
APRESENTADO POR

Bom dia!
O café de hoje vem com diplomacia. Depois de semanas de faísca, Lula e Trump enfim se falaram, e o tarifaço foi o principal item do cardápio. Enquanto isso, o milho tá virando combustível e o mapa do etanol mudou de cor. Nas exportações, o açúcar azedou, mas soja, milho e carnes mantiveram o saldo positivo.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.
ASSUNTO DE GABINETE
Enemies to friends

Foto: Divulgação/Casa Branca/Ricardo Stuckert/PR/ND
Depois de semanas de tensão e as declarações na Assembleia da ONU, Lula e Trump finalmente se falaram, por chamada de vídeo, na manhã desta segunda (6). A conversa durou uns 30 minutinhos, coisa rápida, e foi acompanhada de perto por Alckmin, Haddad e Mauro Vieira, direto do Palácio da Alvorada. O prato principal foi o tarifaço de 40% imposto sobre produtos brasileiros.
Lula pediu a retirada da sobretaxa e o fim das restrições contra autoridades do país, a tão falada Lei Magnitsky, alegando que essas punições são injustas. Trump, mais contido e calmo do que de costume, respondeu que vai analisar o caso. A reunião aconteceu num clima bem mais amistoso do que todo mundo tava esperando.
A resenha também serviu pra combinar um reencontro presencial, e Lula sugeriu deixar pro fim do mês, na cúpula da ASEAN, que vai rolar na Malásia. A expectativa do Planalto é de que o encontro sirva pra destravar o comércio de aço, alumínio e etanol, setores que seguem no fogo cruzado das tarifas.
Por ora, ninguém saiu da videoconferência com acordo assinado, mas o tom mudou: onde antes tinha faísca, agora tem diplomacia, e até umas trocas de elogios. Trump disse que Lula “parece um cara legal”. Agora resta esperar e torcer pra que nenhum dos líderes acorde um dia de mau humor e desfaça o progresso.
SAFRA DE CIFRAS
O milho tá virando combustível

Foto: CNA/Flickr
O mapa do etanol brasileiro mudou de cor, e de grão. Sorriso (MT) já produz mais etanol que Ribeirão Preto, que é a principal região produtora de cana do Brasil, e o milho é o novo protagonista. O setor tá embrazado: são R$ 40 bilhões em investimentos previstos pra próxima década, com 38 novas usinas no radar e expansão pra seis novos estados. Inpasa e Amaggi puxam o bonde com três megausinas no Mato Grosso, enquanto a FS e um grupo de 31 produtores locais montam novas plantas em Campo Novo e Sinop.
O movimento tá avançando rápido pro resto do país. A Inpasa inaugurou a primeira fábrica de milho e sorgo do Nordeste, em Balsas (MA), e o Sul também entrou na rota: Paraná vai ganhar usinas da Coamo e do Grupo Potencial, e o Rio Grande do Sul terá sua primeira, da Be8, em Passo Fundo.
Hoje, o milho já responde por 30% do etanol brasileiro e deve chegar a 40% até 2030. A Unem projeta 17 bilhões de litros produzidos até 2034 e aposta no aumento da mistura obrigatória na gasolina pra 35%.
O AGRO EM NÚMEROS
Nas exportações, até o açúcar tá ficando amargo

Foto: Freepik
Como falamos na edição de ontem (6), o plantio de soja segue acelerado e já cobre mais de 9% da área nacional, o segundo ritmo mais rápido da história segundo a AgRural. O Paraná puxa o bonde e Mato Grosso vai bem, apesar da umidade irregular. No milho verão, o avanço é de 40% no Centro-Sul, o maior índice pra época desde 2012.
Pra falar de algo que era doce, mas agora tá mais amargo que café preto, as exportações de açúcar pros EUA despencaram 84,2% em setembro, e as receitas caíram 77,3%, com total de US$ 14,9 milhões. Nas carnes, a suína brilhou. Foram 134 mil toneladas embarcadas em setembro, uma alta de 24% sobre o ano passado e US$ 346 milhões em faturamento. Já o café torrado perdeu fôlego, com queda de 22% no volume exportado.
E quem entrou de vez no jogo das exportações foi o amendoim. Entre janeiro e agosto, o Brasil embarcou mais de 180 mil toneladas, faturando US$ 222 milhões, um salto de 26% em relação ao ano passado. São Paulo domina a produção com 86% do total nacional e mandou tudo pra fora, com China e Rússia no topo da lista de compradores. No geral, o agro brasileiro fechou o mês com saldo positivo, com aumento de 18% nas receitas, puxado por soja, milho, café e carnes.
Enquanto o campo corre, a indústria se movimenta. A Mosaic concluiu a venda de uma unidade de mineração de fosfato, que estava desativada, em Patos de Minas por US$ 111 milhões. A negociação foi com a brasileira Fosfatados Centro, que promete reativar a produção voltada ao Cerrado.
Na parte da economia, os FDICs , aqueles fundos que compram direitos creditórios, viraram refúgio pro agro em tempos de crédito caro. Os desembolsos do Plano Safra caíram 23%, e quem tá segurando as pontas são as gestoras menores, que oferecem capital mais rápido pros produtores respirarem.
Pra fechar, o clima de safra maior deve dar gás nas revendas de máquinas agrícolas. A Conab tá prevendo uma área plantada recorde de 84,2 milhões de hectares, e a Abimaq tá seguindo a fila, projetando R$ 68 bilhões em faturamento no setor em 2025.
DICA AGRO ESPRESSO
Não é só futebol, o Brasil também é o país dos peões

