APRESENTADO POR

Bom dia!

Hoje a xícara vem cheia de tecnologia e clima. Tem pecuária aparecendo em estudo da FGV como candidata a cortar emissões sem derrubar produção, manga do Vale do São Francisco passando pela tarifa dos EUA sem encalhar no mercado interno e guaraná amazonense surfando um ano de recuperação. No meio disso, o agro admite que tá difícil achar e segurar gente boa, Piracicaba junta duas agtechs pra lançar a Zait com ambição grande, o governo redesenha o Plano Clima ouvindo mais o campo e um fungo bem estudado promete milho mais forte em área seca.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 160.766,38 35,63%
MDIA3 R$24,40 25,33%
SMTO3 R$15,14 -37,44%
BEEF3 R$6,03 26,68%
VALE3 R$68,61 28,87%
Bitcoin US$88.551,45 -9,74%
Ethereum US$3.087,49 -14,36%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

APRESENTADO POR CONÉCTAR (SNASH)

Conéctar premiada no LIDE e de olho no trono do hortifrúti

Foto: Divulgação

Na penúltima sexta-feira (5), o hortifrúti ganhou holofote de gente grande. Mateus Sampaio, CEO da Conéctar, levou o prêmio Empreendedor Futuro no LIDE Rio e carimbou a missão da startup: pegar uma das cadeias mais antigas e bagunçadas da economia e colocar tudo no trilho digital, do campo ao delivery.

A Conéctar não é só mais um app bonito na tela.

É a primeira infraestrutura digital e financeira de perecíveis do Brasil, integrando pedido, pagamento, análise de dados, logística híbrida e acesso a crédito pra distribuidores de Ceasa e restaurantes. Na base de clientes já tão nomes de peso do food service, como Ráscal, Giuseppe e Domino’s, além de distribuidoras tradicionais como Iberfrut e Hortifeira Vip.

Como o próprio Mateus resumiu no palco, a Conéctar trocou o caos analógico do CEASA por eficiência tecnológica. Se você quer cortar custos em até 35% e ter gestão profissional em vez de pedido perdido em bloquinho de papel, tá na hora de entrar na era digital da compra e venda de hortifrúti e se conectar com quem já tá jogando essa nova liga.

PAUTA VERDE

Boi em dieta restritiva de carbono

Gif by ucdavis on Giphy

A pecuária brasileira tá tentando trocar o papel de vilã climática pelo crachá de boa aluna da COP. Um estudo da FGV com a Abiec diz que, se o setor seguir no ritmo atual de ganho de produtividade e uso da terra, as emissões por kg de carne podem cair 79,9% até 2050, mesmo com mais boi indo pro gancho. A conta é simples e poderosa: desde 1990, a pecuária aumentou a produtividade em 183% e encolheu área de pasto em 18%. Se essa toada continuar, a emissão por quilo de carne cai de 80 kg de CO₂ pra 16,1 kg, o tipo de dieta que nem precisa de nutri pra aprovar.

O estudo ainda desenha versões mais ambiciosas desse boi de baixa emissão. Num cenário com desmatamento zero até 2030, as emissões por quilo de proteína despencam 86,3%. Quando entra em campo o pacote completo do Plano ABC+, com recuperação de pastagem cansada, sistemas integrados e um manejo mais caprichadinho, a queda chega a 91,6%. Mas se pegar com força mesmo, se esforçar de verdade, enfiando aditivo pra reduzir fermentação entérica e abatendo mais cedo, o corte de emissões pode bater 92,6%.

Pra esse roteiro sair do slide da COP30 em Belém e chegar na fazenda, a FGV e a Abiec apontam o óbvio que dói: precisa zerar ilegalidade, cumprir desmatamento zero, fazer rastreabilidade via PNIB, colocar de pé plataformas como o AgroBrasil+Sustentável e, principalmente, destravar crédito e incentivo pra fazer a recuperação de pastagem degradada virar negócio que fecha conta.

