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Bom dia!

O Rio Grande do Sul encara um fim de semana de tempo bruto, com risco de tornados e rajadas acima de 90 km/h, enquanto o Mato Grosso do Sul vira vitrine global da celulose com a megafábrica bilionária da Arauco. No meio do caminho, clima e mercado seguem redesenhando o tabuleiro do agro.

Também tem:
• Governo e agro em queda de braço pelo Plano Clima
• Dechra recolhendo vacina após mortes em rebanhos no Nordeste e Sudeste
• União Europeia reclamando de tarifaço que favorece a Argentina
• Barretos abrindo a histórica 70ª edição da Festa do Peão

Tudo que você precisa saber.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$120,21 -24,85%
Algodão (Centavos R$/LP) 392,43 -6,54%
Arroz (Saca 50kg) R$67,89 -31,52%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$310,75 -3,36%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.181,57 -2,69%
Etanol anidro (Litro) R$3,0884 1,80%
Milho (Saca 60kg) R$64,03 -12,22%
Soja (Saca 60kg) R$142,92 2,87%
Trigo (Tonelada) R$1.419,57 1,88%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

E ESSE TEMPO, HEIN?

Sul do Brasil testando o limite do guarda-chuva, e de alguns telhados

Foto: USDA

O Rio Grande do Sul entra em alerta máximo com a chegada de uma frente fria capaz de provocar temporais violentos, rajadas acima de 90 km/h e até risco de tornados. O Inmet já emitiu alerta laranja para acumulados que podem passar dos 70 mm, além de granizo e descargas elétricas.

As chamadas supercélulas devem boa parte do RS, trazendo chance de microexplosões e downbursts, que são fenômenos que causam furacões. O cenário é de alagamentos, destelhamentos e transtornos em praticamente todo o estado.

Enquanto isso, o resto do país segue na secura. Cuiabá pode encostar nos 40 °C, interior de São Paulo e Minas nos 35 °C e a umidade despenca a níveis críticos no Centro-Oeste e Sudeste. O Nordeste tem pancadas no litoral, mas calor firme no interior, e o Norte segue dividido entre chuvas no Amazonas e sol forte no Pará e Rondônia.

ASSUNTO DE GABINETE

Pesou o clima entre governo e agro

Foto: Rogério Cassimiro/ MMA

O Plano Clima, que mal entrou na reta final de elaboração, já virou motivo de briga entre governo e agro. A Frente Parlamentar Agropecuária (FPA) acusa o texto de jogar nas costas do campo uma fatia exagerada da conta climática. Já o Ministério do Meio Ambiente rebate e diz que o plano é coletivo e técnico, não um bode expiatório ruralista.

Na prática, o embate gira em torno das metas: até 2030, a agricultura e a pecuária precisam cortar 36% das emissões em comparação a 2022, e até 2035 a tesoura pode chegar a 54%. Os ruralistas reclamam que, enquanto o setor tem que reduzir, a energia ainda pode aumentar emissões em até 44%. Para eles, a balança pende pesado contra quem põe comida na mesa.

A FPA fala em “autossabotagem do governo” e alega que o plano ignora avanços já feitos no campo, como preservação de áreas legais, uso de bioinsumos e sistemas produtivos tropicais que sequestram carbono. Também reclama que o desmatamento legal caiu na conta de todos os produtores, sem justificativa clara, deixando o produtor que cumpre a lei com gosto de injustiça.

A pressão aumentou depois que o Ministério da Agricultura resolveu assumir a bandeira do setor produtivo. Em uma nota técnica enviada ao Meio Ambiente, a pasta pediu ajustes substanciais nas contas e questionou a inclusão de 813 milhões de toneladas de CO₂ relacionadas ao desmatamento no pacote atribuído ao agro. Para o Mapa, essa alocação fere padrões internacionais e deveria ser realocada ao setor de conservação da natureza.

Do lado do governo, a defesa é que as metas seguem a metodologia do Inventário Nacional de Emissões, aprovado pelo IPCC, e que incluem sim práticas de captura de carbono como recuperação de pastagens e integração lavoura-pecuária-floresta. O MMA garante ainda que o cálculo é fruto de acordo interministerial e que a Embrapa está ajudando a melhorar a medição.

Por trás da troca de farpas, o que está em jogo é a vitrine internacional do Brasil às vésperas da COP30, em Belém. O Planalto quer mostrar seriedade climática para negociar melhor lá fora, enquanto o agro teme sair como vilão no palco global. A disputa promete render capítulos, mas já deixou claro que a transição verde será também uma queda de braço política.

