
APRESENTADO POR
Boa tarde!
O café de hoje atrasou porque o galo esqueceu de cantar de manhã! Mas agora falando mais séro, você já sentiu na pele as mudanças climáticas? Aqui na Agro Espresso nós sentimos ontem e ficamos sem energia… Pedimos desculpa pelo atraso, mas prometemos que não deve acontecer de novo.
O dia de ontem veio daquele jeito em que o agro precisa olhar ao mesmo tempo pra tela do pregão, pro mapa da Amazônia e pras normas sanitárias. A União Europeia mandou recolher carne bovina brasileira com hormônio proibido e reacendeu a pressão em cima do acordo Mercosul com a União Europeia, enquanto o Pará empurrou pra 2030 a rastreabilidade individual do rebanho. No bastidor, o governo apertou a régua socioambiental do seguro rural, a 3tentos revelou um plano agressivo com usina de milho em Redenção e os números de frango, suíno, ovo e VBP seguem virando case, num cenário em que Austrália, Koppert e a bolsa de São Paulo também disputam espaço na tua xícara de informação de hoje.
Pra você acordar bem informado
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Bolsa surfando minério e expectativa de corte de juro. O Ibovespa fechou em 161.755 pontos, renovando recorde com ajuda da Vale, siderúrgicas e petróleo, enquanto o mercado aposta em corte de 0,25 na taxa do Fed. No embalo de dividendo gordo e recompra de ação, o agro também pega carona no bom humor.
COLHENDO CAPITAL
Seguro rural com regra, régua e lupa

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O seguro rural subsidiado vai ganhar um check-list socioambiental mais rígido. O Comitê Gestor Interministerial do Seguro Rural aprovou regras novas pro PSR válidas a partir de 2 de janeiro de 2026. Pra ter a apólice com subvenção, o imóvel rural precisa tá no CAR como ativo ou pendente, sem invadir terra indígena homologada, área quilombola titulada, unidade de conservação de domínio público, floresta pública não destinada ou área embargada pelo Ibama, a não ser que exista autorização oficial bem certinha pra atividade agrícola ali.
Outra trava importante é no desmate: nada de cortar vegetação nativa depois de 31 de julho de 2019 sem aval do Poder Executivo. Além disso, dono da área e proponente do seguro não podem aparecer na famosa lista suja de trabalho análogo à escravidão. As seguradoras vão ter de checar tudo isso na hora de subscrever o risco e ainda incluir na apólice a obrigação de o segurado avisar se alguma dessas condições deixar de ser cumprida durante a vigência do contrato.
Se o produtor bobear no requisito socioambiental, além de ficar sem a proteção, pode abrir espaço pra sanção tanto pra ele quanto pra seguradora. Na prática, o recado é bem direto: quer que o governo ajude a pagar o prêmio, então precisa manter a casa em ordem no ambiental e no trabalhista.
NOS CORREDORES DE BRASÍLIA
Dia de casa cheia pro agro em Brasília

Foto: FPA
O Congresso teve dia cheio mexendo em duas engrenagens que pesam direto na rotina do campo: licença ambiental e contratação de gente pra segurar a bronca na safra. No plenário, o destaque foi a aprovação final do projeto que cria a Licença Ambiental Especial, a famosa LAE, pensada pra projetos estratégicos de infraestrutura e produção. A Câmara carimbou na terça (2), o Senado confirmou na quarta (3) e agora o texto foi despachado pro gabinete do presidente, pronto pra sanção. A promessa é dar prazo, previsibilidade e menos novela no licenciamento, sem abrir porteira pra mineração por auto-licenciamento nem liberar supressão de vegetação pela porta dos fundos.
Enquanto isso, nas comissões, o agro tirou da gaveta outro tema que sempre dá dor de cabeça: contratação temporária durante a safra. A Comissão de Agricultura da Câmara aprovou o relatório do deputado Eli Borges (PL-TO) pro PL 676/2025, que atualiza a lei do trabalho rural pra realidade de quem vive de plantio e colheita. O texto cria regra mais clara pro contrato de pequeno prazo, com limite de 120 dias em 12 meses, tudo registrado no eSocial, salário nunca abaixo do piso e possibilidade de trabalho intermitente, desde que esteja bem amarrado no papel. A ideia é simples: formalizar mais gente, reduzir exame e burocracia onde fizer sentido e dar segurança jurídica pra produtor que precisa de mão de obra por janela curta, sem transformar cada safra em risco trabalhista.
O AGRO EM NÚMEROS
Frango parrudo, porco em alta e ovo com visto carimbado

