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Bom dia!
Enquanto a FPA tenta transformar a disputa das demarcações em caso pra PGR, a semana do agro vem cheia: plantio de soja tá atrasado, mas fila de navio segue lotada, mercado bilionário de bioestimulantes entra na fase adulta, plataforma nova tenta baratear juro lendo dado da porteira pra dentro, o boi nos EUA testa o limite do bolso e, no chão da roça, tem ferrugem dando as caras, etanol de trigo estreando no RS, Black Friday ainda devagar no agro digital e goiaba paranaense abrindo caminho sozinha pro Velho Continente.
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Por Enrico Romanelli
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Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
APRESENTADO POR SNASH HUB
É amanhã! Vem aí a 1ª edição do Inova Agro Tour

O SNASH desembarca em Salvador com a 1ª edição do Inova Agro Tour, um evento que vai conectar tecnologia, sustentabilidade e agronegócio de um jeito que o campo ainda não viu. O rolê acontece amanhã, dia 27 de novembro, dentro do e-Agro 2025, o maior evento de inovação agro da Bahia.
A proposta é simples: aproximar quem pesquisa, quem investe e quem faz. O SNASH preparou três painéis de peso, com nomes como Embrapa, Solinftec, Senior Systems, Porto Digital, AgriHub, ManejeBem, Versat e Yathe, pra discutir o futuro da agricultura digital, os desafios da sustentabilidade e o papel das startups nessa nova economia verde.
Startups como Versat, ManejeBem, Elysios e FertiHedge também vão expor as suas soluções que já tão transformando o agro, do manejo inteligente à rastreabilidade de ponta. O evento tem apoio de FAEB/SENAR, Sistema OCB, Embrapa, A Lavoura e Agro Espresso, que acompanha tudo como parceiro de mídia oficial.
Saiba mais
ASSUNTO DE GABINETE
FPA chama PGR pro jogo e acusa governo de passar por cima do marco temporal

Foto: Paloma Santos/ Agro Estadão
A semana mal começou e a FPA já esquentou a água do café em Brasília. A Frente Parlamentar da Agropecuária articula uma notícia crime contra Lula, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, e outros integrantes do governo, por causa das portarias e decretos que declararam e homologaram novas terras indígenas na última semana. A ideia é levar o pedido pra Procuradoria Geral da República, que faz a triagem inicial e decide se abre ou não investigação.
Na versão da bancada ruralista, o Planalto avançou o sinal. A FPA alega que as novas demarcações ignoram a Lei 14.701/2023, a do marco temporal, que limita demarcação a áreas ocupadas em 05/10/1988, e foram assinadas enquanto ainda rola o processo de conciliação no STF na ADC 87. Pra eles, o pacote de atos do Executivo quebra o diálogo institucional, aumenta a insegurança jurídica e pode jogar mais lenha em conflito fundiário em área produtiva. A notícia crime fala em suspeita de prevaricação e abuso de autoridade e pede acesso aos autos pra checar se houve indenização prévia e justa onde há propriedades rurais.
Se a PGR entender que não tem elemento suficiente, o pedido morre no protocolo. Se enxergar fumaça, o caso segue pro STF decidir se tem fogo jurídico mesmo nessa história. Enquanto isso, a FPA explora o flanco político dizendo que o governo agiu na esteira da COP e de protestos indígenas, e cobra que o Supremo cumpra seu papel e zele pela aplicação da lei do marco temporal. O Ministério da Justiça foi acionado pela imprensa pra responder às críticas, mas até agora não deu o ar da graça.
O AGRO EM NÚMEROS
Soja pisando no freio, porto pisando no acelerador
A safra de soja 2025/26 tá quase toda de pé no mapa, mas ainda não cruzou a linha do ano passado. Segundo a Conab, o plantio chegou a 78% da área, 9 pontos acima da semana anterior e acima da média dos últimos 5 anos, que é de 75,8%. Mesmo assim, fica atrás dos 83,3% do mesmo período em 2024. Tem estado que já carimbou o dever de casa, caso de SP com 100% e MT com 99,1%, mas a fila ainda anda devagarinho em lugares como RS com 47%, PI com 35% e MA com 19%.
Se no talhão o progresso vem no passo, no porto a soja tá a milhão. A Anec projeta embarques de 4,395 milhões de toneladas de grãos em novembro, quase o dobro dos 2,339 milhões de toneladas de novembro de 2024. No farelo, a conta também engordou, com previsão de 2,496 milhões de toneladas contra 1,728 milhão um ano antes. Mesmo com plantio mais lento, a logística tá entregando.
