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Bom dia!

Haddad colocou o crédito do agro na roda com a MP que taxa LCAs, enquanto a bancada ruralista promete briga pesada no Congresso. Já o Cade se prepara pra julgar a moratória da soja, que pode mudar o jogo da sustentabilidade. Do outro lado do mapa, a China embarca soja argentina e três brasileiros garantem vaga na Copa do Mundo do cacau.

Também tem:
• Gustavo Tubarão lançando app pro agro
• Valor da produção agro passando de R$ 1,4 trilhão em 2025
• Recuperação de pastagens com R$ 30 bi do EcoInvest

Tudo que você precisa saber, no seu ritmo e no seu café.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 146.491,75 23,59%
RAIZ4 R$1,10 -48,36%
ABEV3 R$12,38 11,29%
BEEF3 R$6,52 36,97%
MRFG3 R$21,12 25,34%
Bitcoin US$113.639,34 15,83%
Ethereum US$4.155,27 15,26%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

ASSUNTO DE GABINETE

Haddad põe taxa na roda

Foto: Diogo Zacarias/Ministério da Fazenda

O ministro Fernando Haddad subiu no ringue na Comissão de Agricultura com a Medida Provisória 1303 debaixo do braço. Haddad chegou propondo taxa de 5% nas LCAs, com chance de subir pra 7,5%. Hoje, esses papéis não pagam nada de imposto. O ministro jura que a medida não é pra arrecadar, mas pra disciplinar um mercado irregular e segurar a dívida pública.

A bancada ruralista não engoliu. Pedro Lupion (PP-PR), presidente da FPA, cravou que taxar LCA é matar a galinha dos ovos de ouro do crédito rural, que banca mais ou menos 40% do financiamento do Plano Safra. e já adiantou que a tropa toda vai votar contra.

Haddad rebateu dizendo que sem a taxação o governo vai ter que cortar emendas, programas sociais e até uma parte da grana do próprio Plano Safra. Em resumo, ou paga a conta no LCA, ou corta em outro canto.

No meio do fogo cruzado, o relator Carlos Zarattini (PT-SP) já sinalizou que quer aumentar a alíquota pra 7,5% em LCAs e LCIs, mantendo isenção em CRAs, CRIs e Fiagros. Pra Haddad, parte da isenção “fica pelo caminho”, nos bancos, sem chegar ao produtor. Já pra bancada, o risco é encarecer o crédito e empurrar o custo direto pro campo.

No meio disso, o ministro tentou puxar um trunfo pra aliviar seu lado: lembrou dos R$ 12 bilhões liberados em crédito emergencial pro clima e defendeu política de preço mínimo pra segurar o bolso do produtor em supersafra. Mas o clima na Câmara ficou tenso, Haddad fala em disciplina, mas o agro ouve ameaça.

PAUTA VERDE

CNA cobra palco pra agricultura amazônica na COP 30

Foto: Vinícius Mendonça/Ibama

A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) quer que a COP30, em Belém, reconheça de vez o direito à produção agropecuária sustentável na Amazônia. Em um documento entregue ao governo, a entidade insiste que a agricultura tropical não pode ser vista como vilã dessa história, tem que ser colocada no centro da conversa climática.

A proposta é juntar as coisas: estimular produção e combater o desmatamento ilegal com crédito rural diferenciado, financiamento climático, regularização fundiária e apoio a sistemas integrados. A lista ainda inclui recuperar pastagens, reflorestar de forma produtiva e apostar na bioeconomia com inovação e renda local. Tudo isso pra mostrar que a Amazônia pode ser mais do que uma vitrine bonita no discurso internacional.

A CNA também pressiona por soluções práticas em logística, energia limpa e conectividade, já que não dá pra falar em transição climática global se o produtor amazônico continua sem estrada, internet ou linha de crédito decente. A mensagem que a CNA quer passar é de que o agricultor amazônico tem que ser visto como parte do jogo, produzindo comida, conservando floresta e segurando a bronca da segurança alimentar ao mesmo tempo.

RADAR DO AGRO

China lançou mais 10 navios de soja hermana

Foto: Claudio Neves/Portos do Paraná

As exportações brasileiras de gado vivo engordaram 16,5% no acumulado do ano, mas agosto deu uma travadinha. Enquanto Turquia, Egito e Líbano diminuíram o apetite, quem surpreendeu foi o Marrocos, que multiplicou em mais de quatro vezes suas compras de boi brasileiro. A Arábia Saudita e a Guiana também entraram na fila desse açougue.

