
APRESENTADO POR

Bom dia!
A semana no campo começa com tudo: regeneração, exportação, inovação e até incêndio. Tem café ganhando selo da Rainforest Alliance, franqueada mineira afinando crédito com empatia e um exército mirim premiando azeite. No meio disso, o agro mostrou força, propósito e um talento natural pra render assunto.
Pra você acordar bem informado.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
PAUTA VERDE
Orfeu leva o selo verde do futuro

Foto: Divulgação
A Orfeu já era famosa por servir café de primeira. Agora, ganhou selo pra provar que também cuida do chão onde ele nasce. A marca virou a primeira brasileira certificada em agricultura regenerativa pela Rainforest Alliance, um carimbo pra quem não só preserva, mas faz o solo voltar a respirar.
As fazendas Sertãozinho e Cachoeira, em Botelhos (MG), e Rainha, em São Sebastião da Grama (SP), passaram por um pente-fino do Imaflora, que é quem julga o selo no Brasil. Nesse processo a entidade avaliou manejo do solo, biodiversidade e uso consciente da água. Juntas, as fazendas têm mais ou menos mil hectares de café e 30% dessa área coberta por florestas protegidas.
Entre as práticas que renderam o título, estão o uso de compostos orgânicos no lugar de fertilizantes químicos, plantio de árvores nativas, irrigação por gotejamento e até contenção de enxurradas. Tudo isso pra provar que produzir café de qualidade e regenerar o planeta podem, e devem, andar lado a lado.
SAFRA DE CIFRAS
Crédito rural com alma e violão

Foto: Dreamstime
Grasiela Machado não nasceu no agro, mas aprendeu rápido a tirar boa música do campo. Aos 29 anos, a mineira de Divino (MG) trocou o violão e as aulas de inglês por planilha, bota, chapéu e muito cafezinho. Hoje ela é franqueada da Sonhagro e anda levando o crédito rural pra quem sempre teve mais sonho do que recurso.
E isso tudo começou sem querer. Ela entrou como estagiária numa unidade, fazendo trabalho chato, arquivando papelada, até perceber que o agro era mais sobre gente do que sobre juros. Três anos depois, ela virou franqueada, se apaixonou pelo mercado e já mira a segunda loja.
O trabalho vai bem além do crédito. Grasiela ajuda com consórcios, seguros e planejamento financeiro, mas o que mais faz diferença é o jeito de ouvir e se adaptar à necessidade do cliente. “Muitos produtores chegam pedindo uma coisa, mas, quando a gente escuta de verdade, percebe que precisam de outra”, conta. E é aí que a conversa vira solução.
De visita em visita, ela segue afinando as conversas e necessidades, destravando o crédito e mudando as realidades. A meta é fechar 2025 com meio milhão em faturamento e provar que crédito rural também pode ter alma e propósito.
O AGRO EM NÚMEROS
Mais um mês, mais um recorde

GIF: DJ Khaled/Tenor
Ninguém segura o agro BR. Só em setembro, o agro mandou pro exterior US$ 14,95 bilhões, um recorde histórico e quase metade de TODOS os produtos que o país exportou no mês. A carne bovina puxou o bonde com alta de 55%, o milho cresceu 23% e até a melancia entrou na estatística, com salto de 65%.
Surfando essa onda, o setor de tabaco segue dando um bom caldo. As exportações devem passar de US$ 3 bilhões em 2025, alta de até 20% sobre o ano passado. O Brasil mantém o título de maior exportador mundial há 33 anos.
Indo para os pescados, acabou de sair o Boletim da Estatística Pesqueira e Agrícola 2023-24, do MPA, e já deu pra ver que até nas águas a gente ta voando. A produção total de pesca e aquicultura somou 1,35 milhão de toneladas em 2024, crescimento de 11,5%. A tilápia segue reinando nos tanques com quase meio milhão de toneladas, e a sardinha liderou a pesca marinha com 121 mil. O faturamento do setor já passa de R$ 10 bilhões.
E enquanto o Brasil exporta, planta e regenera, quem movimenta o agro por dentro também tá colhendo reconhecimento. Mais de 400 mulheres se reuniram em Lucas do Rio Verde pro 6º Encontro de Mulheres do Agro, discutindo liderança e inovação com direito a palestra da jornalista Kellen Severo. O campo tá ficando mais diverso, mais digital e mais feminino.
Pra fechar, uma boa notícia pro solo e pro bolso: a Belterra anunciou investimento de R$ 135 milhões pra recuperar 2,7 mil hectares de pastagens degradadas e implantar sistemas agroflorestais em quatro estados. A conta ambiental é bonita, são quase 850 mil toneladas de carbono sequestradas. E a financeira também, com apoio de BNDES, Fundo Vale e gringos de olho no verde (de dólar e de floresta).
DEU B.O.
Tá pegando fogo, bicho

GIF: Makeagif/TV Globo
Um incêndio de grandes proporções atingiu, no sábado (11), um dos silos da Cotribá, às margens da BR-116, perto de Arroio Grande (RS. O local armazenava cerca de 120 toneladas de soja que agora viraram “carvão”.
Equipes do Corpo de Bombeiros de Jaguarão (RS), voluntários de Arroio Grande (RS) e brigadistas da própria cooperativa trabalharam juntos pra conter as chamas. Ninguém ficou ferido, mas o teto do silo desabou e uma parte da estrutura foi comprometida. O calor era tanto que nem deu pra abrir as laterais pra tentar abafar o fogo.
Segundo os bombeiros, uma das hipóteses é de combustão espontânea causada pelo atrito entre os próprios grãos de soja. Esse é o segundo incêndio em menos de três meses na mesma unidade da cooperativa. Em julho, outros dois silos levaram 60 horas pra serem controlados. A Cotribá ainda não se manifestou sobre o caso, mas dá pra dizer que, por lá, a soja tá mais quente que o mercado internacional.
MENTES QUE GERMINAM
Nem paga boleto ainda e quer julgar azeite?

