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Bom dia!
Trump jogou pesado e o Brasil tirou a Lei da Reciprocidade do bolso do colete. O tarifaço de 50% nos produtos do agro acendeu o sinal vermelho em Brasília, e o governo correu pra montar o contra-ataque. A disputa ainda é mais diplomática que declarada, mas a tensão subiu.
Também tem:
• Sorgo mira a liderança global com foco no mercado chinês
• Incêndio atinge silo da Cotribá e derruba estrutura no RS
• Fábrica nova da Nitro multiplica produção de bioinsumos em SP
• Logística, semente pirata e biotecnologia no Mercosoja 2025
• Brasil segue líder mundial em exportações de tabaco
Vem comigo. Só o mais importante, de forma rápida e fácil de ler.
Por Enrico Romanelli
TÁ QUANTO?
Os dados são publicados por BCB e YahooFinance.
E ESSE TEMPO, HEIN?
Alguém apaga a luz

Fonte: Freepik
A semana começou com o tempo seco dominando o interior do Brasil, e o agro entrou naquele dilema clássico: enquanto o clima firme ajuda na colheita, também dá um up no risco de queimadas e seca o solo num ritmo preocupante. É colheita de um lado, fogo no mato do outro. Produtores de milho, café, cana e algodão agradecem, mas quem lida com pasto e rebrota começa a ficar com a pulga atrás da orelha.
No milho safrinha, a produtividade vem boa e as máquinas não param. Uma frente fria no fim da semana deve levar chuva leve ao Sul, sem muito drama. A cana, depois de um começo de safra empacado, agora engrena no centro-sul. No algodão, o calor ajuda a manter a pluma no ponto e os trabalhos seguem firmes, principalmente na Bahia. Já no café, Minas, São Paulo e Bahia surfam o tempo seco pra acelerar a secagem dos grãos.
No Sul, o trigo tenta correr atrás do prejuízo no plantio, mas o frio do fim de semana pode bater com força e trazer geada no interior gaúcho e no Paraná. Enquanto isso, o Norte segue com pancadas pesadas, e o litoral do Nordeste, de Salvador a Aracaju, continua debaixo d’água. O resumo da semana? O céu abre pra uns e fecha pra outros. Quem planta tem que jogar no ataque e na defesa ao mesmo tempo.
ASSUNTO DE GABINETE
Quem paga a conta do tarifaço?

Fonte: Shutterstock/EPA
O agro brasileiro acordou de ressaca e com a conta na mão nessa segunda-feira (14). Donald Trump puxou o freio nas importações e cravou uma tarifa de 50% sobre produtos do Brasil. Resultado? Frigoríficos já pararam o processamento de carne pra exportação, usinas de açúcar e etanol estão calculando o prejuízo e até o mel nordestino ficou travado nos contêineres.
A expectativa era dobrar as vendas de carne bovina para os EUA em 2025. Agora, a conversa é outra. Os embarques ficaram inviáveis e a ordem é buscar novos destinos: China, Sudeste Asiático e Oriente Médio entraram no radar. No etanol, só o imposto extra já soma quase US$ 91 milhões. No açúcar, mais US$ 27 milhões. E isso tudo com base nos preços do ano passado.
No Piauí, o mel que ia pra mesa do americano ficou no armazém. E o arroz? Também entrou nessa dança. Os EUA compram quase 20% do arroz branco brasileiro, mas podem substituir com facilidade. Já o Brasil depende dessa saída. O resumo? Enquanto Trump mira no protecionismo e foge do livre mercado, o agro brasileiro tá tendo que se virar pra não ficar sem mercado.
RADAR SANITÁRIO
Gripe aviária dá o ar da (des)graça em SP

Fonte: Freepik
A gripe aviária chegou batendo na porta de São Paulo. Duas galinhas infectadas em uma propriedade de subsistência em Parelheiros, na zona sul da capital, acenderam o alerta geral no setor, de novo. As aves foram sacrificadas, outras dez que estavam por perto também, e a área já passou por desinfecção. Não tem granja comercial por perto, mas o plano de vigilância em 10 km já foi acionado.
Na sexta (11), outro caso foi confirmado em Sorocaba, num condomínio com 200 aves. Um peru ornamental deu positivo, e o abate sanitário entrou em cena. Agora, a orientação é clara, olho vivo nos sintomas: tremores, asas caídas, coriza, respiração difícil. As equipes voltaram ao local nesta segunda (14) pra seguir o monitoramento. A boa notícia é que, por enquanto, nada de casos em humanos.
Com os registros de SP, o Brasil soma 180 focos da doença: 171 em aves silvestres, sete em criações de fundo de quintal e um único caso comercial, lá atrás, em Montenegro (RS). A gripe segue rondando o mapa, e o setor avícola tem pouco espaço pra erro.
ATUALIZAÇÃO RURAL
Clicou, avaliou, levou

