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Bom dia!
Enquanto o fantasma do La Niña volta a rondar e preocupa produtores do Sul, o grupo Sada injeta R$ 1,1 bilhão em usinas flex pra garantir etanol com milho e cana o ano inteiro. Do lado de fora, a China segue comprando muita carne bovina brasileira, a França convoca protesto contra o acordo Mercosul–UE e o Mapbiomas mostra que a Amazônia já perdeu área do tamanho da França. E pra fechar, a Nestlé turbina sua fábrica de cápsulas em Minas.
Também tem:
• Corteva cogitando separar sementes e defensivos
• Receita Federal apertando prazo do ITR 2025
• Mexicanos e chineses de olho nas carnes brasileiras
• CNH abrindo inscrições pro programa de estágio
Tudo que você precisa saber pra começar o dia bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.
O Bank of America recomendou compra de ações da JBS e manteve posição neutra para a Marfrig. O banco destaca que a diversificação da JBS ajuda a enfrentar o ciclo restrito do gado nos EUA, enquanto a Marfrig segue mais exposta ao mercado americano.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Alta chance de La Niña acende sinal amarelo

Foto: Globo Rural
O fantasma do La Niña pode dar as caras de novo entre outubro e fevereiro, e o alerta já soou no campo. A NOAA cravou 71% de chance de o fenômeno aparecer, o que significa seca no Sul e muita instabilidade no Centro-Oeste e Sudeste.
No Rio Grande do Sul, a memória ainda é fresca: quebras de safra desde 2021 e produtor renegociando dívida atrás de dívida. “Se vier outra seca, é quebradeira total”, resumiu Mateus de Vargas, de Jari, que perdeu 75% da soja na última safra. A Emater já fala em redução da área plantada.
Mas nem tudo é tragédia. A cana deve aguentar firme e a pecuária pode até ganhar fôlego, com pastagens reforçadas pelas chuvas fora de hora. O risco maior fica nos citros e no café arábica, que sofrem se o calor passar dos 35 graus.
SAFRA DE CIFRAS
Sada injeta R$ 1,1 bi no etanol

Foto: CNA/Divulgação
O grupo mineiro Sada resolveu turbinar seu portfólio e vai despejar R$ 1,1 bilhão na adaptação de duas usinas pra virar “flex”. As unidades de Jaíba (MG) e Montes Claros de Goiás (GO) vão misturar milho na jogada pra garantir a produção de etanol o ano inteiro e driblar a sazonalidade da cana.
A conta vai fechar em 360 milhões de litros por ano quando as duas plantas estiverem rodando a pleno vapor. Só a Eber Bio, em Goiás, deve entregar metade disso já em 2026, além de coprodutos como: 123 mil toneladas de DDGS e 7,5 mil litros de óleo de milho. Negócio fechado também pros criadores, que ganham ração de sobra.
Já em Jaíba, o projeto ainda precisa do carimbo ambiental, mas a meta é começar em 2027 com mais 180 milhões de litros anuais. A energia das duas usinas vai ser gerada do bagaço da cana moída por alí. Pra garantir que vai ter milho na moenda, o grupo já marcou conversa com produtores da Bahia, Goiás e Mato Grosso.
RADAR DO AGRO
Milho exportado em setembro já passa das 3 milhões de toneladas

GIF: Giphy
O mês de setembro começou movimentado no agro brasileiro. A carne suína já soma 63,3 mil toneladas embarcadas até a segunda semana e puxa 23,6% mais na média diária que no ano passado. Além do volume, o preço por tonelada subiu 2,4%, o que ajudou a engordar a receita.
Na carona vem a carne bovina, que exportou 137,2 mil toneladas no período e disparou nos preços: 24,4% mais caros que em 2024. A China segue como freguesa fiel e responde pela maior fatia das compras. A carne de frango também mostra força no ritmo diário, crescendo 9,1%, mas sofre com a queda de quase 8% no preço médio da tonelada.
Nos grãos, o milho já passa das 3 milhões de toneladas exportadas em setembro, praticamente repetindo o desempenho do ano passado. No campo, a Safras & Mercado projeta safra de verão maior, com 25,4 milhões de toneladas, puxada por aumento de área e produtividade. Somando tudo, a produção total de milho pode atingir novo recorde de 142,5 milhões de toneladas em 2025/26.
A cana, por outro lado, não teve a mesma sorte. Dados do CTC mostram queda de 1,65% na produtividade em agosto, com média de 77,5 toneladas por hectare. O ATR também escorregou quase 3% frente a 2024, reflexo direto de problemas climáticos. No acumulado da safra, a retração já passa dos 8%.
COMO TÁ LÁ FORA?
Protesto na França, pra surpresa de ninguém