No algodão, a conta vem um pouco mais apertada. A StoneX revisou a produção 2025/26 pra baixo e agora fala em 3,7 milhões de toneladas de pluma, queda de 11% na comparação anual e cerca de 1% abaixo da estimativa anterior. A tesoura veio principalmente na área da Bahia, que deve plantar 393 mil hectares, 5% a menos que na safra 2024/25, reflexo de preço internacional chocho e rentabilidade mais apertada. De qualquer jeito, o Brasil deve seguir como grande fornecedor, com exportações da safra 2024/25 perto de 3 milhões de toneladas.
Enquanto isso, o mercado de bioestimulantes vai deixando a fase adolescente e entrando na vida adulta. O relatório da DunhamTrimmer aponta valor global de US$4,47 bilhões em 2024 e crescimento anual de 9,9% até 2030 pro setor. Pode até ter perdido o charme dos dois dígitos no percentual, mas ainda adiciona mais de US$500 milhões por ano até o fim da década. Aminoácidos seguem como estrela do portfólio, algas vêm logo atrás e as tais SBM prometem ser o próximo queridinho da turma dos biológicos.
Fechando a conta, o governo resolveu dar reforço de caixa pro agro de base. Saiu crédito extraordinário de R$190 milhões pro Ministério do Desenvolvimento Agrário, sendo R$160 milhões pra compra de entre 80 mil e 90 mil toneladas de milho pro Programa de Venda em Balcão e mais R$30 milhões pra mel e castanhas de cooperativas afetadas pelo tarifaço dos EUA via PAA. A Conab já vem aumentando o alcance do ProVB, que passou de 56,8 mil toneladas e 6,3 mil criadores em 2022 pra 130,7 mil toneladas e 14,4 mil pequenos pecuaristas atendidos em 2025, alta de 130%. A ideia é repor estoque, segurar o preço do milho na ponta e garantir proteína no prato quando chegar 2026.
DE OLHO NO PORTO
Passaporte, chip e quarentena: a vida do boi exportado

Foto: Getty Images
O navio Spiridon II virou novela no noticiário do agro. A embarcação saiu do Uruguai com quase 3 mil bovinos rumo à Turquia e tá voltando pra casa depois de levar cartão vermelho por descumprir regra básica: parte dos animais não tinha brinco ou chip eletrônico individual. Enquanto isso rende manchete, o Brasil segue embarcando gado vivo com outro manual de jogo e com demanda ainda quente em países que preferem carne fresca e abate acompanhado por autoridade religiosa.
Por aqui, quem exporta boi vivo tem que passar pelo funil do Ministério da Agricultura e também cumprir as regras do país comprador. O bicho só embarca depois de quarentena em área de pré-embarque aprovada por fiscal federal, com exames, tratamentos e tudo registrado. Todos os animais precisam ter identificação eletrônica individual, origem checada em guia de trânsito e embarcar em navio vistoriado, limpo, desinfectado, com água, ração e remédio garantidos pra viagem. O presidente da associação de exportadores gosta de lembrar que, na visão deles, 99,9% dos embarques saem e chegam dentro da regra, com problema só em caso bem pontual.
O debate, claro, tá longe de ser pacífico. Organizações de defesa animal seguem batendo forte na exportação de gado vivo e usam episódios como esse como prova de que a prática maltrata o rebanho. Do lado jurídico, o Tribunal Regional Federal da 3ª Região avaliou o tema neste ano e decidiu que a atividade tá dentro da lei brasileira. Enquanto isso, o Brasil abre novos mercados em lugares como Líbano, Tanzânia e Turquia pra reprodução, engorda e abate, mas já enxerga uma curva de ajuste pela frente: com menos abate e boi mais caro, a projeção do setor é de queda de mais de 20% nos embarques em 2026.
SAFRA DE CIFRAS
Crédito com pé na roça e cabeça em Wall Street
A Iniciativa Agro quer ser o cupido oficial entre produtor e mercado de capitais. A empresa colocou pra rodar o Sistema Integrado de Originação, uma plataforma que mergulha nos números da fazenda pra tentar destravar crédito mais barato pros pequenos e médios produtores do nosso Brasilzão. Só em 2025 já foram R$ 5 milhões em desenvolvimento e tem mais R$ 8 milhões prometidos pra 2026, tudo pra afinar o algoritmo que conta a história do produtor muito além do velho limite aprovado no banco.
O alvo são agricultores que precisam de R$ 2 milhões a R$ 10 milhões por safra e vivem naquele meio termo ingrato: grande demais pro básico do Plano Safra, pequeno demais pra sentar na mesa dos gigantes do mercado financeiro. A promessa é cortar até 15% de custo na largada em relação ao barter e ao crédito tradicional, lendo dado da porteira pra dentro: insumo usado, nível tech, manejo, produtividade e o jeitão da fazenda. Hoje o sistema já opera em 150 mil hectares e mira 400 mil em 2026 e 1 milhão em 2027, focado em café, soja e milho, com a pecuária já na mira pro caminho.
