
APRESENTADO POR
Bom dia!
De um lado, a FMC despenca 25% em Nova York e já planeja fechar fábricas pra tentar conter a sangria. Do outro, o ranking da Forbes escancara quem tá nadando em dinheiro, com um punhado de gigantes que juntos faturam R$ 1,12 trilhão. No meio disso, a CNA quer ajudar o produtor a decidir se compra, aluga ou terceiriza o trator, e o Senado americano tenta brecar Trump, mas o tarifaço continua de pé.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
O Rabobank projeta a arroba do boi gordo acima dos R$ 350 em 2026, com produção caindo entre 5% e 6% e demanda firme no Brasil e na China. O banco vê risco climático com o La Niña e diz que Copa do Mundo e eleições devem dar fôlego extra pro consumo interno.
O Ibovespa renovou o recorde e ultrapassou os 149 mil pontos, impulsionado por Vale e pelos bancões, mas recucou um pouco e fechou na casa dos 148 mil e meio. O corte de juros nos EUA animou os mercados, mesmo com o Federal Reserve adotando tom cauteloso sobre novos cortes. O índice fechou com alta de 0,82%, marcando o quinto pregão seguido de valorização.
APRESENTADO POR CHRYSALABS
O entrave oculto dos projetos de carbono

A demanda global por créditos de carbono de alta qualidade cresce exponencialmente. O problema? Os métodos tradicionais de medição do carbono no solo não acompanham esse ritmo. Trabalhosos, lentos e caros, eles se tornaram um gargalo que deixa um enorme valor potencial preso no solo.
Para que os projetos de carbono sejam realmente rentáveis em escala, o setor precisa de um salto tecnológico, uma forma de obter dados defensáveis e auditáveis com muito mais rapidez e eficiência. Mas essa tecnologia não pode ser uma "caixa-preta"; deve atender aos mais altos padrões de rigor científico.
Por isso, buscamos e conquistamos validação de terceiros, comprovando nossa conformidade com a metodologia VM0042 da Verra. Isso confirma que nossa tecnologia de dados do solo é uma solução comprovada e confiável, capaz de viabilizar projetos de grande escala e alta integridade.
CAMPO ATUALIZADO
Comprar, alugar ou terceirizar, eis a questão

GIF: Giphy
O produtor que vivia na dúvida entre comprar, alugar ou terceirizar as máquinas agora tem uma nova conselheira: a calculadora da CNA. O estudo “Máquinas Agrícolas: alugar, comprar ou terceirizar?”, feito em parceria com a Agroconsult, mostrou com números reais do campo o que mais pesa, ou alivia, no bolso do produtor tupiniquim.
De acordo com a pesquisa, 17% do custo total da lavoura vem das máquinas e da desvalorização que acontece todo ano, igual seu carro na tabela Fipe. E com o preço dos equipamentos disparando (tratores subiram até 154% desde 2019 e colheitadeiras até 124%) e os juros do Moderfrota beirando os 13% ao ano, fechar a conta tá mais difícil que acertar regulagem de pulverização. O produtor que quiser dormir tranquilo vai precisar de mais planilha que travesseiro.
Nas simulações, a terceirização venceu a corrida da colheita em todas as regiões, principalmente porque as colheitadeiras ficaram caras demais, e operador bom virou artigo de luxo. No plantio, o aluguel se mostra competitivo em metade do país, enquanto na pulverização o produtor ainda prefere o velho modelo próprio, já que praga não espera orçamento e pagamento à prazo.
O modelo próprio continua dominando tudo por aqui, mas o estudo mostra que o futuro pode estar nas parcerias. Na Argentina, 60% das operações já são terceirizadas. No Brasil, o aluguel de maquinário tá crescendo entre produtores mais corporativos e menos familiares, que veem o maquinário como ativo financeiro, não como herança de família.
Pra quem quiser testar na prática, a CNA criou uma calculadora online que simula custos de plantio, pulverização e colheita. É só colocar os dados da propriedade e ver onde o dinheiro rende mais: na garagem, no contrato ou na planilha. No fim, a máquina pode até ser cara, mas decidir sem conta na ponta do lápis é o que realmente sai caro.