Fonte: Getty Images/Canva
Um clique no celular e pronto: dá pra saber se o bife é macio ou só conversa. Pesquisadores do Brasil, Canadá e Estados Unidos desenvolveram um sistema de inteligência artificial capaz de prever a qualidade da carne crua a partir de fotos tiradas com o celular. O estudo foi publicado na revista Meat Science e testou mais de 1.400 cortes bovinos e suínos.
A IA foi treinada com imagens captadas em ambiente controlado e comparadas com dados de laboratório, como força de cisalhamento e percentual de gordura entre as fibras. O modelo aprendeu a identificar, só olhando, qual bife é mais macio ou mais gorduroso, e mandou bem: acertou 76,5% das vezes na carne bovina e 81,5% na suína. Para comparação, os consumidores que participaram do teste acertaram menos da metade.
Por enquanto, o sistema só funciona com contrafilé bovino e lombo suíno, mas os pesquisadores já planejam testar outros cortes, raças e condições de luz. A ideia agora é transformar o estudo em algo que caiba no bolso: um app que permita ao consumidor escolher melhor na gôndola e à indústria precificar com base na qualidade real do produto. Se vingar, vai ter gente trocando o açougueiro pelo algoritmo.
DICA AGRO ESPRESSO
Café bom é aquele que vem com propósito na xícara

Fonte: Reprodução
No perfil da Carla Aquino, o agro ganha voz com conteúdo sobre liderança feminina, bastidores da vida no campo e reflexões afiadas de quem vive esse corre.
Vale muito seguir e acompanhar.
NAS CABEÇAS DO AGRO
Alckmin convoca o agro pra briga

Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Sim, mais uma notícia sobre o tarifaço de Trump. Com a decisão ainda ecoando nos portos e contêineres travados, o governo brasileiro resolveu acelerar. Nesta terça (15), o vice-presidente Geraldo Alckmin vai reunir o agro e a indústria pra discutir os estragos e pensar em contramedidas. A ideia é clara: ouvir quem tá no fogo cruzado e desenhar uma reação que tenha mais cálculo do que grito.
A agenda tem duas etapas. De manhã, entram os setores de aço, alumínio, aviação, celulose e máquinas. À tarde, é a vez do agro sentar na mesa, com as carnes, mel, laranja, pescados, couro e outros que viraram alvo direto da tarifa americana de 50%. Outros setores, como o café, devem ser chamados em breve. Tudo dentro do novo comitê que Alckmin comanda, criado com base na recém-aprovada Lei da Reciprocidade Econômica.
E por enquanto, nada de bater de frente. O VP garantiu que o governo não pediu prazo extra nem propôs acordo. A estratégia é montar uma reação com o setor privado e, se for preciso, apertar o botão da reciprocidade. O decreto com as regras deve sair até o fim do dia. E o Planalto já deixou claro que, se o jogo continuar sujo, vai jogar também.
PAUTA VERDE
Abelha não vive só de flor

Foto: Divulgação
Quando o campo entra em modo de espera e o néctar desaparece, as abelhas sentem. A entressafra é dura, mas agora tem algo de novo no fronte: o Melero, suplemento em pó da Védera Nutrição Animal, veio pra manter as colmeias a todo vapor mesmo quando a natureza pisa no freio.
Desenvolvido com foco em apicultores comerciais, o Melero é aplicado direto na caixa e funciona como um empurrãozinho nutricional fora de época, tipo um whey ou uma creatina pra você que tá começando a treinar. Ele ajuda a manter o metabolismo das abelhas em dia, evita queda de postura e reduz o desgaste nos períodos sem florada ou em regiões com flora fraca.
E os primeiros resultados animam: produtores do Rio Grande do Sul relatam mais vitalidade nos enxames, e testes no Espírito Santo mostram que até as abelhas sem ferrão seguem no ritmo da primavera.
Com mais de 2 milhões de colmeias e 46 mil toneladas de mel produzidas por ano, o Brasil é potência no setor e exporta a maior parte do que colhe. Os EUA seguem como destino principal, mas o tarifaço do Trump pode complicar esse relacionamento.
Agora a briga é pra continuar a brigar nas cabeças desse setor, e por isso até as abelhas estão entrando na onda da suplementação pra manter o shape.
SAFRA DE CIFRAS
Agro bota US$ 82 bi na conta e segura a balança

