APRESENTADO POR


Bom dia!

A edição de hoje tá daquele jeito que o clima gosta: quente. Tem estudo mostrando que o desmate no Cerrado já tirou bilhões da conta da soja, enquanto o agro brasileiro ocupa a COP 30 pra dizer que produz e preserva, pede regra nova pra medir emissão e lança selo de carne que promete mais carbono no solo do que no ar. No meio disso, China reaparece nos rumores de compra de soja americana, o plantio da safra 2025/26 avança no Brasil, a Embrapa sobe o tom com laboratório agroflorestal na Amazônia, o Congresso tenta rebatizar agrotóxico e o mercado gira de bioinsumos a frango griller e café irrigado gigante. Tudo na mesma xícara, do jeito que a gente gosta.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,40 -0,10% 5,50 0,00%
IPCA (%) 4,46 -1,83% 4,20 0,00%
PIB (%) 2,16 0,00% 1,77 -0,15%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 0,00%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

APRESENTADO POR SNASH HUB

Vem aí a 1ª edição do Inova Agro Tour

O SNASH desembarca em Salvador com a 1ª edição do Inova Agro Tour, um evento que vai conectar tecnologia, sustentabilidade e agronegócio de um jeito que o campo ainda não viu. O rolê acontece no dia 27 de novembro, dentro do e-Agro 2025, o maior evento de inovação agro da Bahia.

A proposta é simples: aproximar quem pesquisa, quem investe e quem faz. O SNASH preparou três painéis de peso, com nomes como Embrapa, Solinftec, Senior Systems, Porto Digital, AgriHub, ManejeBem, Versat e Yathe, pra discutir o futuro da agricultura digital, os desafios da sustentabilidade e o papel das startups nessa nova economia verde.

Startups como Versat, ManejeBem, Elysios e FertiHedge também vão expor as suas soluções que já tão transformando o agro, do manejo inteligente à rastreabilidade de ponta. O evento tem apoio de FAEB/SENAR, Sistema OCB, Embrapa, A Lavoura e Agro Espresso, que acompanha tudo como parceiro de mídia oficial.

ASSUNTO DE GABINETE

AgriZone vira QG do agro na COP30

Foto: Percio Campos/Mapa

A AgriZone virou a casa oficial do agro na COP30 em Belém, com direito a gabinete do ministro Carlos Fávaro dentro da Embrapa Amazônia Oriental. Entre entrevistas, cafézinhos e tour pelos estandes, ele mandou a real e disse o que o Brasil quer vender lá fora: dá pra produzir e preservar ao mesmo tempo, recuperar área degradada em vez de empurrar plantio pra floresta e ainda abrir caminho pra quase 500 novos mercados com ciência, tecnologia e política pública bem amarrada.

No mesmo espaço, Mapa e Organização Mundial de Saúde Animal colocaram o gado no centro da conversa climática. Secas, enchentes e onda de calor tão bagunçando o mapa das doenças e apertando o trabalho dos serviços veterinários. A ordem do dia é reforçar a defesa agropecuária, atualizar os protocolos e trazer todo mundo pro guarda chuva da Saúde Única, juntando saúde animal, gente e ambiente. O painel na AgriZone foi o esquenta pra discussão de quinta (20) na Blue Zone, onde o assunto entra com mais peso nas negociações.

Pra não ficar só em power point climático, a Embrapa tirou da manga o AgForest Lab, uma fazenda laboratório de 213 hectares que começa a sair do papel em 2026 na antiga fazenda Felisberto Camargo, em Belém. A ideia é transformar pasto cansado em vitrine de sistemas agroflorestais com açaí, cacau, café, andiroba, cumaru, dendê e outras espécies amazônicas de alto valor, num modelo que produz, recupera área e conserva biodiversidade. O espaço vai ser aberto pra empresa, universidade e produtor que quiser testar inovação agroflorestal em escala, com a floresta participando da conta, não virando rodapé.

O AGRO EM NÚMEROS

China paquera soja dos EUA enquanto Cerrado cobra a conta

Foto: Freepik

A segunda feira começou com boato grande rodando o mercado: a China teria fechado 20 navios de soja dos EUA, coisa de 1,3 milhão de toneladas, algo em torno de 15% das 12 milhões de toneladas que Trump vive prometendo. Só a fofoquinha já bastou pra puxar Chicago, que fechou com alta de 2,91% nos contratos de janeiro, em US$ 11,57 por bushel. Analistas lembram que, com estoque chinês recorde de 11 milhões de toneladas e pouco tempo até o fim do ano, bater a meta de 12 milhões exigiria uns 300 mil toneladas por dia, mais logística de videogame do que de porto normal.