O AGRO EM NÚMEROS
Não adianta chorar pelo leite derramado
O campo tá gigante, mas desprotegido. Um estudo da CNseg mostrou que 95% da área plantada no Brasil pode fechar 2025 sem seguro rural. O buraco no orçamento público é de mais de R$ 3 bi, e o cachê disponibilizado deixou só 2,3% das lavouras cobertas. Enquanto os EUA seguram 90% da produção, o Brasil continua jogando a sorte do produtor no clima e chamando isso de política agrícola.
E não adianta mais chorar pelo leite derramado. O preço ao produtor caiu 19% em um ano e bateu em R$ 2,44 por litro, segundo o Cepea. A produção tá bombando, subiu mais de 12% esse ano, as importações subiram 20% e as prateleiras estão cheias. Só que o pecuarista, esse, tá seco: precisa de 26 litros pra comprar um saco de milho. Nem o queijo salva essa conta.
O arroz também empapou. No Rio Grande do Sul, o preço médio da saca caiu pra R$ 56,70, 10% abaixo do mínimo do governo. A Conab até anunciou leilões pra conter a maré, mas os compradores seguem tranquilos com o estoque cheio e sem pressa nenhuma pra tirar o escorpião do bolso.
Na indústria, as máquinas roncaram, mas as agrícolas deram uma falhadinha. O setor geral cresceu 11,2% em setembro e faturou R$ 27,2 bi, mas as agrícolas pisaram no freio: receita caiu 1,8%, pra R$ 6,06 bi. Mesmo assim, o número de tratores vendidos saltou 27%. O produtor pode até não ter crédito, mas ainda tem tração.
A Kepler Weber teve um trimestre agridoce: lucro de R$ 51,6 milhões, queda de 13,5% frente a 2024, mas bem melhor que o trimestre anterior, quando tinha ficado em R$ 14 milhões. A empresa aposta agora em armazenagem e exportações pra Argentina e Venezuela pra manter o ritmo. Já o ROIC caiu pra 21%, ainda saudável, mas bem longe dos 42% de um ano atrás.
E lá fora, a BASF colheu menos. As vendas agrícolas caíram 5,4%, pra € 1,7 bilhão, mas o Ebitda saiu do negativo e foi pra € 40 milhões. A empresa agora vai recomprar € 1,5 bi em ações. Se o financeiro falha, o marketing resolve.
COLHENDO CAPITAL
Lucro no talo
A nova edição da Forbes Agro100 mostrou que o campo brasileiro tá jogando na liga dos trilhões. As dez maiores empresas do agro faturaram R$ 1,120 trilhão em 2024, quase o PIB da Argentina inteiro, com um aumento de 4,16% em relação ao ano anterior. Na liderança, isolada, a JBS continua carregando quase meio trilhão de faturamento, distribuiu R$ 6,6 bilhões em dividendos e manteve o título de gigante das gigantes.
A lista tem de tudo. Mistura cooperativas, tradings, agroindústrias e até cervejeira, mostrando que o campo é mais diversificado que cardápio de churrascaria. Entre os destaques, a Marfrig e a BRF, recém-fusionadas, consolidaram um império da proteína; a Raízen empurrou o etanol de segunda geração pra frente com R$ 1,2 bi em investimento; e a Suzano inaugurando a maior fábrica de celulose do planeta no ano passado.
No total, as 100 empresas da lista somaram R$ 1,886 trilhão em receita líquida, o equivalente a quase um quarto do PIB brasileiro. Mais de um trilhão e meio de motivos pra lembrar que o agro não vive só de sol e safra, vive também de capital, estratégia e dividendos que fazem até banco verde de inveja.
COMO TÁ LÁ FORA?
Bronca no presidente
Trump tomou um puxão de orelha do Senado americano, mas o tal fim do tarifaço sobre o Brasil ainda tá mais enrolado que crédito rural. Os senadores até aprovaram o fim da tarifa de 50% imposta pelo republicano, mas a Câmara deve barrar tudo, e, se passar, o próprio Trump pode vetar.
O placar foi apertado: 52 a 48. Cinco republicanos resolveram pular a cerca pra ajudar os democratas a tentar aliviar a bronca em cima dos produtos brasileiros, o que a imprensa dos EUA chamou de repreensão pública a Trump. Teve até um almoço tenso no Capitólio, com o vice JD Vance tentando segurar a tropa e ouvindo reclamação até não aguentar mais.
