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Bom dia!

A Embrapa botou a inteligência artificial pra revirar meio século de ciência agrícola e já mostrou onde o agro precisa acelerar. Em Minas, crédito rural virou whey protein de pasto e recuperou terras cansadas, enquanto em Brasília o governo tenta segurar a bronca dos extremos climáticos com R$ 12 bilhões extras. No mercado, a Cosan aliviou a dívida com BTG e Perfin, e no campo teve galo de dieta marinha e árvore provando que dá lucro além da sombra.

Também tem:
• Corteva lançando biodefensivo dez vezes mais concentrado
• Prazo do ITR batendo à porta, com multa pra quem atrasar
• Lula embarcando pros EUA e discursando na ONU

Do Cerrado à ONU, tudo na mesma xícara.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 145.865,11 23,06%
RAIZ4 R$1,29 -39,44%
ABEV3 R$12,55 12,82%
BEEF3 R$6,50 36,55%
MRFG3 R$22,14 31,39%
Bitcoin US$115.410,80 17,64%
Ethereum US$4.470,23 24%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

NAS CABEÇAS DO AGRO

IA da Embrapa fuçou meio século de pesquisa agrícola

Foto: Adobe Stock

Se a inteligência artificial já pilota trator, monitora lavoura e até receita adubo, por que não virar historiadora do agro também? A Embrapa botou a IA pra fuçar quase seis décadas de pesquisa agrícola, e o que saiu foi um raio-x da Revolução Verde até as tretas climáticas de hoje.

O levantamento vasculhou 239 estudos publicados entre 1969 e 2022 e dividiu o bolo em seis áreas: economia e desenvolvimento agrícola, inovação tecnológica, segurança alimentar, mudanças climáticas, gestão de recursos, impactos sociais e práticas sustentáveis. Não faltou assunto pra encher essa biblioteca.

Pro futuro, o mapa mostra que o agro verde tá na pole position. Até 2030, as pesquisas em práticas sustentáveis devem triplicar, gestão de recursos deve dobrar e até os estudos sociais vão ganhar mais espaço. Tecnologia e segurança alimentar também seguem crescendo, mas sem dar show de velocidade.

Mas nem tudo são flores, ou melhor, nem tudo são grãos. O estudo mostrou que arroz, trigo, batata e inhame, que são a base do prato de bilhões de pessoas, quase não aparecem nas análises, só em 10% dos trabalhos. E faltam pesquisas experimentais, aquelas que botam a mão na massa de verdade.

O diferencial da pesquisa foi o uso do tal processamento de linguagem natural, a parte da IA que lê texto e acha padrão. Ou seja, os robôs vestiram jaleco de pesquisador e fizeram o trampo pesado. No fim, a Embrapa até montou um dicionário com mais de 100 métodos de avaliação, pra ninguém dizer que não deixou colinha pros próximos.

SAFRA DE CIFRAS

Crédito ajudou a salvar pastos mineiros

Foto: Instituto Mineiro de Agropecuária/Divulgação

Se vaca feliz dá mais leite, pasto bem tratado dá mais boi. Um estudo da Unesp analisou o Programa ABC (hoje chamado RenovAgro) entre 2013 e 2020 e mostrou que, quando o crédito rural bate na porteira, o pasto agradece. Nas áreas que tiveram mais acesso à grana, a quantidade de pastagens semidegradadas caiu e as áreas verdinhas aumentaram. É como se o crédito fosse um whey protein pro capim: quem recebe mais investimento, fica mais verdinho e parrudo.

O segredo não é milagre, é política pública. O ABC ofereceu linhas de financiamento pra adoção de tecnologias sustentáveis, como integração lavoura-pecuária-floresta e plantio direto. Os municípios com mais crédito eram também os que tinham mais boi no pasto e, por isso, mais terra cansada. Resultado: onde o programa chegou, o chão se recuperou mais rápido. Quem diria que financiamento bem aplicado faz milagre até no pasto?

E os números não deixam dúvida. Entre 2013 e 2020, as pastagens semidegradadas em Minas caíram mais de 40%, enquanto as saudáveis cresceram 13,4%. Ou seja, dá pra transformar capim mirrado em buffet cinco estrelas pro gado quando o incentivo vem na medida certa. Com crédito na mão, até vaca magra dá um jeito de virar boi gordo.

RADAR DO AGRO

Atvos pode plantar R$ 2 bi em usinas de etanol

Foto: Divulgação

A Atvos tá de olho no milho pra além da canjica e da pipoca. A companhia, controlada pelo fundo Mubadala, avalia colocar até R$ 2 bilhões em duas usinas de etanol de milho no Mato Grosso do Sul. Cada planta deve engolir 534 mil toneladas de grão e devolver 250 milhões de litros de combustível por safra. Se vingar, o estado passa a ter cinco unidades de etanol de milho no mapa.

