
APRESENTADO POR
Bom dia!
Bom dia! O agro brasileiro tá virando laboratório climático: tem etanol ensaiando ficar carbono negativo, coworking agroflorestal da Embrapa na Amazônia e seguro novo pra floresta não virar cinza. Do outro lado da xícara, o café perde terreno nos EUA, a cana do Nordeste aperta o cinto, o mapa dos biomas muda de contorno e soja, portos cheios, China comprando caro e COP 30 em modo mutirão mostram que a disputa por mercado e clima tá só esquentando.
Pra você acordar bem informado
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).
APRESENTADO POR CHRYSALABS
Agricultura regenerativa sem hype

Sejamos honestos: o que chama a atenção na agricultura regenerativa são as imagens, a biodiversidade restaurada, a saúde do solo em melhora. São essas histórias que inspiram.
Mas o que garante um contrato de carbono de vários anos e milhões de dólares? Essa parte é mais simples: dados irrefutáveis, sustentados pela ciência, que comprovam, sem drama, a mudança mensurável no carbono orgânico do solo. É essa previsibilidade que transforma uma causa nobre em um ativo rentável.
Na ChrysaLabs, entregamos justamente esses dados cruciais e discretos. Fornecemos a certeza silenciosa que faz o lado comercial da agricultura regenerativa funcionar.
DE OLHO NO PORTO
Frango brasileiro volta a voar na Europa
Depois de sete anos de castigo na geladeira, o frango e os ovos do Brasil ganharam sinal verde de volta pros mercados da União Europeia. O bloco mandou carta oficial pro governo brasileiro ontem (18) confirmando a retomada do pre listing, aquele sistema em que o Mapa diz quem tá nos trinques sanitários e a UE confia na lista sem pensar duas vezes. Em vez de cada frigorífico receber inspeção gringa na lupa, o ministério faz a peneira aqui, manda os nomes e as plantas habilitadas já podem embarcar.
Na prática, o pre listing encurta fila, corta burocracia e dá previsibilidade pro setor, que tava longe desse mercado considerado dos mais exigentes e bem pagos do mundo desde 2018. A reabertura é resultado de um namoro diplomático bem trabalhada ao longo do ano, com direito a missão do Mapa em Bruxelas em outubro e reunião em São Paulo com o comissário europeu de Agricultura pra amarrar a agenda sanitária. Agora, com a carta em mãos, o ministério começa o jogo de habilitar planta por planta que cumprir as regras da UE.
De quebra, Brasil e União Europeia combinaram de manter um canal permanente de conversa técnica sobre sanidade e regulações, com um novo encontro já previsto pro primeiro trimestre de 2026. A ideia é que acordos assim não dependam só de boa vontade do momento e passem a seguir um roteiro mais estável, diminuindo surpresa na exportação. Pra avicultura e pros produtores de ovos, é oportunidade de voltar a um balcão que paga bem e ainda reforça o carimbo de que o serviço oficial de inspeção brasileiro segue jogando na elite da segurança de alimentos.
O AGRO EM NÚMEROS
Soja aparada no lápis, portos lotados e dinheiro novo pra agtechs

Foto: Flickr/CNA
A Abiove deu aquela aparada milimétrica na régua, mas a soja continua gigante na foto. A previsão da safra de soja 2025/26 caiu de 178,5 pra 177,7 milhões de toneladas, coisa de 0,4%, com exportações firmes em 111 milhões e processamento em 60,5 milhões. Farelo e óleo seguem na mesma vibe, e o estoque final sobe um bocado.
No mundo das startups, tem gente trocando pitch por pix. O Dabi Impulso Agro tá oferecendo cheques de até R$500 mil pra agtech bem no comecinho, focadas em produtividade, bioenergia e digital no campo. A ideia é investir em até 15 startups em três anos e carimbar Ribeirão Preto (SP) como um dos mais importantes polos de inovação agro do país inteiro.
Já nos portos do Sudeste, a fila de navios tá parecendo véspera de feriado em pedágio pra quem tá descendo a serra. A movimentação bateu recorde com 186,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre, uma alta de 9,1% em um ano. Santos segue mandando na bagaça e liderando os rankings, com 38,4 milhões de toneladas e cabotagem bombando, enquanto Açu e Angra dos Reis surfam na onda do petróleo.