Lá fora, os jornais chamaram o episódio de um racha no elenco e uma briga política disfarçada de pauta econômica. O Brasil segue tentando resolver na diplomacia, depois de um encontro que chamou de Lula com Trump. Mas, enquanto o aperto de mão não vira acordo, a tarifa segue firme.
SAFRA DE CIFRAS
É tudo culpa da Índia

Foto: Divulgação/FMC
A FMC tomou um tombo de respeito em Wall Street. As ações da gigante de defensivos despencaram 25% no after market depois de divulgar um balanço mais feio que infestação em lavoura sem defensivo: a receita caiu 49% no trimestre, pra US$ 542 milhões. A empresa jogou a culpa no colo da Índia, onde precisou devolver produtos, revisar preços e preparar a operação pra venda. O baque contábil só ali tirou US$ 282 milhões da conta e empurrou o resultado pra um prejuízo de US$ 569 milhões.
Mesmo sem a novela de Bollywood, o cenário não é dos mais felizes. A receita global da FMC, desconsiderando o impacto da Índia, caiu 10% e ficou abaixo do esperado pelo mercado. A pressão dos genéricos, especialmente na Ásia e aqui na América Latina, derrubou as margens de lucro e o volumes comercializado No Brasil, o aperto do crédito rural e a menor liquidez dos clientes também jogaram contra. O CEO Pierre Brondeau até tentou manter o tom otimista, dizendo que os ajustes “posicionam a empresa pra resultados melhores”. Mas, por enquanto, o mercado só viu o copo vazio.
Pra tentar sair desse buraco, a FMC vai desligar fábricas de ingredientes ativos e produtos de alto custo e transferir parte da produção pra locais mais baratos. A meta é deixar o portfólio mais leve pra brigar com os genéricos e preservar as linhas mais rentáveis. A empresa, avaliada hoje em US$ 3,6 bilhões, espera fechar o ano com receita entre US$ 3,9 e 4 bilhões. Mas por enquanto, o que tá crescendo mesmo é a dor de cabeça dos acionistas.
PLANTÃO RURAL
Florada boa, mas sede apertando. Os cafezais de arábica abriram floradas bonitas nas principais regiões produtoras, mas o clima ainda preocupa. Produtores esperam novas chuvas pra garantir o pegamento e o bom desenvolvimento da safra 2026/27.
Trump e Lula precisam conversar, diz americano. Ted McKinney, ex-subsecretário de Agricultura dos EUA, disse durante o Agro Horizonte que o diálogo entre Trump e Lula é essencial pra aliviar as tensões comerciais. Segundo ele, Trump “gosta de tarifas porque causam medo”.
Confinamento bombando. O confinamento bovino deve atingir 11 milhões de animais em 2025, acima das previsões. A queda nos preços dos insumos e a alta da arroba animaram os pecuaristas, que aproveitaram pra travar preços e encher os cochos. Segundo a Assocon, não falta boi terminado e o Brasil segue exportando forte.
Vírus com passaporte europeu. A Europa enfrenta surtos de dermatite nodular contagiosa, doença viral que causa bolhas em bovinos e já levou França e Espanha a suspender exportações. Cientistas apontam que o aquecimento global pode estar ajudando o vírus a sobreviver até no inverno, acendendo o alerta na pecuária europeia.
Testamento de sangue. Um produtor bilionário foi assassinado em Goiás na véspera de assinar o testamento que tiraria os filhos da herança. A Operação Testamento revelou que os herdeiros teriam planejado o crime junto com funcionários da fazenda. A fortuna envolvida chega a R$ 1 bilhão e seis pessoas já foram presas.
SE DIVERTE AÍ
Tá achando que entende de exportação? Então testa teu faro de mercado no Tradle, o joguinho que mostra um mapa com os principais produtos que um país vende pro mundo e te dá seis chances pra adivinhar de qual país se trata. A cada chute errado, ele mostra a direção e a distância do acerto, tipo um Termo com cheiro de porto e balança comercial. Joga aí e vê se teu palpite é mais certeiro que previsão de safra.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Jambu
Pergunta de hoje: Qual castanha do Cerrado ficou pop como snack proteico e ajuda a renda de extrativistas?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!