Já no grão, a soja Argentina virou a queridinha da China. Depois de suspender as retenciones, Buenos Aires viu os chineses encomendarem 1,3 milhão de toneladas de soja em navios Panamax. E isso foi só nessa semana, esse número ainda pode (e deve) aumentar bastante. O movimento esfriou a demanda pela soja dos EUA, pressionou os preços em Chicago pra baixo e ainda colocou exportadores brasileiros numa sinuca de bico.

Enquanto isso, a frota de tratores e colheitadeiras do país pede socorro. A frota já tá quase maior de idade, com uma média que passa dos 15 anos, e mais da metade das máquinas tá rodando além do prazo de validade. Produtores querem renovar até 2027, mas o crédito tá dificultando tudo. Tem muita gente migrando pra locação pra não ter que se endividar muito. E o campo começa a paquerar máquinas autônomas, biometano e até etanol.

Falando de números, na soma geral, o agro brasileiro segue batendo recordes. O Valor Bruto da Produção (VBP) de 2025 deve passar de R$ 1,4 trilhão, alta de 11,3% em relação ao ano passado. Amendoim, café, soja e milho puxaram a fila das lavouras, enquanto na pecuária o destaque vai pro boi, que sozinho representa R$ 204 bilhões da conta. Mato Grosso segue no topo, com 15,7% do bolo total.

COLHENDO CAPITAL

Cacau brasileiro na Copa do Mundo do chocolate

Foto: 1) Cláudia Sá/Arquivo pessoal - 2) Marcos Fantin/Globo Rural - 3) Nugali Chocolates/Reprodução Facebook

Três brasileiros tão na disputa pelo título de melhor cacau do planeta no Cacao of Excellence, o prêmio dos prêmios do setor, que rola em fevereiro de 2026, em Amsterdã. O trio saiu direto do Concurso Nacional de Cacau Especial de 2024 e agora vai brigar por ouro, prata e bronze entre 50 finalistas do mundo todo.

Quem carrega a bandeira verde e amarela são Cláudia Sá, com um blend produzido em Itacaré, no sul da Bahia, e os paraenses Gilmar Batista, de Uruará, e Leomar Vieira, de Medicilândia, com a variedade Alvorada 01. Pra chegar até aqui, eles bateram 191 amostras de 45 origens diferentes. É praticamente uma Copa do Mundo de Cacau, tem até eliminatórias sul-americanas.

Essa é a terceira vez seguida que o Brasil emplaca três nomes na lista, reforçando o peso do país no mercado premium. E a vitrine não para por aí: a edição nacional de 2025 já tá no forno, com 108 amostras de cinco estados e R$ 100 mil em prêmios pros melhores. Se depender da safra de talentos, o cacau brasileiro tá longe de ser apenas ingrediente de brigadeiro.

DICA AGRO ESPRESSO

Influenciador Gustavo Tubarão lança app de serviços pro agro

Foto: Divulgação

O influenciador mineiro Gustavo Tubarão resolveu plantar mais que conteúdo e lançou, junto com Patrick Dellon, o AnunciAgro: um app gratuito que promete ser a versão de hoje dos classificados do jornal. A ideia deles é ser uma vitrine digital do setor, conectando produtores, prestadores de serviço e vendedores no mesmo app

Produtor que precisa de veterinário, agrônomo, eletricista ou até piloto de drone, encontra no app o profissional. O prestador define o preço, mostra seu portfólio e negocia direto, sem intermediário. Menos burocracia, mais negócio fechado e sem precisar ligar pro vizinho pra pedir indicação.

Pra Tubarão, filho de Cana Verde (MG), a iniciativa também tem raiz na própria história. “O campo sempre foi parte da minha história. Agora, posso retribuir trazendo uma solução que gera oportunidade e facilita a vida de quem vive dele”, disse o influenciador.

SAFRA DE CIFRAS

Soja no banco dos réus

Foto: Adobe Stock

O Cade volta à cena na próxima terça com o julgamento que vai definir o futuro da moratória da soja, quele pacto de 2006 que proíbe grãos da Amazônia desmatada depois de 2008. A ideia sempre foi dar um selo verde à produção, mas o acordo entrou na mira como possível cartel, já que as tradings se juntaram sem pedir bênção formal ao Cade.

