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Bom dia!

A semana chega daquele jeito: ciclone extratropical prometendo vento passando de 100 Km/h no Sul e corredor de umidade encharcando lavoura no Centro Oeste e no Sudeste, enquanto na Caatinga a parceria entre Fundação IDH e Banco do Nordeste começa a destravar o crédito que o Pronaf nunca levou direito pra mão do agricultor familiar. No mesmo fio, o agro equilibra exportação de frango em queda com suíno ainda firme, vê genética de elite bater recorde na Faria Lima, pesquisa da Embrapa colocar IA pra vigiar namoro de pirarucu e farinha de castanha ganhar moral pra disputar espaço com boi, frango e suíno no prato e na planilha.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

MERCADO
IBOVESPA (B3) 157.369,36 32,76%
MDIA3 R$24,63 26,52%
SMTO3 R$13,17 -45,58%
BEEF3 R$6,14 28,99%
VALE3 R$70,22 31,89%
Bitcoin US$89.646,89 -8,62%
Ethereum US$3.056,35 -15,22%

Os dados são publicados por BCB e Brapi.
As variações são calculadas em YTD (Year to date)

APRESENTADO POR SNASH HUB

Inova Agro Tour RJ: um dia pra ver de perto o futuro do agro

O Inova Agro Tour RJ tá chegando no Rio dia 12 de dezembro, ocupando a sede da SNA das 9h00 às 18h. A manhã começa com welcome coffee pra esquentar a conversa e segue com abertura oficial e uma keynote sobre o que vem por aí no agro brasileiro em 2026. É aquele combo raro de conteúdo pesado com clima leve, num lugar só.

À tarde o jogo fica ainda mais interessante. No auditório rolam painéis sobre práticas regenerativas, agricultura digital que vira modelo de negócio, novas soluções de finanças e crédito no campo e o cenário do agro fluminense com foco em sustentabilidade. Em volta, a programação segue viva com exposição de startups numa sala anexa e competição valendo tudo na Arena Snash, fechando com anúncio do vencedor e um happy hour pra fazer o networking render.

Se você quer entender pra onde o agro vai e quem tá puxando essa fila, esse é o rolê certo. Garante tua inscrição pro Inova Agro Tour RJ, já reserva o dia 12 de dezembro na agenda e manda o convite pros amigos de campo, de faculdade e de empresa. Quem senta nessas cadeiras agora volta pro negócio com ideias, contatos e oportunidades que não aparecem todo dia.

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MENTES QUE GERMINAM

Big Brother do pirarucu

Giphy

A Embrapa Pesca e Aquicultura resolveu colocar o maior peixe amazônico no BBB da inteligência artificial. Em parceria com a UFMG, os pesquisadores tão usando IA pra acompanhar a rotina romântica do pirarucu em 12 viveiros no Tocantins e tentar prever com mais precisão quando os pombinhos decidem formar seu ninho e reproduzir.

O truque tá nos olhos eletrônicos. São 12 câmeras filmando das 6h às 18h e, a cada subida do pirarucu pra respirar, a IA marca um pontinho no vídeo e monta uma planilha com dia, hora e posição no viveiro. Por trás de toda essa parada, os pesquisadores treinam redes neurais bem profundas com centenas de imagens, mostrando onde ficam os cantos do tanque e onde aparece cabeça, tronco e cauda do bicho. É tipo ensinar um cérebro virtual a achar o pirarucu na água e depois deixar a máquina fazer o serviço de contagem, sem cansar o olho humano.

Na ponta do produtor, a brincadeira fica séria quando entra a fase de ninho. Depois da aplicação de hormônio, o casal forma o berçário, gruda no mesmo lugar, para de buscar comida e começa a cuidar dos “nenéns”. Se a IA conseguir dizer cedo que essa grande família tá rolando, dá pra recolher ovos e alevinos muito mais rápido, reduzindo a chuva de perdas que hoje passa de milhares de peixinhos por atraso de manejo. Quanto mais o algoritmo entende o namoro do pirarucu, mais previsível fica a produção e mais chance o criador tem de encher o viveiro de peixe e não de frustração.

O AGRO EM NÚMEROS

Exportação tropeça, vaca voa e castanha pra bater macro

Gif by Siemens_ on Giphy

Novembro mostrou que o agro vive de altos e baixos no mesmo balanço. Nas exportações, a carne de frango deu uma tropeçada, com queda de 6,5% no mês e 434,9 mil toneladas embarcadas, receita de US$ 810,7 milhões e recuo de 9,3%, tudo isso em comparação com o mesmo mês do ano passado. No mês, a suína veio ainda mais tímida, com retração de 12,5% no volume, mas ainda segura um acumulado bem parrudo em 2025, com alta de 10,4% nas toneladas e de 18,7% na receita, somando US$ 3,294 bilhões.