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O frango continua sendo o estagiário que faz tudo no agro. A ABPA tá prevendo uma produção de 15,6 milhões de toneladas em 2026, depois de um 2025 já gordinho com 15,3 milhões. As exportações devem encostar em 5,5 milhões de toneladas e o consumo interno vai pra 47,3 kg por cabeça. Resumo da ópera: o frango segue segurando o PF aqui dentro enquanto ajuda a pagar as contas lá fora.
Na carne suína o clima também é bom. A produção deve chegar a 5,7 milhões de toneladas em 2026, depois de um salto de até 4,6% em 2025, pra 5,55 milhões. As exportações podem bater 1,55 milhão de toneladas, enquanto o consumo interno sobe pra 19,5 kg per capita. O porco vai saindo do papel de coadjuvante, ganhando mais espaço na mesa e na balança comercial, transformando milho e soja em proteína e faturamento.
Em Mato Grosso do Sul, o VBP tá daquele jeito, mais gordo que porco indo pro abate. Em outubro, o Valor Bruto da Produção subiu 26%, um extra de R$ 16,08 bilhões que levou o total pra R$ 78,8 bilhões. A lavoura puxa 65% dessa grana e milho e soja dominam o placar com 78% do bolo, altas de 92% e 12% em 1 ano. No agregado nacional, o VBP chegou a R$ 1,41 trilhão, alta de 16%.
E o ovo, que sempre foi tratado como figurante, resolveu virar protagonista. Em 2025, o Brasil deve produzir 62,25 bilhões de unidades e exportar 40 mil toneladas, mais que o dobro de 2024 e, pela primeira vez, vamos mandar mais de 1% da nossa produção lá pra fora. Pra 2026, a conta deve subir pra 66,5 bilhões de ovos e 45 mil toneladas embarcadas, com consumo interno batendo ali as 307 unidades por pessoa. São mais de 1.800 ovos saindo da granja por segundo. O lado bom é que, mesmo com o passaporte carimbado, algo entre 98,5% e 98,7% da produção continua por aqui, garantindo omelete, bolo, pão de queijo e margem na mesma tacada.
ASSUNTO DE GABINETE
Pará pisa no freio da rastreabilidade do gado

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O Pará decidiu apertar o botão de soneca na rastreabilidade individual do rebanho. O governador Helder Barbalho (MDB-PA) empurrou pra 31 de dezembro de 2030 o prazo pra identificar boi e búfalo um por um, depois de ouvir a reclamação forte da Faepa no Encontro Ruralista. Na prática, o estado que tem um rebanho de 26 milhões de cabeças, quase do tamanho da Austrália, ganhou mais 4 anos de folga em relação ao calendário original, que falava em 2026 pra quem tinha o trânsito em dia e 2027 pra todo mundo.
Do lado ambiental, a turma já leu o recado como banho frio. A rastreabilidade é vista como uma das poucas ferramentas realmente eficientes pra travar boi em área desmatada ilegalmente e dar mais transparência pra carne que sai da Amazônia. Organizações como o Imaflora lembram que o plano inicial tava alinhado com a urgência climática e vinha forçando o surgimento de solução tecnológica e política pública nova. Com o adiamento, a mensagem que fica é que o tempo da pecuária continua valendo mais que o tempo da floresta.
No pano de fundo, ainda tem o cronômetro nacional rodando. A norma do Ministério da Agricultura prevê que, a partir de 1º de janeiro de 2033, nenhum boi ou búfalo sem identificação individual vai poder circular no país. Ou seja, o Pará ganhou fôlego local, mas tá só empurrando a adaptação pra mais perto do prazo final. Até lá, o desafio vai ser equilibrar o custo dos brincos e da tecnologia com a pressão de mercado por cadeia limpa. Se o estado conseguir usar esse tempo extra pra estruturar sistema, beleza. Se virar só desculpa pra atrasar, o risco é ficar com o gado marcado na marra pelo mercado antes de estar pronto no papel.
SAFRA DE CIFRAS
3tentos mira R$ 50 bi e quer o Pará como peça chave

