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Bom dia!
Teve exportador argentino abrindo um sorriso daqueles: Milei anunciou um corte nos impostos da carne, soja, milho e derivados, tentando reacender o agro vizinho. Por aqui, o clima segue tenso com os EUA, e a retaliação com quebra de patentes entrou na mesa do governo. No cafezal, uma pesquisa da UFU mostrou que até grão verde pode virar café especial com a fermentação certa. E mais: técnica de manejo que parece crime, mas é só estratégia na seca, e uma debênture gorda pra turbinar o etanol no semiárido.
Também tem:
• Gripe aviária mata mais aves no Rio e acende alerta no setor
• Bactérias aliadas do milho: produtividade em alta, fertilizante em baixa
• Série de jogos diários pra esticar o cérebro antes da lavoura
• E um agro que aprende com IA e fermenta inovação na xícara
Só o que importa. Direto, claro e no ponto.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Vendaval vindo por aí

Fonte: Freepik
Um ciclone extratropical tá se formando no RS e deve varrer o Sul e Sudeste com ventos de até 100 km/h. É isso mesmo: o clima resolveu dar aquela embaralhada básica na semana de quem vive da terra.
A ventania começa no sul do Rio Grande do Sul e depois se espalha que nem notícia ruim: pega SC, PR, SP e até um pedaço do Rio. O Inmet já cravou alerta laranja em dose dupla, por vendaval e por chuva acumulada. Só no RS pode cair até 100 mm em 24 horas, com direito a alagamento, deslizamento e muita dor de cabeça.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Ferrogrão: agora vai ou vai descarrilhar de novo?

Foto: Divulgação
Tem projeto que nasce pronto pra ser meme. A Ferrogrão é um deles. Idealizada há mais de uma década, a ferrovia que liga o agro do Mato Grosso ao porto de Miritituba (PA) já virou figurinha carimbada em apresentação de político, power point de executivo e até em despacho do STF. Mas agora o trem parece que vai, com um novo traçado que desvia de terra indígena, parque ambiental e, com sorte, da Justiça.
Guilherme Quintella, empresário e pai da ideia, andou em tour agro-pop por Sorriso, Sinop e Lucas do Rio Verde vendendo a nova versão do projeto. Segundo ele, os trilhos agora seguem a BR-163 e escapam de áreas protegidas, só pegam um pedaço do Parque do Jamanxim, mas alega-se que esse trecho já estava fora desde que a BR foi asfaltada. Tá no detalhe da letra miúda.
Com isso, a promessa é destravar a papelada. O projeto está na ANTT e deve seguir pro TCU em setembro. Se os ministros não colocarem um novo bode na linha, a licitação rola em 2026. Tem gringo e brasileiro já de olho no leilão, segundo Quintella, mas tudo sob sigilo, claro.
E os números? A EDLP jura que dá pra reduzir R$ 8 bi por ano em frete, cortar 3,4 milhões de toneladas de CO2 e transformar a matriz logística do MT: hoje 50% é rodoviário, com a ferrovia viraria 86% trilho. Cada trem substituiria 422 caminhões.
O cronograma prevê obra a partir de 2028 e trem rodando só em 2034. Até lá, é trilhar o caminho do licenciamento ambiental e torcer pra não surgir mais nenhum desvio no meio da linha.
RADAR DO AGRO
Chegou a conta do tarifaço