O AGRO EM NÚMEROS

Manga dribla tarifaço e guaraná acorda o Amazonas

Foto: Ernesto de Souza/Editora Globo

O tarifaço dos EUA parecia um cartão vermelho pra manga do Vale do São Francisco, mas o jogo virou no placar. De agosto a novembro, os embarques pros americanos somaram 36,3 mil toneladas, uma alta de 16,6% frente às 31,1 mil toneladas de 2024. O estrago veio na receita, que caiu 24%, de US$ 39,3 milhões pra US$ 29,8 milhões, com exportador, importador e distribuidor dividindo o peso da taxa. A janela de tempo também ajudou: o México saiu mais cedo do mercado, o Equador atrasou, e a gente pegou o rebote.

Na outra ponta do mapa, a Amazônia mostra que também sabe responder ao clima sem perder produtividade. A safra de guaraná no Amazonas deve crescer de 20% a 30% em 2025 em relação a 2024, segundo a Embrapa, com produtor relatando área carregadíssima e empresas falando em ganho perto de 50%. Em 2024, o Brasil colheu 2.663 toneladas de guaraná, gerando R$ 68 milhões em valor de produção, com 9.609 hectares e rendimento médio de 277 kg/ha. Se a chuva de fim de safra não estragar a festa, o guaraná amazonense consolida um ano de recuperação, bem na hora em que bebida, suplemento e indústria de ingredientes tão sedentos por matéria prima.

NAS CABEÇAS DO AGRO

Até tem vaga, mas tá faltando gente

Foto: Getty Images/Canva

O agro brasileiro tá descobrindo que não basta ter vaga aberta, tem que ter gente que queira, possa e tope ficar. Uma pesquisa da FESA Group com 56 executivos de empresas do setor, quase todas com faturamento acima de R$ 1 bilhão e mais de 500 funcionários, mostrou que 25% deles colocam atração e retenção de talentos como desafio número 1 de RH, na frente de treinamento e capacitação e de remuneração e competitividade, que ficaram com 15%. Ou seja, tá sobrando tecnologia na apresentação e faltando gente qualificada que queira sentar na cadeira, tanto no escritório quanto na fazenda.

A turma da FESA chama isso de escassez de talentos e joga luz num ponto que todo mundo no campo conhece bem: agro tem curva de aprendizado longa e operação espalhada em lugar remoto. Enquanto na indústria de alimento dá pra ver o ciclo inteiro de um snack em 30 dias, muita cadeia agro leva mais de 12 meses pra fechar. Some a isso cidade pequena, deslocamento puxado e rotina pesada, e fica fácil entender por que segurar gente boa virou tarefa quase tão complexa quanto montar barter. A dificuldade bate na área administrativa, na gestão e também na mão de obra do campo.

Pra virar esse jogo, os consultores jogam menos foco no contracheque e mais em ambiente. Falam em líderes que entendam ciclo longo, segurança psicológica, autonomia e plano de desenvolvimento de verdade, não só PPT bonito. A leitura é que engajamento virou ativo estratégico, e que um pacote financeiro competitivo sem espaço pra crescer não segura ninguém muito tempo. Olhando pra frente, a pesquisa projeta um RH mais estratégico, usando tecnologia e inteligência artificial pra apoiar decisão, mas com um alerta bem direto: investir em sistema melhora eficiência no curto prazo, só que investir em gente é o que dá consistência. Quem souber usar IA a favor do trabalho vai ter lugar garantido. Quem ignorar a ferramenta corre o risco de ficar perdido no meio do canavial.

SAFRA DE CIFRAS

Fusão nova no mercado

Foto: Divulgação

Piracicaba (SP) acabou de ganhar mais uma agtech de respeito no mapa. Drop e Smart Sensing, duas veteranas da agricultura de precisão com cerca de 10 anos de estrada, resolveram juntar sensores, máquinas, software e crachás numa empresa só: nasce a Zait, com meta de faturar mais de R$ 100 milhões já em 2026. A ideia não é só vender caixinha cheia de tecnologia, é usar sensor, automação e dado como ferramenta agronômica de verdade, da hora de diagnosticar o problema até medir o resultado na lavoura.

