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Enquanto a FMC encara uma ressaca digna de filme de terror e vê suas ações despencarem em Nova York, a Aliare segue no modo Frankenstein, costurando novas aquisições pra montar o monstro da tecnologia agro. No meio do susto o Banco do Brasil fecha o cofre pra quem desmatou. É dia de mistura boa: um pouco de horror corporativo, inovação digital e decisões que podem mudar o rumo do campo.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
A Vittia lançou seu quinto programa de recompra de ações, com limite de 4,5 milhões de papéis. A empresa também distribuiu R$ 9,5 milhões em juros sobre capital próprio. Enquanto isso, o mercado tenta entender se o plano é investimento… ou ressuscitação de lucros.
COLHENDO CAPITAL
Aliare vira Frankenstein e costura mais uma aquisição

GIF: Frankenstein/Medium
O agro brasileiro pode até estar com medo da falta de crédito, mas tem gente transformando o susto em oportunidade. A Aliare, gigante de soluções tecnológicas do campo, anunciou a compra da Agrometrika, uma velha conhecida das análises de crédito e risco agrícola, com mais de 15 anos de estrada e R$ 110 bilhões aprovados em sua plataforma todo ano. O valor da transação ficou em off, com um mistério bem de filme de suspense, mas a compra promete deixar o mercado mais agitado que noite de D&D em Stranger Things.
Fundada em 2021, a Aliare não para de crescer e de caçar novas aquisições. Essa já é a terceira desde que eles tão por aí, e cada uma parece uma peça nova no Megazord da futura Big Tech do Agro. O grupo já juntou nomes como Siagri, Datacoper, Solution, Implanta e a startup Wemov, que somam mais de 70 mil usuários ativos entre elas. A receita bruta anual já passa dos R$ 150 milhões, e não para de crescer, aumenta entre 15% e 20% por ano. A empresa quer ser a Big Tech do Agro até 2030, e cada compra é tipo um parafuso a mais no monstro que tá ganhando vida.
A Agrometrika chega pra colocar uns ingredientes que faltavam no caldeirão da parte financeira da operação: gestão de crédito e risco rural do início ao fim, da análise à formalização e acompanhamento da safra. A ideia é simples: juntar inteligência, eficiência e inovação pra criar uma jornada completa e bem menos assustadora pro produtor e pros fornecedores.
“O crédito é um dos temas mais estratégicos do agro”, explica o CEO da Aliare, Carlos Barbosa. “Integrar gestão, comercial e risco em um fluxo digital único aumenta o valor pro cliente e prepara o setor pra um novo ciclo de eficiência e inovação.” Traduzindo pro dialeto do campo: é a tentativa de exorcizar os fantasmas da burocracia e transformar a planilha em poder de decisão.
SAFRA DE CIFRAS
FMC derrete e cai MAIS 40% em um dia

GIF: O Exterminador do Futuro 2
Nem todo pesadelo de Halloween tem monstro, alguns têm balanço trimestral. Depois de despencar 23% no after-market, as ações da gigante dos defensivos caíram mais 43% nesta quinta (30) na bolsa de Nova York. O CEO, Pierre Brondeau, jogou tudo na mesa em uma call com investidores: se rolar, a ressurreição completa só deve aparecer lá em 2028, “quando a companhia voltar a parecer o que era em 2018”, segundo ele. Até lá, o foco é sobreviver e proteger o portfólio essencial, que inclui o inseticida Rynaxypyr e meia dúzia de novas moléculas.
Brondeau admitiu que o problema da FMC é um mix de mercado fraco e custo alto. Com a demanda em queda e os genéricos mordendo mais que os estaladores de The Last of Us, a empresa teve que repensar tudo. A estratégia agora é cortar pela raiz, reestruturar fábricas e tentar jogar fora as operações na Índia, que deve ser o único mercado vendido. Por lá, a empresa já viu a receita evaporar e vai redimensionar o tamanho das equipes de P&D e marketing em toda a Ásia.
A salvação deve vir das novas tecnologias que ainda tão no laboratório, se der tempo. A FMC aposta que as próximas moléculas vão reacender o caixa e dar um novo gás às vendas globais. Brondeau garante que não há planos de vender ativos estratégicos, mas confessa que 2026 ainda vai parecer uma longa noite de Halloween.
O AGRO EM NÚMEROS
Dando tchau pro bicho-papão do desmatamento