RADAR DO AGRO

Arauco despeja US$ 2,2 bi no Mato Grosso do Sul

Foto: Divulgação

O Mato Grosso do Sul virou palco de um dos maiores cheques já assinados para a celulose. A chilena Arauco captou US$ 2,2 bilhões com BID Invest, IFC e Finnvera para erguer a megafábrica Sucuriú, em Inocência. O projeto promete ser vitrine de tecnologia e sustentabilidade na indústria global.

Serão 3,5 milhões de toneladas de celulose por ano, turbinadas por 400 mil hectares de eucalipto e 400 MW de energia limpa, quase metade vendida direto para a rede nacional. No pacote também entram 14 mil empregos na obra e 6 mil fixos, além de promessas sociais de saúde, educação e habitação.

O discurso é de valor compartilhado e baixo carbono, mas o recado mesmo é outro: o Brasil segue imbatível no jogo da celulose. Se der certo, o Sucuriú transforma o MS em referência global.

PAUTA VERDE

“Desmatamento na Amazônia é business imobiliário”

Foto: GovPara

Às vésperas da COP30 em Belém, o Pará resolveu virar a mesa e tentar mostrar que boi e floresta podem dividir o mesmo pasto. O secretário Raul Protázio cutucou o vespeiro ao dizer que o desmatamento em larga escala não nasce da carne, mas da especulação fundiária, e que o gado entra só como “sentinela” para segurar a terra grilada.

Dono do segundo maior rebanho do Brasil, com 26,7 milhões de cabeças, o estado quer transformar a pecuária em vitrine verde no palco global. Para dar exemplo, o estado criou o Programa de Pecuária Sustentável do Pará, pacote que inclui rastreabilidade individual obrigatória, bloqueio de trânsito para gado de áreas ilegais e requalificação de produtores fora da lei.

O desafio, porém, é de escala. Especialistas lembram que a produtividade até disparou nos últimos 30 anos, mas a lógica de abrir área nova segue viva. Para dar certo, será preciso incluir os pequenos e convencer frigoríficos e bancos a entrar no jogo.

RADAR SANITÁRIO

Dechra recolhe vacina após mortes misteriosas em rebanhos

Foto: Sergio Ranalli

A farmacêutica veterinária Dechra mandou recolher dois lotes da vacina Excell 10, seu carro-chefe contra clostridiose, depois de mortes repentinas em caprinos e ovinos no Piauí, em outros Estados do Nordeste e até em São Paulo e Minas. Ao todo, 5,8 mil doses estão na berlinda.

A empresa diz que não foi a vacina em si, mas que ela pode ter acelerado doenças pré-existentes nos animais ou até sofrido com armazenamento errado no campo. Enquanto isso, produtores ficam no prejuízo e de olho no laudo que só sai no fim de setembro.

A Excell 10 é responsável por 40 milhões de doses vendidas todo ano no Brasil, sendo o carro-chefe do portfólio da Dechra. Ou seja: a bronca não é pequena. Até lá, a dúvida segue no ar: foi azar, má conservação ou um produto que não aguentou o tranco no curral?

COMO TÁ LÁ FORA?

UE reclama, e diz que quem ganha com tarifas de Trump é a Argentina

Foto: Dušan Cvetanović/Pexels

O tarifaço de Trump segue redistribuindo cartas no comércio global. Desta vez, quem chiou foram os agricultores europeus: o acordo UE-EUA cravou tarifa de 15% sobre produtos agrícolas do velho continente, contra 10% para a Argentina de Milei e 50% para o Brasil. No fim das contas, a vantagem ficou com os hermanos.

A central agrícola Copa-Cogeca acusa Bruxelas de “erro estratégico” e diz que o setor foi abandonado. Nada de alívio tarifário para vinhos e destilados, como tinha prometido Ursula von der Leyen, Presidente da União Europeia. Enquanto isso, concorrentes diretos como Argentina e Austrália passam de camarote.

A bronca é que a agricultura europeia já sofre com custos altos, regulação pesada e competição global crescente. Com os EUA de um lado reforçando mercado interno e a Argentina ganhando vantagem em Washington, sobra aos europeus a sensação de terem ficado com a pior fatia da Rodada Trump: a de pagar mais para vender menos.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

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O jogo é brasileiro, gratuito e atualizado todo dia. Dá pra comparar resultados com os amigos e transformar a adivinhação em disputa. Teste sua sagacidade aqui 👉 contexto.me

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Quinoa

Pergunta de hoje: Qual oleaginosa do Cerrado é conhecida como “ouro do Brasil” e já foi usada para fabricar sabão e lubrificantes?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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