APRESENTADO POR


Bom dia!

O café tá de volta ao menu da diplomacia e o boi, ao debate climático. Enquanto Trump promete aliviar o tarifaço sobre o grão brasileiro, o México resolveu azedar a doçura e meteu 210% de imposto no açúcar. No Brasil, o crédito de carbono vai ganhar selo nacional, a soja já cobre quase 60% das lavouras previstas e a ExpoCannabis chega acendendo o debate sobre novos mercados.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 157.632,90 32,99%
MDIA3 R$26,64 36,84%
SMTO3 R$13,98 -42,23%
BEEF3 R$6,42 34,87%
VALE3 R$65,76 23,52%
Bitcoin US$101.663,85 3,63%
Ethereum US$3.406,34 -5,51%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

PAUTA VERDE

Arroto de boi, sopro de futuro

Gif by ferdinandmovie on Giphy

A pecuária brasileira tá ruminando progresso, mas ainda precisa mastigar mais rápido se quiser reduzir o cheiro de metano no ar. Durante a COP 30, em Belém, o Imaflora lembrou que o Brasil assumiu a promessa de cortar 30% das emissões de metano até 2030, mas o passo anda curto. As iniciativas tão aí, de abate precoce a sistemas integrados, só que ainda não chegaram a todos os cantos do pasto. Falta transformar boas práticas de laboratório em rotina de fazenda.

O famoso arroto do boi, vilão preferido dos ambientalistas, continua sendo o grande alvo. O gás tem 28 vezes mais potencial de aquecimento que o CO₂, e reduzir suas emissões depende de dieta ajustada, pasto bem cuidado e manejo bem feito. A ciência já mostrou o caminho: com mais capim de qualidade, suplementação inteligente e genética aprimorada, o boi não só engorda mais rápido como polui menos. Agora, o desafio é escalar isso Brasil afora e convencer o produtor que sustentabilidade também enche o bolso.

Enquanto isso, um estudo da FGV e da Abiec trouxe uma boa notícia pra tentar aliviar a consciência (e a atmosfera): se o ritmo de produtividade continuar no embalo das últimas décadas, as emissões por quilo de carne podem cair até 80% até 2050. No cenário mais otimista, com desmatamento zero e práticas do Plano ABC+ aplicadas com força, o corte chegaria a quase 93%. Ou seja, o boi brasileiro pode virar exemplo de carne de baixo carbono e não de vilão climático, mas tudo depende dos produtores seguirem tudo à risca.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Café quente, tarifa fria: o vai e vem do tarifaço de Trump

O café brasileiro anda vivendo mais emoção que final de Copa. Desde o tarifaço de 50% imposto por Trump em agosto, as exportações pros Estados Unidos, o maior bebedor de café do planeta, despencaram 54% em outubro. Foram só 347 mil sacas embarcadas, e o pior: já tem torrefadora americana misturando blends sem grão brasileiro. Se o paladar deles acostumar, vai ser mais difícil reconquistar o espaço do que tirar o açúcar do cafezinho.

Mesmo com o freio nos embarques, o caixa seguiu cheio: a receita subiu 12,6% em outubro, batendo US$ 1,65 bilhão, mesmo com os embarques totais caindo 20%. Ou seja, o Brasil tá vendendo menos, mas mais caro, um expresso premium que rendeu US$ 12,7 bilhões esse ano. E mesmo com o pedágio imposto por Trump, os EUA seguem no topo da clientela, provando que ninguém vive sem o nosso grão.

Mas o aroma mudou em Washington. Sentindo a pressão dos supermercados e o café encarecendo no bolso do americano, Trump prometeu reduzir tarifas sobre o produto. O Tesouro americano confirmou que vem aí um pacote pra baratear café, banana e outros importados que não são produzidos por eles e o mercado reagiu como sempre: com nervos à flor da pele. O arábica despencou 5% em Nova York, o robusta caiu junto, e o pessoal das commodities já preparou mais uma rodada de cafeína pra aguentar o sobe e desce.

