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Bom dia!

O trigo deve bater recorde global, mas com estoque no osso e qualquer crise capaz de chacoalhar os preços. No Noroeste Paulista, o sorgo se destaca com produtividade em alta e saca valorizada. E na gringa, uma banana feia virou sorvete fino e deu origem a uma marca que já colabora com Gucci, Dolphins e afins.

Também tem:

• Carne paulista mira exportação pro Japão
• App do governo centraliza dados de imóveis rurais
• Macadâmia rende até R$ 50 mil por hectare

Pra você ficar por dentro do que rolou no agro nesse fim de semana.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 132.437 -0,82%
SLCE3 R$18,14 0,78%
ABEV3 R$12,29 -8,76%
BEEF3 R$4,94 -3,14%
VALE3 R$53,75 -2,17%
Bitcoin US$114.957,70 -2,44%
Ethereum US$3.549,78 -6,80%

Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Chuva lá embaixo, fogo cá em cima

Foto: Freepik

O Brasil amanheceu dividido entre o aguaceiro e a secura. No Sul, duas frentes frias botam pressão com chuva forte, rajadas de até 100/h e risco de granizo. O Inmet já ligou o alerta: pode cair árvore, faltar luz e rua virar piscina.

Enquanto isso, o centro do país vai virando brasa viva. Umidade abaixo dos 20% em SP, MG, GO e MS, com o Vale do Paraíba em alerta vermelho pra queimadas. O ar seco segue firme, o calor não dá trégua e a vegetação virou combustível.

No Norte e no litoral de Alagoas, o cenário é parecido com o sul: muita água em pouco tempo. Tem risco de deslizamento e enchente.

ASSUNTO DE GABINETE

Tio Sam faz birra, e Xi Jinping já prepara a xícara

Fonte: Reuters

Com a tarifa de 50% prestes a cair sobre o café brasileiro, os Estados Unidos ameaçam bagunçar todo o mercado mundial do grão. Os gringos compraram 8,1 milhões de sacas de café do Brasil em 2024, gerando US$ 2 bilhões para os produtores daqui. Agora, esse mercado corre risco. Comerciantes já falam em desviar carregamentos para Europa ou América Central e depois reexportar, para tentar driblar o imposto. A tática encarece a logística, mas reduz o impacto real da tarifa para algo entre 10 e 15%.

Enquanto os EUA apertam o cerco, a China avança no cafezinho. A alfândega chinesa habilitou 183 novas empresas brasileiras para exportar grãos ao país, num movimento estratégico para fortalecer os laços com o Brasil e atender à crescente demanda por cafeína entre jovens urbanos. O consumo por lá cresce 20% ao ano e já dobrou per capita nos últimos cinco anos. Pra quem mandou 538 mil sacas pra lá no primeiro semestre, a aposta é forte.

Hoje, a China ainda é um destino pequeno para o café brasileiro. Mas esse número deve aumentar com acordos como o assinado com a rede local Luckin Coffee, e com o empurrãozinho dado por Trump, que pode ter entregue o mercado de bandeja para Pequim.

Lá nos bastidores, o jogo é mais sujo que coador de pano. O café foi deixado de fora da lista de isenções dos EUA, o que analistas veem como um recado político de Trump a Lula. A treta escalou com a sanção americana contra o ministro Alexandre de Moraes, e agora virou moeda de troca no xadrez da diplomacia.

No fim das contas, se Trump queria pressionar o Brasil, pode ter servido um espresso duplo à concorrência. A China cresce como destino, a Europa segue aberta e até os compradores americanos devem acabar pagando mais caro. Café quente é bom, mas esse tá fervendo.

RADAR DO AGRO

Colheita do café avança no 220V

Foto: CNA/Flickr

O Brasil já colheu 90% da safra 2025/26 de café, segundo a Safras & Mercado. O ritmo tá tão acelerado que deixou a média dos últimos cinco anos comendo poeira e também superou os 87% do ano passado no mesmo período.

O conilon já foi quase todo pra sacaria, com 98% colhido. Já o arábica avançou 9 pontos em uma semana e bateu 85%.

ATUALIZAÇÃO RURAL

Sai o hambúrguer e entra o chili con carne

Foto: CNA/Flickr

Os Estados Unidos acharam que iam complicar a vida da carne brasileira, mas o México aproveitou o vacilo e já assumiu o posto de segundo maior comprador do nosso boi. De janeiro a junho, as importações mexicanas subiram 420%, de 3,1 mil para 16,1 mil toneladas. Em valores, o salto foi de US$ 15,5 para US$ 89,3 milhões.

Enquanto isso, o mercado americano encolheu. Desde abril, quando Trump começou a empilhar tarifas, as compras caíram 67%. Em junho, foram só 13,4 mil toneladas, contra mais de 44 mil dois meses antes. A carne ficou de fora da lista de isenções do tarifaço de 50%, o que travou 30 mil toneladas que já estavam de saída, segundo a Abiec.

