APRESENTADO POR


Bom dia!

Bom dia! O agro brasileiro tá virando laboratório climático: tem etanol ensaiando ficar carbono negativo, coworking agroflorestal da Embrapa na Amazônia e seguro novo pra floresta não virar cinza. Do outro lado da xícara, o café perde terreno nos EUA, a cana do Nordeste aperta o cinto, o mapa dos biomas muda de contorno e soja, portos cheios, China comprando caro e COP 30 em modo mutirão mostram que a disputa por mercado e clima tá só esquentando.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

COMMODITIES
Açúcar (Saca 50kg) R$107,16 -33,01%
Algodão (Centavos R$/LP) 344,67 -17,92%
Arroz (Saca 50kg) R$54,41 -45,12%
Boi gordo (Arroba 15kg) R$321,25 -0,09%
Café Arábica (Saca 60kg) R$2.231,54 -0,46%
Etanol anidro (Litro) R$3,2097 5,79%
Milho (Saca 60kg) R$67,61 -7,31%
Soja (Saca 60kg) R$141,13 1,58%
Trigo (Tonelada) R$1.197,06 -14,09%

Os dados são publicados por Cepea. As variações são calculadas em YTD (Year to date).

APRESENTADO POR CHRYSALABS

Agricultura regenerativa sem hype

Sejamos honestos: o que chama a atenção na agricultura regenerativa são as imagens, a biodiversidade restaurada, a saúde do solo em melhora. São essas histórias que inspiram.

Mas o que garante um contrato de carbono de vários anos e milhões de dólares? Essa parte é mais simples: dados irrefutáveis, sustentados pela ciência, que comprovam, sem drama, a mudança mensurável no carbono orgânico do solo. É essa previsibilidade que transforma uma causa nobre em um ativo rentável.

Na ChrysaLabs, entregamos justamente esses dados cruciais e discretos. Fornecemos a certeza silenciosa que faz o lado comercial da agricultura regenerativa funcionar.

DE OLHO NO PORTO

Frango brasileiro volta a voar na Europa

Depois de sete anos de castigo na geladeira, o frango e os ovos do Brasil ganharam sinal verde de volta pros mercados da União Europeia. O bloco mandou carta oficial pro governo brasileiro ontem (18) confirmando a retomada do pre listing, aquele sistema em que o Mapa diz quem tá nos trinques sanitários e a UE confia na lista sem pensar duas vezes. Em vez de cada frigorífico receber inspeção gringa na lupa, o ministério faz a peneira aqui, manda os nomes e as plantas habilitadas já podem embarcar.

Na prática, o pre listing encurta fila, corta burocracia e dá previsibilidade pro setor, que tava longe desse mercado considerado dos mais exigentes e bem pagos do mundo desde 2018. A reabertura é resultado de um namoro diplomático bem trabalhada ao longo do ano, com direito a missão do Mapa em Bruxelas em outubro e reunião em São Paulo com o comissário europeu de Agricultura pra amarrar a agenda sanitária. Agora, com a carta em mãos, o ministério começa o jogo de habilitar planta por planta que cumprir as regras da UE.

De quebra, Brasil e União Europeia combinaram de manter um canal permanente de conversa técnica sobre sanidade e regulações, com um novo encontro já previsto pro primeiro trimestre de 2026. A ideia é que acordos assim não dependam só de boa vontade do momento e passem a seguir um roteiro mais estável, diminuindo surpresa na exportação. Pra avicultura e pros produtores de ovos, é oportunidade de voltar a um balcão que paga bem e ainda reforça o carimbo de que o serviço oficial de inspeção brasileiro segue jogando na elite da segurança de alimentos.

O AGRO EM NÚMEROS

Soja aparada no lápis, portos lotados e dinheiro novo pra agtechs

Foto: Flickr/CNA

A Abiove deu aquela aparada milimétrica na régua, mas a soja continua gigante na foto. A previsão da safra de soja 2025/26 caiu de 178,5 pra 177,7 milhões de toneladas, coisa de 0,4%, com exportações firmes em 111 milhões e processamento em 60,5 milhões. Farelo e óleo seguem na mesma vibe, e o estoque final sobe um bocado.

No mundo das startups, tem gente trocando pitch por pix. O Dabi Impulso Agro tá oferecendo cheques de até R$500 mil pra agtech bem no comecinho, focadas em produtividade, bioenergia e digital no campo. A ideia é investir em até 15 startups em três anos e carimbar Ribeirão Preto (SP) como um dos mais importantes polos de inovação agro do país inteiro.