No solo paulista, uma pesquisa do IAC em Jaú quebrou um velho mito de boteco e do campo: calcário e fosfato natural reativo podem andar juntos, sim. A mistura garantiu até 12 sacas a mais de soja por hectare, ou 16,5% de produtividade extra, quando foi aplicada de uma vez só, sem essa de esperar um tempo.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Guarda-chuva furado contra tempestade climática

Foto: Felipe Bieger/Arquivo pessoal

Os extremos climáticos deram um nó tático no campo e obrigaram Brasília a abrir a carteira fora da meta fiscal. Foram liberados R$ 12 bilhões extras para renegociar dívidas de produtores afetados por secas e enchentes, principalmente no Rio Grande do Sul, mas com alcance nacional. A MP 1.316/2025 saiu, o Conselho Monetário Nacional (CMN) criou duas linhas novas de crédito, e agora todo mundo olha pro BNDES, que ainda precisa arrumar os sistemas e soltar a circular pros bancos pro dinheiro começar a sair.

Enquanto isso, produtor gaúcho continua na espera. A Fetag-RS já avisou que, se a grana não chegar logo na ponta, a janela de plantio vai embora junto com a safra. “A agricultura tem tempo, e o tempo tá passando”, resumiu o presidente Carlos Joel da Silva. Alguns bancos começaram a mapear clientes e treinar equipes, mas a expectativa é que o din din só comece a pingar depois de alguns dias, ou semanas.

O setor até comemorou a resolução, mas deixou claro que faltaram ajustes. A Farsul criticou a ausência do uso dos fundos constitucionais do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, que poderiam aliviar a pressão sobre os R$ 12 bilhões. E nada de critérios ambientais ou linha específica pra recuperar solos gaúchos, promessa que o ministro Carlos Fávaro tinha ventilado dias antes. No fim, sobrou para os produtores aquele combo clássico: clima imprevisível, governo atrasado e burocracia pesada.

MENTES QUE GERMINAM

Menu fit no galinheiro

Foto: Arquivo pessoal

Tem galo trocando o milho por sushi. Pesquisadores da UFPel, junto com a Granja Faria, deram um blend de algas pardas, vermelhas e verdes pros reprodutores da linhagem Ross. Resultado: metabolismo mais animado, HDL em alta, fígado agradecendo e sem abalar a performance na hora H.

Os pesadões do galinheiro seguraram bem a saúde intestinal, mas os mais magrinhos deram sinais de inflamação. No quesito fertilidade, tudo normal: espermatogênese intacta, sem crise no galinheiro. Ou seja, suplemento aprovado sem risco de queda na produção.

A turma do NUPEEC-HUB já planeja novos testes com outros aditivos naturais, de olho em substituir antibióticos e até patentear a fórmula. Se vingar, a onda de algas pode virar moda no setor avícola.

PAUTA VERDE

Árvore não dá só sombra, dá lucro também

Foto: Karina Pulrolnik/Embrapa

Ontem (21) foi Dia da Árvore, mas em vez de só plantar muda na praça e postar no Insta, a Embrapa lembrou que o agro pode ganhar, e muito, colocando árvore no meio da lavoura e do pasto. No Cerrado, os 50 anos de pesquisa da instituição mostraram que sistemas como a Integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF) e os agroflorestais são milagreiros: recuperam solo cansado, aumentam produtividade e ainda protegem nascente.

E nem é papo de ambientalista. Eucalipto com braquiária e soja em área degradada virou receita comproovada de fazenda mais produtiva. Já as árvores nativas, como o baruzeiro e o famoso pequizeiro, entram no jogo agregando cultura e mais uma oportunidade de negócios. O segredo tá em escolher a espécie certa pro clima e pro solo, sem esquecer das regras de conservação.

O gado agradece a sombra, o solo ganha nutrientes, a fazenda fica mais resistente à seca e o planeta ainda marca ponto com mais carbono estocado. Árvore no campo não é só paisagem bonita.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Tá na hora de esquentar a cabeça com o Termo, aquele joguinho brasileiro de adivinhar palavra. Você tem seis tentativas pra acertar a palavra do dia e cada chute revela se tá no rumo certo ou viajando.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Baobá

Pergunta de hoje: Qual bebida fermentada feita de milho era consumida em rituais pelos incas e ainda é popular no Peru?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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