Foto: Freepik
A CNA jogou a real: o tarifaço de 50% dos EUA pode tirar até US$ 5,8 bilhões do bolso do agronegócio brasileiro. O cálculo é simples e doloroso: se o Brasil exportou US$ 12,1 bilhões em produtos agro pros americanos no último ano, o aumento nas tarifas pode cortar quase metade desse valor das vendas.
Segundo a confederação, o impacto nas importações seria direto, e pesado, porque os produtos brasileiros são sensíveis a variação de preço. O termo técnico é elasticidade menor que -1, mas na prática significa: subiu o preço, caiu o interesse. E com o tarifaço, o preço final dos produtos agrícolas pode ficar 50% mais caro nos EUA.
A projeção da CNA inclui queda total nas exportações de suco de laranja, açúcar de cana, sacarose e certos tipos de madeira, além de um tombo de 93% em portas e soleiras, 77% em obras de madeira e 50% em sebo de boi, ovelha ou cabra. Até os itens com menor impacto, como café, carne bovina e alguns químicos, devem cair até 40% em valor exportado.
A guerra comercial virou realidade. E o agro, mais uma vez, entrou no fogo cruzado com a cara exposta e sem escudo. Enquanto Trump mira o Brasil, quem sente primeiro é quem planta, processa e exporta.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Bactéria impulsionando NPK

Foto: Divulgação
O nitrogênio é rei no campo: indispensável para o crescimento das plantas, mas também o mais caro e mais desperdiçado do NPK. Só que a conta tá mudando. Pesquisadores da Unesp em Dracena mostraram que dá pra colocar duas bactérias pra trabalhar em conjunto e dar um upgrade no milho sem pesar no bolso nem no planeta.
A dupla, Azospirillum brasilense e Bacillus subtilis, foi aplicada direto nas sementes. O resultado foi um milho mais parrudo, raiz mais forte, fotossíntese torando e, de quebra, menos 25% de adubo nitrogenado e 5,2% a mais de produtividade. A economia projetada passa dos R$ 130 por hectare, o que poderia significar até R$ 2,86 bilhões salvos por ano se adotado em toda a área plantada do país.
Mas não adianta querer dobrar a dose: excesso de nitrogênio sabota o efeito das bactérias. A chave está no equilíbrio. A chamada “micro revolução verde” aposta em soluções sob medida, com pacotes de microrganismos moldados por cultura, solo e clima. Sem receita pronta, mas com ciência na medida pra cada talhão.
ASSUNTO DE GABINETE
Verdinha no campo e tabu virando fumaça

Foto: Freepik
O Ministério da Agricultura acelerou os trabalhos pra regulamentar o cultivo de cannabis medicinal no Brasil. O prazo vem do STJ: até 30 de setembro tem que sair alguma coisa. E segundo Carlos Fávaro, o governo inteiro tá se mexendo: Mapa, Anvisa, Justiça, Fazenda, todo mundo na roda.
A ideia é criar uma norma interministerial que permita o cultivo com controle sanitário, rastreabilidade, fiscalização e tudo no script, só que plantando no solo nacional, e não importando a preços estratosféricos. Hoje, só dá pra usar o óleo com base judicial ou comprando fora. A conta, claro, fica pesada pra quem precisa.
A expectativa do governo é montar uma cadeia produtiva legal, incluir pequenos e médios agricultores, criar empregos e, de quebra, movimentar a economia rural. Especialistas veem um potencial bilionário. Segundo a New Frontier Data, o mercado pode girar mais de R$ 5 bilhões por ano até 2030 se a regulação sair do papel e for inclusiva.
Enquanto isso, no Congresso, o clima segue mais travado que reboque atolado. Projetos de lei empacaram nos últimos anos, e quem vem puxando o bonde são o STJ e o STF, decidindo caso a caso, enquanto o Executivo tenta montar o quebra-cabeça com pressa e pressão.
Nos bastidores, o Mapa já prepara a norma: licenciamento, controle de sementes, fiscalização, selo, manual, lupa e prancheta. O que era tabu tá virando pauta econômica e social — e quem não quiser discutir, que pelo menos não atrapalhe. Porque o agro pode até não ser pop, mas se for pra gerar renda e saúde, ele topa.
DICA AGRO ESPRESSO
Contador de fruta na palma da mão