Só que os especialistas garantem: essa queda é passageira. Com estoques baixos, demanda crescendo e o inverno batendo à porta no Hemisfério Norte, não vai ter grão suficiente pra todo mundo. A tal queda nos preços pode acabar sendo só um sonho de quem acredita em Papai Noel.

Enquanto isso, o Brasil segue fazendo diplomacia na base do cafezinho. O Cecafé aperta o governo pra negociar o fim do tarifaço, Lula e Alckmin já entraram na conversa, e o setor aposta que o bom senso e a cafeína vão prevalecer.

O AGRO EM NUMEROS

Plantio de soja voando

Foto: Flickr/CNA

Choveu, plantou! O plantio da soja engrenou com força e tá batendo 58,4% da área prevista, segundo a Conab. São Paulo e Mato Grosso tão quase zerando o game, com mais de 90% das lavouras semeadas. A chuvarada recente acelerou o trabalho no campo e também o replantio pra quem sofreu com granizo e veranico. Faz parte do pacote.

Na cana, o clima ajudou a deixar a estatística docinha: em outubro, a produtividade no Centro-Sul subiu 4,3%, batendo 64,6 toneladas por hectare. O açúcar por tonelada (ATR) também deu aquela turbinada e chegou a 150,6 kg/t. No acumulado, ainda há uma leve ressaca (-5,1%), mas o caldo continua rendendo.

Enquanto o agro vai bem, o Banco do Brasil tomou um gole amargo: o lucro despencou 60,2% no terceiro trimestre, caindo pra R$ 3,8 bilhões. A instituição ainda revisou pra baixo suas projeções anuais. E tão dizendo por aí que a inadimplência crescente entre produtores foi uma grande influencia pra queda.

POR DENTRO DA COP30

Crédito de carbono made in Brasil

Foto: Rúbio Marra/BNDES

Na COP30, o Brasil tirou da gaveta um projeto que promete dar lastro nacional ao mercado de carbono. O BNDES, o Bradesco e o Fundo Ecogreen lançaram a Ecora, a primeira certificadora brasileira de créditos de carbono. A ideia é simples e ambiciosa: reduzir a dependência de validadores estrangeiros e criar um selo tupiniquim pra quem quer provar que neutraliza emissões de verdade.

Com apoio técnico da Aecom, a nova certificadora vai operar em todos os biomas, usando a plataforma Conservare pra monitorar cada etapa do ciclo dos créditos, desde a análise de viabilidade até a retirada. O modelo quer dar mais transparência, rastreabilidade e acesso aos pequenos produtores, que hoje ficam largados, esquecidos de canto, por causa dos altos custos de validação internacional.

O presidente do BNDES, Aloizio Mercadante, disse que o projeto tá vindo pra democratizar o carbono. A Ecora chega pra criar padrões nacionais, reduzir burocracias e adaptar as metodologias pras realidades regionais, o que faz todo sentido num país com tamanho de continente e que tem várias diferenças entre cada região.

NOS CORREDORES DE BRASÍLIA

Soja, Supremo e suspense

Foto: Wenderson Araujo/CNA

A novela da Moratória da Soja ganhou mais um capítulo e ninguém aguenta mais. Depois que o ministro Flávio Dino mandou suspender todos os processos que questionam o acordo ambiental, o Cade apertou o pause nas investigações sobre possíveis práticas de cartel entre as tradings. A decisão vale até o STF julgar o caso, ou seja, pode levar anos.

A CNA não gostou nada da história e correu pro Supremo pra tentar reverter a liminar. Argumenta que o Cade é quem deveria continuar investigando, já que supostamente têm “fortes indícios de cartel de compra” e que travar o processo seria a mesma coisa que passar pano num possível esquema bilionário. Segundo a entidade, desde que a Moratória entrou em vigor, os preços pagos ao produtor caíram 23%, enquanto o óleo de soja subiu 16%, uma equação que, nas palavras do setor, transfere a renda que era pra ser do campo pros cofres das gigantes do grão.