Enquanto os contêineres entram e saem dos portos, a Faria Lima descobriu que boi de elite rende manchete mais chamativa que balanço trimestral. A vaca nelore Courchevel FIV CBA, filha de Kayak TE Mafra com a já lendária Viatina 19, foi avaliada em R$ 30,24 milhões depois de ter 25% da propriedade vendida em 50 parcelas de R$ 252 mil. Vai tomando, essa genética animal tá valendo mais que muito prédio comercial, com o tatersal virando praticamente uma sala de reunião de fundo de investimento.

Do outro lado da mesa, a Embrapa mostra que dá pra falar de proteína sem depender só de boi, frango e suíno. Pesquisadores da empresa desenvolveram farinha parcialmente desengordurada e concentrado proteico de castanha-do-brasil com teor de proteína cerca de 60% maior que o da farinha de trigo, chegando perto de 33 gramas a cada 100 gramas, além de concentrado com até 56% de proteína. O time testou tudo em quibe e hambúrguer vegetal, com boas notas em sabor e textura. Enquanto uma parte do agro transforma sangue nobre em leilão milionário, outra pega subproduto de castanha amazônica e converte em ingrediente de alto valor.

SAFRA DE CIFRAS

Crédito querendo chegar na Caatinga

Foto: Globo Rural

Na Caatinga, onde o Pronaf quase não vê a cor do solo, a Fundação IDH e o Banco do Nordeste decidiram destravar a porteira do crédito rural. Hoje, só 4,5% dos agricultores familiares do bioma tem acesso a linha, muito por causa de documentos faltando, terras sem regularização, medo de banco e a falta de assistência técnica. A sacada do Programa Raízes da Caatinga foi criar os CAPs, os Centros de Atendimento ao Produtor, no Sertão do Pajeú, Cariri Ocidental e Sertão do Apodi, pra fazer o trabalho básico que ninguém fazia: organizar documento, atualizar CAR, arrumar projeto de financiamento e ensinar o produtor a conversar com o gerente sem travar na frente do balcão.

No Sertão do Apodi, o resultado veio rápido: o número de operações de crédito subiu de 791 em 2023 pra 1.796 entre 2024 e 2025, uma alta de 127%, e o volume financiado saltou de R$ 13 milhões pra R$ 31,9 milhões, um pulo de 145%. Na prática, o CAP funciona como tradutor simultâneo entre o mundo do banco e o da roça: o produtor chega com CAF feito, CAR em dia, projeto redondo e mais segurança pra assumir o investimento, o que reduz os riscos pro BNB e acelera a aprovação. De quebra, a equipe ainda trabalha o psicológico, quebrando o medo de endividamento e ajudando a enxergar os 10 hectares como negócio, não só como pedaço de terra pra ir tocando do jeito que dá.

Os CAPs também viraram hub de oportunidade, ligando produtor a PNAE, PAA, mercado de algodão agroecológico e cooperativas, enquanto empurram o sistema pra reconhecer que esse pessoal já produz com baixa emissão e pouca dependência de insumo químico. A aposta agora é consolidar o modelo, medir direitinho o efeito socioeconômico e ambiental e mostrar que o Pronaf não é problema de falta de recurso, e sim de falta de ponte. Na Caatinga, essa ponte começou a ser construída. O desafio é não deixar que ela vire exceção num país onde o crédito ainda passa reto por quem mais precisa.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Ciclone batendo ponto

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Um ciclone extratropical resolveu tirar férias no Sul e vai instaurar o caos no tempo. Rio Grande do Sul, Santa Catarina e oeste do Paraná entram na linha de frente com chuva forte, vento passando fácil dos 100 Km/h, granizo e risco de tornado. Os acumulados ficam entre 80 e 100 mm em boa parte da região e podem chegar a 250 mm no oeste paranaense. A água ajuda a repor a umidade e aliviar o estresse hídrico, mas trava operação de campo, aumenta risco de lixiviação, alagamento e queda de energia bem na hora errada.

O efeito colateral desse ciclone é um baita corredor de umidade pro Sudeste e pro Centro Oeste. São Paulo, Rio, sul de Minas e extremo sul do Espírito Santo entram em alerta com chuva forte, vento acima de 80 Km/h, granizo e acumulado perto de 100 mm, bom pra recarregar solo e reservatório, ruim pra quem tá com plantio, colheita ou aplicação de insumo apertados na agenda. Em Mato Grosso, Goiás e Mato Grosso do Sul, a combinação de calor, baixa pressão e umidade garante entre 60 e 80 mm na semana, ajudando soja, milho e pasto a deslanchar, mas encurtando janela de máquina no campo, principalmente no sul do Mato Grosso do Sul, onde o risco de temporal pesado tá maior.