Foto: Agribiz
A 3tentos resolveu deixar claro que timidez não faz parte do plano de negócios. A companhia gaúcha trabalha com o sonho de chegar nos R$ 50 bilhões de receita líquida em 2032, o dobro do tamanho atual, e pra conseguir isso vai precisar de um crescimento médio de quase 19% ao ano. Pra quem vem de uma década crescendo perto de 30% ao ano e entregou o que prometeu no IPO antes do prazo, não é arrogância, não. A bolsa gostou do recado: as ações subiram mais de 6% e a empresa já vale R$ 8 bilhões, com alta de quase 40% desde 2021.
O mapa desse jogo passa por transformar a empresa numa espécie de cabeça de área do agro brasileiro. A 3tentos, que já atuava no Rio Grande do Sul e em Mato Grosso, agora vai entrar em Tocantins, Goiás, Minas Gerais e, principalmente, no Pará, chegando a metade dos 12 estados mais relevantes do agro. A estratégia continua sendo o combo que mistura distribuição de insumos, originação de grãos e indústria, ajustando o peso de cada perna conforme a região. No Pará, vem pacote completo: além da distribuição e da originação, a empresa vai erguer uma usina de etanol de milho em Redenção com investimento de R$ 1,1 bilhão, projeto que ganhou tração com a compra da Grão Pará Bioenergia, que já tinha terreno e licença prontos, mas ficou pelo caminho com a Selic nas alturas.
O plano pra Redenção é usar milho e boi como motor duplo de crescimento. A usina deve consumir algo em torno de 2,1 milhões de toneladas de milho, o que exigiria mais ou menos 100 mil hectares plantados numa região que ainda tem perto de 500 mil hectares de pastagem com potencial de conversão em lavoura, segundo o CEO. Do outro lado da porteira, a família Mafra já tá montando um confinamento com capacidade pra 40 mil cabeças ao lado da futura usina pra aproveitar o DDG barato saindo pela porta. Com solo bom, regime de chuva generoso, rebanho gigante e logística que a 3tentos diz ver até mais promissora que a do Mato Grosso, a aposta deles é que o Pará saia da lateral e vire protagonista no aumento de área agrícola do Brasil nos próximos anos.
DE OLHO NO PORTO
Carne com suco é barrada na UE

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A Comissão Europeia mandou recolher lotes de carne bovina congelada do Brasil que chegaram cheios de hormônios proibidos no velho continente. As cargas desembarcaram no começo de novembro e foram parar nas gôndolas de países como Áustria, Alemanha, Itália, Holanda e companhia, além do Reino Unido. Quando o problema apareceu, as autoridades correram pra tirar o produto das prateleiras e emitir alerta de recall.
Quem puxou o tom foi a Associação Irlandesa de Agricultores, dizendo que o caso escancara falha de controle nos frigoríficos brasileiros e que carne com hormônio entrou na UE e foi vendida tranquilamente pros consumidores. A presidente Francie Gorman aproveitou pra mirar direto no acordo Mercosul–UE, dizendo que isso devia servir de alerta pra quem defende o tratado “em benefício da grande indústria, em detrimento dos agricultores europeus e da saúde dos cidadãos”. No clássico jogo diplomático, a carne virou bola e o Brasil, o camisa 10 marcado por 3 zagueiros.
Do lado de cá, a Agrifatto já cravou em relatório que o episódio aumenta a pressão contra o acordo, que abriria espaço pra até 99 mil toneladas de carne bovina do Mercosul na UE com tarifa de 7,5%, além de 180 mil toneladas de aves. A Comissão Europeia segue forçando a ratificação, mas Irlanda, França e outros países continuam fazendo corpo duro, falando em distorção pesada nos mercados agrícolas locais. Pro agro brasileiro, o recado é simples: qualquer escorregada não dói só no lote recolhido, dói na imagem, na cota futura e na conversa de alto nível em Bruxelas.
PLANTÃO RURAL
Bioinsumo querendo sócio. A Koppert Brasil tá caçando um investidor minoritário pra colocar algo perto de R$ 620 milhões na operação e tirar as fábricas do papel. A ideia é ter dinheiro pra ampliar produção de fungos, bactérias e nematoides por aqui e depender menos dos euros da matriz holandesa.
Australia vendendo boi no atacado. De janeiro a novembro, os caras já exportaram 1,398 milhão de toneladas de carne bovina, alta de 15% contra 2024, e devem fechar 2025 acima de 1,5 milhão. Com rebanho de 30,4 milhões de cabeças e boi confinado bombando, os EUA viraram o grande freguês.
SE DIVERTE AÍ
Bora brincar de diplomata sem sair da cadeira. O jogo da vez é o Flagle, aquele em que você tem que adivinhar o país só olhando a bandeira picotada em quadradinhos. Cada chute revela um pedaço novo e mostra quão perto você tá da resposta. Dá pra treinar geografia, testar memória de bandeira e ainda bancar o sabichão no grupo da família. Entra lá, escolhe um país por dia e vê se você tá mais pra embaixador ou mais pra turista perdido com mapa de papel.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Grão-de-bico
Pergunta de hoje: Qual planta cultivada pelos egípcios há mais de 4 mil anos também é usada hoje para fazer bioplástico?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!