Pro lado das tradings, o argumento é ambiental: o pacto feito em 2006 impede a compra de soja de áreas desmatadas na Amazônia Legal depois de julho de 2008. Pro lado da CNA, o problema é econômico: eles dizem que o acordo virou um cartel verde fantasiado de sustentabilidade.

QUAL A BOA?

ExpoCannabis quer mostrar que o negócio vai muito além da fumaça

Foto: Divulgação

De 14 a 16 de novembro, a São Paulo Expo vai virar uma verdadeira plantação de oportunidades. A ExpoCannabis Brasil chega à terceira edição prometendo girar até R$ 6 milhões em negócios e, dessa vez, com um foco que vai bem além do uso medicinal ou recreativo da planta. São 250 expositores que mostram o que o cânhamo pode virar: tecido, comida, cosmético, iluminação, embalagem, moda e muito mais.

A CEO do evento, Larissa Uchida, aposta que o setor industrial, principalmente o têxtil e o de alimentos, vai ser o primeiro a colher os frutos quando o cultivo do cânhamo industrial for regulamentado, o que tá programado pra acontecer até março de 2026. Segundo ela, o tabu tá caindo e o Brasil tem tudo pra virar o maior produtor de cannabis do mundo, com impacto direto em emprego, renda e inovação.

E não é papo de “maconheiro visionário”, o evento reúne universidades, startups, produtores e até máquinas de pós-colheita. A ideia é mostrar que, da fibra ao farmacêutico, a cannabis tem mais usos do que meme de internet e fazer fumaça.

PLANTÃO RURAL + COP30

  • Ibovespa testou os 158 mil, mas faltou fôlego. O índice até tentou engatar alta, embalado pela Vale e o minério de ferro, mas a Petrobras pisou no freio com a queda do petróleo lá fora. O pregão fechou quase no zero a zero, com leve queda de 0,03% e R$ 26 bilhões movimentados.

  • Falha em vacina mata mais de 600 animais. O laboratório Dechra Brasil concluiu que o problema da Excell 10 foi na inativação do imunizante. A produção em Londrina tá suspensa e o caso segue sob lupa do Ministério da Agricultura. Produtores relatam perdas grandes, especialmente entre agricultores familiares.

  • Boa Safra colhe lucro de R$ 68 milhões. O aumento foi de 26% no trimestre, puxado pelas sementes de soja, que seguem como carro-chefe. A carteira de pedidos bateu recorde e deve garantir um fim de ano gordo pra empresa.

  • Caramuru dobra o lucro e passa dos R$ 200 milhões. A receita chegou a R$ 2,2 bilhões, alta de 10%, impulsionada pelo farelo, soja e biocombustíveis. O resultado é mais que o dobro de 2024 e mostra que o setor de alimentos segue em alta.

  • Vittia cresce com biológicos e fecha caixa cheio. A receita subiu 5%, pra R$ 325 milhões, e a geração de caixa avançou 130%. Mesmo com o mercado de defensivos travado, a empresa segue firme na biotecnologia e lançou novos fungicidas e bioinseticidas.

  • Escuela Trump de tarifas. O México impôs tarifas de até 210% sobre o açúcar vindo de fora. O governo de Claudia Sheinbaum quer proteger os produtores locais e frear a queda dos preços. O impacto por aqui é pequeno, o México compra menos de 1% do nosso açúcar, mas a decisão azeda o clima no comércio internacional.

SE DIVERTE AÍ

O jogo de hoje é pra quem acha que entende de bandeira e tem olho de águia. No Flagle, você precisa adivinhar o país só pelas cores e formas da bandeira. A cada tentativa, o jogo mostra o quanto você tá perto do acerto.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Braquiária

Pergunta de hoje: Qual raça bovina indiana, adaptada ao calor, passou a predominar no rebanho do país?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

Keep Reading

No posts found