
APRESENTADO POR

Bom dia!
O trigo deve bater recorde global, mas com estoque no osso e qualquer crise capaz de chacoalhar os preços. No Noroeste Paulista, o sorgo se destaca com produtividade em alta e saca valorizada. E na gringa, uma banana feia virou sorvete fino e deu origem a uma marca que já colabora com Gucci, Dolphins e afins.
Também tem:
• Carne paulista mira exportação pro Japão
• App do governo centraliza dados de imóveis rurais
• Macadâmia rende até R$ 50 mil por hectare
Pra você ficar por dentro do que rolou no agro nesse fim de semana.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Chuva lá embaixo, fogo cá em cima

Foto: Freepik
O Brasil amanheceu dividido entre o aguaceiro e a secura. No Sul, duas frentes frias botam pressão com chuva forte, rajadas de até 100/h e risco de granizo. O Inmet já ligou o alerta: pode cair árvore, faltar luz e rua virar piscina.
Enquanto isso, o centro do país vai virando brasa viva. Umidade abaixo dos 20% em SP, MG, GO e MS, com o Vale do Paraíba em alerta vermelho pra queimadas. O ar seco segue firme, o calor não dá trégua e a vegetação virou combustível.
No Norte e no litoral de Alagoas, o cenário é parecido com o sul: muita água em pouco tempo. Tem risco de deslizamento e enchente.
ASSUNTO DE GABINETE
Tio Sam faz birra, e Xi Jinping já prepara a xícara

Fonte: Reuters
Com a tarifa de 50% prestes a cair sobre o café brasileiro, os Estados Unidos ameaçam bagunçar todo o mercado mundial do grão. Os gringos compraram 8,1 milhões de sacas de café do Brasil em 2024, gerando US$ 2 bilhões para os produtores daqui. Agora, esse mercado corre risco. Comerciantes já falam em desviar carregamentos para Europa ou América Central e depois reexportar, para tentar driblar o imposto. A tática encarece a logística, mas reduz o impacto real da tarifa para algo entre 10 e 15%.
Enquanto os EUA apertam o cerco, a China avança no cafezinho. A alfândega chinesa habilitou 183 novas empresas brasileiras para exportar grãos ao país, num movimento estratégico para fortalecer os laços com o Brasil e atender à crescente demanda por cafeína entre jovens urbanos. O consumo por lá cresce 20% ao ano e já dobrou per capita nos últimos cinco anos. Pra quem mandou 538 mil sacas pra lá no primeiro semestre, a aposta é forte.
Hoje, a China ainda é um destino pequeno para o café brasileiro. Mas esse número deve aumentar com acordos como o assinado com a rede local Luckin Coffee, e com o empurrãozinho dado por Trump, que pode ter entregue o mercado de bandeja para Pequim.
Lá nos bastidores, o jogo é mais sujo que coador de pano. O café foi deixado de fora da lista de isenções dos EUA, o que analistas veem como um recado político de Trump a Lula. A treta escalou com a sanção americana contra o ministro Alexandre de Moraes, e agora virou moeda de troca no xadrez da diplomacia.
No fim das contas, se Trump queria pressionar o Brasil, pode ter servido um espresso duplo à concorrência. A China cresce como destino, a Europa segue aberta e até os compradores americanos devem acabar pagando mais caro. Café quente é bom, mas esse tá fervendo.
RADAR DO AGRO
Colheita do café avança no 220V

Foto: CNA/Flickr
O Brasil já colheu 90% da safra 2025/26 de café, segundo a Safras & Mercado. O ritmo tá tão acelerado que deixou a média dos últimos cinco anos comendo poeira e também superou os 87% do ano passado no mesmo período.
O conilon já foi quase todo pra sacaria, com 98% colhido. Já o arábica avançou 9 pontos em uma semana e bateu 85%.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Sai o hambúrguer e entra o chili con carne

Foto: CNA/Flickr
Os Estados Unidos acharam que iam complicar a vida da carne brasileira, mas o México aproveitou o vacilo e já assumiu o posto de segundo maior comprador do nosso boi. De janeiro a junho, as importações mexicanas subiram 420%, de 3,1 mil para 16,1 mil toneladas. Em valores, o salto foi de US$ 15,5 para US$ 89,3 milhões.
Enquanto isso, o mercado americano encolheu. Desde abril, quando Trump começou a empilhar tarifas, as compras caíram 67%. Em junho, foram só 13,4 mil toneladas, contra mais de 44 mil dois meses antes. A carne ficou de fora da lista de isenções do tarifaço de 50%, o que travou 30 mil toneladas que já estavam de saída, segundo a Abiec.
No total, o Brasil exportou 241 mil toneladas de carne bovina em junho, somando US$ 1,3 bilhão em receita. A China segue líder absoluta, com 134 mil toneladas e quase US$ 740 milhões pagos só no mês passado. Em vez de Miami, a picanha agora desce rumo à Cidade do México.
PAUTA VERDE
Saindo do risoto e entrando no etanol