Já nos portos do Sudeste, a fila de navios tá parecendo véspera de feriado em pedágio pra quem tá descendo a serra. A movimentação bateu recorde com 186,7 milhões de toneladas no terceiro trimestre, uma alta de 9,1% em um ano. Santos segue mandando na bagaça e liderando os rankings, com 38,4 milhões de toneladas e cabotagem bombando, enquanto Açu e Angra dos Reis surfam na onda do petróleo.

Pra fechar, até o mapa dos biomas passou por revisão de pente fino. O IBGE recalibrou a fronteira entre Mata Atlântica e Cerrado em Minas e São Paulo e concluiu que o Cerrado ganhou 1,8% de área e a Mata Atlântica perdeu 1%. Nada de desmate novo ou reflorestamento milagroso: foi ajuste técnico mesmo, olhando clima, solo e vegetação em quase 20 mil km² reclassificados entre BH, Triângulo e interior paulista.

PAUTA VERDE

Etanol querendo virar aspirador de carbono

Foto: Flickr

O etanol tá flertando forte com o status de herói climático. Um estudo da Embrapa Meio Ambiente com a Unicamp mostra que, se as usinas abraçarem captura e armazenamento de carbono na fermentação e ainda colocarem biocarvão no solo, a pegada de carbono do etanol hidratado cai de 32,8 pra 10,4 gramas de CO₂ equivalente por megajoule. Se usar só o biochar já desce pra 15,9.

E funciona de um jeito bem mais simples do que a gente imagina, O CO₂ relativamente puro que sai da fermentação iria pro subsolo, ficaria guardado em formações rochosas, enquanto o bagaço vira biocarvão via pirólise e volta pro canavial como reforço de solo e cofrinho de carbono. Com esse combo, os pesquisadores mostram que o etanol pode bater de frente com o carro elétrico na questão da energia limpa.

O problema é que a conta financeira não acompanha o entusiasmo científico. Enquanto o crédito de descarbonização do RenovaBio gira em torno de US$20 por tonelada de CO₂, a captura com BECCS sai entre US$100 e US$200, e o tal biochar custa em média US$427 por tonelada. Por causa disso, mais de 300 usinas certificadas seguem usando só o etanol raiz, sem tecnologia de emissão negativa. Pra esse estudo virar trend, falta um só um incentivo no sequestro de carbono.

SAFRA DE CIFRAS

Café brasileiro tá vendo o sonho americano esfriar na xícara

A tarifa de 40% que os EUA mantiveram em cima do café brasileiro tá virando plano infalível pra tirar o Brasil da xícara deles. Enquanto Colômbia, Vietnã e vizinhos entram na gringa na faixa, o café daqui vai ficando caro e perdendo espaço nos blends. Marcos Matos, do Cecafé, fala até em risco de um término definitivo e possivelmente irreversível entre o nosso café e as misturas servidas por lá, porque torrefadora troca fornecedor, consumidor acostuma com outro sabor e ninguém muda de hábito do dia pra noite.

Os números já entregam o climão. Desde agosto, quando a tarifa entrou em cena, os embarques pro mercado americano despencaram mês após mês: queda de 46% em agosto, 52,8% em setembro e 54,4% em outubro. Analistas lembram que os estoques globais tão apertados, então a dúvida agora é o quanto a xícara americana ainda vai precisar de café brasileiro pra fechar a conta. Se a tarifa seguir firme, 2026 pode ficar ainda mais amargo, porque a expectativa de safra cheia tende a pressionar preço pra baixo e amplificar o estrago pro produtor daqui.

No meio desse tabuleiro, a Colômbia segue comprando café do Brasil, mas o esquema deles é outro. A leitura do mercado é que os colombianos usam o grão do Brasil pra reforçar o café que vendem pro mundo, não pra fazer triangulação pros EUA. Alguns analistas ainda dizem que eles estão exportando parte da produção que era usada para abastecer o mercado interno e usando o nosso café pra repor essa lacuna, já que tá mais barato.

Pra deixar o quadro mais temperado, o setor ainda tem de lidar com estoques globais apertados, clima imprevisível no Brasil e regra nova pipocando em tudo que é canto, tipo a lei antidesmatamento da União Europeia. Se 2026 vier com safra cheia, o preço internacional pode sentir a pressão, e a tarifa de 40% vira ainda mais pesada pro produtor brasileiro.

