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Bom dia!
O frango brasileiro voltou ao cardápio europeu depois do reconhecimento sanitário da União Europeia. No Sul, a Lactalis anunciou investimento bilionário em lácteos, e a Receita interceptou uma carga de 1.800 litros de agrotóxicos ilegais. A Amazônia também marcou presença, com startups ganhando fôlego para soluções climáticas.
Também tem:
• Tomilho mostrando força como inseticida biológico contra pragas da manga
• Governo afina os últimos detalhes de medida provisória para renegociar dívidas rurais
• Exportações brasileiras sob tarifaço caem 18,5% para os EUA em agosto
Tudo que você precisa saber, do seu jeito e no seu ritmo.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
ASSUNTO DE GABINETE
Europa abre o bico e frango brasileiro volta ao jogo

Foto: Canva
Depois de meses no congelador, o frango brasileiro ganhou de volta o carimbo europeu. A União Europeia reconheceu o país como livre de gripe aviária e liberou a retomada das exportações, interrompidas desde maio. O anúncio saiu direto de uma videoconferência entre Carlos Fávaro, André de Paula e o comissário Olivér Várhelyi.
Segundo o europeu, os dados extras enviados pelo Mapa confirmaram que o sistema sanitário brasileiro é robusto e transparente. Para os frigoríficos, é a chance de reabrir um mercado de peso que vinha fazendo falta na balança.
Fávaro aproveitou o clima para puxar novos pedidos. Quer a volta do pre-listing, que acelera a habilitação de plantas sem burocracia extra, e o fim do controle reforçado, aquele pente-fino sanitário que deixa a exportação mais lenta que Wi-Fi de hotel.
O comissário prometeu pressa e disse esperar apoio dos Estados-membros em poucas semanas. Tudo indica que a votação deve confirmar a confiança no sistema brasileiro e dar ainda mais agilidade ao comércio de aves.
De quebra, André de Paula pediu também auditoria em frigoríficos de pescado para tentar reabrir o mercado europeu pro peixe brasileiro. Se colar, o cardápio da Europa volta a ter frango e peixe made in Brazil, reforçando o agro no banquete global.
DE OLHO NO PORTO
Mercosul ganha moral e Europa mira presente de Natal

Foto: Reprodução
O acordo Mercosul-União Europeia finalmente avançou mais um capítulo. A Comissão Europeia validou o texto final e mandou pro Parlamento, com expectativa de assinatura em dezembro, em Brasília. O pacote pode render ao Brasil até US$ 7 bilhões a mais em exportações, abrindo espaço para café, milho, suco de laranja, aviões, calçados e móveis de madeira.
E quem deu o tom da virada foi o próprio Parlamento Europeu. Até ontem, estavam cheio de restrições e mimimi em relação ao Mercosul, agora, tão olhando pro bloco como parceiro confiável. Tudo isso por se sentirem passados para trás por Donald Trump. O acordo com os EUA foi chamado de desequilibrado e até “não normal” pelo alemão Bernd Lange, chefe da Comissão de Comércio Internacional.
Enquanto os europeus reclamam do “acordo humilhante” com Washington, Lange prometeu trabalhar duro pra carimbar o tratado com os sul-americanos ainda neste ano, falando que vai ser um presente de Natal pro mundo.
RADAR DO AGRO
Café cresce por aqui, mas cresce mais na Colômbia

Foto: IDR-PR/Divulgação
A Conab puxou o freio na previsão de café: agora a safra 2025/26 deve fechar em 55,2 milhões de sacas, um leve corte em relação às 55,7 milhões do último boletim. Ainda assim, o saldo é positivo, com alta de 1,8% sobre a safra passada e produtividade média de 29,7 sacas por hectare, 3% maior que no ciclo anterior.
Na Colômbia, o clima virou aliado. A produção de agosto saltou 19% e bateu 1,24 milhão de sacas, enquanto as exportações subiram 10%, para 1,12 milhão. No acumulado de janeiro a agosto, o país já colheu 8,82 milhões de sacas e embarcou 8,69 milhões, alta de dois dígitos nos dois casos.
Já no comércio exterior, o tarifaço de Trump fez estrago: as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em agosto, para US$ 2,76 bilhões. Pelo menos a conta global veio gorda: superávit de US$ 6,13 bilhões, salto de 35,8%, puxado pela demanda da China e Hong Kong (+29,9%) e da Argentina (+40,4%).
PRIMEIRA SAFRA
Embrapa Soja exporta ciência junto com grão

