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Bom dia!
O agro não dorme nem com governo parado. Lá nos EUA, o shutdown travou o USDA e deixou produtor perdidinho. Já do lado de cá, o frango brasileiro ganhou espaço na vitrine europeia, a Cargill engordou o prato com a compra da Mig-Plus, e a soja ligou a quinta marcha rumo a novo recorde.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
SAFRA DE CIFRAS
JBS volta pro Paraguai com frango no radar e US$ 70 mi na mesa

Foto: Divulgação JBS
A JBS decidiu voltar pro Paraguai e não é pra trazer muamba e muito menos pra jogar em cassino. A gigante da carne vai investir US$ 70 milhões nos próximos dois anos na avicultura do país vizinho, começando com a compra da Pollos Amanecer, uma marca local que opera no coração agrícola do país.
A planta vai passar por uma reforma daquelas, modernizando os processos e ampliando a capacidade da fábrica até chegar a 100 mil aves processadas por dia, tanto pro mercado interno, quanto pra exportações. Vai ser frango pra dar e vender.
O pacote inclui 28 granjas de material genético, incubatórios e uma fábrica de ração, juntando tudo num complexo que vai empregar cerca de 1.100 pessoas. Hoje, a operação funciona com 19 galpões, mas o objetivo é expandir pra 139.
A operação marca o retorno da JBS ao Paraguai depois da venda de uma unidade de bovinos pra adversária Minerva, em 2017. Agora a aposta é nos frangos, aproveitando um mercado local ainda pequeno, mas que tem muito espaço pra crescer.
COLHENDO CAPITAL
Cargill bota Mig-Plus no prato e quer morder pedaço ainda maior do mercado

Foto: Cargill/Divulgação
A Cargill resolveu dar um upgrade no seu cardápio no Brasil. Ontem (1), o Cade deu sinal verde pra compra da gaúcha Mig-Plus, empresa de nutrição animal da cidade de Casca (RS). Com a jogada, a gigante passa a controlar duas unidades fabris especializadas em rações e suplementos vitamínico-minerais pra suínos, ruminantes e outras espécies. Mais proteína pro cocho e mais espaço pra brigar no mercado brasileiro.
E essa fome não é de hoje: a Cargill vem ampliando a sua presença por aqui e tá de olho, principalmente, nas regiões onde a pecuária é forte. Com essa nova aquisição, a companhia promete fortalecer ainda mais o atendimento ao produtor rural, garantindo que do leitão ao boi de corte ninguém fique sem suplemento na prateleira.
Segundo Celso Mello, vice-presidente da área na América do Sul, a integração vai ser devagarinho, mas sempre mirando eficiência e competitividade. A ideia é não tropeçar no processo: explorar sinergias, buscar eficiência e, manter a confiança de parceiros, funcionários e clientes.
O AGRO EM NÚMEROS
Soja engata a quinta marcha e mira recorde de 178,6 milhões de toneladas

Foto: Flavio Benedito Conceição/Gettyimages
A StoneX revisou pra cima a safra 25/26 e agora aposta em 178,6 milhões de toneladas de soja. O aumento vem de área plantada maior e clima que, por enquanto, joga a favor. Se essa Mãe Dináh tiver mesmo certa, é mais um recorde pro grão que já é um dos nossos maiores destaques.
Na cana, a moagem do Centro-Sul deu um salto de 6,9% na primeira quinzena de setembro e alcançou 45,97 milhões de toneladas. O açúcar brilhou com alta de 15,7%, mas o ATR perdeu força, caindo 3,4%. Enquanto isso, o etanol de milho mostrou serviço com 390 milhões de litros, 16% a mais que no ano passado.
Do lado do café, o cenário amarga. O Cecafé projeta as exportações pra ficarem entre 40 e 41 milhões de sacas em 2025, uma queda de 20% em relação ao recorde do ano passado. A safra menor, os mais estoques curtos e o tarifaço de 50% dos EUA brecaram os embarques.
Entre as empresas, a SLC Agrícola anunciou um aumento de 13,6% na área plantada, agora em 836 mil hectares, mirando soja, milho e algodão. No interior paulista, a Tracbel Agro botou R$ 55 milhões em novas lojas e contratação de mais técnicos pra acelerar a venda de tratores e colhedoras. E a Neomille terminou de captar os R$ 500 milhões em CRA que tinha projetado. O dinheirinho a mais vai ser usado pra comprar milho e turbinar sua usina de etanol em Goiás.
COMO TÁ LÁ FORA?
Shutdown tira o agro americano do ar