Foto: Adobe Stock
Na falta de ácido sulfúrico nas usinas, uma turma da UFSCar decidiu apelar para o fundo do mar. Pesquisadoras descobriram que dá pra extrair quitosana de resíduos de camarão e usar no lugar do ácido súlfurico na produção de etanol. Funciona, é menos agressiva, não derrete nada no caminho e ainda ajuda a evitar contaminações na fermentação.
O processo começa misturando casca de camarão com melaço de cana. A receita fermenta, libera enzimas, separa a quitina e depois transforma tudo em quitosana. Parte do caminho ainda precisa de química pesada, mas já é um baita avanço na pegada sustentável das usinas e já tem alternativa verde sendo estudada. E o melhor: tem camarão sobrando em portos como o de Santos, o que facilita a adoção.
Nos testes, a quitosana também mostrou força no combate a fungos como Alternaria alternata, Fusarium sp. e Geotrichum citri-aurantii, pragas bem conhecidas no campo. Agora, as cientistas estão desenvolvendo versões em nanopartículas, que podem virar pesticidas naturais ou bioinsumos de última geração.
Algumas usinas já toparam experimentar a novidade direto na linha de produção. E se faltar camarão, tem plano B: as próprias leveduras usadas na fermentação do etanol também contêm quitina. São Paulo, que concentra até 40% da produção nacional, pode virar o primeiro campo de provas dessa inovação meio salgada, meio doce.
DICA AGRO ESPRESSO
Tudo na sua mão

Chega de abrir três abas diferentes pra consultar o básico. O Governo Federal lançou o app Meu Imóvel Rural, que centraliza dados do SNCR, SIGEF e SICAR em um só lugar. Dá pra acessar pelo celular ou computador, com login do GOV.BR, e consultar tudo: documentos, pendências ambientais, fundiárias e fiscais.
Por enquanto, o app é exclusivo pra pessoas físicas. Mas em novembro, quem tem imóvel rural com CNPJ também entra no pacote, com novas funções como notificações, consulta por empresa e vinculação automática de cadastros. É uma ferramenta simples, mas estratégica pra quem quer evitar dor de cabeça e manter os registros em dia.
SAFRA DE CIFRAS
Do lixo ao luxo

Foto: Reprodução/Peel Soft Serve
Tem gente que joga fora, a Peel transforma em sorvete premium. A marca criada por Valeria Alvarez, em Miami, resgata bananas manchadas, que seriam descartadas por feiura, e bate tudo com leite de coco pra virar um soft serve cremoso, vegano e sem açúcar, saborizado com outras frutas: de lichia a manga. O resultado? Uma sobremesa coringa e que já rendeu parcerias com Gucci, Crown Affair e Miami Dolphins.
A ideia nasceu numa viagem à Indonésia, quando Valeria viu vendedores fazendo smoothies com frutas maduras, coloridas e meio amassadas. De volta aos EUA, largou sua carreira no marketing, pegou um food truck e começou a testar receitas com o marido, que já manjava de fermentação. Hoje, a Peel resgata 450 quilos de bananas por semana e ainda faz compostagem do que sobra.
O negócio é bonito na vitrine e também por dentro. Tudo é servido em embalagem compostável, com colher de madeira e pegada sustentável sem blá blá blá. Valeria diz que não tá tentando salvar o planeta, só quer mostrar que comida boa pode ser gostosa, divertida e consciente. E que uma banana feia pode virar um baita negócio.
Entre uma colherada e outra, a marca já fez sorvete nas cores do Dolphins com spirulina, sabor de biscoito com cereja pro Natal da Gucci e até versão com capim-limão inspirado num perfume.
PLANTÃO RURAL
Trigo no limite. A produção global deve bater recorde, com até 809 milhões de toneladas, mas o consumo acompanha e os estoques seguem apertados. Qualquer crise logística ou geopolítica pode disparar os preços. A China detém mais da metade dos estoques mundiais, mas deve comprar menos nesta temporada.
Rainha das nozes. Com produtividade de até 5 toneladas por hectare e receita que pode bater R$ 50 mil, a macadâmia conquista espaço no Brasil. A árvore produz por 50 anos e resiste bem ao clima. Pode ser consorciada com café, mas exige paciência: só engrena a partir do oitavo ano.
Sorgo dá show no noroeste paulista. Produtores do interior de SP comemoram uma das melhores safras de sorgo dos últimos anos. Clima ajudou, produtividade deve dobrar e o preço da saca já subiu 40%. A expectativa agora é segurar a venda pra aproveitar a valorização até o fim do ano.
Japão de olho no boi paulista. A produção de carne de SP chamou atenção dos japoneses. Em reunião com o cônsul japônes, o governo paulista mostrou força em sanidade, rastreabilidade e qualidade. O Japão é um dos mercados mais exigentes do mundo e pode abrir portas para novos acordos comerciais.
SE DIVERTE AÍ
Pra quem curte geografia, exportações ou só quer dar um descanso rápido entre uma lavoura e outra, fica a dica: o Flagle é um joguinho viciante onde você tenta adivinhar o país pela bandeira, com direito a pistas baseadas na distância.
👉 Joga aí e depois conta quantas tentativas você precisou. Mas sem mentir, hein.
🔗 flagle.io
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Soja
Pergunta de hoje: Qual grão surgiu na Etiópia, foi trazido pro Brasil de forma clandestina e hoje tem o país verde e amarelo como seu maior produtor?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
