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Bom dia!
O governo abriu o cofre com um pacote bilionário para proteger exportadores das sobretaxas dos EUA. E não parou aí: teve grana fresca para soja “responsável” no Cerrado, startups nordestinas com chance de embolsar prêmios e até gigante da carne expandindo território fora do Brasil.
Também tem:
• Investimentos milionários para inovação no agro
• Lucro e prejuízo movimentando balanços
• Novos negócios cruzando fronteiras
Só o que importa. Direto, claro e no ponto.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)
ASSUNTO DE GABINETE
Tax Wars: a República contra-ataca

Foto: Ricardo Stuckert/PR
O governo respondeu as tarifas impostas pelos EUA com o anúncio do Plano Brasil Soberano, um pacote para segurar o impacto, proteger empregos e reforçar a presença do país no jogo global. São R$ 30 bilhões em crédito barato, R$ 4,5 bilhões para fundos garantidores e até R$ 5 bilhões em créditos tributários, tudo condicionado à manutenção de postos de trabalho.
Lula decidiu não retaliar agora para evitar azedar de vez a relação com Washington, mas avisou que vai insistir nas negociações e buscar novos mercados. Também rebateu críticas americanas sobre direitos humanos e cravou que soberania não se negocia. Haddad chamou o pacote de primeira rodada e deixou no ar que outras podem vir se as exportações perderem fôlego.
Na prática, o plano alonga em um ano o prazo do drawback, dá dois meses de respiro no pagamento de tributos para empresas mais afetadas, turbina o Reintegra devolvendo até 6% para micro e pequenas e 3,1% para grandes e libera compras públicas simplificadas de frutas, pescados, castanhas e mel que perderam espaço nos EUA. As compras terão validade de 180 dias e vão parar em merendas escolares, hospitais e outras instituições.
A reação do campo foi dividida. Pecuaristas, que dizem perder US$ 12 milhões por dia com a queda da arroba, acusam o governo de favorecer frigoríficos e esquecer quem cria o gado. O setor de frutas aprovou parte das medidas, mas teme que pequenos fornecedores que vendem por meio de exportadoras fiquem de fora.
Na política, a bancada ruralista garantiu que não vai travar a MP, mas quer mexer no texto. Já na diplomacia, a corrida é para abrir mais mercados e reduzir a dependência dos EUA. O Brasil já conquistou 397 novos destinos em menos de três anos. Enquanto isso, Trump segue distribuindo tarifas como se fossem brindes de campanha e Brasília tenta garantir que a economia continue de pé, sem engolir seco.
RADAR DO AGRO
BNDES libera R$ 10 bilhões no Plano Safra 2025/26

Fotos: Adobe Stock/Governo de Rondônia
O BNDES já aprovou R$ 10 bilhões em crédito no Plano Safra 2025/26 desde 17 de julho. A maior fatia, R$ 7,37 bilhões, foi para investimentos em instalações e máquinas, enquanto R$ 2,68 bilhões foram para custeio. Cerca de R$ 9,1 bilhões atenderam agricultores familiares, micro, pequenos e médios produtores e cooperativas.
Foram 39 mil operações, sendo 24 mil de investimento, por meio de 24 agentes financeiros e mais de 20 linhas de financiamento. Bancos e cooperativas de crédito responderam por 70% dos recursos, garantindo alcance a 93% dos municípios. O banco tem orçamento recorde de R$ 70 bilhões para o ciclo, alta de 5% sobre o anterior e quase o triplo do Plano Safra 22/23.
COMO TÁ LÁ FORA?
Preço da carne não para de subir nos EUA

Foto: CNA/Flickr
A carne bovina anda mais cara que ouro nos Estados Unidos e já incomoda até rede de fast food. Exportadores brasileiros querem aproveitar o calor da chapa para convencer a Casa Branca e o Congresso a aliviar o tarifaço de 50%.
O presidente da Abiec, Roberto Perosa, se juntou a importadores americanos e gigantes como JBS e Marfrig para lembrar que o boi brasileiro ajuda a segurar a inflação e a garantir proteína no prato da classe média baixa americana.
O problema é que o Brasil não tem para onde mandar toda a carne que ia para os EUA, segundo maior cliente e destino de 12% das exportações. Os cortes magros do dianteiro, queridinhos dos americanos, não têm tanta saída aqui e poderiam derrubar preços nas prateleiras e na arroba do boi se voltassem.
PAUTA VERDE
Soja limpa atrai US$ 60 milhões

