM não é só um evento, é um movimento que vem pra conectar ideias, inspirar ações e fortalecer quem já tá construindo o agro de amanhã.
Para participar, é só fazer a sua inscrição e levar 1 kg de alimento não perecível.
SAFRA DE CIFRAS
Leite barato demais pra ser verdade

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O governo resolveu tirar o leite em pó argentino e uruguaio dessa promoção de Black Friday eterna. O MDIC, comandado por Geraldo Alckmin (PSB-SP), vai retomar até junho de 2026 a investigação de dumping nas importações, depois de um pit-stop técnico que travou o processo em agosto. A CNA pediu pra apertar o passo e já fala em tarifa extra antes desse prazo, porque produtor não paga conta com análise em andamento.
Os números que tão na mesa não são pouca coisa. Segundo a CNA, entre 2021 e 2023 a Argentina exportou leite em pó pra nós com um preço 53% abaixo do mercado interno deles, empurrando a nossa cadeia leiteira pro sufoco, principalmente os pequenos produtores, que já tão espremidos entre preço baixo na porteira e custo de produção no teto. O vice-presidente da CNA, Jônadan Ma, fez questão de deixar bem claro que o leite sustenta mais de 6 milhões de pessoas e que a bronca aqui não é só de mercado: é social, política e estratégica. A ideia é segurar o jogo desleal agora pra não virar dependente de leite importado lá na frente.
No campo político e jurídico, o time do leite ganhou reforço. O deputado Domingos Sávio (PL-MG) lembrou que a OMC reconhece leite em pó como similar ao in natura, o que ajudou a equipe técnica do MDIC a rever a posição e carimbar a retomada da investigação. Já a deputada Ana Paula Leão (PP-MG) fala em usar, além das tarifas antidumping provisórias, medidas mais firmes pra melhorar o cachê da atividade. A CNA tá esperando a publicação oficial do deferimento, a volta de vez do processo e uma decisão preliminar confirmando o dumping, o dano e o nexo causal, abrindo espaço pra essa tal tarifa provisória. Depois de um 2025 amargo, o setor quer pelo menos começar 2026 com um pouco mais de gordura no copo.
O AGRO EM NÚMEROS
Algodão mais magro, crédito sumindo e usina nova vindo aí

Foto: Lucas Ninno/Gettyimages
Em Mato Grosso, o algodão acabou dando uma falhada. O Imea cortou a previsão da safra 2025/26 de algodão pra 2,58 milhões de toneladas de pluma, uma queda de 1,74% contra a última previsão, que foi feita em novembro. Com o preço de venda meio mé e o custo de produção lá em cima, tem muito produtor que tá tirando o pé da fibra.
No mundo do açúcar orgânico, a Jalles Machado chamou o BNDES de canto pra tentar segurar a barra do tarifaço. A usina pegou R$ 200 milhões pelo programa Brasil Soberano pra segurar o buraco das taxas, que já teria tirado R$ 25 milhões do bolso do orgânico da Jalles. Um cenário bem complicado, já que metade da produção deles ia pra terra do Tio Sam.
No Rio Grande do Sul, a planilha do Pronaf tá mais pra filme de terror que pra história de superação. De janeiro a novembro, o crédito rural pra agricultura familiar caiu de R$ 7,96 bilhões em 2024 pra R$ 5,78 bilhões em 2025, uma murchada de quase 30%. A Fetag diz que as famílias tão correndo do banco porque não conseguem fechar nem as contas antigas, imagina fazer dívidas novas. O Proagro, que cobria entre 17% e 19% da área agropecuária do Estado, hoje atende só 8,8% dos 22 milhões de hectares, e o PSR despencou pra 1,88% da área, depois de já ter batido mais de 20% das lavouras gaúchas em 2020/21.
No oeste do Paraná, a vibe tá bem diferente: tem etanol de milho chegando pra ancorar investimento pesado. Toledo vai receber uma usina da Hydrograph com um aporte de R$ 1,18 bilhão em uma área de 60 hectares, do ladinho do aeroporto municipal. A planta deve processar 1,5 mil toneladas de milho por dia e entregar por ano 200 mil m³ de etanol, 160 mil toneladas de DDGS e 18 mil toneladas de óleo de milho, pau pra toda obra. A construção deve durar de 18 a 24 meses, gerar cerca de 1,5 mil empregos na construção e, em operação cheia, movimentar R$ 1,2 bilhão por ano, com algo perto de R$ 213 milhões em ICMS. No fim das contas, é milho virando combustível, ração, energia e uma bela base de arrecadação pro governo.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Tempestade modo hard ativado no mapa do agro

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O Inmet ligou o pisca-alerta pra todo mundo, principalmente os produtores, no Sul, Sudeste e Centro-Oeste. Até quinta-feira (4), tem uma faixa enorme do país sob aviso laranja, com previsão de chuva entre 30 e 60 mm por hora! Além de rajadas de vento de até 100 km/h e chance de granizo. É bom tomar bastante cuidado, já que tem risco bem real de queda de energia, estrago em lavoura, árvore no chão e alagamento onde a drenagem não dá conta.
No mapa da pedrada, entram regiões metropolitanas de São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, Vale do Paraíba, Triângulo Mineiro, Zona da Mata e litoral do Espírito Santo, além do norte e oeste de Santa Catarina, boa parte do Paraná e áreas do centro, sul e leste de Goiás e de Mato Grosso. Ainda tem um segundo aviso reforçando a bronca em Minas Gerais, Espírito Santo e norte e noroeste fluminense entre quarta-feira (3) e quinta-feira (4). É chuva que não para mais e é bom todo mundo se planejar pra não ser pego de calça curta.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Soja jogando no hard em Mato Grosso

