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Bom dia!
O Brasil deixou o campo e foi pro tribunal: entrou com queixa formal na OMC contra o tarifaço de Trump, acusando os EUA de passar do ponto na cobrança. Enquanto isso, a China engorda as estatísticas e bate recorde de compras de carne bovina brasileira em julho. No campo, o clima não dá trégua: a geada deve se espalhar por seis estados e ameaça desde pastos até lavouras de café.
Também tem:
• Pecuária sustentável regulariza 20 mil fazendas
• Safra menor de cana aperta o mercado de açúcar e etanol
• Cade adia decisão sobre fusão Marfrig-BRF
• São Paulo lança crédito rural exclusivo para mulheres
• Agrogalaxy adia divulgação do balanço
• Lucro da São Martinho despenca 40%
Só o que importa. Direto, claro e no ponto.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Geada avança e congela metade do mapa

Foto: Freepik
O fim de semana já foi gelado e com neve em Urupema, Bom Jardim da Serra e São Joaquim, mas o frio não se deu por satisfeito. A massa de ar polar continua firme e agora espalha geada de moderada a forte por seis estados até quarta-feira (14).
Do chão da Campanha Gaúcha às alturas da Serra da Mantiqueira, o gelo avança pelo RS, SC, PR, SP, MG e RJ. É o tipo de amanhecer que congela pasto, hortaliça e até o ânimo de quem sair cedo da cama.
E quem está em áreas mais elevadas é bom preparar café extra forte: o risco é de geada grossa, daquelas que deixam o campo branquinho antes mesmo do sol dar as caras.
ASSUNTO DE GABINETE
Haddad leva bolo dos EUA e culpa 03, que promete mais confusão

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
A reunião virtual entre Fernando Haddad e o secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, que rolaria na quarta (13) para falar sobre o tarifaço de 50% de Trump, saiu do forno, mas não chegou à mesa. Segundo o ministro, o cancelamento teve tempero político made in Brazil.
Haddad afirma que a extrema direita brasileira, com Eduardo Bolsonaro à frente, trabalhou para melar o encontro. Ainda segundo Haddad, o deputado disse publicamente que tentaria impedir esse tipo de diálogo e, pouco depois, o convite sumiu da agenda americana.
Os EUA alegaram “falta de agenda”, mas para Haddad essa desculpa é indigesta. Ele diz que a pauta comercial ficou em segundo plano e que, no lugar da conversa, entrou em cena um bloqueio diplomático com dedo brasileiro.
A Fazenda até tentou remarcar a reunião, mas ficou no vácuo. Para o ministro, há relação direta entre a fala de Eduardo e o cancelamento e disse que “Não há como não relacionar uma coisa à outra. Não há coincidência nesse tipo de coisa.”
Depois de uma entrevista ao Financial Times, Eduardo Bolsonaro foi apontado, no texto, como o líder de uma campanha que tenta salvar seu pai de uma condenação eminente.
Na entrevista, o deputado falou que Trump tem mais formas de retaliar e que pode aumentar ainda mais as taxas se achar que deve, além de afirmar que vai buscar ajuda com líderes políticos de outros países, na tentativa de aumentar as sanções à Alexandre de Moraes.
Enquanto isso, o governo Lula tenta cozinhar um plano de contingência para aliviar o baque do tarifaço sobre os setores mais dependentes das vendas para o mercado americano, mas essa receita está sendo demorada. Além disso, o caldo pode entornar nos próximos dias e semanas, a depender do humor de Trump.
RADAR DO AGRO
Defensivos para soja encolhem no caixa mas bombam no campo

Foto: CNA/Flickr
O caixa sentiu, mas o campo seguiu acelerado. Na safra 2024/25, os defensivos para soja faturaram US$ 9,5 bilhões, 4,3% a menos que no ciclo anterior, segundo a Kynetec Brasil. A conta caiu com o real mais fraco e preços 8% menores, mas a área tratada bateu recorde e passou de 1,4 bilhão de hectares.
Nos galões, quem mandou foram os fungicidas foliares, com US$ 3,8 bilhões e alta de 3%. Inseticidas e herbicidas empataram em US$ 2,2 bilhões, mas perderam quase 9% no faturamento. Tratamento de sementes somou US$ 558 milhões, nematicidas renderam US$ 250 milhões e adjuvantes e inoculantes juntos fecharam em US$ 418 milhões.
Na biotecnologia, a campeã foi a soja Bt de segunda geração, tolerante a lagartas, que dobrou de área e já ocupa 24% das lavouras. O produtor agora escolhe entre mais de 150 variedades dessa tecnologia, e a prateleira segue engordando.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Diplomacia fria e protecionismo quente deixam agro por sua conta