Enquanto o mercado olha pro vaivém de navio, o Cerrado apresenta a conta do desmate. Um estudo da Zero Carbon Analytics calcula que o desmatamento fez com que o cerrado produzisse cerca de 34 milhões de toneladas de soja a menos do que poderia entre 2013 e 2023, alguma coisa ali na casa dos US$ 9,4 bilhões jogados fora pela falta de cuidado com a natureza. A produção nacional segue em alta com tecnologia, mas o relatório mostra que ela poderia ser maior sem essa perturbação climática. No campo, o plantio da safra 2025/26 já alcançou 71% da área do país, com Mato Grosso em 96,36% mesmo com chuva irregular no Centro Oeste e no Matopiba e solo encharcado segurando o ritmo no Sul.

Nas proteínas o placar das exportações de novembro tá bem lá e cá. A carne bovina somou 163,6 mil toneladas na parcial do mês, com média diária 36,3% maior que em 2024 e preço médio 13,5% acima, apesar da miada na segunda semana. A carne de frango chegou a 214,5 mil toneladas, mas com queda de 6,6% na média diária e recuo de 6,1% no preço frente a novembro passado. A suína embarcou 48,5 mil toneladas, com média diária 14,3% menor, faturamento em queda e preço ligeiramente mais baixo.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Agro pede VAR na COP30 pra mostrar que não é único vilão do aquecimento global

Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O agro brasileiro chegou na COP 30 com um recado bem direto: tá faltando justiça na calculadora do clima. Entidades como Aprosoja, CNA e Abag reclamam que os métodos oficiais de contabilidade de emissões não conversam com a realidade tropical que a gente vive, nem com o tanto de carbono que o campo já ajuda a segurar. O guia do IPCC nasceu olhando pra economia de clima temperado e acaba jogando boa parte das remoções do agro em outras caixinhas, tipo Uso da Terra e Energia, em vez de deixar isso claro na coluna do produtor. Plantio direto, etanol, sistema integrado e Reserva Legal acabam mais escondidos que cachorro que corre pra dentro do milharal.

A briga também passa pelos tais fatores de emissão, aqueles números que dizem quanto cada atividade emite por unidade produzida. Pesquisadores brasileiros já fizeram o dever de casa em vários fronts, com fator pra soja, pecuária, fertilizante sintético, integração e agrofloresta, mas o setor quer ir além e “tropicalizar” a conta por bioma. Porque pecuária no Pampa e no Cerrado tá longe de ser a mesma coisa.

De olho nesse pacote todo, a CNA defende criar um mandato específico pra agricultura tropical dentro do Acordo de Paris, conectado à meta de segurar o aquecimento em 1,5ºC. Na prática, o agro quer sair da COP 30 com menos discurso de vilão e mais reconhecimento oficial do que já tá fazendo em mitigação, adaptação e manejo de carbono.

COLHENDO CAPITAL

Embrapa lança selo de carne baixo carbono

Gif by paulcooks on Giphy

A COP 30 ganhou um novo personagem no cardápio climático, o Selo Carne Baixo Carbono. O protocolo foi criado pela Embrapa com a MBRF e apoio da ONG Amigos da Terra pra premiar o produtor que leva a sério integração lavoura pecuária, pasto bem cuidado, recuperação de área cansada e manejo caprichado de solo e água. A lógica é simples na teoria e puxada na prática: se o boi emite, o sistema inteiro tem que trabalhar pra capturar mais carbono e usar cada hectare no modo eficiente, sem empurrar rebanho pra cima de vegetação nativa.

Pro consumidor, o selo funciona mais como um rótulo gourmetizado na gôndola, só que com auditoria de verdade em vez de marketing verde. O CBC define critério técnico e alguns indicadores pra acompanhar se a fazenda realmente reduz emissão e aumenta sequestro, e não só pinta a embalagem de verde. Natália Grossi, da Amigos da Terra, falou em pacote completo pro produtor: pasto mais produtivo, carne mais valorizada, porta aberta pra mercado exigente (China) e fazenda mais resistente ao clima maluco, com solo mais fértil e menos vulnerável às mudanças do tempo. É um investimento pesado, mas que só traz coisa boa.

Quem sai na frente é a MBRF, primeira empresa a adotar o selo e pendurar a Carne Baixo Carbono no cabide do programa Verde+. Pra Embrapa, o protocolo ajuda a organizar uma cadeia de carne bovina transparente, auditável e com valor pros dois lados do balcão. Na prática, o recado que Embrapa e MBRF tão mandando pra COP 30 é direto: quando ciência e campo jogam no mesmo time, dá pra reduzir emissão, ganhar dinheiro e provar que pecuária de baixo carbono não é fantasia de painel, é caminho real pra bater meta de Acordo de Paris com churrasco ainda garantido na grelha.