Foto: Pedro Silvestre
No papel, a soja em Mato Grosso tá quase redondinha: o Imea crava que 99% da área de soja do estado já tá plantada. Mas quem tá na lavoura sabe que esse número esconde muito perrengue. Lucas Beber, presidente da Aprosoja-MT, conta que tem município refazendo plantio em looping por causa da chuva picotada. Em Nova Xavantina, tem produtor que semeou no começo de novembro, teve que arrancar tudo e agora tá de olho no céu esperando uma água decente, porque o que caiu até agora não garantiu germinação nem em sonho.
Pra piorar o humor do produtor, o clima resolveu dar uma trolada. Tem nuvem que se forma, faz cara de temporal, escurece o horizonte e, na hora H, não cai nada, nem uma gotinha. Beber diz que desde 2016 não se via um cenário tão esquisito e que talvez este seja o ano mais difícil pra soja no Mato Grosso nos últimos tempos, com talhão remendado, desenvolvimento atrasado e planejamento da colheita indo parar na gaveta, dentro de uma pasta dos planos que o céu não deixou rolar.
E a bronca não para na soja: o atraso e o replantio já empurram a segunda safra de milho pra uma janela mais curta em boa parte do estado. Não tá fácil pra ninguém no Mato Grosso, e se continuar assim, daqui a pouco tem produtor fazendo até dança da chuva pra tentar melhorar a situação.
DE OLHO NO PORTO
Até o adubo é chinês

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A China tomou de vez o posto de principal fornecedora de fertilizantes pro Brasil. De janeiro a outubro, a gente comprou 9,76 milhões de toneladas dos chineses, deixando a Rússia na saudade, que entregou 9,2 milhões, segundo dados do MDIC analisados pela CNA. O empurrão principal veio do sulfato de amônio e das misturas nitrogenadas e fosfatadas. Mas tem muito problema ainda, tipo o desembarque, que virou novela: tem uma fila gigante em Paranaguá com espera média perto de 60 dias e a conta subindo junto com o stress.
No total do ano, o Brasil já importou 38,3 milhões de toneladas de fertilizantes, um aumento de 4,6% contra 2024, com Omã e Nigéria aparecendo bem fortes no rodízio de fornecedores. Do lado da demanda, quem dá o tom é a segunda safra. Nos nitrogenados, os preços vinham numa descida bonitinha até a Índia chegar com novas licitações, botar pressão e fazer a cotação disparar. Nos fosfatados, o MAP até caiu, mas nem assim empolgou muito produtor e as negociações seguem meio travadas. No potássio, o mercado tá mais enxuto, mas bem comportado, com cenário de preço estável pros próximos meses.
O recado da CNA é que 2025 deve fechar com recorde de compra de fertilizantes, com o Rio Grande do Sul pesando no fim do jogo por causa do atraso nas aquisições. Pra 2026, a expectativa é de que o produtor siga firme no investimento, com aumento de área e chance de mais uma safra grande sustentando outra máxima de entregas.
PLANTÃO RURAL
Seguro rural magrinho e cheque pro agro. Em Goiânia, Carlos Augustin admitiu que o Brasil faz crédito demais e seguro de menos: orçamento do seguro rural gira perto de R$ 1 bilhão, enquanto a equalização de juros do Plano Safra custa R$ 13,4 bilhões. Ele defende ampliar recursos, criar fundos tipo check-off de 0,5% sobre a comercialização e usar programas como o Ecoinvest, que deve liberar R$ 30 bilhões em 10 anos pra recuperar pasto com juro entre 8% e 12%.
Tempestade histórica afoga o Sudeste Asiático. Indonésia, Malásia e Tailândia enfrentam uma tempestade rara que já deixou mais de 1,5 mil mortos, dezenas de milhares de casas danificadas e mais de 10 milhões de pessoas afetadas. A combinação de monções prolongadas com águas muito quentes gerou acumulados acima de 1.500 mm e já começa a bater nas atividades agrícolas, inclusive na colheita do café robusta no Vietnã.
Brasileiro ampliando o império do ovo na Espanha. A Global Eggs, comandada pelo brasileiro Ricardo Faria, comprou a Avícola Tratante, uma das principais produtoras de ovos da Galícia, fundada em 1969. A empresa já tinha levado a Granja Legaria e a El Granjero neste ano e agora amplia a rede do Grupo Hevo em centros espalhados pelo país.
Roundup ganha fôlego no Supremo dos EUA. As ações da Bayer subiram mais de 9% depois que o procurador-geral D. John Sauer recomendou que o Supremo dos EUA analise o recurso da empresa no caso Roundup, defendendo que a lei federal deve prevalecer sobre decisões estaduais. A Bayer tenta encerrar cerca de 67 mil processos ligados ao glifosato, depois de já ter pago mais de US$ 10 bilhões em acordos e indenizações, e vende o apoio do governo Trump como sinal de alívio regulatório pro agro americano.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a brincadeira é com o Tradle, o jogo em que você tem que adivinhar o país só olhando a “cara” das exportações dele. Abre o site, dá de cara com um gráfico cheio de barrinha colorida e tenta chutar quem é o dono daquela pauta de vendas. Vale olhar pro peso de soja, carne, minério, café e afins pra sacar se é Brasil, um vizinho ou um concorrente lá de fora.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Chicória do Pará
Pergunta de hoje: Qual cultura de leguminosa ajudou a compor dietas equilibradas desde os primeiros agricultores no Oriente Médio?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