Na prática, a Zait puxa pra si um ecossistema inteiro de agricultura inteligente: pulverização localizada, aplicação no sulco, controladores eletrônicos, sensores, máquinas, automação e plataforma digital falando a mesma língua. São mais de 120 pessoas no time, fábrica rodando e uma carteira que vai de produtor e grupo agrícola a cooperativa, distribuidor e fabricante de máquina e insumo. A tecnologia de pulverização localizada já economiza em média 80% nas aplicações de químicos, enquanto a aplicação no sulco virou porta de entrada pros biológicos.

Nesse casamento a Smart Sensing trouxe o pedigree em hardware e software, com referência em agricultura de precisão e exclusividade da WEED IT no Brasil, e a Drop entrou com a escola de aplicação, engenharia de máquina e operação a campo. Juntas, elas prometem projetos sob medida, integração fina entre ferro e código, expansão pra América Latina e Europa e até centro próprio de inovação agroindustrial.

ACONTECEU NO AGRO

Confira o resumão de tudo que rolou no agro na semana passada, pela CNA

A semana passada foi corrida demais pro pessoal da CNA. Sorte a nossa que, toda semana, eles soltam um vídeo de resumo pra gente ficar de olho. Confere aí tudo que aconteceu:

PLANTÃO RURAL

  • Plano Clima feito em parceria com o agro? Depois de muita reunião e café, o governo diz que o Plano Clima saiu alinhado com o campo. A conta de emissões de agricultura e pecuária caiu da casa de quase 1,4 bilhão pra 643 milhões de toneladas de CO₂ equivalente, com 3 planos setoriais ligados direto ao agro. O setor gostou do rumo, mas ainda tá esperando ver o texto final no papel pra bater martelo.

  • Fungo aliado turbina milho na seca. Uma nova solução feita a partir da cepa de Trichoderma harzianum Esalq 1306 mostrou aumento de até 60% na produtividade do milho mesmo com pouca água, ao estimular raiz, melhorar absorção de nutriente e ainda segurar patógeno e nematoide. A tecnologia, testada por UTFPR, Embrapa e cia, mira lavoura mais resiliente sem depender só de químico.

  • Bancos miram boom do agro argentino versão Milei. Com Milei cortando tarifas de exportação, Santander e Galicia tão abrindo a torneira de crédito pro campo argentino via Nera, que projeta até US$ 1,5 bilhão em financiamento em 2026. A aposta é que, com menos imposto, o produtor invista mais em tecnologia e consiga subir a safra em até 40% sem abrir área nova.

  • Leite gaúcho quer menos importação e mais renda. A Gadolando fechou 2025 dizendo que amor a vaca não paga conta. Com excesso de oferta interna e importação disparando depois de agosto, o ano foi considerado péssimo pra renda do produtor. A entidade defende medidas antidumping, bloqueio temporário de importações e uma regulação urgente pra 2026 pra evitar saída em massa da atividade.

  • Cavalo Crioulo mostra que cavalo também paga boleto. Levantamento da ABCCC com a Esalq cravou que o Cavalo Crioulo movimenta R$ 5,36 bilhões ao ano no Brasil, com rebanho de 508 mil animais e mais de 160 mil empregos diretos e indiretos. O foco já tá muito mais no esporte do que só no trabalho de campo, com o Rio Grande do Sul concentrando cerca de 80% dessa grana.

SE DIVERTE AÍ

Hora de dar um descanso pros números e espremer o cérebro em outra lavoura: o vocabulário. Hoje a pedida é o Termo, aquele jogo em que você tem 6 tentativas pra adivinhar a palavra do dia. Vale combinar com o pessoal da fazenda, do escritório ou da república e ver quem acerta primeiro. Depois do café, já sabe: abre o Termo, chuta uma palavra qualquer e deixa a cor dos quadradinhos dizer se sua cabeça tá mais pra lavoura bem manejada ou pra área que precisa de reforço técnico.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Batata

Pergunta de hoje: Qual fruta brasileira foi levada para a Índia pelos colonizadores portugueses e virou parte de pratos típicos locais?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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