Foto: CNA/Flickr
A soja brasileira vai ganhar holofote em setembro, mas não é pela exportação. As ferramentas da Embrapa Soja estarão no centro da Conferência Internacional da RTRS, dias 17 e 18, em São Paulo. O cardápio inclui soluções pra agricultura regenerativa e carbono, com direito à presença do pesquisador Marco Antonio Nogueira pra falar de práticas que unem produtividade e clima.
Não é de hoje que a Embrapa dá o tom da soja por aqui. Foi ela que ajudou a escrever o manual da soja nos anos 70, com correção de solos, plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e bioinsumos. A fixação biológica de nitrogênio virou praticamente o motor da cultura: três das quatro cepas liberadas pelo Mapa são da casa. No pacote ainda tem o Sistema Santa Fé, que turbina forragem e recupera solo com braquiária de coadjuvante.
Agora, os insumos biológicos são a bola da vez e já dominam o controle de nematoides na soja, ultrapassando os químicos. Para Nogueira, a RTRS é o palco ideal para mostrar que o Brasil não entrega só grão, mas também tecnologia de ponta para uma agricultura mais sustentável. A ciência tropical virou parte da marca do agro brasileiro.
RADAR SANITÁRIO
Novo marco dos defensivos centraliza pedidos no Mapa

Foto: Freepik
A fila dos defensivos vai mudar de endereço. A partir de 15 de setembro, qualquer empresa que quiser registrar um novo agrotóxico terá que protocolar o pedido diretamente no Ministério da Agricultura, pelo sistema eletrônico da pasta. Nada de levar o processo à Anvisa ou ao Ibama, como ainda acontecia até agora.
A medida faz parte da regulamentação da Lei 14.785/2023, o novo marco legal dos defensivos. Na prática, o Mapa passa a ser a porta de entrada única para os registros, mas a análise continua tripartite: Anvisa analisa o impacto na saúde, Ibama fica de olho no meio ambiente e o Ministério cuida da defesa agropecuária.
Com isso, o governo espera dar mais agilidade e organização ao processo. Os protocolos feitos diretamente à Anvisa ou Ibama depois do dia 15 não terão validade. Caberá ao Mapa coordenar toda a fila e distribuir os pedidos, numa tentativa de desatar o nó histórico dos registros no Brasil.
NA CANETADA
BRF e Marfrig já sentem cheiro de fusão no ar

Foto: Divulgação
O casamento bilionário entre BRF e Marfrig tá cada vez mais perto do altar. A maioria dos conselheiros do Cade já votou a favor da fusão, sem impor restrições. Agora, a bola tá no campo da pauta de julgamento, que deve entrar em cena no dia 17 de setembro, ou até antes, se rolarem sessões extras.
A novela tinha como vilã a participação do fundo árabe Salic, que também é sócio da Minerva. Mas essa treta perdeu força quando o fundo vendeu 185 milhões de ações da BRF, operação de R$ 3,7 bilhões que esvaziou qualquer suspeita de concentração de mercado.
Com o caminho livre, a expectativa é que a nova gigante MBRF seja oficializada ainda neste mês. E não é pouca coisa: presença em 117 países, portfólio que vai de carne bovina, suína e de aves a pratos prontos e até ração pra pet, além de marcas de peso como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi.
No bolso, a conta já impressiona, com receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões por ano, colocando a nova empresa entre as maiores do agro mundial.
PLANTÃO RURAL
Óleo de tomilho como isenticida. Um estudo mostrou que óleos de tomilho têm alto poder inseticida contra duas pragas que atacam a manga. Compostos como timol e carvacrol mataram até metade da população em baixas concentrações.
Dívida na mesa do Planalto. Lula reuniu Haddad, Fávaro, Rui Costa, Paulo Teixeira e a presidente do Banco do Brasil para discutir a renegociação da dívida rural. A ideia é apresentar uma proposta já na próxima semana.
Carga pesada. A Receita Federal apreendeu 1.800 litros de agrotóxicos contrabandeados do Uruguai em Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Avaliada em R$ 200 mil, a carga era transportada em uma carreta rumo a Santa Catarina. O motorista foi preso em flagrante, e a PF assumiu as investigações.
Socorro no forno. Além das conversas sobre dívida, Lula deve anunciar um pacote de apoio emergencial para agricultores afetados pelo clima, principalmente no Rio Grande do Sul. O plano deve sair por medida provisória e prevê alongamento de débitos, mas a fonte dos recursos ainda depende de decisão do presidente.
Lácteos reforçados. A Lactalis vai investir R$ 400 milhões em cinco unidades no Rio Grande do Sul para ampliar a produção de queijos, whey, manteiga e requeijão. A meta é aumentar a captação de leite de 900 milhões para 1,3 bilhão de litros ao ano até 2028.
Startups da floresta. Três startups amazônicas receberam aportes de R$ 45 mil cada em um Demoday em São Paulo. As iniciativas vão da transformação do babaçu em insumos sustentáveis ao uso de blockchain para tokenizar ativos da floresta.
Rinha desmontada. A Guarda Ambiental resgatou 60 galos vítimas de maus-tratos em Barra Mansa (RJ). As aves estavam feridas e presas em baias insalubres. O responsável foi encaminhado à delegacia, e o caso se enquadra como crime de maus-tratos, com multa de até R$ 600 por animal.
SE DIVERTE AÍ
Já testou seus dotes de exportador global? O Tradle é o joguinho que coloca você pra adivinhar países a partir da lista dos principais produtos que eles exportam. Parece fácil até aparecer uma nação que vive de minérios e cacau. Bora tentar?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Amaranto
Pergunta de hoje: Qual tubérculo africano foi levado ao Brasil pelos escravizados e se tornou parte da base alimentar do país?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