Foto: PBR/Divulgação
O futebol pode até ser o cartão-postal, mas quando o assunto é rodeio, o Brasil também joga na elite. A nova série da Globo, Vida de Rodeio, mostra o que muita gente lá fora já sabe: os melhores cowboys do mundo falam português e têm sotaque do interior. São oito episódios pra mergulhar no universo da PBR, a liga americana onde o verde e amarelo domina o pódio há três décadas.
A produção vai além da adrenalina dos oito segundos no lombo do touro. Mostra sonhos, tombos e vitórias de quem faz da arena um estilo de vida, e um baita negócio. Afinal, são mais de 1,4 mil eventos de rodeio por ano no Brasil, movimentando multidões, prêmios milionários e uma cultura que virou patrimônio nacional.
Entre os protagonistas tão Adriano Moraes, o Pelé do rodeio; Silvano Alves, tricampeão com mais de 500 montarias perfeitas; e José Vitor Leme, o fenômeno da nova geração que já soma mais de US$ 8 milhões em prêmios.
RADAR SANITÁRIO
Colmeia nervosa, palmeira furada e cacau gripado

GIF: Giphy
Tá cheio de praga nova por aí dando dor de cabeça pra muita gente. No Nordeste, o Pequeno Besouro das Colmeias resolveu invadir o lar das abelhas e transformar o mel sergipano num hidromel involuntário. O bicho, que veio da África, já apareceu na Bahia e ameaça cruzar a fronteira pra outros estados logo menos. Ele se alimenta de mel, pólen e crias, deixando um cheiro azedo e favos derretendo. O principal problema é que quando a infestação é grave, as abelhas simplesmente abandonam a colmeia.
A Emdagro ligou o alerta pros produtores e recomendou manter colmeias fortes e manejo em dia,já que essa é a melhor defesa. Qualquer suspeita deve ser reportada na mesma hora.
Enquanto isso, as palmeiras de São Paulo e do Sul tão apanhando do bicudo-vermelho, outro turista africano que chegou no sapatinho e vem se entocando no palmito das plantas. Ele perfura o núcleo da palmeira pra botar ovos e as larvas devoram a planta por dentro, comprometendo o crescimento e desenvolvimento até chegar na morte. A praga ataca desde coqueiros até dendê e espécies ornamentais, e o governo paulista prepara uma força-tarefa com agrônomos e armadilhas de feromônio pra tentar conter o avanço.
E se aqui o problema vem no formato de besouro, do outro lado do Atlântico o vilão é invisível. Na Costa do Marfim, o vírus swollen shoot tá causando muita preocupação pros produtores de cacau, que já sofrem com o clima irregular. A doença incha os brotos e pode reduzir a produtividade em 70%, matando as árvores em uns três anos. O produtor Jean Marie Koffi, que colheu 35 hectares no último ciclo, espera só 20 nessa temporada. Ele ainda diz que, apesar do preço recorde de US$ 5.010 por tonelada, a produção tá longe do otimismo.
PLANTÃO RURAL
Ajuda que não chega. Os US$ 14 bilhões prometidos por Trump pros fazendeiros americanos tão enrolados demais. Com o governo paralisado e cofres quase vazios, a consultoria AgResource diz que o dinheiro deve pingar só no fim de 2025, talvez só em 2026.
Arroz travado nas Filipinas. Mesmo com os preços do arroz asiático no menor nível em oito anos, as Filipinas decidiram segurar a porteira das importações até abril. O governo quer proteger os produtores locais, que colhem agora, e vai liberar só uma brecha em janeiro pra trazer 300 mil toneladas.
Mandioca que vale ouro. A Embrapa vai lançar no Amazonas a BRS Jacundá, uma variedade de mandioca que promete triplicar a produtividade e ainda resistir melhor a pragas e doenças. A raiz amarela, queridinha da farinha de mesa, foi desenvolvida ao longo de 20 anos e pode virar o novo motor da segurança alimentar no estado.
Búfala gourmetizada. A Tirolez comprou a Levitare e agora entra no mercado de leite de búfala com 50 novos produtos, incluindo burrata, requeijão e até queijo sem lactose. A marca vai ganhar distribuição nacional e reforça o apetite da Tirolez pra conquistar o público premium.
Carne com passaporte novo. Brasil e Singapura fecharam um acordo pra fortalecer o comércio de proteína animal, incluindo frango, suíno e produtos processados. O país asiático já é o nono maior destino do frango e o sexto maior da carne suína brasileira, com mais de US$ 340 milhões em compras só este ano.
SE DIVERTE AÍ
Nem tudo é plantio e colheita, hoje é dia de colher palavras. O Contexto tá no ar, e o desafio é adivinhar a palavra escondida antes de fritar o cérebro. Bora jogar?
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Noz-moscada
Pergunta de hoje: Qual fruta originária da Mata Atlântica já foi símbolo de status entre as famílias portuguesas no século XVIII?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