Foto: CNA/Flickr
O Responsible Commodities Facility, criado por redes de supermercados britânicos para bancar soja sem desmatamento no Brasil, conseguiu mais US$ 60 milhões para a safra 2025/26. É a terceira rodada de um CRA verde em dólar e deve irrigar cerca de 280 fazendas no Cerrado, garantindo 240 mil toneladas produzidas sem derrubar um pé de mato.
A captação foi puxada pela Sustainable Investment Management, com Opea e Treive na retaguarda, e CRAs listados em Viena e na B3. O banco holandês FMO e o IDB Invest, do BID, entraram no clube que já tinha Tesco, Sainsbury’s, Waitrose, Rabobank e AGRI3. Dinheiro estrangeiro que, aqui, vira insumo e crédito mais barato para quem topa seguir as regras verdes.
O pacote deve conservar 90 mil hectares de vegetação nativa, sendo 29 mil além da lei, o que equivale a 22 milhões de toneladas de carbono que não vão para a atmosfera.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Caça às agtechs no Nordeste

Foto: Getty Images/Canva
A ABDI e o SiDi abriram a porteira para encontrar até 10 startups nordestinas que queiram sacudir o agro com tecnologia. As escolhidas vão embolsar até R$ 20 mil e entrar para o Neo Agro 4.0, plataforma que conecta inovação, dados e oportunidades. Além do dinheiro, vem o que mais vale no jogo: visibilidade, networking e a chance de mostrar a solução num evento online em setembro.
O edital busca ideias que falem direto com produtores rurais, cooperativas ou agroindústrias e que entreguem eficiência, produtividade, sustentabilidade e corte de custos. Há duas categorias. Na Validação, para quem ainda está lapidando o MVP, os prêmios vão de R$ 2 mil a R$ 10 mil. Na Escala, para quem já está crescendo, a faixa sobe para até R$ 20 mil.
As inscrições ficam abertas por 30 dias no site da Neo Agro 4.0. Quem entrar não leva só prêmio: leva palco, vitrine e um atalho para se conectar com o agro regional.
PLANTÃO RURAL
China troca soja dos EUA pela do Brasil. Importadores chineses fecharam 8 milhões de toneladas para setembro e 4 milhões para outubro, tudo vindo da América do Sul. A tarifa de 23% sobre a soja americana mantém o produto fora do jogo, mesmo com Chicago nas mínimas de cinco anos e com Trump pedindo publicamente para a China aumentar a demanda por soja dos EUA.
Fávaro aposta em recuo dos EUA para carne e café. O ministro da Agricultura diz que Washington sinalizou que pode rever o tarifaço de 50% sobre os dois produtos. Fávaro também espera abrir o Japão para a carne bovina até novembro e o México ainda neste ano. Na China, a expectativa é retomar as vendas de frango “em breve”.
JBS cresce 60% no lucro trimestral. A gigante das carnes fechou o 2º trimestre com US$ 528 milhões de lucro líquido, puxada pelo frango da Pilgrim’s Pride e da Seara. O beef nos EUA segue com margem negativa, mas a diversificação geográfica segura o resultado.
Frango e suíno miram US$ 210 milhões nas Filipinas. 13 agroindústrias brasileiras participaram da World Food Expo em Manila. As Filipinas já são o maior comprador de carne suína do Brasil e um dos mercados mais fortes para o frango. A ABPA diz que a demanda segue aquecida.
Tabaco perde 100% das vendas para os EUA. O tarifaço de 50% zerou os embarques para o mercado americano, que consome 9% da produção brasileira. O SindiTabaco apoia o Reintegra de 3,1%, mas quer garantias para o setor.
Zeca Pagodinho doa terreno para agricultura urbana. O cantor cedeu 8 mil m² em Xerém (RJ) para o projeto “Quintal Produtivo”, com Embrapa e UFRRJ. A área terá hortas verticais, irrigação eficiente e compostagem. Parte da produção vai para doação, parte para feiras locais.
FPA reage ao Plano Clima. A Frente Parlamentar da Agropecuária quer mudanças no Plano Setorial de Agricultura e Pecuária para evitar prejuízos à imagem do agro. Alega metas desproporcionais e critérios que não reconhecem o sequestro de carbono feito pelo setor.
SLC sente o baque do algodão. O lucro da companhia caiu 56,5% no 2º trimestre, para R$ 139,8 milhões, afetado por atrasos no desenvolvimento do algodão. Mesmo assim, a receita subiu 37,8% e bateu recorde histórico, puxada pelo salto nas vendas de soja e milho.
SE DIVERTE AÍ
Quer viajar o mundo sem sair da cadeira? O GeoGuessr te larga em um ponto aleatório do planeta com imagens do Google Street View e o desafio é adivinhar onde você está. Vale usar placas, vegetação, arquitetura e até o jeito dos postes para se localizar. Prepare-se para jurar que está na Austrália e descobrir que era o interior de Goiás.
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VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Lentilha
Pergunta de hoje: Qual foi o grão que ajudou a alimentar as primeiras civilizações da América Central e ainda hoje é base da dieta de milhões de pessoas?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