Gif by losvagosnft on Giphy
O tarifaço do Trump segue como vilão de filme de terror pro agro brasileiro. As exportações da piscicultura caíram 28% no trimestre e a tilápia virou a vítima preferida da trama, levando facada atrás de facada nas tarifas. Mesmo assim, os EUA continuam comprando, mas o setor já procura um novo final feliz fora do roteiro americano.
No Sul, o clima continua de suspense. A soja cobre só 5% da área e o milho chegou a 80%, mas a ferrugem-asiática já ronda as lavouras feito entidade de terror. O trigo tenta escapar dos sustos do tempo seco e das dívidas que voltam do além e já tem 27% da produção colhida. Produtor gaúcho planta com fé e colhe com o coração acelerado, tipo quem desce pro porão depois de ouvir barulho estranho.
Nas florestas, o bicho-papão do desmatamento tomou um Riddikulus: o desmatamento caiu 11% na Amazônia e no Cerrado, segundo o Inpe. É o terceiro ano seguido de alívio e o Inpe jura que o “massacre da motosserra elétrica” tá com os dias contados.
No litoral, o Porto de Itajaí saiu do purgatório e ressurgiu mais forte: cresceu 127% em oito meses e agora se prepara pra um leilão que promete ressuscitar de vez a operação. Depois de um ano e meio parado, o porto parece saído de The Walking Dead ou Thriller, só que dessa vez, em vez de devorar cérebros, vai engolir contêiner.
Pra fechar o caixão do dia, a Syngenta levou um susto com uma queda de 6% nas vendas globais, mas o Brasil manteve a lamparina acesa no celeiro: alta de 2% por aqui. No agro, até quando o cenário parece de terror, o final ainda pode ser feliz.
NAS CABEÇAS DO AGRO
O monstro da rastreabilidade

GIF: Tenor/Scooby Doo
O Plano Nacional de Identificação Individual de Bovinos e Búfalos prometia transformar o rebanho brasileiro em Exterminadores do Futuro: o maior rebanho do mundo marcado, rastreável, monitorado e digitalizado até 2033. Bonito no papel, mas, na prática, o bicho tá pegando. Produtores ainda tentam descobrir quem vai bancar os brincos de identificação, e o clima nos currais anda mais tenso que cemitério em noite de lua cheia.
A CNA até reconhece que o sistema é inevitável, mas devagar quase parando. Em Mato Grosso, onde 35% dos pecuaristas têm menos de 50 cabeças, o papo é claro: sem ajuda, ninguém vai perfurar esse piercing digital de última geração em boi nenhum. Frigoríficos e governos prometem dar uma força, mas, por enquanto, o suspense continua.
Mesmo com a promessa de modernização, especialistas não apostam em gorjeta pra carne rastreada. A China, que compra quase metade do nosso boi, pode até querer rastreio individual, mas dificilmente vai pagar mais por isso. E aí, com o preço da arroba brasileira valendo metade da americana, o medo não é de fantasma, é de fatura. No fim, o agro deve mesmo encarar o espelho e enfrentar o próprio fantasma: adaptar-se, custe o que custar, pra não virar lenda urbana do comércio global.
PAUTA VERDE
Laranja transgênica exorcisa o greening

GIF: Makeagif
O greening é o principal vilão dos pesadelos dos pomares, mas parece que a laranjeira achou sua cruz. Pesquisadores da Universidade da Flórida criaram uma variedade batizada de NuCitrus, que carrega um gene da planta Arabidopsis thaliana que turbina o sistema imune da fruta. Mesmo infectada, a laranja segue firme, produtiva e com suco digno de comercial da Doriana.
O tal gene, chamado AtNPR1, funciona tipo um feitiço protego: a bactéria até tenta atacar, mas não encontra espaço pra causar os danos que normalmente transformam as folhas em cenário de filme de terror. A planta continua produzindo bonito, com folhas verdes e suco com gosto de vitória. Os cientistas garantem que o gene é seguro, natural, e que no corpo humano some mais rápido que doce em festa de Halloween.
Depois de nove anos em campo, a NuCitrus segue saudável e rendendo frutos normais, o que é quase um milagre. Agora, a Universidade da Flórida corre pra conseguir o sinal verde das agências americanas e liberar o cultivo comercial. Se tudo der certo, o suco dessa laranja imortal pode estar nas prateleiras em até dois anos, pronta pra provar que, no agro, até as pestes têm medo de inovação.
CAMPO CONECTADO
Tecnologia não é custo, é investimento