Foto: Sandra Blaser Azevedo/World Economic Forum
Para Roberto Azevêdo, ex-diretor-geral da OMC, quem ficar esperando o governo resolver o tarifaço e outras barreiras vai perder mercado. No 24º Congresso Brasileiro do Agronegócio, ele disse que empresas e produtores precisam criar conexões diretas lá fora para não pagar caro na guerra comercial.
Azevêdo lembrou que pandemia, polarização e anos de briga no comércio global deixaram acordos internacionais frágeis e fáceis de rasgar. O protecionismo agora se disfarça de causas legítimas, como regras ambientais ou trabalhistas. Na avaliação dele, ter alianças fora do Estado não é mais escolha, é estratégia de sobrevivência.
Com a diplomacia tradicional patinando, quem souber costurar acordos rápidos e eficazes fora da rota oficial é quem vai continuar no jogo.
DICA AGRO ESPRESSO
App da Embrapa promete dar xeque-mate no cascudinho

Foto: Gustavo Bonfim
Se tem um bicho que dá dor de cabeça na avicultura é o cascudinho. Agora, pesquisadores da Embrapa Suínos e Aves criaram um app que usa inteligência artificial para contar automaticamente a população dessa praga e indicar a dose exata de controle, evitando desperdício de inseticidas e cortando custos.
O sistema é simples: o produtor coleta os insetos nas armadilhas, tira uma foto com o celular e o aplicativo identifica o nível de infestação como pouco, médio ou muito. Com base nisso, calcula a quantidade precisa de produto a ser usada. A precisão já bateu 90% nos testes de laboratório e agora vai para a prova real nos aviários comerciais.
Saiba mais e acompanhe o projeto no portal da Embrapa Suínos e Aves clicando aqui
DE OLHO NO PORTO
Brasil põe tarifaço de Trump na roda da OMC

Fonte: Adobre Stock
O Brasil bateu à porta da Organização Mundial do Comércio para contestar o tarifaço de 50% de Donald Trump. Na queixa, o Itamaraty acusa os EUA de atropelar acordos internacionais e lembra que briga comercial se resolve nas regras, não com pedágio extra na alfândega.
Brasília também cutuca o fato de Washington ter poupado outros parceiros, mas deixado o Brasil na fogueira, o que é visto como jogo sujo. A cobrança mistura uma “tarifa recíproca” de 10% com mais 40% de sobretaxa, embalada como ajuste político e com mira na nossa exportação.
Agora começa o jogo: são 60 dias para negociar. Se não rolar acordo, vem painel de arbitragem. Até lá, o tarifaço segue valendo e a disputa entra para o cardápio das tretas comerciais mais quentes do ano.
PLANTÃO RURAL
Pecuária verde na prática. Os Escritórios Verdes da JBS já ajudaram 20 mil fazendas a entrar na linha da regularidade ambiental. De CAR a embargos do Ibama, o apoio gratuito resolve de papelada a pepino jurídico, mostrando que sustentabilidade pode ser passaporte para bons negócios.
Tarifaço ecoa na Índia. A tarifa de Trump contra produtos indianos acendeu o patriotismo econômico. Campanhas pedem boicote a marcas como McDonald’s e Apple, enquanto Modi incentiva a preferência por produtos nacionais. Até Tesla entrou na dança, inaugurando showroom no meio da tensão.
China quer mais churrasco. Julho foi histórico: a China importou 158,4 mil toneladas de carne bovina brasileira, recorde absoluto. No total, o Brasil exportou 325,1 mil toneladas, com alta mensal de 13,8%. No acumulado do ano, já superamos o desempenho de 2024 com folga, aumento de 14,1%.
Só um minutinho, por favor. O Cade adiou a decisão final sobre a compra da BRF pela Marfrig. O caso vai a julgamento em plenária, mas ainda sem data marcada.
Resultado que não vem. A Agrogalaxy, em recuperação judicial, empurrou o balanço do segundo trimestre pro fim de setembro. Motivo: menos equipe e mais exigências da auditoria.
Lucro agridoce na São Martinho. A São Martinho viu o lucro líquido despencar 40,2% com o açúcar em baixa. O alívio veio do etanol, que triplicou o lucro caixa, e do milho, que rendeu R$ 96 milhões em Ebitda.
Crédito só para elas
São Paulo lançou o FEAP Mulher Agro SP, linha de crédito rural exclusiva para agricultoras, com juros de 2% ao ano e até 84 meses para pagar. O pacote inclui assistência técnica da CATI para apoiar os projetos.
SE DIVERTE AÍ
Se acha craque de memória e tática? O Missing 11 vai te botar na beira do gramado. O desafio é simples no papel e cruel no teclado: acertar todos os 11 titulares de um jogo histórico, sem chutar jogador fora de posição.
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VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Arroz
Pergunta de hoje: Que fruto amazônico passou de subsistência ribeirinha a produto global de valor exportável?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
