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Bom dia!

O frango brasileiro voltou ao cardápio europeu depois do reconhecimento sanitário da União Europeia. No Sul, a Lactalis anunciou investimento bilionário em lácteos, e a Receita interceptou uma carga de 1.800 litros de agrotóxicos ilegais. A Amazônia também marcou presença, com startups ganhando fôlego para soluções climáticas.

Também tem:

• Tomilho mostrando força como inseticida biológico contra pragas da manga
• Governo afina os últimos detalhes de medida provisória para renegociar dívidas rurais
• Exportações brasileiras sob tarifaço caem 18,5% para os EUA em agosto

Tudo que você precisa saber, do seu jeito e no seu ritmo.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$117,33 -26,65%
Algodão (Centavos R$/LP) 382,88 -8,82%
Arroz (Saca 50kg) R$66,09 -33,34%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$313,40 -2,56%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.292,66 2,26%
Etanol anidro (Litro) R$3,1226 2,92%
Milho (Saca 60kg) R$64,70 -11,30%
Soja (Saca 60kg) R$141,11 1,57%
Trigo (Tonelada) R$1.395,14 0,13%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

ASSUNTO DE GABINETE

Europa abre o bico e frango brasileiro volta ao jogo

Foto: Canva

Depois de meses no congelador, o frango brasileiro ganhou de volta o carimbo europeu. A União Europeia reconheceu o país como livre de gripe aviária e liberou a retomada das exportações, interrompidas desde maio. O anúncio saiu direto de uma videoconferência entre Carlos Fávaro, André de Paula e o comissário Olivér Várhelyi.

Segundo o europeu, os dados extras enviados pelo Mapa confirmaram que o sistema sanitário brasileiro é robusto e transparente. Para os frigoríficos, é a chance de reabrir um mercado de peso que vinha fazendo falta na balança.

Fávaro aproveitou o clima para puxar novos pedidos. Quer a volta do pre-listing, que acelera a habilitação de plantas sem burocracia extra, e o fim do controle reforçado, aquele pente-fino sanitário que deixa a exportação mais lenta que Wi-Fi de hotel.

O comissário prometeu pressa e disse esperar apoio dos Estados-membros em poucas semanas. Tudo indica que a votação deve confirmar a confiança no sistema brasileiro e dar ainda mais agilidade ao comércio de aves.

De quebra, André de Paula pediu também auditoria em frigoríficos de pescado para tentar reabrir o mercado europeu pro peixe brasileiro. Se colar, o cardápio da Europa volta a ter frango e peixe made in Brazil, reforçando o agro no banquete global.

DE OLHO NO PORTO

Mercosul ganha moral e Europa mira presente de Natal

Foto: Reprodução

O acordo Mercosul-União Europeia finalmente avançou mais um capítulo. A Comissão Europeia validou o texto final e mandou pro Parlamento, com expectativa de assinatura em dezembro, em Brasília. O pacote pode render ao Brasil até US$ 7 bilhões a mais em exportações, abrindo espaço para café, milho, suco de laranja, aviões, calçados e móveis de madeira.

E quem deu o tom da virada foi o próprio Parlamento Europeu. Até ontem, estavam cheio de restrições e mimimi em relação ao Mercosul, agora, tão olhando pro bloco como parceiro confiável. Tudo isso por se sentirem passados para trás por Donald Trump. O acordo com os EUA foi chamado de desequilibrado e até “não normal” pelo alemão Bernd Lange, chefe da Comissão de Comércio Internacional.

Enquanto os europeus reclamam do “acordo humilhante” com Washington, Lange prometeu trabalhar duro pra carimbar o tratado com os sul-americanos ainda neste ano, falando que vai ser um presente de Natal pro mundo.

RADAR DO AGRO

Café cresce por aqui, mas cresce mais na Colômbia

Foto: IDR-PR/Divulgação

A Conab puxou o freio na previsão de café: agora a safra 2025/26 deve fechar em 55,2 milhões de sacas, um leve corte em relação às 55,7 milhões do último boletim. Ainda assim, o saldo é positivo, com alta de 1,8% sobre a safra passada e produtividade média de 29,7 sacas por hectare, 3% maior que no ciclo anterior.

Na Colômbia, o clima virou aliado. A produção de agosto saltou 19% e bateu 1,24 milhão de sacas, enquanto as exportações subiram 10%, para 1,12 milhão. No acumulado de janeiro a agosto, o país já colheu 8,82 milhões de sacas e embarcou 8,69 milhões, alta de dois dígitos nos dois casos.

Já no comércio exterior, o tarifaço de Trump fez estrago: as exportações brasileiras para os EUA caíram 18,5% em agosto, para US$ 2,76 bilhões. Pelo menos a conta global veio gorda: superávit de US$ 6,13 bilhões, salto de 35,8%, puxado pela demanda da China e Hong Kong (+29,9%) e da Argentina (+40,4%).

PRIMEIRA SAFRA

Embrapa Soja exporta ciência junto com grão

Foto: CNA/Flickr

A soja brasileira vai ganhar holofote em setembro, mas não é pela exportação. As ferramentas da Embrapa Soja estarão no centro da Conferência Internacional da RTRS, dias 17 e 18, em São Paulo. O cardápio inclui soluções pra agricultura regenerativa e carbono, com direito à presença do pesquisador Marco Antonio Nogueira pra falar de práticas que unem produtividade e clima.