POR DENTRO DA COP30

Embrapa transforma fazenda amazônica em coworking de pesquisa agroflorestal

Foto: Guilherme Lemos/Embrapa

A Embrapa resolveu entrar de vez na era do coworking, só que de um jeito mais raiz, com bota na terra e chapéu na cabeça. Em vez de mesa compartilhada e café de cápsula, o AgForest Lab abre 203 hectares da Embrapa Amazônia Oriental, em Belém, pra empresas e pesquisadores montarem experimento de verdade em sistemas agroflorestais dentro do bioma amazônico.

A ideia é simples e ambiciosa ao mesmo tempo: virar um hub de inovação que funciona como laboratório vivo, uma fazenda produtiva onde rolam testes, validação de tecnologias e demonstrações em campo. De quebra, o mesmo espaço vai servir pra capacitações, treinamentos e eventos, tudo plugado na agenda climática que tá em alta na COP 30.

Pro ano que vem, já tem empresa fazendo fila. Segundo a Embrapa, 9 organizações já assinaram protocolo ou apoiam o projeto e devem começar a usar o AgForest Lab em 2026. Na vitrine, entram combinações agroflorestais com dendê, cacau, açaí, café e o que mais fizer sentido pra bioeconomia amazônica. É mais uma modernidade chegando no agro, agora vamos ver quem vai aproveitar essa.

PLANTÃO RURAL + COP30

  • China compra soja gringa no carinho político. Pequim abriu a carteira e levou pelo menos 14 cargas de soja dos EUA, mesmo com prêmio bem mais salgado que o grão brasileiro. A estatal Cofco corre pra cumprir o combinado na cúpula de Busan e agradar Trump, enquanto Chicago reage com alta de quase 3%.

  • COP 30 entra em modo mutirão com Pacote de Belém. A presidência da COP 30 montou uma força tarefa pra tentar fechar um pacotão climático em duas etapas até sexta. Na mesa entram adaptação, mitigação, grana climática, perdas e danos e transparência. Se der certo, Belém vira case de que o multilateralismo ainda tá respirando sem ajuda de aparelhos.

  • Agricultura tropical tenta sair da plateia no debate do clima. Izabella Teixeira cravou que clima já é assunto do presente e que a agricultura tropical chega na COP 30 com solução concreta, não discurso. Ela defende regulação alinhada ao clima e negócios, com bioenergia, pó de rocha, sistemas integrados e produtor ganhando renda junto com crédito de carbono.

  • Cana nordestina sente o baque do açúcar em baixa. No Nordeste, a conta da cana não fecha. O preço médio caiu de R$ 175 pra R$ 134,31 por tonelada e produtores falam em crise pesada, empurrada por açúcar internacional mais fraco e tarifaço dos EUA. Setor pede subvenção de R$ 12 por tonelada pra não matar adubo e próxima safra.

  • Seguro novo quer blindar floresta e crédito de carbono. A Mapfre lançou o Biosseguro, apólice feita sob medida pra projetos de restauração florestal e geração de crédito de carbono. A ideia é cobrir incêndio, replantio e perda de sequestro, funcionando como garantia financeira. Produto é customizado por projeto e pode rodar em qualquer bioma.

  • Enchente trava plantio na Argentina e liga alerta pros grãos. Inundações em Buenos Aires tão deixando cerca de 1,5 milhão de hectares em risco muito alto e atrasando o plantio. A soja tá só 12,9% semeada, 3,3 pontos abaixo da média de 5 anos, e o milho também ficou pra trás. Produtor reclama de estrada submersa e drenagem que nunca sai do papel.

  • Palmito pupunha do Vale do Ribeira ganha selo e sobrenome. O palmito pupunha do Vale do Ribeira agora tem indicação geográfica reconhecida pelo Inpi. São cerca de 1.800 agricultores familiares em 10 mil hectares, com manejo tradicional e rebrota que evita derrubar a palmeira. O selo vale pra 17 municípios e vários formatos, de tolete a espaguete de palmito.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a brincadeira é pra quem gosta de mapa, dado e exportação na mesma xícara. O Tradle te mostra um gráfico com a pauta de exportações de um país e você tenta adivinhar qual é só olhando pros produtos que saem de lá. Apareceu soja, café, carne e minério na mesma tela, já dá pra desconfiar quem tá mandando ver no agro global. Entra no jogo, chuta o país e vê se o seu faro de comércio exterior tá tão bom quanto o do pessoal da área de exportação da fazenda.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Cajuína

Pergunta de hoje: Qual semente de árvore da Mata Atlântica é assada e comida como iguaria de inverno no Sul?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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