A Justiça tinha suspendido a decisão preliminar da Superintendência-Geral do Cade, mas o tema voltou à pauta e promete tensão. De um lado, Abiove e gigantes como ADM, Bunge, Cargill e Louis Dreyfuss defendem que a moratória é ferramenta ambiental de primeira. Do outro, produtores e parlamentares da FPA dizem que o pacto engessa o Código Florestal e fere a livre concorrência. O presidente da FPA, Pedro Lupion (PP-PR), já prometeu uma mobilização pesada contra o pacto.

O governo entrou de gaiato na disputa, com MMA e Ibama reforçando a defesa do acordo. Agora, a decisão do Cade pode virar termômetro: se os conselheiros considerarem a moratória irregular, o efeito pode ser cascata em outros acordos de sustentabilidade entre concorrentes. Até lá, a soja segue esperando ver se fica com selo verde ou carimbo de cartel.

PLANTÃO RURAL

  • USP e CropLife contra mercado ilegal. A USP e a CropLife abriram inscrições para o curso online de combate ao mercado ilegal de insumos agrícolas. Gratuito e com apoio do Ministério da Justiça, o programa já formou 6,9 mil profissionais. A quarta edição vai de novembro a janeiro, oferecendo certificação em até cinco módulos.

  • JetBov quer dobrar de tamanho. A JetBov captou R$ 1,6 milhão via equity crowdfunding para dobrar sua rede de franquias até 2026. A startup de Joinville já gerenciou 13 milhões de cabeças de gado em dez anos. Agora, quer chegar mais perto das regiões pecuáristas e promete dobrar receita no próximo ano.

  • Câmara quer dar desconto na conta de água. A Câmara deve votar em breve o projeto que cria uma tarifa social da água para agricultores familiares de baixa renda. A proposta de Arthur Lira (PP-AL) prevê isenção da cobrança em rios e sistemas de irrigação.

  • Governo prepara Fiagro verde. O governo federal estuda criar um Fiagro para atrair investidores estrangeiros pra ajudar na recuperação de pastagens degradadas. A proposta faz parte do programa Caminho Verde Brasil. Arábia Saudita e China já demonstraram interesse. A ideia é permitir que investidores viabilizem conversão de áreas, sem ultrapassar limites de propriedade de estrangeiros.

  • Recuperação de pastos recebe R$ 30 bi até 2027. O governo vai liberar esse mês R$ 16,5 bilhões do programa EcoInvest para bancos financiarem a recuperação de áreas degradadas. Com a contrapartida privada, o volume deve alcançar R$ 30 bilhões até 2027. Cerrado ficará com maior fatia dos recursos, seguido por Mata Atlântica, Amazônia, Caatinga, Pampa e Pantanal.

  • EUA e UE fecham acordo tarifário. Os EUA e a União Europeia oficializaram um novo acordo comercial com uma lista extensa de exceções tarifárias. O pacto, entre outras coisas, retira as sobretaxas anteriores sobre produtos agrícolas, metais e insumos industriais.

  • Evento em universidade causa polêmica. A Universidade Federal de Pelotas virou alvo de polêmica por sediar uma aula inaugural com o tema “combater o agronegócio”. Parlamentares e entidades como a Farsul e o Conselho Regional de Medicina Veterinária do Rio Grande do Sul divulgaram notas de repúdio, acusando discurso de ódio, enquanto a reitoria defendeu pluralidade acadêmica.

SE DIVERTE AÍ

Se a sua cabeça anda rodando com tarifaço, COP e variação dólar, tá na hora de viajar sem sair da cadeira. O GeoGuessr te larga em qualquer canto do mundo no Google Street View e te desafia a adivinhar onde você caiu. Pode ser uma estradinha na Islândia, um posto perdido na Austrália ou até uma esquina que parece saída do interiorzão brasileiro. Quanto mais perto o chute, mais pontos. Bora testar se seu olho é bom de mapa?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Guaraná

Pergunta de hoje: Qual cereal originário da Ásia é cultivado há mais de 8 mil anos e alimenta metade da população mundial?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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