No resto do mapa, o Brasil continua naquele clima de país continental. No Nordeste, o oeste da Bahia, o Maranhão e o sudoeste do Piauí ainda recebem perto de 40 mm, enquanto o interior pega 38 ºC a 40 ºC com umidade abaixo de 30%, combinação perfeita só pra incêndio. No Norte, Amazonas, Acre, Rondônia, Pará e Tocantins ficam na faixa de 40 a 50 mm em cinco dias, segurando pastagem e lavoura e aliviando um pouco do calor pro gado.

DE OLHO NO PORTO

Guerra de tarifa, paz no amendoim

Gif by HollerStudios on Giphy

A treta comercial entre Estados Unidos e China virou aquela janela de oportunidade que o agro ama. Pequim, que comprava perto de 300 mil toneladas de amendoim em casca dos americanos por ano, teve de procurar fornecedor novo e esbarrou no nosso grão. Nos últimos 3 anos, o Brasil tinha mandado só 5 mil toneladas pros chineses. Agora, só em 2025, esse número já passa de 50 mil toneladas.

Esse salto lá fora só acontece porque a base por aqui tá bem arrumada. A cadeia fechou a safra 2024/25 com recorde de 1,3 milhão de toneladas, juntando 10% a mais de área plantada, agora em 340 mil hectares, com ganho de produtividade que deixa até China e Argentina em posição defensiva. A conta só não veio ainda mais gorda por causa da seca em janeiro e fevereiro, que cortou a projeção de 1,5 milhão de toneladas. Pra safra nova, já com uns 90% da área plantada, a turma deve reduzir um pouco o plantio depois da queda de preço, tentando repetir o volume da última colheita, só que com foco maior em qualidade e contrato bom na mesa.

No mercado, o humor mudou, mas o jogo segue interessante. O amendoim blancheado que ia pra Europa caiu de US$ 1.600 pra US$ 1.300 a tonelada, apertando margem. Em compensação, o óleo de amendoim dobrou de tamanho na exportação e saltou de 60 mil pra 120 mil toneladas até outubro. Na leitura de Pablo Rivera, vice da AbexBR e chefe da Beatrice Peanuts, o filme tá claro: o Brasil aproveitou a brecha da guerra comercial, ganhou moral num cliente gigante e mostrou que amendoim por aqui não é só paçoca e pé de moleque.

PLANTÃO RURAL

  • Jersey na pista e na planilha. Castro (PR) recebe em 13 e 14 de dezembro o 1º Encontro Nacional da Raça Jersey, juntando produtor, técnico e pesquisador pra falar de genética que paga conta. Tem debate sobre melhoramento, diretriz de longo prazo e visita ao Recanto dos Passarinhos pra ver vaca eficiente transformando dado em leite.

  • Alho capixaba de volta ao topo. Em Santa Maria de Jetibá, o alho semente livre de vírus puxou a produtividade pra até 16 t/ha, bem acima da média do estado. Com cabeça maior e dente graúdo, o produtor vende alho entre R$ 15 e R$ 20 e semente entre R$ 40 e R$ 60 e já mira 20 t/ha.

  • Presunto caro, risco maior ainda. A Vigiagro barrou no Porto de Santos 43,78 kg de produtos de risco, incluindo presunto pata negra de R$ 500 o quilo, vindo de cruzeiro que passou pela Espanha, onde a peste suína africana voltou a aparecer. Tudo vai pra incineração pra manter o rebanho brasileiro fora da estatística.

  • Cordeiro turbinado e mais verde. Estudo da UFSM mostrou que suplementar cordeiros Texel no inverno, com ração em 1% do peso, quase dobra o ganho de peso e aumenta em mais de 100% a produção de carcaça. De quebra, a emissão de metano por quilo de carne cai mais de 60%.

SE DIVERTE AÍ

Hoje o desafio é no Termo, aquele joguinho de adivinhar palavra que parece simples mas esfrega dicionário na nossa cara em 6 tentativas. A graça é tentar montar sequência com lógica: começa com palavra cheia de vogal, testa consoante comum, lê as dicas de posição com calma e tenta encaixar. Vale combinar com o pessoal da fazenda, da sala de aula ou do escritório e apostar um café em quem acerta primeiro.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Cacau

Pergunta de hoje: Qual raiz, originária dos Andes, sobrevive a geadas e é cultivada a mais de 4 mil metros de altitude?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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