Foto: Freepik
Contar fruta no pomar pode até parecer tarefa simples... até você tentar fazer isso com centenas de pés de maçã, goiaba ou laranja em um calor de 40 graus. Aí entra o FruitAI, um app brasileiro gratuito que usa inteligência artificial pra fazer a contagem automática direto do celular. É só apontar a câmera que ele identifica, marca e soma o número de frutas nos galhos, sem precisar de ficha, caneta ou uma planilha.
O app foi desenvolvido pela startup Nougenic e está disponível para Android. É uma solução ainda em evolução, mas já mostra como a IA pode dar uma força real até nas rotinas mais braçais do campo. Pra quem trabalha com pomares comerciais e quer agilizar o manejo ou prever colheita, vale testar.
RADAR SANITÁRIO
Gripe aviária bate ponto no BioParque

Foto: Adobe Stock
Subiu pra 16 o número de galinhas-d’angola mortas pelo vírus H5N1 no BioParque, zoológico do Rio. Dois pavões também foram diagnosticados com gripe aviária e a área da Savana Africana segue interditada por 14 dias, seguindo os protocolos de biossegurança.
O parque afirma que o monitoramento é contínuo, com apoio das autoridades sanitárias. Por enquanto, as demais áreas seguem abertas ao público, com reforço nas medidas de segurança. A equipe técnica, formada por veterinários, biólogos e zootecnistas, tá de olho nos sinais clínicos nos outros bichos.
Apesar da comoção, a chance de transmissão pra humanos segue baixa. Mas se alguém da equipe espirrar, o protocolo já prevê isolamento e investigação. A gripe aviária virou figurinha repetida em 2025, e até bicho de zoológico agora entrou nas estatísticas.
PLANTÃO RURAL
Hermanos se aproveitando de Brasil x EUA. Milei atendeu um dos maiores clamores do campo argentino: anunciou cortes permanentes de até 26% nos impostos de exportação sobre grãos e carnes. A soja caiu de 33% para 26%, o milho foi a 9,5%, e o boi agora paga 5%. A medida promete sacudir o agro do Mercosul.
Café verde com gosto bom? Pesquisadores da UFU descobriram que grãos imaturos de café, aqueles verdinhos que costumam ser descartados, podem virar bebida especial após fermentação anaeróbica. Em testes às cegas, algumas amostras bateram nota 80 e ganharam o selo de café top de linha.
Sequestro do bem. Na seca, tem bezerro que vira refém. É o chamado “sequestro”, técnica de manejo em que as vacas vão pro cocho e deixam o pasto descansar. Resultado: menos estresse, mais saúde e condição corporal de primeira para a monta. E ainda ajuda na sustentabilidade da fazenda.
Patentes na mira. Se o tarifaço dos EUA vingar, o Brasil cogita retaliar com uma carta ousada: suspender direitos de patentes. A jogada afetaria setores como sementes e defensivos, e divide opiniões no governo e no agro. Lembrando: funcionou em 2014 no caso do algodão.
Debênture no etanol. A Agrovale vai emitir R$ 120 milhões em debêntures para reembolsar os investimentos feitos na modernização da usina de etanol em Juazeiro, na Bahia. O projeto foi considerado prioritário pelo governo e deve turbinar a produção já nesta safra.
SE DIVERTE AÍ
Já jogou Termo? Agora imagina um primo mais nerd. No Contexto, você não acerta letra por letra, mas sim a ideia. Digita qualquer palavra e o jogo te diz se tá quente ou frio com base no sentido. É um treino de vocabulário com pitada de chute e lógica.
O desafio muda todo dia, e o limite de tentativas é só sua paciência. Tem quem acerte com 20 chutes, tem quem vá além dos 300. Ótimo pra dar aquela esticada no cérebro antes do café. Ou depois. Ou durante.
Jogue aqui: contexto.me
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Óleo de Palma (Dendê)
Pergunta de hoje: Qual resíduo agrícola do Brasil virou produto de exportação valorizado na Ásia?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