Não é de hoje que a Embrapa dá o tom da soja por aqui. Foi ela que ajudou a escrever o manual da soja nos anos 70, com correção de solos, plantio direto, integração lavoura-pecuária-floresta e bioinsumos. A fixação biológica de nitrogênio virou praticamente o motor da cultura: três das quatro cepas liberadas pelo Mapa são da casa. No pacote ainda tem o Sistema Santa Fé, que turbina forragem e recupera solo com braquiária de coadjuvante.

Agora, os insumos biológicos são a bola da vez e já dominam o controle de nematoides na soja, ultrapassando os químicos. Para Nogueira, a RTRS é o palco ideal para mostrar que o Brasil não entrega só grão, mas também tecnologia de ponta para uma agricultura mais sustentável. A ciência tropical virou parte da marca do agro brasileiro.

RADAR SANITÁRIO

Novo marco dos defensivos centraliza pedidos no Mapa

Foto: Freepik

A fila dos defensivos vai mudar de endereço. A partir de 15 de setembro, qualquer empresa que quiser registrar um novo agrotóxico terá que protocolar o pedido diretamente no Ministério da Agricultura, pelo sistema eletrônico da pasta. Nada de levar o processo à Anvisa ou ao Ibama, como ainda acontecia até agora.

A medida faz parte da regulamentação da Lei 14.785/2023, o novo marco legal dos defensivos. Na prática, o Mapa passa a ser a porta de entrada única para os registros, mas a análise continua tripartite: Anvisa analisa o impacto na saúde, Ibama fica de olho no meio ambiente e o Ministério cuida da defesa agropecuária.

Com isso, o governo espera dar mais agilidade e organização ao processo. Os protocolos feitos diretamente à Anvisa ou Ibama depois do dia 15 não terão validade. Caberá ao Mapa coordenar toda a fila e distribuir os pedidos, numa tentativa de desatar o nó histórico dos registros no Brasil.

NA CANETADA

BRF e Marfrig já sentem cheiro de fusão no ar

Foto: Divulgação

O casamento bilionário entre BRF e Marfrig tá cada vez mais perto do altar. A maioria dos conselheiros do Cade já votou a favor da fusão, sem impor restrições. Agora, a bola tá no campo da pauta de julgamento, que deve entrar em cena no dia 17 de setembro, ou até antes, se rolarem sessões extras.

A novela tinha como vilã a participação do fundo árabe Salic, que também é sócio da Minerva. Mas essa treta perdeu força quando o fundo vendeu 185 milhões de ações da BRF, operação de R$ 3,7 bilhões que esvaziou qualquer suspeita de concentração de mercado.

Com o caminho livre, a expectativa é que a nova gigante MBRF seja oficializada ainda neste mês. E não é pouca coisa: presença em 117 países, portfólio que vai de carne bovina, suína e de aves a pratos prontos e até ração pra pet, além de marcas de peso como Sadia, Perdigão, Qualy e Bassi.

No bolso, a conta já impressiona, com receita líquida consolidada de R$ 152 bilhões por ano, colocando a nova empresa entre as maiores do agro mundial.

PLANTÃO RURAL

  • Óleo de tomilho como isenticida. Um estudo mostrou que óleos de tomilho têm alto poder inseticida contra duas pragas que atacam a manga. Compostos como timol e carvacrol mataram até metade da população em baixas concentrações.

  • Dívida na mesa do Planalto. Lula reuniu Haddad, Fávaro, Rui Costa, Paulo Teixeira e a presidente do Banco do Brasil para discutir a renegociação da dívida rural. A ideia é apresentar uma proposta já na próxima semana.

  • Carga pesada. A Receita Federal apreendeu 1.800 litros de agrotóxicos contrabandeados do Uruguai em Jaguarão, no Rio Grande do Sul. Avaliada em R$ 200 mil, a carga era transportada em uma carreta rumo a Santa Catarina. O motorista foi preso em flagrante, e a PF assumiu as investigações.

  • Socorro no forno. Além das conversas sobre dívida, Lula deve anunciar um pacote de apoio emergencial para agricultores afetados pelo clima, principalmente no Rio Grande do Sul. O plano deve sair por medida provisória e prevê alongamento de débitos, mas a fonte dos recursos ainda depende de decisão do presidente.

  • Lácteos reforçados. A Lactalis vai investir R$ 400 milhões em cinco unidades no Rio Grande do Sul para ampliar a produção de queijos, whey, manteiga e requeijão. A meta é aumentar a captação de leite de 900 milhões para 1,3 bilhão de litros ao ano até 2028.

  • Startups da floresta. Três startups amazônicas receberam aportes de R$ 45 mil cada em um Demoday em São Paulo. As iniciativas vão da transformação do babaçu em insumos sustentáveis ao uso de blockchain para tokenizar ativos da floresta.

  • Rinha desmontada. A Guarda Ambiental resgatou 60 galos vítimas de maus-tratos em Barra Mansa (RJ). As aves estavam feridas e presas em baias insalubres. O responsável foi encaminhado à delegacia, e o caso se enquadra como crime de maus-tratos, com multa de até R$ 600 por animal.

SE DIVERTE AÍ

Já testou seus dotes de exportador global? O Tradle é o joguinho que coloca você pra adivinhar países a partir da lista dos principais produtos que eles exportam. Parece fácil até aparecer uma nação que vive de minérios e cacau. Bora tentar?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Amaranto

Pergunta de hoje: Qual tubérculo africano foi levado ao Brasil pelos escravizados e se tornou parte da base alimentar do país?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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