Pra fechar, até o mapa dos biomas passou por revisão de pente fino. O IBGE recalibrou a fronteira entre Mata Atlântica e Cerrado em Minas e São Paulo e concluiu que o Cerrado ganhou 1,8% de área e a Mata Atlântica perdeu 1%. Nada de desmate novo ou reflorestamento milagroso: foi ajuste técnico mesmo, olhando clima, solo e vegetação em quase 20 mil km² reclassificados entre BH, Triângulo e interior paulista.
PAUTA VERDE
Etanol querendo virar aspirador de carbono

Foto: Flickr
O etanol tá flertando forte com o status de herói climático. Um estudo da Embrapa Meio Ambiente com a Unicamp mostra que, se as usinas abraçarem captura e armazenamento de carbono na fermentação e ainda colocarem biocarvão no solo, a pegada de carbono do etanol hidratado cai de 32,8 pra 10,4 gramas de CO₂ equivalente por megajoule. Se usar só o biochar já desce pra 15,9.
E funciona de um jeito bem mais simples do que a gente imagina, O CO₂ relativamente puro que sai da fermentação iria pro subsolo, ficaria guardado em formações rochosas, enquanto o bagaço vira biocarvão via pirólise e volta pro canavial como reforço de solo e cofrinho de carbono. Com esse combo, os pesquisadores mostram que o etanol pode bater de frente com o carro elétrico na questão da energia limpa.
O problema é que a conta financeira não acompanha o entusiasmo científico. Enquanto o crédito de descarbonização do RenovaBio gira em torno de US$20 por tonelada de CO₂, a captura com BECCS sai entre US$100 e US$200, e o tal biochar custa em média US$427 por tonelada. Por causa disso, mais de 300 usinas certificadas seguem usando só o etanol raiz, sem tecnologia de emissão negativa. Pra esse estudo virar trend, falta um só um incentivo no sequestro de carbono.
SAFRA DE CIFRAS
Café brasileiro tá vendo o sonho americano esfriar na xícara
A tarifa de 40% que os EUA mantiveram em cima do café brasileiro tá virando plano infalível pra tirar o Brasil da xícara deles. Enquanto Colômbia, Vietnã e vizinhos entram na gringa na faixa, o café daqui vai ficando caro e perdendo espaço nos blends. Marcos Matos, do Cecafé, fala até em risco de um término definitivo e possivelmente irreversível entre o nosso café e as misturas servidas por lá, porque torrefadora troca fornecedor, consumidor acostuma com outro sabor e ninguém muda de hábito do dia pra noite.
Os números já entregam o climão. Desde agosto, quando a tarifa entrou em cena, os embarques pro mercado americano despencaram mês após mês: queda de 46% em agosto, 52,8% em setembro e 54,4% em outubro. Analistas lembram que os estoques globais tão apertados, então a dúvida agora é o quanto a xícara americana ainda vai precisar de café brasileiro pra fechar a conta. Se a tarifa seguir firme, 2026 pode ficar ainda mais amargo, porque a expectativa de safra cheia tende a pressionar preço pra baixo e amplificar o estrago pro produtor daqui.
No meio desse tabuleiro, a Colômbia segue comprando café do Brasil, mas o esquema deles é outro. A leitura do mercado é que os colombianos usam o grão do Brasil pra reforçar o café que vendem pro mundo, não pra fazer triangulação pros EUA. Alguns analistas ainda dizem que eles estão exportando parte da produção que era usada para abastecer o mercado interno e usando o nosso café pra repor essa lacuna, já que tá mais barato.
Pra deixar o quadro mais temperado, o setor ainda tem de lidar com estoques globais apertados, clima imprevisível no Brasil e regra nova pipocando em tudo que é canto, tipo a lei antidesmatamento da União Europeia. Se 2026 vier com safra cheia, o preço internacional pode sentir a pressão, e a tarifa de 40% vira ainda mais pesada pro produtor brasileiro.
POR DENTRO DA COP30
Embrapa transforma fazenda amazônica em coworking de pesquisa agroflorestal

Foto: Guilherme Lemos/Embrapa
A Embrapa resolveu entrar de vez na era do coworking, só que de um jeito mais raiz, com bota na terra e chapéu na cabeça. Em vez de mesa compartilhada e café de cápsula, o AgForest Lab abre 203 hectares da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, pra empresas e pesquisadores montarem experimento de verdade em sistemas agroflorestais dentro do bioma amazônico.
