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Boa tarde!

A Europa mandou recolher bife brasileiro com hormônio bem na hora em que Mercosul e União Europeia tentam tirar o acordo da gaveta, enquanto o Mapa corre pra mostrar serviço com um programa nacional de rastreabilidade de vitrine. No mapa do tempo, um ciclone fora de época sacode o Sul e respinga em boa parte do país, atrapalhando lavoura e logística. Nos números, o agro encara frete mais caro, crédito rural encolhendo e café perdendo bilhões parado em porto, mas também vê exportação de ovos ganhando musculatura e China abrindo espaço recorde pra soja. No meio desse tabuleiro, tem evento pra explicar Reforma Tributária pro campo e decisão de empresa gigante pra reposicionar etanol num mercado cada vez mais disputado.

Pra você acordar bem informado

Por Enrico Romanelli

TÁ QUANTO?

FOCUS 2025 Semana 2026 Semana
Câmbio (R$/US$) 5,40 0,00% 5,50 0,00%
IPCA (%) 4,4 -0,69% 4,15 -0,39%
PIB (%) 2,25 3,75% 1,79 1,09%
Selic (% a.a.) 15,00 0,00% 12,25 2,08%

Os dados são publicados por BCB. A variação considerada nesta tabela é semanal.

E COMO TÁ LÁ FORA?

Bife com hormônio causa treta entre Mercosul e União Europeia

Giphy

A carne bovina brasileira entrou no noticiário europeu do jeito errado. A Comissão Europeia mandou recolher alguns lotes depois de encontrar hormônios proibidos em remessas e a mercadoria já saiu das prateleiras em 11 países da União Europeia mais o Reino Unido. Alemanha, Áustria, Itália, Grécia, Países Baixos e Irlanda apertaram a fiscalização enquanto ninguém diz direito de que plantas e estados saíram esses embarques.

O problema é o timing. O rolo vem bem na hora em que Mercosul e União Europeia tentam tirar do papel um acordo que cozinha há mais de vinte anos. A associação dos agricultores da Irlanda chamou o episódio de preocupante, apontou falha em controle sanitário do Brasil e usou o caso como argumento contra abrir ainda mais o mercado europeu pra carne do bloco sul-americano. Na França a pressão de produtor segue tão alta que o Parlamento já aprovou resolução contra o tratado mesmo com Emmanuel Macron falando em perspectiva positiva na conversa com empresário brasileiro.

Do lado de cá, analistas lembram que esse tipo de susto já aconteceu com outros produtos e defendem que o caso seja tratado como ponto fora da curva. Só que o recado do mercado é bem direto. Num mundo em que qualquer resíduo vira alerta no sistema, o Brasil precisa jogar fino em sanidade, rastreabilidade e comunicação se quiser manter a imagem de fornecedor confiável. Senão o risco é ver um dos acordos mais cobiçados do agro torrando devagar na grelha diplomática enquanto os concorrentes aproveitam a brecha no prato europeu.

NOS CORREDORES DE BRASÍLIA

Programa de etiqueta no rastro

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O Mapa resolveu oficializar o que muita gente já vinha fazendo na marra pra segurar mercado exigente. Nasceu o Programa Nacional de Rastreabilidade Voluntária, um guarda-chuva que abraça várias cadeias agropecuárias e oferece um trilho oficial pra quem quer mostrar de onde vem, por onde passa e como é que o produto chega bonito na gôndola ou no navio. É voluntário no papel, mas cada vez mais obrigatório pra quem quer vender pra gringo chato.

O PNRV entra dentro do Agro Brasil + Sustentável e fica sob comando da Secretaria de Desenvolvimento Rural, que vai tocar a operação com parceria, acordo e chamamento público pra escolher o operador que vai cuidar dos registros. Tudo plugado no Sistema Integrado de Rastreabilidade e alinhado ao padrão do Sistema Nacional de Identificação, Rastreamento e Autenticação de Mercadorias, o tal Brasil ID e Rastro ID. Não é só botar QR code bonitinho, tem que garantir dado seguro, guardado direito e pronto pra ser conferido quando o comprador, o auditor ou o fiscal resolverem fuçar.

O ministério apresentou o programa na AgriZone da COP30 e pendurou ele no mesmo cabide de outras agendas de rastro, como o plano de identificação individual de bovinos e búfalos e a futura rastreabilidade de agrotóxicos. No fundo, o recado pro produtor é simples. Quem entrar cedo nessa onda tende a ter argumento melhor na hora de pedir crédito mais barato, assinar contrato premium e defender carne, grão ou fibra na mesa com Europa, China e companhia. Quem enrolar demais corre o risco de descobrir que, no agro do futuro, produto sem histórico completo vale cada vez menos.

O AGRO EM NÚMEROS

Frete mais caro, ovo voando alto e crédito emperrando cada vez mais

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No asfalto, o frete resolveu parar de dar desconto. Depois de 3 meses de recuo, o preço médio por Km rodado subiu 1,11% em novembro, de R$ 7,23 pra R$ 7,31 segundo o IFR da Edenred. Os juros ainda lá em cima encarecem o crédito e apertam margem das transportadoras e o combo soja estocada pra vender no segundo semestre mais correria da black friday aumentou volume de carga em várias rotas. Nada de explosão, mas o suficiente pra lembr ar que custo de logística nunca tira férias.