ACONTECEU NO AGRO

Câmara tenta mandar o termo agrotóxico pra quarentena semântica

Foto: Kayo Magalhães / Câmara dos Deputados

A Comissão de Agricultura da Câmara resolveu fazer um rebranding de lei e aprovou o projeto que troca oficialmente o termo agrotóxico por defensivo agrícola na legislação e ainda amplia a definição pra caber tudo que o marketing técnico do agro inventou nos últimos anos: pesticida, praguicida, produto fitossanitário, fitofarmacêutico, e por aí vai. O relator Nelson Barbudo (PL-MT) abraçou a proposta de Henderson Pinto (MDB-PA) dizendo que o termo inventado lá em 1977 não conversa mais com a prateleira atual de insumos, que é mais seletiva e menos tóxica, e que o Brasil é o único país de língua portuguesa que ainda usa agrotóxico no texto oficial.

Na justificativa, o projeto reclama que a palavra agrotóxico carrega aquele velho viés ideológico e espanta qualquer tentativa de debate mais técnico sobre tecnologia no campo. A troca feita agora é tipo mudança de rótulo sem mexer na fórmula: a promessa é não afrouxar regra de segurança nem fiscalização, só alinhar vocabulário com os padrões globais como o Sistema Globalmente Harmonizado. O parecer diz que isso ajudaria a tirar o assunto da guerra de narrativas e colocar numa conversa mais fria sobre produção de alimentos, mesmo que todo mundo saiba que nome de veneno sempre rende discussão quente.

Mas nada disso vai rolar da noite pro dia. O texto ainda precisa passar pelas comissões de Defesa do Consumidor e de Constituição e Justiça antes de pensar em pisar no Senado. Até lá, agrotóxico e defensivo agrícola vão dividir o mesmo ringue no noticiário, nas entidades e no grupo de WhatsApp da família. De um lado, quem vê alinhamento com a forma como o mundo fala do tema. Do outro, quem enxerga tentativa de passar um pano na palavra sem encarar o debate, ou discussão.

PLANTÃO RURAL + COP30

  • Koppert caça sócio brasileiro. A Koppert Brasil foi ao mercado atrás de 100 milhões de euros pra erguer 3 novas fábricas e ganhar autonomia da matriz holandesa. O dinheiro deve vir de fundo de private equity, com a operação já desenhada como trampolim pra um futuro IPO e governança turbinada.

  • Boi curto e carne cara nos EUA. A escassez de gado nos EUA deve ir até 2027, apertando margem de gigantes como JBS e National Beef. Com menos boi e consumo firme, a indústria sofre, o governo Trump fala em investigar frigoríficos e o consumidor migra pra suíno e frango, onde empresas mais diversificadas saem na frente.

  • Café irrigado gigante em Minas. Santos e Dias e Ruiz Coffee vão investir mais de R$ 1 bilhão na Jacurutu Coffee, em João Pinheiro (MG), pra montar a maior fazenda de arábica irrigado em área contínua do mundo. Serão 5.500 hectares irrigados, meta de 260 mil sacas por ano, certificação ambiental e promessa de custo bem competitivo.

  • Aurora turbina frango griller. A Aurora Coop reabriu o frigorífico de Tapejara, no noroeste gaúcho, depois de R$ 210 milhões em obras e um salto de 80% na capacidade, pra 10 mil aves por hora. O foco é frango griller pra Oriente Médio e África, com dois turnos previstos até 2027 e quase mil empregos quando a planta estiver cheia.

  • Alckmin segue caçando tarifaço. Na COP 30, Geraldo Alckmin celebrou que a decisão recente dos EUA reduziu de 45% pra 28% a fatia das exportações do Norte sujeita a tarifa, com produtos como castanha com casca e suco de laranja zerados. Ele também afirmou que as conversas continuam rolando para tirar todas as tarifas de vez.

  • Outra COP mira o tabaco. Enquanto Belém puxa o debate do clima, Genebra recebe a COP do Tabaco, que deixa o setor fumageiro em alerta. O Brasil é o segundo maior produtor do mundo, mas a indústria assiste tudo do corredor, preocupada com novas restrições, como eventual limite pra filtro de cigarro e o risco de empurrar consumo pro mercado ilegal.

  • Boa Safra vai às compras. A Boa Safra Sementes aprovou programa pra recomprar até 2,7 milhões de ações em 12 meses, algo perto de R$ 24,7 milhões pelo preço atual. A ideia é ajustar capital, podendo cancelar ou usar papéis em planos de remuneração. O movimento usa reservas de lucro de R$ 76,4 milhões e terá XP como intermediária.

SE DIVERTE AÍ

A missão hoje é encarar o Contexto, aquele jogo em que você chuta qualquer palavra e o sistema diz se tá viajando longe ou chegando perto da resposta secreta. Pensa como cabeça de editor do agro: começa em clima, soja, boi, café, vai refinando pras palavras mais específicas e tenta fechar a conta com o mínimo de tentativas. Quem acertar primeiro ganha o direito de cobrar o próximo café da roda.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Pirarucu

Pergunta de hoje: Qual bebida clara e sem álcool feita do pedúnculo do caju virou patrimônio cultural do Piauí?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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