Foto: Freepik
Mesmo com o mundo pagando menos, o agro brasileiro entregou. No primeiro semestre de 2025, o setor exportou US$ 82 bilhões e segurou quase metade de tudo o que o país vendeu lá fora. É só fazer a conta: mesmo com queda nos preços dos alimentos (o índice do Banco Mundial recuou 7,3% em junho) o agro seguiu firme, com volume alto, pauta diversa e moral no comércio global.
Celulose bateu recorde de embarque. Suco de laranja, farelo de soja, algodão, ovos, amendoim, gelatina, chocolate com cacau e até pimenta-do-reino também ajudaram a compor o carrinho da exportação. E teve reforço de peso no currículo: o Brasil foi reconhecido como país livre de febre aftosa sem vacinação, carimbado pela OMSA em Paris. Mais que status sanitário, isso abre porta pra mercado premium — e fecha a boca de concorrente.
A China continua na liderança, com 40% do total exportado em junho. União Europeia e Estados Unidos vêm atrás, mas os holofotes agora também vão pra destinos como Japão, Vietnã e Tailândia. A mensagem tá dada: o agro brasileiro tá em várias prateleiras e começa a jogar fino até nos mercados mais exigentes. No cenário global, nem sempre dá pra ganhar no preço. Mas quem entrega confiança, leva o contrato.
PLANTÃO RURAL
Ração com planta tóxica mata 245 cavalos. O Ministério da Agricultura confirmou que a ração da Nutratta estava contaminada com alcaloides perigosos e já matou cavalos em quatro estados. A produção foi suspensa, mas a empresa conseguiu liminar pra continuar operando parte da fábrica. O Mapa recorreu e promete reforço na fiscalização.
Tarifaço pode tirar 0,41% do PIB. Segundo a FGV Agro, a tarifa de 50% dos Estados Unidos pode derrubar as exportações do agro em 75% e cortar quase meio ponto do PIB. Café, carne e suco estão entre os produtos mais afetados. A conta total pode passar dos nove bilhões de dólares.
Sorgo quer lugar no pódio global. A Abramilho mira no topo do ranking mundial até 2030 e aposta na China como porta de entrada. A bebida local baijiu é feita com sorgo e tem puxado a demanda. O Brasil já é o terceiro maior produtor do mundo.
Incêndio derruba teto de silo no RS. Um incêndio destruiu parte de um silo da Cotribá em Arroio Grande. O teto desabou durante a operação dos bombeiros, mas ninguém se feriu. O fogo começou na sexta e a suspeita é de combustão espontânea da soja. A estrutura e o estoque estão segurados.
Mercosoja discute logística e semente pirata. O evento que reúne Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai vai debater gargalos logísticos, uso de hidrovias e o impacto do mercado informal de sementes.
Tabaco mantém liderança global. O Brasil deve fechar o ano como maior exportador mundial de tabaco pelo 32° ano seguido. No primeiro semestre foram mais de 206 mil toneladas embarcadas e um bilhão e trezentos milhões de dólares em receita. A liderança continua firme no Rio Grande do Sul.
Nitro lança biofábrica de R$ 50 milhões. A empresa inaugurou uma nova planta de bioinsumos em Várzea Paulista e multiplicou em 10x sua capacidade produtiva. A fábrica já começa operando com um biofungicida de alta performance e estrutura de pesquisa própria. A meta é crescer 30% ao ano e liderar o mercado de biológicos.
SE DIVERTE AÍ
A gente sabe que você não para, mas sempre cabe um desafio novo:
A dica de hoje é o Flagle, o jogo que mostra só pedacinhos da bandeira de um país e você tem que descobrir qual é. A cada palpite, ele revela mais um trecho e diz o quão perto você chegou.
Vale treinar o olho pra diferenciar exportador de milho da América Central de importador de carne do Leste Europeu. Ou só testar se você reconhece a bandeira da Indonésia sem confundir com a Polônia.
👉 Jogue aqui: https://flagle.io/
Se errar muito, a dica é revisar os destinos da soja brasileira.
VIVENDO E APRENDENDO
Resposta da edição passada: Mamona
Pergunta de hoje: Qual é a commodity que nasce no campo, mas termina dentro da geladeira, do biodiesel e do batom?
A resposta você fica sabendo na próxima edição!
