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Bom dia!

Tá vindo um pacotão de reforços pro agro, Brasília articula um “SUS do Agro” pra cuidar da assistência técnica e entidades planejam um novo fundão gaúcho pra tentar reerguer o campo pós-enchentes e ajudar quem não consegue pegar crédito. Enquanto isso, o leite segue azedando com importações do Mercosul, o USDA promete atualizar as previsões de safra, e o Ibovespa resolveu quebrar recorde pra fechar o dia nos 150 mil pontos. Até o café entrou na roda, a Anvisa mandou proibiu uma marcar de produzir e vender.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,41 0,00% 5,50 0,00%
IPCA (%) 4,54 -0,23% 4,20 0,00%
PIB (%) 2,16 0,00% 1,78 0,00%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 0,00%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

MENTES QUE GERMINAM

Agro gaúcho quer criar fundão rural

Foto: Adobe Stock

O Rio Grande do Sul tá cansado de esperar ajuda cair do céu, ainda mais com o clima que tá por lá. As entidades do setor se juntaram ao governo gaúcho pra criar o Fundo do Agro, uma grana de emergência pra garantir crédito e seguro rural quando o tempo ou Brasília resolverem empatar a lida.

O modelo se inspira no Fundesa, aquele fundo que desde 2005 paga o pato, o porco, e o frango nas crises sanitárias. A diferença é que agora o papo é com a lavoura: o dinheiro viria de produtores e indústrias, num esquema meio a meio, pra bancar o prêmio do seguro rural e, mais pra frente, virar fundo garantidor de financiamento.

O presidente da Farsul, Domingos Antonio Velho Lopes, jura que não é mais uma taxa pra chamar de sua, mas um investimento com retorno garantido. “Quando o produtor vê resposta rápida depois de seca ou enchente, ele se engaja”.

No fim, o agro gaúcho mandou o recado: se o governo não garante, eles criam o próprio seguro. Porque, do jeito que tá, o único fundo garantido é o do poço.

PAUTA VERDE

Governo quer criar o SUS do Agro

Foto: Elio Rizzo/MDA

Parece sonho, mas é projeto sério: o governo quer lançar o SUS da roça. O Ministério do Desenvolvimento Agrário tá finalizando o Suater, o Sistema Unificado de Assistência Técnica e Extensão Rural, um nome tão grande quanto a missão: organizar a bagunça da assistência técnica e extensão rural no país e fazer o conhecimento sair da prancheta da Embrapa pra chegar no produtor que tá ralando no campo.

Hoje, só 20% das propriedades rurais recebem algum tipo de orientação técnica. O resto se vira como dá, entre vizinho, intuição e “dica” do vendedor de insumo. A promessa é virar esse jogo com um fundão de até R$ 10 bilhões, que concentraria toda a verba hoje espalhada em trocentas gavetas do governo. Na prática, cada real da União teria que vir com outro dos estados e municípios. E quem cuidaria do cofre seria a Anater, tipo o “posto de saúde” da assistência rural.

O tal Fundater, que seria o cofrinho do projeto, vai funcionar num esquema meio cooperativo: cada R$ 1 da União precisa vir acompanhado de R$ 1 dos estados e municípios. A Anater, que já faz esse trabalho de extensão, seria a “operadora” do sistema. No fim das contas, é um jeitinho de juntar o dinheiro que hoje tá pulverizado e evitar aquele clássico imbróglio burocrático.

A missão é fazer o conhecimento da Embrapa e outras instituições chegar nos cafundós onde o Wi-Fi ainda nem sonhou em chegar. A aposta é que isso ajude a aumentar a produção de alimentos e a incluir famílias que ainda tão na luta pra tirar o sustento da terra.

Mas como todo bom projeto de Brasília, o desafio tá longe de ser só técnico. Falta verba, gestão e braço pra tocar o negócio. E se o Suater nascer engessado, corre o risco de virar o que o SUS tem de pior: fila, papelada e promessa atrasada.

O AGRO EM NÚMEROS

O preço da treta: 15 mil empregos

Foto: BLU360

O leite azedou com força. O Cepea falou que o preço pago ao produtor caiu 19% em um ano, e a “Média Brasil” chegou a R$ 2,44 por litro em setembro, a sexta queda seguida. O problema é simples: tá sobrando leite e faltando boca. Pra piorar ainda mais, as importações de lácteos subiram 20% no mês e o produtor tá espremidinho entre custo e preço, precisando vender 26,5 litros pra comprar um saco de milho.

E falando em milho, a safrinha também deu uma miada. A StoneX tá projetando uma colheita de 107 milhões de toneladas em 2025/26, 4,1% a menos que a última. Mesmo com área maior (+1,3%), o clima vai dar dor de cabeça. O plantio depende da soja andar, e qualquer atraso ou falta de chuva vai ferrar a janela da safrinha. A Conab ainda aposta em 110,5 milhões de toneladas, mas parece um sonho meio distante.