Foto: Adobe Stock
A FNSEA, maior sindicato agrícola francês, marcou pra 26 de setembro um “dia nacional de protestos”. Ô povo que gosta de uma greve, viu? O alvo da vez é o acordo Mercosul–UE, que tá em fase de ratificação, mas também sobrou pro tarifaço de Trump e até pra guerra na Ucrânia, que tá deixando os insumos mais caros.
Arnaud Rousseau, presidente da entidade, acusou Bruxelas (UE) de virar as costas pros agricultores franceses ao abrir mercado pra carne, frango e açúcar do Mercosul, enquanto impõe regras pesadas ao produtor local. O recado foi direto: “esse acordo é tóxico, incompreensível e perigoso”, segundo Rousseau.
O timing não poderia ser mais francês: instabilidade política em Paris, troca de primeiro-ministro e Macron na corda bamba. Enquanto a Comissão Europeia corre pra assinar o tratado, os agricultores preparam tratores, cartazes e bandeiras. Afinal, protesto na França é quase patrimônio cultural.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Café em cápsula e IA no curral recebem vários milhões

GIF: Giphy
A segunda-feira foi de anúncios pesados no agro e na indústria. De um lado, a Nestlé colocou R$ 450 milhões na expansão da fábrica de Nescafé Dolce Gusto em Montes Claros, parte de um pacote de R$ 7 bilhões até 2028 no Brasil. O investimento vai ampliar em 40% a capacidade da unidade e criar mil empregos diretos e indiretos.
Do outro, a agtech mineira Olho do Dono levantou R$ 2,2 milhões em rodada liderada pelo BR Angels. A startup usa câmeras 3D e inteligência artificial para pesar gado sem balança, cortando custos de transporte e mão de obra. O novo aporte leva o total captado pela empresa a R$ 5,8 milhões desde a fundação.
Enquanto a gigante global aposta em café premium e exportações para a América Latina, a startup foca em expandir vendas diretas a fazendas e acelerar a presença internacional. Dois mundos diferentes, mas um mesmo sinal: os aportes seguem irrigando tanto multinacionais quanto agtechs que querem mudar a rotina do agro.
PAUTA VERDE
Amazônia perde área do tamanho da França em mata

Foto: Gustavo Frazão/Shutterstock
O Mapbiomas jogou luz em um número que pesa: em 40 anos, a Amazônia perdeu 52 milhões de hectares de vegetação nativa, uma área do tamanho da França. Hoje, quase 19% da maior floresta tropical do planeta já foi convertida em pasto, lavoura, silvicultura ou mineração.
O ritmo impressiona. De 1985 a 2024, a pecuária saltou de 12,3 milhões pra 56,1 milhões de hectares, enquanto a agricultura cresceu 44 vezes e a soja virou dona do pedaço, com 5,9 milhões de hectares.
O estudo ainda mostra que a Amazônia tá ficando mais seca: foram 2,6 milhões de hectares de áreas alagadas a menos nos últimos 40 anos, e oito dos dez anos mais secos da história rolaram na última década. O governo promete zerar o desmatamento ilegal até 2030, mas a conta não fecha se a floresta continuar derretendo nesse ritmo.
PLANTÃO RURAL
Quer me rastrear? Bota um chip na minha soja. A Bunge, em parceria com a Bangkok, vai começar a usar blockchain em todos os embarques de soja brasileira para a Ásia, prometendo rastreabilidade do grão da fazenda até o prato. A parceria ainda prevê acordo comercial mais amplo e cadeias livres de desmatamento até 2025.
Porta de entrada. A CNH abriu inscrições para seu programa de estágio em Contagem, Curitiba, Piracicaba e Sorocaba. As vagas incluem áreas de engenharia, finanças e logística, com bolsa-auxílio, treinamentos e até Wellhub. O processo seletivo vai até 6 de outubro.
Semente na mão. A Abrates e a UFLA abriram inscrições para o curso de Analista de Sementes, que acontece em novembro, em Lavras (MG). O treinamento prático e teórico é referência no setor e agora incorpora as atualizações das Regras de Análise de Sementes.
Cuidado com o leão da Receita. Produtores rurais têm até 30 de setembro para entregar a declaração do ITR 2025. O envio é eletrônico e exige número do CAR. Quem perder o prazo paga multa mínima de R$ 50 mais 1% ao mês sobre o imposto devido.
Tem gente de olho na nossa carne. Duas comitivas internacionais desembarcam no país em setembro. Mexicanos avaliam 49 frigoríficos para habilitação da carne bovina, enquanto os chineses analisam a reabertura do mercado ao frango brasileiro.
Mini divórcio à vista. A Corteva estuda separar os negócios de sementes e defensivos para proteger a unidade de sementes de possíveis ricos judiciais ligados a pesticidas. O movimento repete a pressão vivida pela rival Bayer, que acumula bilhões em processos.
SE DIVERTE AÍ
Já ouviu falar no Contexto? É aquele joguinho em que você tem que adivinhar a palavra secreta chutando outras relacionadas até chegar perto. Cada palpite te mostra se você tá frio ou se tá esquentando.
É viciante, rápido e dá pra jogar no celular ou no PC. Bora testar se sua cabeça tá mais afiada que faca de corte no frigorífico?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Milho roxo
Pergunta de hoje: Qual especiaria asiática já foi mais cara que o ouro e motivou expedições marítimas nos séculos XV e XVI?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
