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Bom dia!

O café de hoje vem com diplomacia. Depois de semanas de faísca, Lula e Trump enfim se falaram, e o tarifaço foi o principal item do cardápio. Enquanto isso, o milho tá virando combustível e o mapa do etanol mudou de cor. Nas exportações, o açúcar azedou, mas soja, milho e carnes mantiveram o saldo positivo.

Pra você acordar bem informado.

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,45 -0,55% 5,53 -0,93%
IPCA (%) 4,79 -0,17% 4,28 0,00%
PIB (%) 2,16 0,00% 1,80 0,00%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 0,00%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

ASSUNTO DE GABINETE

Enemies to friends

Foto: Divulgação/Casa Branca/Ricardo Stuckert/PR/ND

Depois de semanas de tensão e as declarações na Assembleia da ONU, Lula e Trump finalmente se falaram, por chamada de vídeo, na manhã desta segunda (6). A conversa durou uns 30 minutinhos, coisa rápida, e foi acompanhada de perto por Alckmin, Haddad e Mauro Vieira, direto do Palácio da Alvorada. O prato principal foi o tarifaço de 40% imposto sobre produtos brasileiros.

Lula pediu a retirada da sobretaxa e o fim das restrições contra autoridades do país, a tão falada Lei Magnitsky, alegando que essas punições são injustas. Trump, mais contido e calmo do que de costume, respondeu que vai analisar o caso. A reunião aconteceu num clima bem mais amistoso do que todo mundo tava esperando.

A resenha também serviu pra combinar um reencontro presencial, e Lula sugeriu deixar pro fim do mês, na cúpula da ASEAN, que vai rolar na Malásia. A expectativa do Planalto é de que o encontro sirva pra destravar o comércio de aço, alumínio e etanol, setores que seguem no fogo cruzado das tarifas.

Por ora, ninguém saiu da videoconferência com acordo assinado, mas o tom mudou: onde antes tinha faísca, agora tem diplomacia, e até umas trocas de elogios. Trump disse que Lula “parece um cara legal”. Agora resta esperar e torcer pra que nenhum dos líderes acorde um dia de mau humor e desfaça o progresso.

SAFRA DE CIFRAS

O milho tá virando combustível

Foto: CNA/Flickr

O mapa do etanol brasileiro mudou de cor, e de grão. Sorriso (MT) já produz mais etanol que Ribeirão Preto, que é a principal região produtora de cana do Brasil, e o milho é o novo protagonista. O setor tá embrazado: são R$ 40 bilhões em investimentos previstos pra próxima década, com 38 novas usinas no radar e expansão pra seis novos estados. Inpasa e Amaggi puxam o bonde com três megausinas no Mato Grosso, enquanto a FS e um grupo de 31 produtores locais montam novas plantas em Campo Novo e Sinop.

O movimento tá avançando rápido pro resto do país. A Inpasa inaugurou a primeira fábrica de milho e sorgo do Nordeste, em Balsas (MA), e o Sul também entrou na rota: Paraná vai ganhar usinas da Coamo e do Grupo Potencial, e o Rio Grande do Sul terá sua primeira, da Be8, em Passo Fundo.

Hoje, o milho já responde por 30% do etanol brasileiro e deve chegar a 40% até 2030. A Unem projeta 17 bilhões de litros produzidos até 2034 e aposta no aumento da mistura obrigatória na gasolina pra 35%.

O AGRO EM NÚMEROS

Nas exportações, até o açúcar tá ficando amargo

Foto: Freepik

Como falamos na edição de ontem (6), o plantio de soja segue acelerado e já cobre mais de 9% da área nacional, o segundo ritmo mais rápido da história segundo a AgRural. O Paraná puxa o bonde e Mato Grosso vai bem, apesar da umidade irregular. No milho verão, o avanço é de 40% no Centro-Sul, o maior índice pra época desde 2012.

Pra falar de algo que era doce, mas agora tá mais amargo que café preto, as exportações de açúcar pros EUA despencaram 84,2% em setembro, e as receitas caíram 77,3%, com total de US$ 14,9 milhões. Nas carnes, a suína brilhou. Foram 134 mil toneladas embarcadas em setembro, uma alta de 24% sobre o ano passado e US$ 346 milhões em faturamento. Já o café torrado perdeu fôlego, com queda de 22% no volume exportado.

E quem entrou de vez no jogo das exportações foi o amendoim. Entre janeiro e agosto, o Brasil embarcou mais de 180 mil toneladas, faturando US$ 222 milhões, um salto de 26% em relação ao ano passado. São Paulo domina a produção com 86% do total nacional e mandou tudo pra fora, com China e Rússia no topo da lista de compradores. No geral, o agro brasileiro fechou o mês com saldo positivo, com aumento de 18% nas receitas, puxado por soja, milho, café e carnes.

Enquanto o campo corre, a indústria se movimenta. A Mosaic concluiu a venda de uma unidade de mineração de fosfato, que estava desativada, em Patos de Minas por US$ 111 milhões. A negociação foi com a brasileira Fosfatados Centro, que promete reativar a produção voltada ao Cerrado.

Na parte da economia, os FDICs , aqueles fundos que compram direitos creditórios, viraram refúgio pro agro em tempos de crédito caro. Os desembolsos do Plano Safra caíram 23%, e quem tá segurando as pontas são as gestoras menores, que oferecem capital mais rápido pros produtores respirarem.