A ideia é simples e ambiciosa ao mesmo tempo: virar um hub de inovação que funciona como laboratório vivo, uma fazenda produtiva onde rolam testes, validação de tecnologias e demonstrações em campo. De quebra, o mesmo espaço vai servir pra capacitações, treinamentos e eventos, tudo plugado na agenda climática que tá em alta na COP 30.
Pro ano que vem, já tem empresa fazendo fila. Segundo a Embrapa, 9 organizações já assinaram protocolo ou apoiam o projeto e devem começar a usar o AgForest Lab em 2026. Na vitrine, entram combinações agroflorestais com dendê, cacau, açaí, café e o que mais fizer sentido pra bioeconomia amazônica. É mais uma modernidade chegando no agro, agora vamos ver quem vai aproveitar essa.
PLANTÃO RURAL + COP30
China compra soja gringa no carinho político. Pequim abriu a carteira e levou pelo menos 14 cargas de soja dos EUA, mesmo com prêmio bem mais salgado que o grão brasileiro. A estatal Cofco corre pra cumprir o combinado na cúpula de Busan e agradar Trump, enquanto Chicago reage com alta de quase 3%.
COP 30 entra em modo mutirão com Pacote de Belém. A presidência da COP 30 montou uma força tarefa pra tentar fechar um pacotão climático em duas etapas até sexta. Na mesa entram adaptação, mitigação, grana climática, perdas e danos e transparência. Se der certo, Belém vira case de que o multilateralismo ainda tá respirando sem ajuda de aparelhos.
Agricultura tropical tenta sair da plateia no debate do clima. Izabella Teixeira cravou que clima já é assunto do presente e que a agricultura tropical chega na COP 30 com solução concreta, não discurso. Ela defende regulação alinhada ao clima e negócios, com bioenergia, pó de rocha, sistemas integrados e produtor ganhando renda junto com crédito de carbono.
Cana nordestina sente o baque do açúcar em baixa. No Nordeste, a conta da cana não fecha. O preço médio caiu de R$ 175 pra R$ 134,31 por tonelada e produtores falam em crise pesada, empurrada por açúcar internacional mais fraco e tarifaço dos EUA. Setor pede subvenção de R$ 12 por tonelada pra não matar adubo e próxima safra.
Seguro novo quer blindar floresta e crédito de carbono. A Mapfre lançou o Biosseguro, apólice feita sob medida pra projetos de restauração florestal e geração de crédito de carbono. A ideia é cobrir incêndio, replantio e perda de sequestro, funcionando como garantia financeira. Produto é customizado por projeto e pode rodar em qualquer bioma.
Enchente trava plantio na Argentina e liga alerta pros grãos. Inundações em Buenos Aires tão deixando cerca de 1,5 milhão de hectares em risco muito alto e atrasando o plantio. A soja tá só 12,9% semeada, 3,3 pontos abaixo da média de 5 anos, e o milho também ficou pra trás. Produtor reclama de estrada submersa e drenagem que nunca sai do papel.
Palmito pupunha do Vale do Ribeira ganha selo e sobrenome. O palmito pupunha do Vale do Ribeira agora tem indicação geográfica reconhecida pelo Inpi. São cerca de 1.800 agricultores familiares em 10 mil hectares, com manejo tradicional e rebrota que evita derrubar a palmeira. O selo vale pra 17 municípios e vários formatos, de tolete a espaguete de palmito.
SE DIVERTE AÍ
Hoje a brincadeira é pra quem gosta de mapa, dado e exportação na mesma xícara. O Tradle te mostra um gráfico com a pauta de exportações de um país e você tenta adivinhar qual é só olhando pros produtos que saem de lá. Apareceu soja, café, carne e minério na mesma tela, já dá pra desconfiar quem tá mandando ver no agro global. Entra no jogo, chuta o país e vê se o seu faro de comércio exterior tá tão bom quanto o do pessoal da área de exportação da fazenda.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Cajuína
Pergunta de hoje: Qual semente de árvore da Mata Atlântica é assada e comida como iguaria de inverno no Sul?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!