Pro lado das aves, quem brilhou foi o ovo. Em novembro o Brasil exportou 1.789 toneladas entre produto in natura e processado, uma alta de 5,8% no volume e de 32,8% na receita, que bateu US$ 5,2 milhões. No acumulado de janeiro a novembro já foram 38,6 mil toneladas embarcadas, um crescimento de 135,4%, e faturamento de US$ 92,1 milhões, salto de 163,5%, com Japão, México e Chile puxando a fila. Ainda é uma fatia pequena frente aos 62,25 bilhões de ovos produzidos no ano, mas 2025 deve marcar a primeira vez em que o Brasil exporta mais de 1% dessa omelete toda.

Na soja, a fome chinesa continua mandando no tabuleiro. A China importou 8,11 milhões de toneladas em novembro, 13,4% a mais que 1 ano atrás, e já soma 103,79 milhões de toneladas nos 11 primeiros meses do ano, alta de 6,9%. Alguns analistas falam em recorde perto de 112 milhões de toneladas em 2025, puxado por compras fortes do Brasil e por uma trégua que recolocou a soja dos Estados Unidos na rota, com a Cofco liderando aquisições. O lado ruim é que o estoque de soja e farelo nas esmagadoras tá alto, o que aumenta pressão de venda e deixa o mercado de prêmio mais azedo.

No cofre do agro, o sinal segue amarelo. Um levantamento da Serasa mostra que a concessão de crédito rural e de agroindústria caiu 16% no primeiro semestre de 2025, de R$ 99,7 bilhões pra R$ 83 bilhões, num rolo que envolve juros altos, inadimplência crescendo e critério socioambiental mais rígido. Entre janeiro e março saíram R$ 36,6 bilhões, entre abril e junho R$ 47,2 bilhões. O número de contratos até subiu 11,4% e chegou a 343,6 mil, mas o tíquete médio por CPF recuou 22,1% pra R$ 157,9 mil.

E ESSE TEMPO, HEIN?

Ciclone no pique fim de ano

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O verão nem começou e o Sul já tá em clima de filme catástrofe. Um ciclone extratropical fortão se formou na fronteira entre Argentina e Rio Grande do Sul e botou mais de 750 municípios do PR, SC e RS em alerta vermelho até 23h59 de terça (9). O pacote inclui chuva acima de 100 mm, rajada passando fácil dos 100 Km/h, granizo, risco de queda de árvore, problema em rede elétrica e lavoura levando pancada bem na fase crítica. Meteorologistas já falaram que esse tipo de ciclone em dezembro é bem fora do esperado, então não é só mais uma chuvinha de verão com nome chique.

O caminho do bicho começa no interior gaúcho, cruza o estado, encontra uma frente fria e depois vai pro mar na altura da costa do RS ao longo de quarta. Mesmo assim, sobra sujeira no mapa todo. No Sudeste, São Paulo entra na linha de frente com temporal forte no interior, sul, leste e nordeste do estado e acumulado perto de 50 mm, com máxima na casa dos 23 ºC na capital. Rio, sul de Minas e extremo sul do Espírito Santo também sentem efeito com chuva forte e vento chato. No Centro-Oeste, norte e leste de Mato Grosso do Sul, sul e sudoeste de Mato Grosso e boa parte de Goiás entram na dança com pancada pesada que ajuda soja, milho e pasto, mas exige malabarismo na agenda de máquina.

No resto do país o clima segue com cara de Brasil continental. Nordeste com oeste da Bahia e sul do Maranhão recebendo chuva mais forte enquanto o interior segue naquele modo forno ligado, termômetro batendo perto de 36 ºC e umidade abaixo de 30%, receita perfeita só pra foco de incêndio. No Norte, Amazonas, Rondônia, Acre, Tocantins e grande parte do Pará seguem com chuva e risco de temporal, enquanto leste de Roraima, Amapá e faixa do Pará ficam mais firmes e quentes. Moral da edição: semana é de acompanhar boletim do tempo com a mesma atenção que saldo da conta, ajustar manejo na unha e aceitar que, por alguns dias, quem manda na logística é o ciclone, não a planilha.

SAFRA DE CIFRAS

Reforma Tributária batendo na porta da fazenda

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A Faesp e a CNA vão botar o agro do Sudeste na sala de aula antes que o leão bata na porteira. No dia 11 de dezembro de 2025, das 9h30 às 12h30, rola o evento online “Reforma Tributária e seus Impactos no Agronegócio – Região Sudeste”, focado em explicar o que muda a partir de 1° de janeiro de 2026, quando começa a transição pro novo sistema. A ideia é simples: antes da alíquota chegar, o produtor já vai tá com a cabeça feita pra não tomar susto no caixa.