Foto: Canva/Creative Commons
Esquece os sommeliers de terno e cara séria, quem mandou no paladar dessa vez foram as crianças. No Olivinus 2025, uma das competições mais respeitadas do mundo do azeite, a molecada de 6 a 21 anos assumiu o papel de júri depois de um ano inteiro de treinamento. 7 rótulos brasileiros conquistaram os jurados mirins e provaram que nosso azeite tá bem temperado até pros paladares mais sinceros do planeta.
Entre os campeões da categoria Olivinus Niños (a julgada pelos pequenos) estão Capolivo Arbequina, Estância das Oliveiras Coratina e sua versão Kids, MantiKids, Mantikir Coratina, Torrinhas Intenso e Prosperato Origens, da Campanha Gaúcha. Todos eles também brilharam entre os adultos, levando o selo Gran Prestigio Oro, a maior distinção do evento. Agradaram tanto quem entende de azeite quanto quem ainda assiste desenho.
A disputa teve azeites de países como Espanha, Portugal, Grécia e Israel, referências mundiais e históricas na produção do óleo de oliva, mas o Brasil garantiu seu lugar no pódio com estilo. E vamos combinar, se foi aprovado por uma criança, é porque o sabor é bom de verdade.
COLHENDO CAPITAL
Agro, tech, cash e match

Foto: GOV BR
O Ministério da Agricultura resolveu dar um like na inovação. Em parceria com o Serpro, lançou o Mapa Conecta, uma plataforma que promete juntar startups, investidores e polos de tecnologia num só lugar, tipo um Tinder do investimento em startups, mas com mais pitches e menos dates.
A ferramenta, lançada durante o Festival Curicaca em Brasília, quer funcionar como vitrine nacional pra ideias e soluções do campo. O objetivo é aproximar agtechs e foodtechs de quem tem grana pra investir, além de espalhar inovação por todos os cantos do país. Hoje, mais de 40% das startups do agro estão em São Paulo, e o Mapa quer mudar isso.
Até agora, 15 Estados já assinaram o protocolo pra entrar na plataforma, incluindo Pará, Mato Grosso, Bahia, Goiás e Rio Grande do Sul. A ideia é que o Mapa Conecta ajude uma boa solução criada no interior paulista a ganhar chão também no Ceará, ou vice-versa. No fim, é sobre conectar quem planta ideia com quem colhe resultado.
PLANTÃO RURAL
Plantas em órbita. Pesquisadores brasileiros embarcaram na curiosa missão de cultivar astroplantas em uma caverna italiana que simula o ambiente da Lua. O experimento quer entender se fungos podem ajudar o crescimento vegetal fora da Terra. A ideia é plantar hoje na Itália pra colher amanhã... em Marte.
Ouro branco renasce no sertão. Quatro décadas depois do bicudo dizimar o algodão nordestino, a pluma voltou a brotar na Caatinga. Com apoio da Embrapa, mais de mil famílias retomaram o plantio em sistema agroecológico e recebem até 30% a mais pelo produto.
Amaggi navega no Norte. A gigante do agro inaugurou um corredor hidroviário em Roraima, com investimento de R$ 100 milhões. O novo trajeto vai reduzir em 74% o transporte rodoviário de grãos. As balsas levam até 2 mil toneladas.
Fogo bom no Cerrado. Pesquisadores da Unesp defendem o uso de queimadas controladas pra preservar o Cerrado. Sem fogo, o bioma adensa, perde luz e espécies típicas desaparecem.
Deu a louca no Presida. Donald Trump anunciou uma tarifa extra de 100% sobre todos os produtos da China, acusando o país de “agressividade comercial”. O mercado despencou e o clima azedou. No agro, o medo é o efeito dominó e um possível recuo nas negociações que avançaram nas últimas semanas.
Soja seca em São Paulo. A estiagem do estado de SP travou o início do plantio da soja no interior paulista. Sem chuva, as sementes sofrem pra germinar e os pivôs de irrigação viram a única chance de salvação, mas o custo é alto e nem todo mundo consegue arcar.
STF de olho nos agrotóxicos. O Supremo retoma, na quinta-feira (16), o julgamento sobre os incentivos fiscais aos defensivos agrícolas. Se forem cortados, o custo pode subir 25%. A indústria alerta pra impacto nos preços e na inflação; e os ambientalistas pedem coerência.
Sertanejo raiz, bolso cheio. Gusttavo Lima, Leonardo e Zezé Di Camargo mostraram que o agro também toca alto. Com fazendas milionárias, gado de elite e lavouras de soja, os astros da viola viraram titãs do agronegócio.
SE DIVERTE AÍ
Hoje o desafio é o Termo, aquele jogo que testa se seu vocabulário tá mais afiado quefaão de cortar cana. Tenta adivinhar a palavra do dia em até seis tentativas. Se errar tudo... relaxa, até o melhor agrônomo erra a previsão do tempo.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Abacaxi
Pergunta de hoje: Qual leguminosa brasileira foi usada por indígenas como tinta corporal e hoje é usada pra colorir alimentos?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