Pra fechar, o clima de safra maior deve dar gás nas revendas de máquinas agrícolas. A Conab tá prevendo uma área plantada recorde de 84,2 milhões de hectares, e a Abimaq tá seguindo a fila, projetando R$ 68 bilhões em faturamento no setor em 2025.

DICA AGRO ESPRESSO

Não é só futebol, o Brasil também é o país dos peões

Foto: PBR/Divulgação

O futebol pode até ser o cartão-postal, mas quando o assunto é rodeio, o Brasil também joga na elite. A nova série da Globo, Vida de Rodeio, mostra o que muita gente lá fora já sabe: os melhores cowboys do mundo falam português e têm sotaque do interior. São oito episódios pra mergulhar no universo da PBR, a liga americana onde o verde e amarelo domina o pódio há três décadas.

A produção vai além da adrenalina dos oito segundos no lombo do touro. Mostra sonhos, tombos e vitórias de quem faz da arena um estilo de vida, e um baita negócio. Afinal, são mais de 1,4 mil eventos de rodeio por ano no Brasil, movimentando multidões, prêmios milionários e uma cultura que virou patrimônio nacional.

Entre os protagonistas tão Adriano Moraes, o Pelé do rodeio; Silvano Alves, tricampeão com mais de 500 montarias perfeitas; e José Vitor Leme, o fenômeno da nova geração que já soma mais de US$ 8 milhões em prêmios.

RADAR SANITÁRIO

Colmeia nervosa, palmeira furada e cacau gripado

GIF: Giphy

Tá cheio de praga nova por aí dando dor de cabeça pra muita gente. No Nordeste, o Pequeno Besouro das Colmeias resolveu invadir o lar das abelhas e transformar o mel sergipano num hidromel involuntário. O bicho, que veio da África, já apareceu na Bahia e ameaça cruzar a fronteira pra outros estados logo menos. Ele se alimenta de mel, pólen e crias, deixando um cheiro azedo e favos derretendo. O principal problema é que quando a infestação é grave, as abelhas simplesmente abandonam a colmeia.

A Emdagro ligou o alerta pros produtores e recomendou manter colmeias fortes e manejo em dia,já que essa é a melhor defesa. Qualquer suspeita deve ser reportada na mesma hora.

Enquanto isso, as palmeiras de São Paulo e do Sul tão apanhando do bicudo-vermelho, outro turista africano que chegou no sapatinho e vem se entocando no palmito das plantas. Ele perfura o núcleo da palmeira pra botar ovos e as larvas devoram a planta por dentro, comprometendo o crescimento e desenvolvimento até chegar na morte. A praga ataca desde coqueiros até dendê e espécies ornamentais, e o governo paulista prepara uma força-tarefa com agrônomos e armadilhas de feromônio pra tentar conter o avanço.

E se aqui o problema vem no formato de besouro, do outro lado do Atlântico o vilão é invisível. Na Costa do Marfim, o vírus swollen shoot tá causando muita preocupação pros produtores de cacau, que já sofrem com o clima irregular. A doença incha os brotos e pode reduzir a produtividade em 70%, matando as árvores em uns três anos. O produtor Jean Marie Koffi, que colheu 35 hectares no último ciclo, espera só 20 nessa temporada. Ele ainda diz que, apesar do preço recorde de US$ 5.010 por tonelada, a produção tá longe do otimismo.

PLANTÃO RURAL

  • Ajuda que não chega. Os US$ 14 bilhões prometidos por Trump pros fazendeiros americanos tão enrolados demais. Com o governo paralisado e cofres quase vazios, a consultoria AgResource diz que o dinheiro deve pingar só no fim de 2025, talvez só em 2026.

  • Arroz travado nas Filipinas. Mesmo com os preços do arroz asiático no menor nível em oito anos, as Filipinas decidiram segurar a porteira das importações até abril. O governo quer proteger os produtores locais, que colhem agora, e vai liberar só uma brecha em janeiro pra trazer 300 mil toneladas.

  • Mandioca que vale ouro. A Embrapa vai lançar no Amazonas a BRS Jacundá, uma variedade de mandioca que promete triplicar a produtividade e ainda resistir melhor a pragas e doenças. A raiz amarela, queridinha da farinha de mesa, foi desenvolvida ao longo de 20 anos e pode virar o novo motor da segurança alimentar no estado.

  • Búfala gourmetizada. A Tirolez comprou a Levitare e agora entra no mercado de leite de búfala com 50 novos produtos, incluindo burrata, requeijão e até queijo sem lactose. A marca vai ganhar distribuição nacional e reforça o apetite da Tirolez pra conquistar o público premium.

  • Carne com passaporte novo. Brasil e Singapura fecharam um acordo pra fortalecer o comércio de proteína animal, incluindo frango, suíno e produtos processados. O país asiático já é o nono maior destino do frango e o sexto maior da carne suína brasileira, com mais de US$ 340 milhões em compras só este ano.

SE DIVERTE AÍ

Nem tudo é plantio e colheita, hoje é dia de colher palavras. O Contexto tá no ar, e o desafio é adivinhar a palavra escondida antes de fritar o cérebro. Bora jogar?

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Noz-moscada

Pergunta de hoje: Qual fruta originária da Mata Atlântica já foi símbolo de status entre as famílias portuguesas no século XVIII?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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