Na programação entram dois painéis com gente que entende do assunto de dentro pra fora: especialistas da CNA, Receita Federal, Sefaz-SP e CRC-SP. Eles vão destrinchar as principais mudanças do novo modelo, as regras de transição, o que muda na rotina do produtor rural e quais são as boas práticas de gestão tributária pra não misturar imposto com improviso. É aquele tipo de conversa que vale muito mais que dica de amigo, porque vem direto de quem vai olhar pro teu CNPJ e pro teu talão.

Como o impacto não para na porteira, a Faesp tá puxando sindicatos rurais, gestores, técnicos, contadores e consultores pra virarem multiplicadores de informação no campo. A participação é gratuita e aberta. Quem sentar na frente da tela agora aumenta a chance de entrar em 2026 com imposto planejado, e não com surpresa no extrato.

DE OLHO NO PORTO

Café parado no porto, dólar passando reto

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O café brasileiro tá pronto, o comprador lá fora também, mas a logística resolveu tirar um cochilo no porto. Em outubro, 2.065 contêineres deixaram de embarcar, o equivalente a 681.590 sacas de 60 kg, segundo o Cecafé. Só de custo extra com armazenagem, pré-stacking e detentions, a conta chegou em R$ 8,719 milhões. E o rombo real aparece mesmo na receita que não entrou: US$ 278,08 milhões que deixaram de transformar café em dólar, algo perto de R$ 1,5 bilhão que ficou na xícara da frustração.

O problema não é o grão, é o gargalo. A infraestrutura defasada dos portos e o entra e sai bagunçado de navio seguem travando os embarques. Em outubro, 52% das embarcações nos principais portos tiveram atraso ou mudança de escala. Em Santos, que sozinho respondeu por 79% das exportações de café entre janeiro e outubro, o índice foi de 73% de atraso, com navio mais de 60 dias pra operar.

No complexo do Rio, segundo maior exportador, com 17,4% de participação nos embarques do ano, o cenário também não anima. Ali, 30% dos navios tiveram alteração de escala em outubro e o intervalo entre o primeiro e o último deadline chegou a 77 dias. Enquanto o produtor investe em produtividade, qualidade e certificação, o café fica preso no porto como se fosse emigrante sem visto. O recado do Cecafé vem direto: sem porto que flui, a competitividade vai pro ralo e quem perde não é só o exportador, é a imagem do Brasil como fornecedor confiável num mercado onde atraso caro não tem segunda chance.

PLANTÃO RURAL

  • Leite indiano com sotaque de Gir. A Embrapa fechou um memorando de 10 anos com três empresas da Índia e duas do Brasil pra levar tecnologia genômica pro rebanho zebuíno de lá. Em troca, ganha acesso a um banco de dados gigante e abre caminho pra vender sêmen e embrião made in Brasil.

  • Trump ligou o irrigador de dólar. O presidente dos Estados Unidos anunciou um pacote de US$ 12 bilhões pra segurar a bronca da treta tarifária com a China e dar previsibilidade pra produtor de soja, milho, carne e companhia. Mesmo assim, a base rural segue lembrando que prefere mercado funcionando a cheque emergencial.

  • Relógio correndo pra atualizar rebanho em SP. A campanha de atualização dos rebanhos no GEDAVE termina em 15 de dezembro e vale pra tudo que respira na fazenda, de bovino a abelha. Quem não declarar pode ter bloqueio de movimentação e GTA travada. No combo vem também vacinação obrigatória contra brucelose em fêmeas jovens até fim do ano.

  • Etanol mais solto na pista. A Vibra decidiu encerrar a joint venture com a Copersucar na Evolua Etanol e ganhar liberdade pra comprar biocombustível de onde for mais vantajoso. Com o boom do etanol de milho, aquela velha vantagem de carregar produto da cana pra entressafra perdeu força, e a distribuidora mira crescer forte em Norte e Nordeste.

  • Morango turbinado no crédito paulista. O governo de SP liberou R$ 3 milhões via FEAP pra financiar modernização do cultivo de morango com estufa, túnel, irrigação e muda certificada. Produtor pessoa física pode pegar até R$ 250 mil, cooperativa até R$ 800 mil, com prazo de 84 meses e 12 meses de carência.

SE DIVERTE AÍ

Hoje a brincadeira é com o Contexto, aquele jogo em que a cabeça trabalha mais que plantadeira em safra cheia. A lógica é simples na teoria e cabulosa na prática: o sistema escolhe uma palavra secreta e você vai chutando outras, enquanto o jogo mostra quão perto ou longe você tá dela, medindo o quão parecido é de significado, não de letra. A graça tá justamente em ir saindo de chute aleatório, entendendo o “clima” das respostas e tentando adivinhar qual é a bendita palavra do dia. Vale chamar amigo, colega de trabalho e até aquele tio que adora discutir conceito na mesa do almoço.

VIVENDO E APRENDENDO

Resposta da edição passada: Maca peruana

Pergunta de hoje: Qual cereal, considerado “alimento sagrado” pelos incas, ganhou espaço nas mesas gourmet do mundo inteiro?

A resposta você fica sabendo na próxima edição!

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