E se no campo o tempo castiga, na indústria o problema vem de Washington. O tarifaço de Trumpbotou 15 mil trabalhadores na rua no Brasil entre agosto e setembro, segundo o Banco Inter. As tarifas de até 50% bateram com força nos setores de máquinas, açúcar e aeronaves, jogando as exportações lá pra baixo, caindo mais de 30%. Mesmo com parte das taxas reduzidas, o estrago já tá feito, principalmente em São Paulo e no Sul.

TRAMPO NO CAMPO

Procura-se estagiário

Gif by looneytunes on Giphy

Se você é universitário e quer botar o pé na porteira do agro, a hora é agora. A Syngenta abriu inscrições pro seu programa de estágio até 7 de novembro, com vagas em sete cidades e áreas que vão de Marketing a Pesquisa e Desenvolvimento. O pacote é completo: bolsa, plano de saúde, inglês pago e até day off de aniversário, nem só de Excel e buscar cafézinho vive o estagiário. Clique aqui pra se inscrever.

E se laranja for mais a sua praia, a Citrosuco também tá na colheita de novos talentos com o programa Semear 2026. São 24 vagas em cidades paulistas como Araras, Matão e Santos, com início previsto pra janeiro. O estágio é híbrido, o pacote de benefícios é generoso e o nome já diz tudo: é hora de plantar sua carreira, quem não semeia experiência agora, não colhe currículo depois. Clique aqui pra se inscrever.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Couro da JBS vai do lixo ao luxo

Foto: JBS/Divulgação

A JBS achou ouro no que antes era lixo. A divisão de couros da empresa começou a exportar 550 toneladas por mês de farelo de rebaixe pra Itália, aquele material que sobra quando o couro é afinado. Por lá, o resíduo brasileiro ganha grife e vira fertilizante chique de jardim europeu, saindo direto das fábricas de Itumbiara, Uberlândia e Lins. Além de engordar o caixa, corta até 25% das emissões de carbono dos artigos da empresa e ajuda no marketing verde. Do curtume pro canteiro de flores, o ciclo tá bonito de ver.

A jogada faz parte do Kind Leather, um programa da JBS que promete aproveitar cada pedacinho da pele bovina. A ideia é transformar o que era resíduo em coproduto valioso, economizando água, energia e espaço no aterro. Segundo o presidente da JBS Couros, Guilherme Motta, a ideia é deixar de ver problema e começar a ver oportunidade. No agro de hoje, sustentabilidade que não paga as contas não dura nem uma safra.

TRAMPO NO CAMPO

Sete gigantes, uma Noruega de CO₂

Foto: Polícia Federal

Se o desmatamento fosse um país, sete empresas do agro e de commodities já estariam no G7 das emissões. Segundo a plataforma Trase, nomes como JBS, Minerva e MBRF poderiam cortar o equivalente a toda a pegada de carbono da Noruega se só comprassem matéria-prima de áreas sem desmate recente. Em 2022, o grupo tacou 144 milhões de toneladas de CO₂ equivalente no planeta.

A pesquisa rastreou boiadas brasileiras e plantações de palma na Indonésia, cruzando dados públicos pra entender de onde vem a fumaça e mostrando que parte das emissões vem de áreas abertas entre 2019 e 2022. As empresas não curtiram o diagnóstico. Disseram que a metodologia tá errada e ignora sistemas de rastreabilidade e monitoramento que já bloqueiam fazendas irregulares. A JBS chamou o levantamento de “enganoso”, enquanto Minerva e MBRF reforçaram que têm meta de carbono zero e desmate zero, mas, pelo visto, a conta ainda não zerou.

Brigas metodológicas à parte, o estudo escancara o peso de poucos players na balança climática global. Se essas companhias mexerem uma engrenagem, o planeta sente. E com o Plano Clima prestes a definir quanto cada setor pode emitir, talvez esteja chegando a hora de provar que dá pra fazer agro sem plantar CO₂ no ar.

PLANTÃO RURAL

  • Café proibido. A Anvisa mandou cortar o barato da Vibe Coffee, do Espírito Santo. A marca foi proibida de fabricar, vender e divulgar seus cafés por falta de licença sanitária e falhas nas boas práticas. A empresa diz que já tá reformando a casa e promete voltar assim que regularizar a situação.

  • Mutirão verde. O governo lançou o Mutirão do Código Florestal, com ações simultâneas em 12 estados pra acelerar a validação do CAR e destravar a regularização ambiental. A ideia é mostrar na COP30 que o Brasil tá levando a agenda climática a sério.

  • Safra sob revisão. Depois de semanas paralisado, o USDA vai voltar a divulgar seus relatórios de safra a partir de 14 de novembro. O mercado espera ajustes pra baixo nas estimativas de milho e soja, já que o órgão vinha sendo acusado de otimismo demais. Produtor americano tá curioso, e o brasileiro, de olho.

SE DIVERTE AÍ

O jogo do dia é o Tradle, o Termo dos nerds do comércio internacional. A ideia é simples: o jogo te mostra os principais produtos exportados de um país e você tenta adivinhar qual é. Cada chute indica o quão perto (ou longe) você tá, até acertar o destino certo. Bora testar se o seu faro global tá afiado?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Seringueira

Pergunta de hoje: Qual cultura transformou o Brasil no maior produtor mundial desde o século 19 e nasceu aqui em 1727 via Guiana Francesa?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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