No total, o Brasil exportou 241 mil toneladas de carne bovina em junho, somando US$ 1,3 bilhão em receita. A China segue líder absoluta, com 134 mil toneladas e quase US$ 740 milhões pagos só no mês passado. Em vez de Miami, a picanha agora desce rumo à Cidade do México.

PAUTA VERDE

Saindo do risoto e entrando no etanol

Foto: Adobe Stock

Na falta de ácido sulfúrico nas usinas, uma turma da UFSCar decidiu apelar para o fundo do mar. Pesquisadoras descobriram que dá pra extrair quitosana de resíduos de camarão e usar no lugar do ácido súlfurico na produção de etanol. Funciona, é menos agressiva, não derrete nada no caminho e ainda ajuda a evitar contaminações na fermentação.

O processo começa misturando casca de camarão com melaço de cana. A receita fermenta, libera enzimas, separa a quitina e depois transforma tudo em quitosana. Parte do caminho ainda precisa de química pesada, mas já é um baita avanço na pegada sustentável das usinas e já tem alternativa verde sendo estudada. E o melhor: tem camarão sobrando em portos como o de Santos, o que facilita a adoção.

Nos testes, a quitosana também mostrou força no combate a fungos como Alternaria alternata, Fusarium sp. e Geotrichum citri-aurantii, pragas bem conhecidas no campo. Agora, as cientistas estão desenvolvendo versões em nanopartículas, que podem virar pesticidas naturais ou bioinsumos de última geração.

Algumas usinas já toparam experimentar a novidade direto na linha de produção. E se faltar camarão, tem plano B: as próprias leveduras usadas na fermentação do etanol também contêm quitina. São Paulo, que concentra até 40% da produção nacional, pode virar o primeiro campo de provas dessa inovação meio salgada, meio doce.

DICA AGRO ESPRESSO

Tudo na sua mão

Chega de abrir três abas diferentes pra consultar o básico. O Governo Federal lançou o app Meu Imóvel Rural, que centraliza dados do SNCR, SIGEF e SICAR em um só lugar. Dá pra acessar pelo celular ou computador, com login do GOV.BR, e consultar tudo: documentos, pendências ambientais, fundiárias e fiscais.

Por enquanto, o app é exclusivo pra pessoas físicas. Mas em novembro, quem tem imóvel rural com CNPJ também entra no pacote, com novas funções como notificações, consulta por empresa e vinculação automática de cadastros. É uma ferramenta simples, mas estratégica pra quem quer evitar dor de cabeça e manter os registros em dia.

🔗 Acesse o app Meu Imóvel Rural para Android, IOS ou PC.

SAFRA DE CIFRAS

Do lixo ao luxo

Foto: Reprodução/Peel Soft Serve

Tem gente que joga fora, a Peel transforma em sorvete premium. A marca criada por Valeria Alvarez, em Miami, resgata bananas manchadas, que seriam descartadas por feiura, e bate tudo com leite de coco pra virar um soft serve cremoso, vegano e sem açúcar, saborizado com outras frutas: de lichia a manga. O resultado? Uma sobremesa coringa e que já rendeu parcerias com Gucci, Crown Affair e Miami Dolphins.

A ideia nasceu numa viagem à Indonésia, quando Valeria viu vendedores fazendo smoothies com frutas maduras, coloridas e meio amassadas. De volta aos EUA, largou sua carreira no marketing, pegou um food truck e começou a testar receitas com o marido, que já manjava de fermentação. Hoje, a Peel resgata 450 quilos de bananas por semana e ainda faz compostagem do que sobra.

O negócio é bonito na vitrine e também por dentro. Tudo é servido em embalagem compostável, com colher de madeira e pegada sustentável sem blá blá blá. Valeria diz que não tá tentando salvar o planeta, só quer mostrar que comida boa pode ser gostosa, divertida e consciente. E que uma banana feia pode virar um baita negócio.

Entre uma colherada e outra, a marca já fez sorvete nas cores do Dolphins com spirulina, sabor de biscoito com cereja pro Natal da Gucci e até versão com capim-limão inspirado num perfume.

PLANTÃO RURAL

SE DIVERTE AÍ

Pra quem curte geografia, exportações ou só quer dar um descanso rápido entre uma lavoura e outra, fica a dica: o Flagle é um joguinho viciante onde você tenta adivinhar o país pela bandeira, com direito a pistas baseadas na distância.

👉 Joga aí e depois conta quantas tentativas você precisou. Mas sem mentir, hein.
🔗 flagle.io

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Soja

Pergunta de hoje: Qual grão surgiu na Etiópia, foi trazido pro Brasil de forma clandestina e hoje tem o país verde e amarelo como seu maior produtor?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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