Foto: Ruy Baron
O aperto nas margens tá tirando o sono de muita gente no campo e não é por causa de assombração e nem vulto. Quando o caixa aperta, o produtor afia a tesoura e começa a cortar gasto. O problema é que, nessa faxina financeira, a tecnologia sempre acaba sendo a primeira a levar a facada. Mas no Agro Horizonte, evento da Globo Rural em Brasília, o recado foi claro: tecnologia não é custo, é antídoto contra margens de arrepiar.
André Guillaumon, CEO da BrasilAgro, foi direto ao ponto: quem ainda acha que digitalização é luxo tá preso num filme de terror dos anos 90. “A tecnologia não vem só pra facilitar a vida do produtor, mas pra melhorar toda a cadeia do agro”. Segundo ele, o produtor que investe em dados e automação paga menos seguro, tem acesso a crédito mais barato e ainda mostra que o risco da fazenda não é digno de jumpscare.
PLANTÃO RURAL
Crédito com lupa. O Banco do Brasil vai fechar o cofre pra quem desmatou ilegalmente, mesmo sem embargo. A nova regra, que entra em vigor em 2026, usa imagens de satélite pra rastrear o histórico das áreas.
Trégua (meio) mortal. O acordo entre Trump e Xi Jinping esfriou o apetite chinês pela soja brasileira. Os prêmios despencaram e as negociações travaram. É o tipo de paz que mata: o mercado ficou mais parado que casa mal-assombrada depois da meia-noite.
Do banco pro blockchain. Com menos linhas subsidiadas, o agro corre pro mercado de capitais. LCAs, CRAs e Fiagros viraram o novo feitiço pra financiar o campo. A tokenização já aparece como poção promissora,transformar grãos em ativos digitais pode ser o truque que faltava pra liquidez.
Leite azedo no horizonte. Um estudo da StoneX prevê uma queda global no preço do leite até 2026. Excesso de oferta, importações baratas e margens cada vez mais espremidas são os principais problemas. Pro produtor, o susto é real: a vaca tá indo pro brejo mais rápido que bruxa em Nimbus 2000.
Café em apuros. A tarifa de 50% imposta por Trump sobre o café brasileiro tá torrando o setor nos EUA. Estoques derreteram, importadores pagaram preços altíssimos e o preço da xícara subiu mais de 40% em um mês. Lá, o Halloween é todo dia: café virou artigo de luxo e o consumidor tá pagando o susto no caixa.
Ciência premiada. A pesquisadora Mariangela Hungria, da Embrapa, entrou pra lista TIME100 Climate 2025. Pioneira no uso de bioinsumos, ela substituiu fertilizantes químicos por bactérias e ajudou o planeta a respirar.
Do boi-China ao boi-Japão. O Japão tá prestes a abrir o mercado pra carne brasileira, e o “boi-Japão” já ronda os pastos: jovem, marmorizado e pronto pra exportar.
SE DIVERTE AÍ
Tá pronto pro desafio? No clima de Halloween, o jogo da vez é o Flagle, o “Termo das bandeiras”. Ele mostra uma bandeira e você tem seis chances pra descobrir de qual país é. A cada chute, o jogo dá pistas com base nas cores e no formato. Parece fácil até surgir um mosaico indecifrável de cruzes, estrelas e listras Testa teu faro geográfico e vê se acerta mais bandeiras que diplomata da OMC. Joga aqui e tenta não gritar quando aparecer uma da Oceania.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Baru
Pergunta de hoje: Qual palmeira do Maranhão sustenta cadeias de óleo, farinha e carvão ativado artesanal?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