Na visão da turma da Iniciativa Agro, o SIO ocupa um buraco que o Plano Safra não dá conta: ele cobre só algo entre 30% e 35% da necessidade de financiamento do campo, deixando o resto na mão de operação cara e pouco transparente. Hoje, mais ou menos 30% do agro se financia em banco e os outros 70% vêm de barter, mercado de capitais e fintechs, via Fiagro, CRA e afins. A leitura deles é simples: o agro vai grudar cada vez mais no mercado de capitais e quem conseguir traduzir a vida da fazenda em dado confiável ganha desconto no juro e cadeira cativa nessa mesa.
COMO TÁ LÁ FORA?
Carne nas alturas e americano firme na grelha
O gado miou, mas o apetite do consumidor dos EUA nem pensa em dieta. Com o rebanho no menor nível em mais de meio século e juro e ração apertando o pecuarista, o preço da carne bovina na gringa só sobe. A carne moída virou termômetro do surto proteico por lá e já acumula alta de 14% no ano, batendo recorde atrás de recorde, enquanto o mercado se pergunta qual é o limite desse tíquete.
Só que, em vez de recuar, o consumidor tá querendo cada vez mais. A turma migra pra cortes mais baratos, troca filé e costela por moídos e carnes de panela, testa receita diferente, mas não larga a proteína. As vendas em volume de carne bovina no varejo cresceram perto de 5% em 12 meses e ganharam de frango e outras proteínas.
Do lado da oferta, o gargalo tá longe de se resolver. Com seca, custo alto e rebanho curto, o boi disponível tá caro e frigorífico grande já fala em prejuízo e fechamento de planta. Trump tenta aliviar mexendo no tabuleiro global; baixou tarifa pra carne bovina do Brasil e estimulou mais importação, que deve subir 16% em 2025. Mesmo assim, a combinação de boi cada vez mais raro e demanda só subindo indica que o americano ainda vai ver muita etiqueta salgada antes do churrasco voltar pro terreno da normalidade.
PLANTÃO RURAL
Ferrugem batendo na porteira. A ferrugem asiática já deu as caras em Corbélia (PR) e Itapetininga (SP) e o clima chuvoso tá deixando o fungo bem confortável. Especialista alerta pra monitoramento pesado e aplicação preventiva, justo na hora em que falta fungicida multissítio e sobra risco de quebra perto de 90% da lavoura.
Ramadã turbinado na MBRF. De olho no primeiro Ramadã depois da fusão, a MBRF tá armando uma estratégia pra empurrar Sadia Beef no Oriente Médio. Historicamente as vendas sobem uns 15% no período e a nova planta de processados em Jeddah, com investimento de US$ 160 milhões, entra como vitrine halal colada no cliente.
Trigo virando etanol no RS. O Rio Grande do Sul ganhou a primeira usina do país dedicada a etanol de trigo. A planta da C.B Bioenergia, em Santiago, tem fôlego pra mais de 1.300 m³ de álcool hidratado e 1.140 m³ de álcool neutro por mês, além de DDGS e WDGS pra reforçar ração do rebanho.
Black Friday que o agro ainda não entendeu. O produtor já tá digital, as buscas por ureia, trator e glifosato crescem firme, mas o agro ainda tropeça na Black Friday. Site que esconde preço, exige login e navegação ruim jogam a taxa de rejeição lá no teto. Falta campanha bem feita e sobra oportunidade pra quem arrumar essa vitrine online.
Goiaba de Carlópolis na primeira classe. A goiaba de Carlópolis embarcou direto pra Europa pela Coac, sem trader no meio, com 420 kg vendidos a um preço 3 vezes maior que o do mercado interno. Com IG, GlobalGAP e poda escalonada garantindo fruta o ano todo, a capital da goiaba no PR mostra como se faz agregação de valor.
Fungo com jeito de novo herbicida. Pesquisadores da UFMG, Embrapa e USDA acharam num Fusarium tropical um “composto 2” que segura germinação de sementes e controla fungo com força maior que herbicidas como glifosato em ensaio de laboratório. O caminho até virar produto é longo, mas o pipeline de bioinsumo já ganhou protagonista novo.
SE DIVERTE AÍ
Se diverte aí com o Tradle, o joguinho diário que transforma tabela de exportação em caça tesouro global. Você recebe um quadrado cheio de bloquinhos coloridos com os produtos que aquele país mais vende pro mundo e precisa adivinhar qual é só olhando a cara da pauta. Pra quem vive de agro, é treino de luxo. Dá pra bater o olho em soja, milho, carne, açúcar, café, fertilizante e tentar acertar se tá falando de Brasil, Argentina, EUA ou algum vizinho inesperado. Abre o Tradle, combina com a galera do trampo e vê quem descobre o país primeiro.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Queijo Canastra
Pergunta de hoje: Qual criação nativa de abelhas sem ferrão fornece mel valorizado e era manejada por povos indígenas?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!