Foto: Divulgação/USDA
O agro americano deu tela azul. Todo o governo dos EUA e a maioria dos serviços públicos tão paralisados por falta de acordo entre republicanos e democratas, e o USDA foi junto pro brejo. Relatórios de exportação, vendas semanais e até o Wasde (as estimativas de safra) ficaram em espera, e deixaram o mercado global perdidinho na pancadaria.
Enquanto metade dos quase 86 mil funcionários do USDA foi mandada pra casa, e sem salário, os agricultores vivem um déjà-vu amargo: uma safra recorde de milho derrubando os preços, uma guerra comercial com a China travando todo e qualquer embarque de soja e, por causa do shutdown, agora ficaram sem acesso a crédito e sem pagamentos federais.
O resultado é um agro americano de mãos atadas, bem no meio da colheita. Sem crédito, sem relatório e sem bússola, o produtor olha pro campo e vê abundância de grãos, mas escassez de saída.
DE OLHO NO PORTO
Frango brasileiro bate as asas de novo na União Europeia
O frango brasileiro voltou a ciscar no velho continente. Depois de meses de castigo por causa do foco de Influenza Aviária no Rio Grande do Sul, a União Europeia reabriu o mercado e a primeira vitrine desse retorno será de luxo: a ANUGA 2025, feira gigante de alimentos que começa neste sábado em Colônia, na Alemanha.
Antes da pausa sanitária, o frango verde-amarelo já vinha voando alto: entre janeiro e maio foram 125,3 mil toneladas embarcadas pra UE, uma alta de 20,8% em relação a 2024, com receita de US$ 386,3 milhões (+38%). Agora, o desafio é retomar esse ritmo e mostrar que a sanidade brasileira continua firme, até pra manter o selo de confiança internacional.
O pavilhão brasileiro na feira terá mais de 400 m², com vários nomes de peso como C.Vale, Copacol, Lar, Vibra, Bello Alimentos e Frimesa. Já as gigantes BRF, JBS e Pamplona montaram estandes próprios. Vai ter tanto frango brasileiro espalhado em Colônia que até as bratwurst vão ficar com inveja.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Tá com um cheiro estranho esse mato

Foto: Divulgação/Ascom-PCBA
O campo brasileiro já viu soja, milho, café… mas dessa vez o cultivo era outro. A Polícia Civil da Bahia topou com uma plantação nada convencional em Ibipeba: 4 hectares de maconha, numa fazenda de 50 ha. A descoberta rolou na Operação Amordaçar – Fase II.
Na correria, os mais de 15 suspeitos largaram tudo e fugiram, mas não sem antes incendiar mais de 3 toneladas do estoque que já tava colhido. Sobrou muita fumaça, um reboque agrícola que era usado na operação e mais ou menos uma tonelada de produto que foi enterrada na área. Todo o material encontrado acabou incinerado pelos peritos.
Pro Denarc, esse golpe corta uma das maiores fontes de grana do tráfico na região. Segundo o delegado Ernandes Júnior, a ação neutralizou a produção e deve secar parte do caixa dos criminosos. O recado foi claro: a “safra alternativa” perdeu espaço no campo, e o plantio agora só entra pras estatísticas policiais.
PLANTÃO RURAL
Nova chefia no campo da ONU. A peruana Rocío Medina Bolívar assume como diretora regional do Fida e vai comandar 26 projetos agrícolas em 14 países. Agora, ela tem US$ 2,5 bilhões pra investir em pequenos produtores, com a promessa de transformar desafio em oportunidade na América Latina.
Caviar voador barrado. O Ibama interceptou, no Porto do Pecém (CE), 19 toneladas de ovas de peixe-voador, avaliadas em R$ 15,7 milhões, que seriam enviadas pra Taiwan. Além da multa de R$ 411 mil, a carga de alto valor segue retida como fiel depositária da Justiça.
JBS na mira da Justiça. Depois do resgate de dez trabalhadores em condições análogas à escravidão no RS, em 2024, a Justiça impôs 17 obrigações imediatas à JBS Aves. A empresa rompeu com a terceirizada responsável, contratou uma auditoria externa e promete tolerância zero. Multas podem chegar a R$ 300 mil por ocorrência.
Caso Consentini reinicia. A maior recuperação judicial rural do país, com dívida de R$ 1,2 bilhão, voltou à estaca zero. A Justiça do Tocantins trocou juiz, advogados e administrador, atendendo pressão dos credores. Agora, novos gestores tentam botar ordem na papelada e reerguer o império de 45 mil hectares.
Canola em alta. O Rio Grande do Sul inaugurou a primeira fábrica dedicada ao processamento de canola. Localizada em São Luiz Gonzaga, a planta do Grupo Camera processa 750 toneladas por dia e consolida a cultura como alternativa promissora no calendário de inverno gaúcho.
Biossoluções com sotaque espanhol. A espanhola Sustainable Agro Solutions comprou a participação majoritária na Aqua do Brasil, de Salto (SP). Especializada em fertilizantes especiais e bioestimulantes, a empresa nacional segue com Luciano Gasparini no comando, mas agora com musculatura internacional pra acelerar inovação e expansão na América Latina.
SE DIVERTE AÍ
O desafio de hoje é o GeoGuessr, aquele jogo que te larga em qualquer canto do mundo no Street View e você tem que adivinhar onde tá. Pode ser uma estrada poeirenta no sertão ou uma ruazinha europeia cheia de placas confusas. É viciante e perfeito pra treinar o olhar geográfico.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Painço
Pergunta de hoje: Qual fruta amazônica tem mais vitamina C que a laranja e já foi usada em campanhas de combate à desnutrição?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

